A relação entre cientistas e jornalistas, entre investigadores e comunicadores é uma relação de amor-ódio.
Os cientistas tentam sempre chegar à descoberta que sonham revolucionar o mundo. São escravos do método e adoradores do rigor absoluto.
Nem que para isso tudo se diga com tal complexidade que só eles entendem.
Os jornalistas, pelo seu lado, buscam a história que vai fazer a próxima manchete.
E confrontados entre o rigor absoluto e a máxima comunicação, tendem as escolher a simplicidade radical.
É bom de ver que apesar de precisarem uns dos outros para que a ciência e o conhecimento chegue mais longe, a relação tem alguma tensão.
No meio desta batalha estão os comunicadores da ciência,
Uma espécie de tradutores da complexidade dos cientistas e advogados. Da simplificação quase absurda da comunicação para o grande público.
Uma edição para se falar de histórias e factos, mitos antigos e pós-verdades.
E de desvendar finalmente porque são tão poderosas as histórias, mesmo aquelas que contrariam a mais elementar evidencia científica.
Sara Sá é hoje comunicadora de ciência. Mas traz a bagagem de 20 anos de jornalismo. Além disso, começou por estudar engenharia espacial.
Hoje, no Pergunta Simples, falamos de ciência, de jornalismo e de boas histórias. Ou melhor, falamos de como se conta uma boa história. E para isso, quem melhor do que Sara Sá?
A Sara é jornalista, ou foi jornalista, é comunicadora de ciência e alguém que passou os últimos 20 anos a contar histórias sobre saúde, ciência e inovação. Agora, trabalha no INESC- ID, onde ajuda cientistas a comunicar melhor o que fazem. Mas a essência do seu trabalho continua a ser a mesma: procurar a lógica que faz uma boa história funcionar. Como rigor, e simplicidade. Mas sempre uma boa história.
E isso leva-nos ao primeiro dilema da conversa: o jornalismo e a ciência são amigos ou inimigos? De um lado, os jornalistas que querem simplificar, traduzir conceitos complicados para toda a gente perceber. Do outro, os cientistas, rigorosos, meticulosos, nem sempre muito pacientes para explicar os detalhes. Durante muito tempo, estes dois mundos desconfiaram um do outro. Mas hoje, mais do que nunca, precisam de trabalhar juntos.
O problema é que, no meio disto, há sempre um risco: até onde se pode simplificar sem deturpar? Como se pode contar uma boa história sem perder o rigor? A Sara diz que o truque está na coerência e na lógica. Se um argumento não faz sentido, se um mito não bate certo, o cérebro dela dispara um alerta. E esse radar já evitou muita asneira.
Depois, claro, falamos de inteligência artificial. No INESC, a Sara acompanha projetos que aplicam IA à saúde, como o Halo — um sistema que ajuda pessoas com doenças graves que impedem a fala a voltarem a comunicar, recriando digitalmente a sua própria voz.
A IA está a transformar tudo, mas será que sabemos mesmo o que estamos a fazer? A Sara diz que há dois tipos de pessoas neste debate: os otimistas, que veem a IA como uma ferramenta incrível, e os pessimistas, que acham que estamos a brincar com fogo. No INESC, onde se trabalha com os conceitos de base da IA há mais de 25 anos, a perspetiva é clara: é preciso separar o mito da realidade.
E, já que falamos de mitos, entramos num dos temas mais divertidos da conversa. Será que só usamos 10% do nosso cérebro? Será que o frio causa constipações? E, já agora, será que fazer sexo queima tantas calorias como um treino no ginásio? (Alerta expectativas: não, exceto caso estejamos a fazer algo mesmo muito inovador. E atlético. )
A verdade é que adoramos acreditar em histórias simples. E é por isso que os mitos sobrevivem. Porque encaixam bem, porque explicam o que não conseguimos entender e, muitas vezes, porque dão jeito a alguém. Como aqueles cursos que te prometem desbloquear os outros 90% do seu cérebro.
A Sara escreveu um livro sobre isto — Cem Mitos, Sem Lógica — onde desmonta estas histórias com ciência e bom humor. Mas o problema das fake news e da desinformação vai muito além dos mitos do dia a dia. Com a IA generativa, os vídeos e áudios falsos tornam-se cada vez mais convincentes. Como nos protegemos disso? Como ensinamos os mais novos a distinguir o que é real do que é falso?
No final, a conversa com a Sara Sá é sobre como percebemos o mundo à nossa volta — seja através do jornalismo, da ciência ou das histórias que escolhemos contar.
As boas vitórias têm sempre que começar bem, forte, de forma direta ou enigmática.
Podemos contar logo o fundamental na primeira linha ou deixar correr a narrativa oferecendo novos dados.
Se começar bem é crítico para que nos ouçam, fechar bem é garantir que ficamos na memória dos outros. Pode ser uma frase que ressoa. Pode ser um riso franco.
Nem precisa de ser explicado. É universal. Tal como as grandes histórias.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO00:00:00:00 – 00:00:24:10
A Sara Sá, jornalista, comunicadora de ciência, tem passado a tua vida nos últimos 20 anos, pelo menos na visão do jornalismo. E agora tratar de comunicação de saúde. E isto é mais ou menos uma uma conversa entre entre, entre juristas reformados nem reformados ainda não saudosistas de vista, saudosistas do jornalismo nacionais.
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Tens saudades do jornalismo? Sim e não. Eu fui muito, muito feliz no jornalismo e não consigo imaginar outra profissão que me fizesse tão feliz e que me trouxesse tanto que me enriquecesse tanto. No entanto, penso que o meu trabalho, minha missão, está cumprida e sou feliz no que está a fazer e, portanto, saltamos a seguir para para fazer.
00:00:47:22 – 00:01:15:20
Agora, neste momento, estás numa instituição chamada INESC e vê o nome sexismo lá já lá vamos e escrever isso que é escrever te um curioso livro de que vamos falar que são sem mitos, sem lógica, como se a lógica contasse a lógica que conta para contar uma boa história. Para mim é essencial. Aliás, eu acho que não tenho um defeito, É quase uma compulsão.
00:01:15:22 – 00:01:44:07
Se uma história não tem lógica, eu fico completamente orientada. É uma coisa que me perturba mesmo e tenho dificuldade em lidar com a falta de lógica, com o défice de lógica. Isso é que se eu tenho coração cientista, para as pessoas que não sabem, é o meu cérebro cientista, eu diria tudo. Escolhi isto estudar engenharia aeronáutica, aeroespacial e oficial espacial da Primeira Turma da Aeroespacial.
00:01:44:09 – 00:02:13:16
O que que deu na cabeça e deu pouco na cabeça, porque foi e foi coração. Aí foi uma decisão muito mais emocional do que propriamente racional, porque eu gostava de espaço, de astronomia, de estrelas, dos programas do Carl Sagan e tinha muito boas notas, o que pode ser uma vantagem, mas no meu caso, acabou por ser um problema que eu podia escolher praticamente do que quisesse e isso foi difícil de gerir e acabei por entrar para este curso.
00:02:13:16 – 00:02:35:15
Ao escolher este curso, porque era novo, abriu naquele ano e porque havia essa magia do espaço para mim, da astronomia, de ver estrelas como o meu pai, de ver os eclipses quando era miúda no terraço de casa. Portanto, nada, nada do que estou a dizer é muito racional e completamente emocional. E o que é que se aprende num curso?
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Olha se muito pouco de astros e essa foi a minha decepção. O curso é muito mais sobre mecânica e aerodinâmica e propulsão e termodinâmica e matemática e física e química do que propriamente astronomia. Aliás, não tem nada de astronomia. Aprende se o que aprende se como fazer aviões, Como é que os aviões voam, como é que se controlam aviões?
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No fundo, é um curso muito parecido com engenharia mecânica, sendo que a mecânica está mais virada para os carros e outro tipo de máquinas é o era espacial, está virado para aviões e é aeronave. Outro tipo de aeronaves é foguetões e satélites e portanto podia estar agora neste momento a trabalhar para o senhor, mas quer construir para aí uns foguetões para o dia a dia E por acaso acho que não tenho nenhum colega ou colega no México, mas tenho colegas na Agência Espacial Europeia.
00:03:22:08 – 00:03:48:03
O número base e empresas do setor. E ainda me fascina aquela ideia de não ser só uma vez, de fazer o céu e as estrelas. Sim, já percebi que sim, mas se calhar não. Não. Mecânica da coisa não é Também se calhar já não de uma forma tão romântica. Hoje em dia vejo o espaço mais como um setor comercial de grande crescimento, de crescimento exponencial, económico e de atração de talentos.
00:03:48:05 – 00:04:29:03
Mas acho que perdeu um bocadinho daquela magia que eu acho que não só sentimos quando somos adolescentes e jovens inconscientes. Depois foste encontrar esse fascínio. Quando vens fazer jornalismo? Sim, o que conta no jornalismo que fizeste muitas vezes? Jornalismo de saúde. Fizeste muito jornalismo de ciência também a procura de como é que se conta uma boa história. Eu acho que a história no jornalismo, ou melhor, no jornalismo de ciência, de saúde, existe ou tem o poder de captar a atenção, porque tipicamente os temas de saúde e de ciência são complicados, como são os da economia ou até os da política, que uma história, uma boa história ajuda.
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Ou pelo menos era assim que eu via, ou ainda hoje o vejo, ajuda a captar a atenção do leitor. Nós somos viciados em histórias, mas nós crescemos e a nossa evolução dependeu da nossa capacidade de contar histórias. E em pequeninos nós é assim que aprendemos a linguagem simples vinculamos. É assim que aprendemos na escola através da história. E eu penso que para os adultos se mantém.
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Isso é uma boa história. Ajuda nos a fazer passar depois aqueles temas mais complicados ou aqueles conceitos mais complicados, de uma forma a prender o leitor. Mas sendo que gosta de contar uma boa história, comer uma vez, funcionar sempre bem, um personagem, um herói, um inimigo, obviamente. Mas depois há isso, a substância das histórias, aquilo que nós temos que contar, que temos que pôr lá dentro, que é complexo, cada vez mais complexo, cada vez mais difícil, cada vez mais difícil de contextualizar.
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Lembro me sempre que contávamos aos jovens estagiários em modo de piada. Espero que tenha sido assim entendido que é. Não deixes que a verdade estrague uma boa história, porque fica a tua fronteira. Como é que? Como é que depois, de que ferramentas é que tu usavas para para conseguir fazer essa autópsia? Eu acho que nunca fiz deixar que é verdade.
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Quando muito, podia não contar a história se a história não me parecesse boa o suficiente. Podia não contá la, manipulá la de forma a que deixasse de ser verdadeira. Acho que nunca o fiz, pelo menos duma forma consciente, porque este também é o primeiro compromisso do jornalismo. E é verdade. É verificar e verificar. É uma utopia. Nós sabemos que a verdade absoluta, a filosofia, diz isso não é verdade absoluta.
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Não existe. O conceito de verdade varia, é subjetivo, acaba por ser subjetivo, mas deve ser um objetivo. Deve ser o que nós procuramos. E porque é que eu gosto tanto de jornalismo, de ciência? Porque este também é o objetivo principal da ciência. A ciência procura verdades que são verdades, pelo menos naquele momento. No estado em que nós estamos à luz da evidência, aquilo é o que se acredita que é verdadeiro.
00:06:28:01 – 00:06:52:05
Mesmo que amanhã o cientista descubra outra coisa dentro da mente oposta. E isso é que é o interesse principal da ciência é estar sempre presente na vida dos cientistas e, até certo ponto, também na vida dos jornalistas. Nós retratamos o momento atual. O que é verdade hoje é que amanhã pode parecer não estar, em que nos obrigam a pensar, a repensar tudo aquilo que nós pensamos.
00:06:52:07 – 00:07:26:22
Então, apesar de tudo, tu, jornalista, agora tu, comunicadora de ciência e ajudando os cientistas a comunicar melhor. Sempre houve uma atençãozinha, para dizer o mínimo, entre os cientistas mais ortodoxos e os jornalistas mais teimosos que, por um lado, o jornalista em busca da história, da facilitação absoluta daquilo que é complexo para que qualquer pessoa consiga entender e depois o cientista da caixa, que acha que o rigor absoluto, tremendo e detalhado é a verdadeira substância da história para contar.
00:07:26:24 – 00:07:50:06
E estes dois mundos nem sempre andam a par aqui. Uma tensão pode haver, mas sabes, acho que o que eu vivi ao longo dos mais de 20 anos de contacto quase diário com cientistas e que vivo hoje em dia na minha instituição de trabalho no Instituto de Investigação, é que há uma abertura cada vez maior para a necessidade de comunicar e até porque as regras do financiamento assim obrigam, não é?
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Todos os financiamentos públicos obrigam a que haja uma participação, uma comunicação daquilo que se está a fazer. Portanto, é preciso haver visibilidade, é preciso visibilidade. E esta ideia de que há dois níveis de comunicação, portanto, uma comunicação entre pares e uma comunicação para o público em geral é cada vez mais bem aceite pela comunidade científica. Existe. Os cientistas falam entre eles coisas complicadas que só eles entendem, numa linguagem muito própria e que cada um na sua área de especialidade.
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Sim, é isso que existe. Nós fomos lá espreitar. Nós leigos, coitados de nós, não vamos perceber nada do que é que é assim que eles falam nos congressos em que escrevem, nas publicações científicas, escrevem para os pares com os pares em mente. Mas há cada vez mais cientistas envolvidos em atividades de comunicação para o público em geral, até projetos com escolas em feiras, com jornalistas.
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E aí esse esforço é o que eu tenho percebido é que há uma grande consideração e um grande respeito pelas pessoas que fazem essa ponte, que conseguem, como eles dizem, traduzir informação complicada em coisas simples e apetecíveis com açúcar. Outro método de lá no INESC e vê já agora, o que quer dizer INESC, que é para Nacional de Engenharia, Sistemas de Computadores, Investigação e Desenvolvimento.
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Portanto, não ter enganado a malta inteligente que está a fazer, está a fazer o que? O que é que tu queres? Nós acabamos de celebrar 25 anos. Foi esta esta semana o evento de comemoração e uma das coisas que podemos constatar é que as áreas que lançaram com que nos lançámos em 2000, no ano 2000, são exatamente as áreas da moda hoje em dia.
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Foi quase. Até parecia que os fundadores tinham uma bola de cristal e queriam adivinhar em que adivinharam o que é que viriam a ser as áreas de topo hoje em dia que são Que inteligência artificial? A inteligência artificial aplicada à medicina blockchain, portanto, machine learning? Todos estes chavões que hoje em dia quase se tornaram de conhecimento comum e aquilo em que trabalham os investigadores do INESC e começaram há 25 anos a pensar em 2000, no ano de 2000.
00:09:58:03 – 00:10:24:14
Na altura não se falava tanto inteligência artificial como falo hoje em dia, mas ela já existia. As redes neuronais, que são a base também de boa parte dos sistemas de inteligência artificial, estavam exactamente na área de trabalho, área principal. Na altura já se estudava muito concretamente a questão da linguagem. Qual é a palavra que vem a seguir, que é base se é processamento de sinal, fala, processamento de fala eram áreas que já existiam.
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Telecomunicações também é comunicação. Qual é a tua fé na inteligência artificial? Não é uma fé nas obras de fé e inteligência artificial? É óbvio. Vou dizer aqui banalidades tem um potencial gigantesco. É uma área onde a evolução e as dores avassaladora. Basta pensar que há dois anos ninguém tinha ainda o Viagra. Pelo menos o cidadão comum não tinha ouvido falar sobre o site PT Origens Artificial e hoje em dia está nas bocas do mundo.
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Toda a gente fala em PT. Sabendo com mais conhecimento ou menos conhecimento de causa, temos surpresas a cada passo, como tivemos esta semana os chineses com o chinês, que foi um salto, podemos dizer um salto quântico, provavelmente no uso da inteligência artificial. No entanto, isso as pessoas que discutem ou que trabalham na área de interessar se anualmente dividem se entre os otimistas e os pessimistas.
00:11:17:11 – 00:11:45:03
E eu sou, como sempre, uma pessoa otimista em geral. E o qual é que é? O receio é que o mito, ou aquela ideia de que é necessário social, vai sobrepor se ao humano e tomar conta disto. E eu sinceramente não acredito que isto venha a acontecer, porque o cérebro humano continua a ter uma capacidade incomparável e imensurável quando comparado com o sistema físico.
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Não precisa da máquina da criatividade. Estamos a falar da mediocridade e até outras funções que para nós são óbvias e imediatas que um bebé de um dia consegue fazer e que num sistema computacional são muito difíceis de programar. Um exemplo crucial, paradigmático é o reconhecimento de formas e de objetos para ensinar um sistema de inteligência artificial a reconhecer um gato que um gato e um gato são precisas horas e horas e horas e horas de treino.
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É preciso mostrar milhões de fotos de gatos até que um sistema de luzes artificial consiga identificar. Está aqui. Um gato está em todos os sentidos. Sinais que evidenciam que é um gato é uma criança, uma pessoa. Ver um gato, duas, dois. Ficar a ver um gato num livro e as crianças novamente Aprender a ver animais nos livros. E aprende e reconhece.
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O que significa que lá está que nós somos máquinas altamente sofisticadas, com uma capacidade de desaprender e em infinita capacidade. Lá está, de organizar o pensamento e de conseguir imaginar o futuro para Para uma filha de um poeta que é o teu caso, imagine que é uma coisa que tu aprendeste desde desde muito cedo. E lá dentro, lá em casa, no INESC, esse debate entre os otimistas e os pessimistas estão estão que dados é que estão em cima da mesa?
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O que é que eles falam? Porque se eles há 25 anos estão a inventar isto alguma coisa verão mais do que eu. Acho que a balança está mais do lado dos otimistas do que eu tenho podido perceber. Há um discurso muito racional sobre a inteligência artificial e há até uma tendência de se fugir, de trazer um bocadinho da água.
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A fervura desse, toda essa excitação, toda esse entusiasmo talvez um pouco desmesurado relativamente à inteligência artificial e ao seu potencial. Penso que nós, lá na Casa, tentámos ser muito concretos, muito racionais e objetivos relativamente a esse assunto. E todos já falam o que é que é que investigam a seguir. Agora têm curiosidade para saber o que é que vai acontecer daqui a 25 anos?
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E eu penso que uma das áreas é esta é uma área. Uma das nossas áreas temáticas é a aplicação à saúde e eu acho que será uma das áreas que mais beneficiará e já está a beneficiar da utilização de sistemas de inteligência artificial para diagnóstico médico, para realização de cirurgias à distância, para encontrar padrões no tratamento de doenças e agrupar pacientes de acordo com o seu património genético.
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As patologias de que sofrem as suas condições físicas e sociais e, dessa forma, melhorar e conseguir o tão almejado tratamento direcionado. Não é que algo de que se fala já há uns 20 anos, mas ainda não é bem a realidade e portanto, a procura de, através dos grandes números, encontrar padrões muito pequenos e repetidos, personalizar de alguma maneira as pessoas.
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Isso implica um acervo gigantesco de dados, obviamente grande computação e insegurança, porque quando nós olhamos para isto, fico sempre a pensar que volta e meia nós ouvimos falar que há um hacker qualquer que um pirata informático que conseguiu entrar num sistema. Quanto mais potentes forem estes temas, de alguma maneira podemos pôr nos melhor De outra maneira. Os sistemas podem ter uma vulnerabilidade que pode ser mais perigosa para nós enquanto seres humanos.
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Sim, a questão da ética e da segurança é essencial, pelo menos na Europa. É um tema que está em cima da mesa e há muitas iniciativas no sentido de assegurar que não só o sistema desenvolvido na Europa o cumprem, como aqueles que são utilizados na Europa, desenvolvidos noutros países ou noutras regiões do globo, como a Ásia, por exemplo, que se forem utilizados na Europa, têm que cumprir.
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E nós, mulheres, que até fazemos parte de um consórcio financiado pelo PRR, que é o Centro for Espaço balear e, portanto, o Centro para a Emergência Social Responsável, em que uma das premissas é precisamente que tudo o que seja desenvolvido no âmbito do projeto cumpra os critérios da da inteligência artificial, responsável pela articulação não parcial. Uma regulação, mas que é independentemente da lei.
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Portanto, por princípio, tudo o que vier a ser desenvolvido, inclusivamente aplicações médicas, pois se quiseres, posso dar alguns exemplos. Tem que cumprir estes princípios que passam por ser transparente, não ser enviesada, ou seja, ser imparcial. Não escolheria 15 pessoas uma pessoa relativamente a outras e no fundo cumprir o que é a Constituição. Porque se nós quisemos pensar o que são as regras para uma inteligência artificial responsável e uma inteligência artificial que cumpra os princípios da constituição dos direitos humanos, além da obviamente reserva dos dados europeus em servidores europeus, que também está nas regras.
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Sim, que aplicações vêm aí? Que aquilo que é que olha neste centro, nesse projeto que está a falar? Uma das aplicações que tem tido mais destaque, que talvez seja mais impressionante e até já foi referenciado em publicações fora de Portugal, é o Halo, que é uma tecnologia que permite a pessoas com esclerose lateral amiotrófica ou outras pessoas com que já não consigam falar que tenham perdido a capacidade de falar por alguma doença ou acidente, consigam comunicar com a família, inclusivamente com a sua própria voz.
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E isto é feito com um sistema de inteligência artificial a partir de gravações que as famílias possam entregar ou que a pessoa tenha feito enquanto ainda consegue falar e depois cria se uma persona do indivíduo com os seus gostos, o seu passado, o seu histórico familiar. E depois é possível através através de um sinal que a pessoa da franzir a testa, por exemplo, responder a perguntas e ter até uma ligeira conversa com com alguém.
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E porque é uma criação de uma personagem em digital, quase um robô de uma persona digital que tem as características da pessoa em questão. Portanto, a pessoa que tem a patologia para que esta, Para que as perguntas que lhe são feitas possam ser. Responder que as respostas que são dadas relativamente às perguntas que lhe são feitas estejam de acordo com aquilo que ela é e o que ela quer com os gostos.
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Vou dar um exemplo buscar Não estou explicar muito a evitar um exemplo concreto. A mulher. Isto foi uma situação real. Um senhor com esclerose lateral amiotrófica estava a conversar com a mulher e ela perguntou lhe O que quer jantar hoje? E aparecem três ou quatro opções E quando surge a opção que ele quer, basta fazer um sinal e essa mensagem é transmitida pelo telemóvel ou pela voz.
00:18:27:22 – 00:18:48:16
Pode ser. E eu quero jantar bife com batatas fritas, apesar de eu não estar a mexer, eu não estar a falar e portanto pode declarar aquilo que quer, aquilo que não quer, o que é uma coisa supostamente formidável. Algum dia poderão haver uns robôs, umas personas dessas que vão trabalhar para nós e quiçá nós podemos passar algum tempo mais a ler os livros que nos é que nos interessam duplicar.
00:18:48:16 – 00:19:26:07
Estão a uns tempos um livro muito engraçado de seu nome, sem mitos, sem lógica, portanto A nossa Cara está com um livro amarelo e podem podem ver que é um livro muito, muito curioso. Lá está, nós falamos do jornalismo, falamos agora da ciência do amanhã que será melhor. Todos esperamos que que que que hoje é. Todavia, as pequenas histórias ditas virais podem ser desde as fake news que agora tanto se fala, mas podem ser mitos mais ou menos urbanos que, apesar de tudo, apesar de toda a ciência do mundo, sobrevivem e estão aqui e são contados.
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Sim. Que raio de mecanismo é este que torna uma, enfim, um mito? Uma uma informação que já foi várias vezes não comprovada ou desmentida, mantém se à tona e é continuar a fluir. Olha, eu acho que uma das razões é algo de que já falamos aqui que as histórias e esses mitos estão associados às histórias e estórias têm esse poder.
00:19:50:03 – 00:20:15:20
Nós estávamos a falar no início e perpétuo nós por causa disso, a um dos mitos que temos aqui que não se pode beber cerveja, vinho, quantos como melancia e. E essa história normalmente vem associada a alguém que conheci, alguém que estava num piquenique e que teve uma congestão e teve uma congestão. E isso penso que torna estes mitos mais fortes.
00:20:15:24 – 00:20:40:03
O facto de haver uma história associada torna nos mais reais. Outra razão porque eu acho que as pessoas acreditam em mitos é porque é uma forma de justificar ou de compreender o incompreensível, Vamos supor. Voltando ao caso da melancia com vinho, terá havido realmente uma situação em que alguém estava num piquenique, feliz e contente e a seguir morreu e não sabe porque?
00:20:40:03 – 00:21:11:11
Provavelmente teve um AVC? Não sabemos se foi ou não. As pessoas não encontraram uma razão para estava tão bem, Fui tão feliz, tão feliz e de repente morre. Pode ter tido medicina, pode ajudar e várias razões um aneurisma, um AVC, um enfarte. Fui lá mais ou menos, o que é uma resposta que está mais próxima e então, portanto, é no fundo, a procura de tentarmos encontrar respostas simples para problemas complexos ou para coisas que inexplicáveis sobre humanos que nós sabemos.
00:21:11:16 – 00:21:39:16
Há vários mitos, alguns eu fiz aqui uma coleção. Eles são sim mitos, mas há alguns que para mim são são muito curiosos. E o primeiro tem a ver com o cérebro, exatamente com o nosso intelecto, que é um mito que diz assim só usamos 10% do nosso cérebro e depois a internet está pejada de coisas que e faça aqui este curso ou faça aqui esta meditação, esse teste, faça se para conseguir alargar os 90% para para os 100 isso.
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E depois há um outro aspecto é que nos mitos é que muitas vezes esses mitos são criados também porque há interesses comerciais por trás. É um negócio, é um negócio. Alguns serão. Portanto, essa história for boa e eu disser assim em princípio não és tão burro como parece que só estás a usar um bocadinho da tua inteligência e tem interesse em perpetuar os mitos.
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Porque? Porque dar dinheiro a ganhar, não é? É outra das explicações possíveis. Mas há também aqui alguma base de que não, não há base nenhuma. Nós usamos todo o potencial do nosso cérebro, exceto tenhamos intenções ou défices, não é? Mas à partida usamos. Nós precisamos. O corpo humano e a natureza em geral está feita de acordo com o princípio de mínima.
00:22:21:12 – 00:22:43:24
Nós não temos estruturas, no caso, órgãos para não usar, não há tralha, não atualizar, ter uma maneira de dizer que existe isso, que não existe. Isto é o teu cérebro de cientista que é tu a dizer me sobre isso. É tudo em sítio da inteligência, da energia. É muito simples, é mínimo. Gastamos o mínimo de energia possível para cumprir as tarefas que temos que cumprir, expressa.
00:22:43:24 – 00:23:02:12
Num tratado otimizado, isso parece uma coisa, não é uma otimização para a energia e o cérebro é o órgão que consome mais energia de todo o corpo humano. E não sei como é que tu vês, mas eu sou um procrastinador. Portanto, aquela coisa que se calhar posso fazer mais tarde do que faço agora, também sou, mas tento combater no dia a dia, no dia a dia.
00:23:02:14 – 00:23:21:20
Nós temos que combater essa paz, porque ela está lá, ela está lá sim, porque nós também temos isso também. E podemos pensar que é uma explicação que pelo princípio, tende a mínima. Tendemos a preguiça ou a inércia. Não é não mudar, não mudar o que estamos a fazer, mas para a natureza e para a evolução, isso permitiu nos ser altamente eficientes.
00:23:21:20 – 00:23:53:03
Todos os organismos vivos são altamente eficientes. Na altura em que pelo menos, era difícil encontrar comida e caçar e afins e já temos escassez, Não é por isso é que depois hoje em dia somos obesos. Não é lá muito a obesidade, porque nós estamos preparados, outros menos. Nós. Vamos dizer nomes a um mito que associado a isto, quer dizer que dos 10% que é aquele mito que diz que o cérebro dos humanos é gigantesco, é grande diferença e é o nosso egocentrismo.
00:23:53:03 – 00:24:23:17
E o homem acha sempre nós todos que estamos acima dos outros animais, temos uma visão de superioridade inevitavelmente e para já não é o maior cérebro da natureza. Os cachalotes têm servos muito maiores. O teu coração açoriano já pode ser, Pode ser. Mas isso, além de emocional, é também racional. Mas realmente, obviamente que há aspetos do nosso cérebro que são únicos, que é, por exemplo, o crescimento.
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Depois do nascimento, o nosso cérebro cresce muito, de uma forma muito maior do que a dos outros cérebros e também a capacidade de ligações que conseguimos estabelecer. Isso é único entre entre os meus neurónios. Sim, sim, há ligações entre neurónios. Nós conseguimos construí las incomparavelmente mais do que outros seres. Olha, eu quando estive a ler esta história do mito dos 10% do cérebro, depois dediquei me a pensar que não podemos pensar no Einstein.
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Não posso pensar num Lobo Antunes, que estas pessoas especiais às tantas e não sei se usam mais cérebro, mas pelo menos aparentam usar melhor o cérebro. Não é porque sabem pensar outras coisas diferentes das nossas. Lá está as ligações, porque o raciocínio tem tudo está relacionado com as tais ligações. Então as sinapses entre neurónios e conseguiram estabelecê los de outra forma.
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Obviamente que nós não nos somos todos iguais, isso é um mito e sim, é um mito. Objetivamente, não nascemos todos iguais, mas biologicamente, biologicamente teremos o mesmo. Serve, Mas depois as ligações que estabelecemos não são as mesmas. Isso, aliás, vê se quando são irmãos gêmeos, por exemplo, que estão no mesmo sítio sobre o mesmo ambiente. E todavia, isso são os mesmos estímulos e são pessoas que têm personalidades diferentes, não é mesmo?
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Aqueles que se vestem de maneira igual, sim, que são obrigados para isso. Sistema igual.
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Mas é sempre uma combinação entre o material, o nosso património biológico e os estímulos a que estamos sujeitos. E depois os nossos interesses. É que nós também temos de achar que falas nisso porque há um outro mito lá, o mito 51, que ainda por cima é um mito. Não sei dizer, mas há 20 anos já dizia que homens e mulheres têm cérebros diferentes.
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Ah, pois, não é que dizem não? Mas os os. Os homens têm um cérebro que é tipo gavetas, põem as coisas do lado de cá e as mulheres têm, lá está, no correlativo o condicionalismo social. Nós, pais, professores e educadores em geral, É muito difícil que não tratemos os meninos rapazes de uma maneira diferente do que tratamos. As meninas raparigas não é uma criação social, é um efeito social do ambiente.
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Toda a sociedade está construída desta forma, não é? Podemos começar a. Podemos pensar pelas cores e começarmos a vestir, mas isso é algo que tem vindo a diluir se. Mas o menino de azul e a menina cor de rosa, até aos brinquedos que damos, os carros e os legos aos meninos? E as bonecas e as cozinhas, As meninas até o nosso boletim de nascimento é diferente das meninas, é cor de rosa dos meninos.
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E isso já começa por aí. Se nós formos analisar a esse condicionalismo social desde que até antes do nascimento entre cérebros, deixa me mais longe. Eu acho que o cérebro das mulheres funciona tendencialmente melhor. Melhor depende de qual é que é o teu critério. Não é melhor que eles pensam mais rápido, correlacionam mais coisas. Não há uma coisa que se diz é essa.
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Mas eu volto a dizer que é uma entre o entrevistado interessa em astrofísica e eu não. Mas não tem aqui. Mas não tem ser uma matemática, não é minha. Pois é. Os rapazes tendem a ser mais focados. É aquela coisa de se dizer as mulheres têm capacidade de multi-tarefas e os homens não. Mas quer também porque são condicionados desde pequenos a serem mais focados numa única tarefa e quando a realizam são altamente eficazes contra mulheres.
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Têm mais e assim. Mas também porque as mulheres na vida adulta e se calhar até começam antes, têm mais necessidade do multitarefa. Nós sabemos que as tarefas domésticas, as responsabilidades familiares, tradicionalmente estão mais a cargo das mulheres. É uma questão de adaptação e isso obriga a que haja essa multitarefa, o que é péssimo para o cérebro. Já que estamos a falar de cérebro.
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É uma das piores coisas que se pode fazer ao cérebro. É estar em multitarefa, desligar e desligar e ligar, desligar. E isso é muito mau para a essência cerebral, para o raciocínio. Portanto, mais valia fazer uma coisinha de cada coisa, de cada vez. Concentrar numa coisa de cada vez. É outra luta. Falamos da procrastinação. Eu fazer tudo é algo que eu tento também combater.
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Porque o que é que tu fazes? Como? Como que tácticas deixar de fazer muitas coisas ao mesmo tempo? Tentei, Consegues controlar, Tenho tentado controlar, mas o jornalismo também não ajuda. Também não ajuda. Não, não, não é. Já tinha sempre ali várias coisas, mas trabalhar na Fundação não ajuda, pois não é que seja lá para quem nunca trabalhou numa, numa, numa, numa relação, obviamente as coisas são são muito, muito complicadas.
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Bom, há sempre um momento em que podemos ir descansar pelo -1 bocadinho. Embora os jornalistas sejam tidos como o tal mito dos homens sem sono que comecem agora a ter uma profissão bastante assumida. 08h00 é o mínimo que nós precisamos para dormir. Exceto o professor Marcelo K. É um sortudo. Tenho imensa inveja das pessoas que não precisam ficam com mais horas para viver, para viver.
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Eu queria imenso. Sim, isto convencionou se ser 08h00, mas. Mas a variabilidade já está. A variabilidade biológicas é qualquer coisa entre 06h30, 07h09 e tal dez. Num adulto estamos bem, estamos bem. Lá está o doutor em cima do professor a dormir, que se fartava e fazia coisas de perto. A pessoa é que tem que saber como é que se sente bem e o que é que é o seu ótimo nível.
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E uma das formas é, por exemplo, não acordar com o despertador e ver como é que se acorda, como é que se está durante o dia. Conheço poucas pessoas que acordam assim sem o despertador tocar. A sério. Grandes surpresas só podiam ter duas. Têm um voam. Se essa entrevista tinha sido logo de manhã, provavelmente tinha posto tipo que é para acordar e pronto, Teve a certeza porque minha.
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Olhe, olhe para o planeta agora é um planeta cada vez mais rápido, com cada vez mais estímulos, cada vez uma canseira maior de estímulos às 22h00 ou às 23h00, hora em que devíamos estar se calhar a pensar em descansar. Estamos todos ali a fazer isso, com as luzinhas azuis nos olhos. Nós Descansar assim também não é? Pois um dos conselhos para dormir bem é precisamente não estar com com luzinhas azuis antes da hora de ir para a cama.
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Olha, amanhã um duche não é? Eu estou a contrariar todas as regras do clickbait das pessoas clicarem para ver. Há um mito sobre o corpo humano. O mito número dois foi tu que escolhi esta ordem? Não fui eu estar no livro que foi o editor. No caso, fui eu a ordem. Fazer sexo é um ótimo exercício físico. E tu põe um carimbo disto a dizer mito.
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Por amor de Deus, se se sentir mais confortável, deixa. Acho que é daqueles mitos que não faz mal a outros. Podem ser mais prejudiciais sim, não é. Em termos de gasto calórico, não é muito representativo, é pequenino e o gasto calórico é baixinho. Lá. Mas não quer dizer que o sexo não faça bem e muitos outros aspetos da nossa vida contribui para a longevidade que ajuda a combater a depressão, a aproximar as pessoas a inúmeras virtudes do sexo.
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Gastar calorias não é uma delas. Gasto, obviamente, mas andar a pé, por exemplo, fazer uma caminhada gasta mais calorias do que do que aquela que lá está e que estamos a colocar um tema que tem obviamente interesse geral, ligado a um tema que também tem interesse geral, que é não engordar ou emagrecer ciclicamente. Mas o peso é a junção destas duas coisas que claramente torna isto uma história completamente tão apelativa e tão interessante que já ninguém vai discutir.
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Ou entre entre um sorriso e outro, entre o crédito absoluto desta história. Obviamente ela vai funcionar sempre. Sim, e é um caso sedutor. Eu vou comer muito bem, Não faz mal, até porque dá uma certa ar de garanhão, não é, suponho eu. Onde eu gasto depois? Logo ali, numa noite tórrida de sexo? Lá está, não tem problema nenhum que a pessoa continua a dizer isso, mas não é verdade.
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Está a mentir também. Faz parte destas coisas. Estamos no tempo das fake news. Lá está a das manipulações, umas mais bem intencionadas, outras claramente catastróficas. Como é que tu vive neste neste tempo ou de vez em quando apanha? Está a ler uma história a dizer, mas parece mesmo verdade. E depois de mais um vício no jornalismo, nós temos o vício de procurar a coerência e de procurar a veracidade e as fontes.
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E os céticos profissionais de diz também em princípio é mentira e eu acho que faço isso. Inevitavelmente. Eu preocupo mais pelos meus filhos em conseguir transmitir lhes, até porque o mundo deles vai ser muito mais preenchido de fake news, notícias falsas do que o nosso. Foi, felizmente. E nós já temos algumas defesas de algumas estratégias e a minha principal preocupação é passar lhes isso e depois, no geral, para os amigos e para e para os miúdos da idade deles.
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Mas eu diria que como é que a gente ensina isso? Porque aquela ideia tão forte e apelativa e agora, com a inteligência artificial, lá está simulando a nossa voz, O nosso é muito difícil, é muito difícil encontrar ali as diferenças e eu acho que não há uma resposta. Andamos todos um bocadinho à procura, não é? As pessoas trabalham nesta área e até os professores, os educadores e é muito difícil.
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Até por um ponto que falámos há pouco, é que a evolução é muito rápida. Nós ainda nos estamos a habituar aos 53 e já vem o quatro e já vem o de Psic. Já vem e portanto é o ritmo, é o assinante. Eu acho que uma uma forma, uma base é desconfiar. O que às vezes o que não parece real não é Quando?
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Quando nós olhamos. E isto é muito estranho quando vemos o Papa vestido de roupa de luxo. É estranho, não é? Eu acho que, no fundo também o bom senso é que está em causa. Temos de treinar a nossa intuição. Vamos treinar um bocadinho e o bom senso. E é a lógica. E voltamos à lógica. Quando não parece lógico, mas se calhar não é.
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Vamos ver como é que fica. Vamos verificar. Está um bocadinho de inteligência natural, um bocadinho de verificar o próprio, O próprio facto, embora eu não sei qual é a tua experiência, a minha, quando quando vou a um chat PT e nós fazemos perguntas. As respostas muitas vezes são obviamente, respostas que foram pesquisadas e são verificáveis. De vez em quando aquilo foge um bocadinho, mas há ali uma que inventa até aquilo que se chama alucinações.
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Não é inteligência artificial. Tem afinações, inventa. Porque o chat PT foi concebido para agradar. Ele quer agradar e às vezes, para agradar, inventa essa motivação. Eu que podemos falar de motivação se estamos a falar de um conteúdo francamente humano, esse computador e ele foi treinado para isso e para nunca deixar o humano sem resposta. E portanto, se ele tiver que inventar, vai à procura de uma coisa, inventa.
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Olha os nossos seres humanos, Ainda por cima nesta altura que estamos no inverno, a malta agora constipa se, fica com gripe e o que é da vida? Mas alguém disse um dia que se apanhado frio, rodando com os pés descalços na tijoleira fria, faz te constipar. Sim, esse é dos mitos mais difíceis de combater. Veste o casaco, rapaz.
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O casaco é o que causa as doenças são os vírus e as bactérias. E pode haver mais concentração de vírus e bactérias nos ambientes no inverno, porque as salas são menos usadas, porque estamos mais confinados, porque os transportes públicos estão com as janelas fechadas e 19 se não mostrarmos isso. Mas é a falta de radiação também pode permitir menos radiação solar, pode permitir que os vírus se desenvolvam mais.
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Mas são. E aliás, nós podemos pensar em vários exemplos que comprovam isso. Os nórdicos, que vivem em temperaturas negativas, o inverno interno, não são mais doentes do que nós, não apanham mais constipações do que nós. Oh, eu até posso dar o exemplo da minha vida. O meu filho passou o primeiro ciclo toda a ir para a escola de T-shirt de Verão e de Inverno e a mãe sobreviveu bastante mais.
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Mas eu felizmente tenho uma mãe que escreveu este livro para não obrigava a usar casaco, mas depois o que acontecia com as outras mães chateavam imenso porque diziam que os filhos também queriam ir sem casaco, porque diziam que o tear, que é o meu filho, estava sem casaco, que não estava doente e as mães chegavam a vir queixar se, refilar comigo Tu deixas o teu filho sem casaco?
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Pois o meu também quer ir sem casaco. Há, portanto, um alerta de saúde pública. Olha este e não gosto deste. É que é o gosto que há dentro do mito 27 O chocolate faz borbulhas. Não gosto. Não é bom não ser um mito. Exacto. É bom como a vontade. Eu Eu digo sempre às pessoas que desmistificar normalmente traz a vida, torna a vida mais fácil ou mais doce.
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Neste caso, eu acho que é uma ótima notícia que se pode comer chocolate porque é uma e não é verdadeira essa relação. Não há. Não há qualquer relação de causa e efeito entre a ingestão de chocolate e o aparecimento de uma ou outra. Se calhar ainda é mais popular e mais perigosa nesta maneira que é o mito de que beber álcool mata os neurónios.
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Em princípio, o álcool faz mal com isso. Temos de ter cuidado porque de facto o álcool faz mal. Há imensas coisas a dizer nos doenças que são causadas desde as mais óbvias do fígado até problemas de circulação e outras questões. E faz mal e de facto afeta o cérebro. Mas não propriamente os neurónios. Afeta a GLI, que são células de suporte mas não mata neurónios que estão lá dentro do nosso e assim estão no cérebro sim, e portanto, pelo sim pelo não, mais vale ter e manter dosear o consumo de álcool.
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Há sempre dois alimentos que são muito curiosos um é os ovos que volta e meia são a pior coisa do mundo. Ou então a coisa mais extraordinária entre nós é alimento preferido, infelizmente é o mito É que os ovos fazem mal à saúde, que não fazem este fármaco é algo que tem vindo a mudar porque se dizia que tinha muita gordura, tinha muito colesterol.
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Mas hoje em dia o consenso de que os ovos são um alimento muito bom, que deve ser incluído nas dietas e que se pode comer um ovo todos os dias. Atenção a manteiga que se põe lá a fritar o ovo e que é o problema é da manteiga, não é da luz, não é do ovo, é e aqui é que está é que está a grande e a grande questão.
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Há sempre, claro, boas cenouras que nos fazem ver melhor, que também faz parte da essência que os mitos que andamos fortemente por desmistificar. Porque a cenoura faz bem e também sabem ter medo da caroteno e tem imensas coisas boas. Olha o que é que o que é que te falta fazer? Tu andas na vida geral, Enfim, Ai tanta coisa!
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Então mas a minha maior ambição é viajar. Pronto, É uma coisa muito básica, são só muito básica as minhas ambições como turista ou como peregrina, que não como tu, embora eu também tenha feito uma peregrinação recentemente. Foi bom, foi ótimo, nunca tinha feito, foi ótimo em termos profissionais. Eu sei que eu posso dizer que tenho uma missão. O que eu sei, o que eu gostava de fazer, é o que eu procuro fazer na minha vida profissional.
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É transmitir o encantamento.
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E partilhar o encantamento que a ciência me transmite, que é uma coisa que eu sinto desde que me lembro de existir. E gosto. Se contagiar os outros com isso, pelo menos tento. Isso é um objetivo mais abrangente. Outro é mostrar o que se faz nos institutos de investigação portugueses. É uma coisa que eu já dava atenção quando era jornalista, que me preocupava em ir ver o que é que se passava nas diversas universidades de investigação do país e agora faço para o instituto a qual estou associada, porque eu acho que ainda há um grande desconhecimento.
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Apesar de haver esse esforço de transmissão, ainda há um grande desconhecimento da sociedade portuguesa relativamente ao que se faz na academia. E eu gostava de poder contribuir para que fosse menor esse desconhecimento. Sara Sá, muito obrigado por ter vindo quando voltarás. Mas a pergunta para não acabarmos nesse tom tão sério vou ficar triste. É muito sério. Não foi no fim do ano, foi.
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Não é tudo porque não estou de volta. E mesmo sem ter vontade de ir para o laboratório experimentar coisas que não não, não, não, eu gosto. Contar o que se faz no laboratório lá de fazer. Os cientistas tem mau feitio, como nós, as pessoas em geral. Eu acho que não se pode. Há uns mais ou menos assim como há jornalistas que nos agricultores estamos mais bem dispostos de menos.
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Sara, muito obrigada, Obrigada. E hoje acho um prazer.