Como Fazer Boas Perguntas?

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Como Fazer Boas Perguntas?
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Há perguntas que mudam tudo.

Mudam o rumo de uma conversa.

Mudam uma decisão.

Às vezes, mudam mesmo uma vida.

A tua. Ou a de alguém que te ouviu perguntar no momento certo.

Mas o que é, afinal, uma pergunta poderosa?

Não é uma pergunta para parecer esperto.

É uma pergunta que cria espaço.

Espaço para o outro pensar.

Para se ouvir.

Para ver com mais nitidez.

Vivemos rodeados de respostas apressadas, diagnósticos de bolso e certezas com prazo de validade de 30 segundos.

Mas talvez o mais transformador — hoje mais do que nunca — seja isto:

Fazer uma pergunta com verdadeira curiosidade.

Vamos explorar juntos a temática de Como Fazer Boas Perguntas? e entender sua importância.

Hoje falo-te disso.

Do poder da pergunta certa.

De como se faz.

E do que ganhamos quando deixamos de querer saber tudo — e começamos a querer entender melhor.

O que é uma pergunta poderosa?

Não é técnica.

Não é estratégia.

É uma forma de estar.

É uma pergunta que não invade, não obriga, não empurra.

É leve no gesto, mas profunda no efeito.

Não tenta mostrar o que tu sabes.

Tenta revelar o que o outro ainda não tinha visto.

Ou o que talvez já soubesse — mas ainda não tinha dito em voz alta.

E quase sempre… são perguntas simples.

– O que é que ainda não foi dito?

– O que te parece que te está a travar?

– O que mudou, desde que começaste a pensar nisto?

– O que é que ainda não foi dito?

– O que te parece que te está a travar?

– O que mudou, desde que começaste a pensar nisto?

São perguntas que, quando bem feitas, não assustam.

Desarmam.

E o mais curioso é que não têm resposta imediata.

Porque fazem pensar.

Queres experimentar?

Pensa numa decisão recente em que hesitaste.

Agora, pergunta-te:

“Se eu não tivesse medo… o que faria?”

Fica aí.

Vê o que aparece.

Não forces.

Só escuta.

Este é o efeito de uma boa pergunta.

Não resolve. Mas revela.

E às vezes, é tudo o que precisamos.

As perguntas que puxam por nós… e as que nos encolhem

Já estiveste numa reunião onde alguém pergunta:

“Porque é que ainda não trataste disto?”

O ambiente muda.

O corpo encolhe.

A resposta encolhe.

A conversa fecha.

Agora imagina o mesmo momento, mas com outra pergunta:

“O que te está a bloquear?”

Ou:

O que é que ainda precisas para avançar com isto?

O conteúdo pode ser o mesmo.

Mas o tom, o impacto e a disposição do outro… são totalmente diferentes.

Há perguntas que abrem.

E há perguntas que fecham.

E depois, há aquelas perguntas que parecem neutras — mas são só julgamentos com ponto de interrogação no fim:

Não achas que devias ter feito diferente?

Estás mesmo certo disso?

Porque é que só falaste agora?

Estas perguntas não querem saber. Querem vencer.

E quando sentimos isso, protegemo-nos.

A pergunta poderosa, ao contrário, não exige resposta certa.

Cria espaço para uma resposta verdadeira.

Como se aprende a perguntar melhor?

Como tudo o que importa: com prática.

Fazer boas perguntas não é talento.

É treino.

É afinação.

É como afinar o ouvido para a música.

Ou o paladar para o vinho.

Começa por escutar. Por reparar.

E por parar de querer ter razão.

Exercício simples:

Escolhe uma conversa que vai acontecer esta semana — uma reunião, uma conversa difícil, um jantar.

Prepara duas perguntas que gostavas de fazer. Só isso.

Mas faz isto:

– Escreve-as antes.

– Lê-as em voz alta.

– E pergunta a ti próprio: isto convida ou acusa?

Se a pergunta for sincera — leva-a contigo.

Se for uma opinião disfarçada de pergunta… deixa-a em casa.

Outra prática que resulta bem:

quando deres por ti prestes a dizer “eu acho que…” — trava.

E tenta isto:

“O que te faz pensar assim?”

“Queres contar-me como chegaste a essa conclusão?”

Ao fazer isso, estás a trocar julgamento por curiosidade.

E a curiosidade é a argamassa de qualquer conversa que quer durar.

A pausa como parte da pergunta

Sabes o que quase ninguém faz? Esperar.

Fazemos uma pergunta — e se o outro não responde em dois segundos, avançamos.

Fazemos outra. Explicamos melhor. Preenchemos o vazio.

Mas uma boa pergunta precisa de chão.

Precisa de pausa.

Precisa de silêncio.

É nesse silêncio que muitas vezes a resposta aparece.

O desconforto da pausa é, muitas vezes, o desconforto da verdade a chegar.

Então aqui vai mais uma dica — e esta pode mesmo mudar a forma como falas com os outros:

Depois de fazeres uma pergunta importante… cala-te.

Conta até cinco.

Aguenta.

Deixa o outro chegar onde ainda não tinha estado.

Treina em contextos informais

Isto não é só para entrevistas ou coaching.

Treina-se à mesa.

Numa conversa no carro.

Com amigos.

Com filhos.

Com quem confias — e com quem precisa de sentir que pode confiar em ti.

Começa por trocar o “devias” por “já pensaste em…?”

Começa por ouvir com intenção, não com pressa.

E se quiseres mesmo elevar a fasquia, faz este desafio:

Desafio para hoje:

Durante um dia inteiro, sempre que te apetecer dar um conselho — faz uma pergunta em vez disso.

Só por um dia.

Repara no que muda.

Talvez descubras que o outro não precisa que lhe digas o que fazer.

Precisa só que lhe faças a pergunta certa… e que estejas lá para escutar a resposta.

O que fazer — e o que não fazer

E já que falamos de treino — deixa-me dar-te, assim de forma direta, aquilo que muitos procuram:

o que fazer…

e o que não fazer…

quando queres fazer boas perguntas.

Não é fórmula. Mas ajuda.

✅ 10 coisas a FAZER para perguntar bem:

1. Sê genuinamente curioso.

2. Mantém a pergunta curta.

3. Usa perguntas abertas.

4. Faz silêncio depois da pergunta.

5. Mostra que estás presente.

6. Valida o que ouves.

7. Reformula se necessário.

8. Ajusta ao estado emocional do momento.

9. Aponta boas perguntas que ouves.

10. Treina com pessoas em quem confias.

❌ 10 coisas a EVITAR:

1. Opiniões disfarçadas de pergunta.

2. Perguntas em catadupa.

3. “Porquês” em momentos delicados.

4. Perguntar só para parecer inteligente.

5. Perguntas de controlo.

6. Interromper a resposta.

7. Perguntas com a resposta já lá dentro.

8. Usar a pergunta para evitar dizer o que sentes.

9. Preencher silêncios à pressa.

10. Usar perguntas para manipular.

Conclusão

Fazer boas perguntas não é complicado.

Mas exige presença, atenção, e um compromisso contigo próprio:

o compromisso de querer mesmo ouvir.

E se seguires isto — não como receita, mas como ponto de partida — talvez descubras que perguntar bem não é só comunicar melhor.

É viver melhor com os outros..

Se este episódio te fez parar para pensar, partilha-o com alguém que vive cercado de certezas… mas talvez precise, como tu, de uma pergunta que lhe abra o chão debaixo dos pés.

E deixo-te três, como sempre:

1. Qual foi a pergunta mais importante que te fizeram este ano?

2. A quem precisas de fazer uma pergunta — e ainda não tiveste coragem?

3. Que pergunta andas a evitar fazer… a ti próprio?

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