Como praticar a arte da escuta? Júlio Machado Vaz

Como praticar a arte da escuta? Júlio Machado Vaz
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Busco a escuta perfeita.

Não a escuta do som, mas também essa.

Busco essa afinação perfeita entre a fala e o silêncio.

Onde cada respiração pode descobrir a raiz de uma dor de alma.

E onde a empatia é o instrumento que abre espaço à confiança obrigatória para que quem sofre possa falar, e quem ouve possa escutar.

Sigmund Freud inventou o sofá que fala.

O sofá onde todos nos podemos deitar para falar connosco próprios sabendo haver um psiquiatra, psicanalista ou psicólogo na cabeceira dessa cama existencial para nos ajudar nessa caminhada por entre sintomas, dores, desejos e desejadas ressurreições de alma.

Nesta edição vou guiado pelo psiquiatra que conheci como ouvinte há mais de 30 anos quando ficava colado à telefonia para ouvir o seu programa “O sexo dos anjos”

Um roteiro que começou por ser uma ideia de programa para falar de sexualidade, mas acabou por ser um manual sobre a natureza humana.

Portanto, conheci o homem da rádio muito antes do psiquiatra e do professor de antropologia médica.

Esta conversa poderia demorar 10 horas. Até poderia ser um diálogo em associação livre, mas escrevi demasiadas perguntas para tantas respostas.

É uma lição sobre como ouvir os outros, como praticar a arte da escuta e de aceitar e compreender o outro como ele é.

Falámos de diálogos, palavras e silêncios.

A empatia a par das nódoas negras e das grandes alegrias são provavelmente a única receita para a partilha entre seres humanos.

Compreender os outros implica-nos a todo o momento.

E as máquinas, capazes de calcular rapidamente e guardar acervos de informação gigantescos não tem alma.

Podem saber. Podem fingir. Mas nunca sentiram a palpitação dos grandes amores nem o sabor das lágrimas.

Nem sequer lágrimas de óleo ou taquicardias elétricas.


TÓPICOS:

Início (00:00:00)

Introdução ao Tema da Escuta (00:00:12)
Discussão sobre a escuta e a importância da empatia na comunicação.

Apresentação do Convidado (00:02:27)
Júlio Machado Vaz é apresentado como médico psiquiatra e influenciador.

O Programa “O Sexo dos Anjos” (00:02:50)
Júlio fala sobre o seu livro e a história do programa de rádio.

Impacto do Programa (00:03:14)
Discussão sobre a influência do programa na sexualidade e na sociedade.

Relação entre Rádio e Televisão (00:05:02)
Comparação entre os meios de comunicação e as suas diferenças na recepção do público.

Censura nos Média (00:06:21)
Júlio compartilha experiências de censura e a diferença entre rádio e televisão.

Mudança de Horário do Programa (00:07:16)
Discussão sobre a mudança de horário do programa e o impacto na audiência.

Experiências de Censura (00:09:41)
Relato sobre censura num programa de televisão, especialmente em relação à homossexualidade.

Fascículos Não Publicados (00:12:20)
História sobre fascículos encomendados pelo jornal “Expresso” que nunca foram publicados.

Reflexão sobre a Vida (00:13:39)
Júlio reflete sobre o envelhecimento e como as prioridades mudam ao longo do tempo.

Cuidado com a Manipulação (00:15:03)
Discussão sobre a capacidade de nos enganarmos a nós mesmos e a diferença entre responsabilidade e culpa.

Consultório e Trabalho (00:15:46)
Júlio fala sobre a sua rotina no consultório e o prazer que sente em continuar a atender.

Ritmo de Trabalho (00:16:56)
Reflexão sobre a escrita e a falta de tempo devido à rotina intensa de trabalho.

Agendas Complicadas (00:18:04)
Desafios de compatibilizar horários entre colegas para gravações e compromissos.

Visita Guiada à Agenda (00:19:07)
Comentário sobre a complexidade das agendas de trabalho e compromissos.

Reorganização de Trabalho (00:19:32)
Impacto das mudanças de horários na rotina de trabalho dos colegas.

Psicanálise e Trabalho (00:20:13)
Reflexão sobre a importância do trabalho e a dificuldade de imaginar não trabalhar.

Dia Típico no Consultório (00:21:09)
Descrição de como varia a rotina diária de atendimentos e a importância da escuta.

A Arte da Escuta (00:22:11)
Discussão sobre a escuta na psiquiatria e a necessidade de estar presente para os pacientes.

Desafios das Consultas (00:23:03)
Variedade das queixas dos pacientes e a experiência pessoal de Júlio com problemas psicológicos.

Aprendizado com a Depressão (00:24:11)
Júlio compartilha a sua experiência com a depressão e como isso influenciou o seu trabalho.

Importância da Psicanálise (00:25:01)
Reflexão sobre o papel da psicanálise na vida de Júlio e a gratidão ao seu psicanalista.

Silêncio na Terapia (00:25:50)
Discussão sobre a natureza do silêncio nas sessões de terapia e o seu significado.

Silêncios Confortantes (00:26:30)
Exploração dos diferentes tipos de silêncios e como eles podem ser reconfortantes.

Dificuldade em Expressar Sentimentos (00:26:51)
Júlio fala sobre a dificuldade dos pacientes em expressar as suas emoções durante a terapia.

Caminho Difícil da Terapia (00:27:30)
Reflexão sobre a escolha de enfrentar a dor em vez de optar por soluções mais fáceis.

A percepção da responsabilidade (28:07)
Discussão sobre como a percepção de ser vítima pode distorcer a realidade.

Reconstruindo a vida (29:38)
Reflexão sobre a importância de assumir responsabilidades e reconstruir a vida após dificuldades.

Lutos e padrões de comportamento (30:22)
Análise dos lutos emocionais e como moldam os nossos comportamentos e reações.

Aprendendo com os outros (31:07)
Exploração de como aprendemos a lidar com frustrações e desejos através das interações sociais.

Padrões infantis na vida adulta (32:30)
Discussão sobre como padrões de comportamento infantis podem persistir na vida adulta.

Mudanças ao longo da vida (34:04)
Reflexão sobre as mudanças que ocorrem com o tempo e a importância da experiência.

Relações e negociações (34:38)
Importância de negociar visões diferentes em relacionamentos para uma convivência saudável.

Paradigma da medicina (35:52)
Discussão sobre a evolução do paradigma médico, de curar doenças a cuidar de pessoas.

A complexidade da saúde (40:22)
Reflexão sobre a saúde ser uma questão complexa que vai além do tratamento de doenças.

A flexibilidade de género (00:42:17)
Discussão sobre as múltiplas configurações de género e a flexibilidade nas decisões.

Estereótipos de género (00:42:46)
Reflexão sobre estereótipos de homens e mulheres e as suas influências nas esferas pública e privada.

Mudanças na paternidade (00:43:47)
Mudanças nas relações entre pais e filhos, destacando a afetividade dos homens.

Evolução dos homens (00:44:23)
Os homens estão se afastando do estereótipo de força e bruta, explorando afetividade.

Vantagens emocionais (00:45:05)
Mudanças emocionais nos homens e como isso impacta as suas vidas.

Pressões sociais e feminismo (00:45:06)
Discussão sobre como as pressões sociais e o feminismo influenciam os homens.

Divisão de tarefas (00:46:46)
Reflexão sobre a divisão de tarefas domésticas entre casais e a semântica do “ajudar”.

Mudança de papéis (00:47:12)
A evolução dos papéis de género e a partilha de responsabilidades na casa.

Poder de influência feminino (00:49:11)
Discussão sobre o poder de influência das mulheres nas relações heterossexuais.

Relações não equitativas (00:50:06)
Análise das dinâmicas de poder nas relações, onde as mulheres influenciam indiretamente.

Inteligência artificial na medicina (00:50:32)
Reflexão sobre o impacto da inteligência artificial na prática médica e na relação com pacientes.

Utilidade da inteligência artificial (00:51:35)
A inteligência artificial pode melhorar diagnósticos e facilitar a comunicação entre médicos e pacientes.

Separação entre psicológico e físico (00:52:57)
Discussão sobre a discriminação da psiquiatria relativamente à medicina física.

Desafios da psiquiatria (00:54:02)
Preocupações sobre a prática psiquiátrica e a importância da comunicação com pacientes.

Facilitação do diálogo (00:54:58)
A inteligência artificial pode facilitar o diálogo entre médicos e pacientes, melhorando a experiência.

Preconceitos nos algoritmos (00:55:47)
Reflexão sobre como preconceitos humanos podem influenciar a programação de algoritmos.

Análise crítica dos algoritmos (00:56:18)
Discussão sobre a necessidade de considerar o viés dos algoritmos na saúde e na sociedade.

Manipulação do Algoritmo (00:57:02)
Discussão sobre como os algoritmos manipulam as nossas preferências e a diversidade de conteúdos disponíveis.

Inteligência Artificial na Medicina (00:58:27)
Referência à robótica na cirurgia e ao impacto da inteligência artificial na prática médica.

Confiabilidade das Máquinas (00:59:10)
Reflexão sobre a confiança nas máquinas e as suas falhas, especialmente em contextos éticos.

Falsidade Algorítmica (01:00:14)
Exemplo de como algoritmos podem criar conteúdos falsos que parecem verdadeiros, confundindo os utilizadores.

Empatia e Inteligência Artificial (01:02:06)
Discussão sobre a limitação da inteligência artificial em replicar empatia humana em situações emocionais.

Complementaridade entre Humanos e Algoritmos (01:04:08)
Afirmativa de que humanos e máquinas devem ser vistos como complementares, não concorrentes.

Limitações da Máquina (01:06:59)
Reflexão sobre a incapacidade das máquinas de experimentar emoções e a verdadeira empatia humana.

A Alma Humana na Comunicação (01:07:23)
A importância da experiência humana na compreensão e na comunicação, além da capacidade técnica das máquinas.

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