O poder de olhar: o que o fotojornalismo ensina sobre comunicar
Vivemos cercados de imagens.
Fotografias, vídeos, fragmentos de realidade que passam depressa demais.
Mas há uma diferença entre ver e olhar.
Entre registar e compreender.
Entre captar o instante — e perceber o que ele significa.
Como fotografar a emoção? José Sena Goulão.
Neste episódio do Pergunta Simples, a conversa é com José Sena Goulão, fotojornalista da Agência Lusa, autor de algumas das imagens mais marcantes da história recente de Portugal — como aquela, em pleno confinamento, de um homem sozinho a subir a Avenida da Liberdade com uma bandeira às costas.
Mais do que falar de técnica, esta conversa fala de sentido: do que o fotojornalismo nos ensina sobre comunicar com verdade, emoção e responsabilidade.
A fotografia como linguagem
Desde que existe, a fotografia é uma forma de comunicar.
De traduzir o mundo em luz.
De transformar o instante em memória.
Mas o mundo mudou.
Hoje, qualquer um de nós tem uma câmara no bolso.
E, com isso, o poder — e o risco — de publicar, manipular, distorcer.
A fotografia, que nasceu como prova, tornou-se um território de dúvida.
E é por isso que vale a pena ouvir quem continua a acreditar na imagem como linguagem de serviço público.
O enquadramento é uma escolha ética.
José Sena Goulão percorre há mais de quatro décadas o país e o mundo com uma câmara ao ombro: do Parlamento às bancadas do futebol, das cerimónias de Estado às praias de Carcavelos ao nascer do sol.
Para ele, o enquadramento é tudo.
É a linha que separa o que se mostra do que se omite.
E essa linha é sempre ética.
Na fotografia — como na comunicação — enquadrar é interpretar.
É decidir o que é essencial e o que fica fora de campo.
É escolher o foco, e com isso, construir um ponto de vista.
Toda a fotografia revela tanto de quem fotografa como de quem é fotografado.
E é nesse espelho — muitas vezes invisível — que se joga a honestidade do olhar.
A emoção é o centro da verdade
As fotografias que ficam não são as mais perfeitas.
São as que tremem, as que respiram, as que captam o que é humano.
Uma imagem pode ser tecnicamente irrepreensível e, ainda assim, vazia.
O contrário também é verdade: uma fotografia imperfeita pode ser comovente, memorável, real.
A emoção é o que transforma o registo em relato, e o relato em memória coletiva.
É o que liga o que acontece ao que sentimos.
E é também o que torna a comunicação — em qualquer contexto — profundamente humana.
A ética é inseparável do olhar.
Num tempo em que a inteligência artificial fabrica rostos que nunca existiram e paisagens que nunca aconteceram, o olhar humano torna-se um ato moral.
Fotografar — como comunicar — é assumir responsabilidade.
É compreender que há sempre uma fronteira entre mostrar e explorar, entre informar e invadir.
A credibilidade nasce precisamente daí:
da capacidade de respeitar quem está do outro lado da lente, do microfone ou da palavra.
O fotojornalismo, neste sentido, é mais do que uma profissão: é uma missão pública.
Ver, compreender e contar — antes que o ruído apague o essencial.
A verdade não é perfeita, mas é necessária.
A fotografia de José Sena Goulão no 25 de Abril de 2020 — um homem sozinho a subir a Avenida da Liberdade com a bandeira de Portugal às costas — tornou-se um símbolo desse compromisso.
Num país confinado, foi uma pergunta em forma de imagem:
o que é a liberdade, quando quase nada se pode ver?
Foi também uma prova de que a verdade não precisa de ser perfeita para ser poderosa.
Basta ser honesta.
E essa talvez seja a lição mais urgente sobre comunicação:
a verdade comove mais do que o filtro.
Comunicar é resistir à indiferença.
No fim desta conversa, uma ideia fica clara:
Comunicar bem é manter o foco quando tudo em volta distrai.
Ver, compreender e contar.
Três verbos simples.
Três verbos difíceis.
São os mesmos que sustentam o jornalismo — e que, nas mãos de José Sena Goulão, continuam a iluminar o país, um disparo de cada vez.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIOEsta transcrição foi gerada automaticamente. Por isso, ela pode não estar totalmente precisa.
0:12
Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre a comunicação.
Hoje vamos falar sobre o olhar, sobre o poder que existe dentro de uma imagem e a responsabilidade de quem é a capta.
Vivemos rodeados de fotografias, de vídeos, de fragmentos de realidade que passam depressa.
0:30
Mais, mas há uma diferença entre vir e olhar, entre registar e compreender, entre captar um instante e perceber o que ele significa.
Neste episódio, olhamos para a fotografia como aquilo que ela sempre foi, uma forma de comunicar, de comunicar a verdade da emoção e a memória.
0:47
E para isso, convidamos alguém que há dezenas de anos está a transformar lusa em linguagem.
José cena golão, fotojornalista da agência lusa.
Autor de algumas das imagens mais marcantes da história recente de Portugal, como aquela em pleno confinamento de um homem sozinho num 25 de abril, a subir a avenida da Liberdade.
1:08
Com a Bandeira de Portugal às costas.
1:20
Há profissões que vivem do instante e há outras que vivem de o preservar.
O fotojornalismo é uma delas, um ofício de urgência e de memória, onde cada clique é uma tentativa de dizer, isto aconteceu.
Vivemos rodeados de imagens, milhares de imagens por dia.
1:37
Mas quantas destas imagens são verdadeiras, no verdadeiro sentido da palavra?
Quantas mostram, de facto, o mundo sem filtros, sem artifícios, sem a moldura da conveniência?
A fotografia que nasceu como prova tornou se hoje um território de dúvida.
E é por isso que precisamos de ouvir quem ainda acredita na imagem como uma linguagem de serviço público.
1:58
José Sara golão é fotojornalista da agência lusa e há dezenas de anos que percorre o país e o mundo como a Câmara a ombro do parlamento às bancadas do futebol das.
Dimónias de estado às praias de carcavelos ao nascer do sol no surf.
Pois, claro, é dele a imagem que marcou o 25/04/2020.
2:14
Um homem sozinho a subir à avenida da Liberdade com uma Bandeira às costas.
Nessa altura em que o país estava fechado em casa.
Aquela fotografia foi um gesto de resistência e também uma pergunta, o que é a Liberdade quando quase nada se pode ver este?
2:30
Episódio da pergunta simples é uma viagem ao interior desse olhar e uma reflexão sobre o poder da comunicação visual.
Porque uma fotografia é, no fundo, uma forma de falar.
E talvez o fotojornalismo seja uma forma mais direta, mais crua e mais honesta de comunicar o instante em que a emoção se torna informação.
2:50
Há 3 lições essenciais nesta conversa, pelo menos para mim.
A primeira é que o enquadramento é tudo.
Na fotografia e na vida, comunicar e decidir onde colocamos o foco, o que mostramos, o que deixamos de fora, o que consideramos essencial.
Cada escolha é uma interpretação do real.
A segunda é que a emoção é o centro da verdade.
3:09
As fotografias que ficam não são as mais perfeitas, são as que trem, são as que respiram, são aquelas que captam o que é humano.
A emoção é o que transforma o registo em relato e o relato em memória coletiva.
A terceira lição é que a ética.
É inseparável do olhar num tempo em que a inteligência artificial gera rostos que nunca existiram, sorrisos que nunca aconteceram.
3:31
A fotografia recorda antes que comunicar é um ato moral.
Há sempre uma Fronteira entre mostrar e explorar, entre informar e invadir.
E a credibilidade nasce precisamente daí, da responsabilidade de quem escolhe a imagem que representa os outros.
Este episódio é mais do que uma conversa sobre fotografia, é.
3:49
Uma medicação sobre a verdade, sobre o papel do olhar numa época em que tudo parece editável.
E é também uma homenagem a todos aqueles que, atrás da Câmara ou do microfone, tentam cumprir o velho dever do jornalista.
Ver, compreender e contar o que acontece antes que o ruído ou o silêncio o apague.
4:09
Porque comunicar, bem como fotografar, é resistir à indiferença.
É não virar a cara ao que importa e lembrar com luz.
O que o esquecimento tenta a pagar?
José Sena golão fotojornalista qual é a diferença entre um fotógrafo e um fotojornalista?
4:28
Alguma.
Ah, Ah, acho que o fotógrafo, antes de mais obrigado pelo convite entrar já aqui Na Na resposta, acho que sim.
Acho que o fotógrafo.
A primeira coisa que procura acho que é a beleza.
É a beleza em em tudo.
4:44
Ou tentar fazer a fotografia mais bonita e mais esteticamente mais apelativa a alguém no fotojornalismo é mostrar a realidade pura e dura, conseguindo fazer a imagem que lá está, com a maior beleza possível e com com os elementos que nos estão, nos estão disponíveis no momento que nunca são, nunca são da nossa escolha.
5:05
É, é o que está a acontecer no momento, no sítio, à hora que for, com a luz que for e desse momento conseguir antecipar, antecipar aquilo que vai acontecer.
EE mostrar a realidade da melhor maneira possível, sendo que de umas vezes mostramos a realidade num conjunto de imagens, outras vezes 11 só imagem consegue resumir exatamente aquilo que estamos temos à nossa frente.
5:27
Tu vais à procura da da história já agora nasceste em em 1979, começaste no fotojornalismo No No Algarve e agora trabalhas Na Na agência lusa.
Não.
Então conta, me conta, me conta me tudo.
Então eu sou professor de educação física, de formação.
5:44
Comecei a fotografar muito tarde, às 25, já já depois de de estar a dar aulas, então.
Qual foi o clique?
O clique foi mesmo foi exatamente um clique com uma numa viagem com amigos a Itália e já tinha acontecido bastantes vezes a ver o curso de de fotografia do IPF em Faro, onde eu vivia ainda em Rolo em fotografia analógica e revelação e alguns amigos meus.
6:09
Tinham conseguido fazer o curso e eu nunca consegui entrar por agenda, por outras coisas que fazia também ao mesmo tempo.
E nunca consegui fazer o curso.
E no verão desse meu segundo ano já a trabalhar como professor de educação física, fui fazer uma viagem com um desses amigos e outro e outro a Itália, que é o Ricardo Ricardo barradas.
6:29
E nessa viagem eu tinha comprado uma máquina pequenina.
Mas que já tinha os modos manuais e já conseguia ter controlo sobre aquilo que estava a fazer.
Já não era só clicar, fazer um clicar e aquilo faz.
Tudo por nós?
Exatamente.
E houve um dia que estamos sítio dos sítios em frente ao Coliseu, em Roma, e viro me para ele, pá de uma vez por todas, ensina, me ensina me.
6:50
Então estivemos ali para aí, hora, hora e meia.
Ele esteve me AA ensinar OBABA da coisa, os o congelamentos, como é que se pinta com luz aquelas aquelas primeiras técnicas?
O que é que é OBABA para nós que hoje em dia, hoje em dia nós usamos os telemóveis e não as câmaras fotográficas.
7:06
E eu quero falar sobre isso.
Alguns de nós ainda são teimosos e usam câmaras, mas eu diria que 99% das pessoas está a fazer fotografias com o seu telemóvel.
O que é que é OBABAO?
Que é que nós precisamos mesmo de saber para tentar tirar uma boa fotografia?
7:23
Para tirar uma boa fotografia, temos a coisa mais importante de todas, é a luz.
É a luz, a intensidade da luz, porque temos que ter em conta aquilo que a nossa máquina suporta em termos de, de, de pronto, entrando em termos, em termos técnicos.
Aquilo que temos que ter em termos, desculpem a redundância técnicos, é velocidade e ISO.
7:43
E aberturas ou ou profundidade de campo.
A velocidade é quê a.
Velocidade, a velocidade da obturação, ou seja, movimentos rápidos em que queremos congelar o momento.
A velocidade do nosso obturador vai ser a mais alta possível para congelar esse momento.
Como no desporto, nos jogos de futebol surf, que são as coisas que eu mais mais gosto de fotografar, por exemplo, por acaso.
8:02
E noutras coisas em que o movimento lento é uma coisa que lá está, às vezes em Desportos também.
Podemos para dar a noção de velocidade, e eu gosto muito de fotografar Fórmula 1 EE moto GP, por exemplo, naquela velocidade toda.
Se nós estamos a fotografar uma de uma maneira em que só congelamos o movimento, parece que ele está parado no tempo.
8:22
Mas se conseguimos dar com a velocidade que eles estão a passar por nós, baixarmos um bocadinho a velocidade da nossa máquina e dar a noção da velocidade deles já é uma fotografia muito mais dinâmica e muito mais apelativa visualmente.
É aquele arrastamento que nós vemos?
Às tantas, nem às tantas, nem nem precisa de ser um arrastamento.
8:39
Basta que um movimento das rodas, as rodas, os raios se veja que há movimento ali.
Basta isso para se perceber que aquela foto, aquilo está a mexer.
Não é um carro parado, não numa pista que muitas vezes as fotos de forma um e de e de moto GP, parece que é uma coisa parada na pista quando pronto, aquela que há dinâmica, especialmente o moto GP do do, do curvar e daqueles ângulos de 100 e de 90° quase na, mas um carro forma um, por exemplo, está parado.
9:05
É um é uma coisa muito grande para mostrar que aquilo tem movimento e.
Portanto, fica aborrecido à fotografia.
Fica, fica, fica.
Tem que se dar dinâmica de.
De algumas maneiras, sim.
Aí é que.
Está a tal narrativa.
Portanto, a questão da velocidade é importante.
A questão da.
Luz da luz.
Não fotografar contra luz, isso acho que todos nós.
Ou não.
Por exemplo, eu ou não ou não eu acabei de vir neste para aqui.
9:25
Tive a fazer uma entrevista a um a um alto cargo do governo de ucraniano.
Em que era numa sala de hotel e tinha que ser ali aquela fotografia.
E era o que havia.
Era o que havia.
EEE é aquilo com que nós nos confrontamos quase sempre.
9:42
Há muito poucos, poucas situações em que nós temos a luz controlada e sabemos o que é que vai que dali vai sair, como o jogo futebol à noite, não de dia.
De dia é outro, é outro.
Mas aí também tens luz, não é?
Temos luz e é uma luz constante.
Não é à noite, durante o dia é um é um 31 para fazer aquilo.
9:57
Portanto, se tu estiveres num estádio de futebol e houver uma parte do campo que está ao solo e outra a sombra, é um filme.
É um filme, porque nós temos que constantemente estar a adaptar a nossa, a nossa velocidade, Na Na, na nossa máquina, para que a fotografia esteja bem expostas.
E muitas vezes acontece, especialmente no estádio da luz, em que estamos a fotografar, num num canto e damos sempre primazia a que nosso lugar seja perto dos bancos, dos treinadores.
10:24
Pronto.
Mas nos jogos em que estão à tarde, eu, por iniciativa própria, escolho sempre ficar do lado contrário.
Porquê?
Porque vou ter a bancada escura.
Se eu tenho a bancada clara e tenho um jogador a vir, para mim é um contra luz, é uma foto horrível, posso ter ação, mas é uma foto que não é nada apelativa, que não vai ficar bem no jornal, não vai ficar bem no site.
10:42
Eu prefiro jogar um bocado os dados e vou lá ao contrário, esperar aquilo.
Há um festejo do meu lado do que estar a fazer aquela foto horrível, mas isto é em situação de jogo e durante o dia, em certos em certos estádios.
Voltando ao exemplo que eu estava a dizer agora da da entrevista, o sítio onde eu estava havia uma mesa de vidro.
11:02
Em que pronto?
A primeira coisa que pensei que era toda pronto, toda lisa deu para fazer um reflexo bonito com ele em contra luz que não interessava o que é que estava atrás dele, estourei completamente.
O fundo estava todo branco, de propósito, de propósito, porque o contraluz, o contraluz na aceção da palavra, é a silhueta da pessoa e o fundo está exatamente como o estamos a ver, não é ali, não.
11:24
Ali posso optar para a minha medição de luz ser correta na pessoa e estou lhe o que está atrás dele.
E isso já não te interessa e portanto, consegues fazer, sendo que muitas vezes tu hoje no trabalho que fizeste, tiveste seguramente tempo para para pensar.
11:40
A Entrevista está a decorrer e, portanto, tu vais fazendo os teus bonecos.
Não teve que ser rápido.
Foi assim que entrei com com oficiais da da embaixada e dizer, tens muito pouco tempo para fazer isto.
E eu tive, tive ali um minuto ou 2 anos a ver os sítios.
11:55
O que é que podia fazer?
E é.
Disparate, disparate.
Disparate é, é muito.
Como é que tu lidas com essa pressão?
Muito mal, muito mal nas entrevistas, é a única situação do meu trabalho.
Eu fico nervoso noutras situações e acho que é bom sinal.
Acho que é bom sinal, mas a situação que me causa mais desconforto são as entrevistas.
12:13
Exatamente por isto, porque não há aquela ideia romântica de que, OK, vamos lá conversar um bocadinho, pôr nos à vontade um com o outro e pronto, olha, fica aí um vamos passear, 11 bocadinho e vai e.
Vão tirar fotografias?
Não é isso que acontece.
É sempre uma situação de tens um minuto, OK?
12:30
É uma parede em que a luz está a entrar de uma maneira bonita.
OK, ponha se aí vira se um bocadinho mais para a luz.
Mas o olhar dirigido para mim é uma coisa muito pouco pouco orgânica, pouco fluída.
Mas isso faz com que quem está a ser fotografado também.
Exatamente, exatamente, exatamente que é uma pena. 2 minutos, então escolhe te para aqui, olha para acolá, é agora, fica quieto agora, levanta, OK?
12:51
Quer dizer.
Exatamente ontem, ontem tive entrevistas com. 2 candidatos à presidência do Benfica.
Ou seja, está a ser uma semana só de entrevistas, ou seja, a minha ansiedade está lá em cima.
Tens?
Que medir o equipamento para para medir a tua canção imperial, pronto.
13:08
Maneira que que eu encontrei de quebrar o gelo, fui vestido de vermelho.
Vou.
De encarnado para quê?
Para que eles se metam com o?
Timetam para que eles se metessem comigo e perguntassem, Ah, é do Benfica, não é?
E estão ali.
Quebra um bocado o gelo e já um sorriso já 11 pré disposição para a conversa.
EE resultou e resultou pronto.
13:26
Consegui fazer o que queria com com os 2 candidatos.
Um deles até descobri que era primo.
Primo afastado, portanto.
Consiste logo ali, uma deu.
Para deu.
Para para quebrar o gelo.
Deu para quebrar o gelo.
Mas nem sempre se consegue.
Nem sempre se consegue.
Olha tu por um lado fazes contacto visual, obviamente com as pessoas que fotografas, mas por outro lado.
13:42
No momento, h tu estás atrás uhum de uma máquina e uma máquina que cria uma artificialidade na relação com um com o outro.
Sim, mas por exemplo, neste, neste, neste, pronto, nas entrevistas que estamos a falar estas novas máquinas, pronto as este novo sistema que já não têm as cortinas.
14:05
É mais silencioso.
São mais pequeninas.
Sim, sim, Oo modelo.
O modelo Oo topo de gama é continua a ser uma coisa grande, mas No No geral são um bocadinho mais mais pequenos e o que tem é que tem OOO.
Visor é retrátil.
Então há há moda daquelas hollyflex antigas em que se o fotógrafo muitas vezes olhava para baixo.
14:26
Cima para baixo fixe estava.
Ou seja, está aqui, está?
Dos casamentos, está?
Enquadrado, estou a olhar para baixo, mas estou a olhar, estou a olhar para a pessoa, então.
Está enquadrado, não mexe a mal, OK, então vá um sorriso e mas isto já está enquadrado aqui e mas ao mesmo ao mesmo tempo estou a fazer contrato visual e eu uso um bocadinho isso nas entrevistas estou estou a fazer e tenho a máquina com o visor para mim e eu vou olhando EE consigo olhar para a pessoa não é sempre que isto dá lá está é esta de hoje do minuto não deu, mas as de ontem que foram um bocadinho mais desafogadas no tempo consegui, consegui fazer assim.
14:56
Olha, explica me um fenómeno que tem a ver com as nossas fotografias familiares.
AA maioria delas são uma desgraceira de luz de amarela, amarela.
Sabe Deus, o que é que acontece?
As crianças fecham os olhos, a tia já vai a sair da da moldura.
15:14
A luz nunca é perfeita.
Todavia, aquelas fotografias, apesar de toda essa imperfeição técnica, dizem nos.
Coisas, pois dizem, pois dizem muito, muito mesmo, acho que a carga emocional que elas têm são.
15:30
Acho que são aquelas que nos vão dizer sempre mais, por pior que seja a fotografia tecnicamente e de luz e de e amarelado e o que for.
Acho que a carga emocional é sempre aquilo que é a coisa mais importante na fotografia.
Sempre, sempre, sempre.
Para mim, para mim.
Eu não não gosto de estar eu AA classificar ou a dizer características do meu trabalho, mas aquilo aquilo que eu posso dizer que procuro sempre é expressão, é.
15:58
É um olhar de expressão, é um olhar de que manifesta a emoção que aquela pessoa está a sentir sempre, seja num jogo de futebol, seja na política, seja o que for a pessoa OA pessoa que vai ter com o candidato durante umas eleições, durante uma arruada.
Eu estou sempre à procura da de emoção em tudo, em tudo.
16:15
É é a minha maneira de ver as coisas.
Às vezes há fotos que pode estar de lá, tudo, esteticamente há tudo e mais alguma coisa está perfeito, mas se não tem noção.
É aquela foto que eu se calhar, ponho de lado.
Quais são as boas emoções para fotografar?
AI.
O riso, o.
Choro as extremas.
16:32
Ambas, ambas, ambas.
Mas mas odeio fazer a parte do sofrimento em contexto, num contexto em que tem a ver com a vida das pessoas.
Não é agora no contexto do desporto.
Gosto muito de fazer.
Sim, OK, mas mas uma coisa é, um jogador de futebol estava a chorar porque falhou o golo.
Enfim, mas eu nesse, mas eu, nesse contexto, gosto e de alguma maneira dá me prazer.
16:52
É e fazê lo porque pronto, porque ele é uma.
É uma parte da vida daquela pessoa.
Não é a vida daquela pessoa, não é.
Agora, no contexto social, aí, aí é mais complicado ir à tristeza e à e ao sofrimento.
Claro, estás.
A falar de quê?
Estás a falar da guerra ou estás a falar de de alguém, de uma perda, de um funeral, de uma?
17:08
Na Na minha realidade, eu nunca, nunca fui enviado para um cenário de de guerra e nem nem é coisa que eu que eu tenha no meu, sei lá na minha lista, não é?
Há outro tipo de coisas que eu gosto de fazer.
Embora e na lusa, onde eu trabalho, há alguns que gostam imenso desses cenários e ainda bem que somos somos tantos que dá para dividir um bocadinho pelas pelas áreas de preferência, mas em relação estamos a falar em relação ao.
17:37
Sofrimento não é em sofrimento, sim, fotografar o sofrimento.
Mas na agenda do dia a dia já me calhou algumas vezes.
Fazer funerais é pá e para mim é horrível.
Sinto que é uma intermissão gigante estarmos estarmos ali é uma.
17:52
Espécie de voyeurismo.
É, é para mim, para mim é.
Acho que nada justifica estar num num num funeral, a apanhar o sofrimento das pessoas.
Acho que se pode dar uma ideia geral das coisas e sei lá, agora, houve o caso mais recente do do Diogo já.
Eu não estive lá, foi foi foi no Porto.
18:08
Mas acho que acho que se pode focar um bocadinho nos nos símbolos que alguém pode levar nos símbolos.
A imagem do próprio jogador que possa lá estar e a ver assim uma mancha à volta de quem está a se for por ele à volta.
Mas estar a mostrar a expressão da da esposa, de de familiar, acho que não acrescenta nada, nada, nada, nada.
18:27
E eu a mim faz me muita confusão ter que captar momentos.
Desses, é isso que está a acontecer ao jornalismo.
É o fotojornalismo.
Nos últimos anos.
É essa.
E esse e esse desnudar quase de de não haver essa, essa Fronteira de mostrar o sofrimento.
Eu acho que no fotojornalismo, continua a haver ali uma.
18:44
Há um.
Decoro?
Eu acho que sim, eu acho que sim.
Em Portugal, acho que acho que há bastante, bastante mesmo.
Eu há, há.
Há outra coisa que está a acontecer, que é que é uma coisa que leva nos para o para outro tópico de conversa, mas tem a ver com.
19:02
A quantidade de fotojornalistas que nos últimos anos deixaram de trabalhar na imprensa diária não é na falta de AI pluralidade de de, de pontos de vista, de está muito concentrado em muito poucos sítios.
19:19
E o sítio onde eu trabalho, que é a agência lusa, acaba por ser quem mostra mais vezes o seu ponto de vista em quase todos os jornais.
Ou seja.
Com a diminuição do número de pessoas que estão a trabalhar Na Na Na empresa, há a agenda diária e muitas vezes eu passo, não digo semanas, mas às vezes passo 45 dias em que não vejo um colega.
19:41
Porquê fotografia lá está, porque a lusa vai cobrir.
A lusa vai cobrir, os outros não vão e, portanto, fazem a agenda própria.
E compram, compram as fotografias à lusa.
É o serviço que que a lusa faz de notícias e de fotografias.
EE, isso significa que o teu ponto de vista, no fundo, é o único que lá está.
Exatamente, é isso, é.
É isso que eu estou a dizer EE cada vez mais, OK?
19:59
Na agenda própria de de jornais, como o público?
CM, cada um tem assim o seu nicho.
E há muitas entrevistas No No público, feita pelos meus colegas, muita.
Há muita coisa de crime feita no, no, no, no, no correio da mais, no correio da manhã, não é?
Mas sim, no geral, se vocês folhearem.
20:17
Os jornais diários, num dia vocês vão ver que o nome que está No No cantinho da fotografia é da mesma pessoa quase sempre.
Da assinatura.
Mas essas essas fotografias são, posso chamá las de as fotografias do Portugal sentado e depois há é curioso, tu estás me a dizer.
20:33
Hoje há cada vez menos fotógrafos fotojornalistas e, portanto, há menos variedade de fotografias.
Todavia, volta ao futebol.
Eu quando vejo um jogo de futebol, eu eu vejo.
Dezenas de fotógrafos atrás da Baliza, aí é?
Diferente aí é diferente.
Nos jogos do Porto, do Benfica, do Sporting, principalmente, não sei como é que é os outros.
20:51
Aí é diferente a realidade, aí aí é diferente.
EE, também acontece uma coisa que é um bocadinho.
O fenómeno que eu não sei explicar é que aparece muita gente a fotografar atrás das balizas ou nos cantos que não são os jornalistas.
Que não são?
Jornalistas não há, há muitos fotógrafos que fazem trabalho para os próprios jogadores.
21:11
E que estão lá e.
Que estão lá?
EE às vezes nós que estamos a querer sentar nos no pronto, há sempre um sítio mais.
Qual é o melhor?
Diferencial não é o meu preferido, mas o sítio onde onde temos a maior probabilidade de ter mais fotos, é exatamente perto do do da Bandeira, lá de canto.
21:27
Porquê?
Porque apanhamos o campo quase todo.
E quando há um festejo é para onde eles correm.
E nós temos o festejo de frente.
Se os jogador vai dar um Salto à nossa frente.
Apanhas a emoção toda.
Apanhei a emoção toda, se houve cada.
Cada bocadinho que eu fico mais para dentro, Na Na direção da Baliza, mais de lado vai ser essa ação.
21:44
Não é diferente para mim, então.
Isso significa e tu estás?
Portanto, os jogadores correm para ti.
A equipa que tu estás a acompanhar correm para ti, quando vão marcar o golo em primeiro, portanto, tu consegues apanhar essas fotografias, e depois, quando o Marco, o golo consegues apanhar o festejo.
Sim, o festejo e normalmente as fotos que nós vemos nas capas dos desportivos e acabam por ser mais os festejos do que o golo em si.
22:05
Então porquê não é interessante o golo?
Normalmente as fotos dos golos são muito pouco interessantes, muito pouco interessantes.
É uma carambola?
É, é.
É 11 cabecimento que pode ser qualquer cabeçamento.
Há claro que há fotos de golos muito boas?
Claro que sim.
Mas na maioria das vezes o festejo é muito mais.
22:22
É uma foto muito mais emotiva.
Lá está o que estávamos a falar antes e.
Portanto, tu queres ir buscar essa?
Foto, queres buscar a impressão?
Enquanto que o pontapé para o golo, se calhar, é um pontapé banal como.
Muito qualquer.
Às vezes eu nem mando.
Posso ter a foto, mas é uma foto tão má que não acho que não vai acrescentar nada.
Pronto.
22:39
Há tantos resumos, há tanta coisa que as pessoas vão ver.
Em termos de fotografia, aquela foto em que, se calhar o jogador está está meio de costas para mim, EOK vê se o pé na bola.
Mas aquilo não é esteticamente, lá está não.
Conta a história.
Não, não.
Acho que Oo festejo que ele faz a seguir é mais é claro que eu quero ser sempre os golos.
22:55
Só que há muitas condicionantes que levam a que nós não consigamos ter muitas vezes o golo, OK?
É um jogador que vem veio isolado para a Baliza.
Aí tudo bem, é?
Uma alta probabilidade não é consegues antecipar.
Lá está a ansiedade que ele pode ter, ou a vontade, ou morder a língua ou, enfim, o que o que tiver acontecer.
23:12
Há coisas técnicas que podem falhar, mas.
Pronto, mas a maioria é uma grande confusão de jogadores.
É uma grande confusão de jogadores.
É, é um pontapé de canto em que saltam, saltam 21 jogadores.
Porque o outro quadro a restar na outra ponta?
OKE, nós temos que escolher um para ter o foco.
É claro que e.
Como é que tu escolhes?
23:27
Como é que escolhes isso com aquela rapidez fulminante com que se joga hoje ou qualquer desporto?
Eu?
Eu acho que passa um bocadinho pelo pelo conhecimento das equipas, também pela pela experiência de fotografar certas equipas, começamos a conhecer um bocado as dinâmicas de cada equipa, no e no, no Benfica, no Sporting, nos clubes de Lisboa, pá.
23:48
Eu acabo por saber mais ou menos quais são os jogadores para onde não.
Preferencialmente a bola vai.
Quem, quem, que tu, quem queres ter de debaixo do de de olho de defesas centrais?
Centrais, normalmente no.
No Benfica, otamandi é especialmente o otamandi é um.
Bom boneco de de fotografia.
24:04
É e especialmente o otamandi.
Porquê?
Porque se eu tenho a foto do otamandi a marcar, se é que o festejo vai ser incrível a seguir, porque é argentino e tem e tem toda, tem todo aquele ar guerreiro.
Há jogadores que estejam, por exemplo, pabloidis, o pablidis vem.
Quietinho, faz aquela coisa para cima, é sempre igual e não tem piada nenhuma, olha.
24:22
Fala me do ícone Cristiano Ronaldo.
Ei, o ícone.
Já tive oportunidade de fotografar muitas vezes, muitas, muitas, muitas vezes.
Incrível seguir a carreira de tão perto.
Ele oferece fotografias, certo?
24:38
De forma deliberada, não?
Sei, não sei.
Eu acho que eu acho que se tornou, tornou AA imagem de marca dele.
Não é aquele festejo que ele faz que, curiosamente.
Em fotografia não é coisa, não, é um movimento que fique muito bonito na fotografia.
24:53
Ele salta e depois põe as bases para baixo e aquilo sim, EE.
Para cada momento do Salto que ele tem, há um sítio diferente, onde podemos estar para a coisa ficar mais estética.
Eu recentemente fiquei fui fazer o jogo na Arménia e na Hungria, a jornada dupla que há 1 mês e pouco.
25:11
E por acaso esses 2 jogos tive a sorte de ele marcar bastantes golos.
E a ter todos.
Estive no sítio certo dos 4 cantos há uma, há uma probabilidade de 25% de ter os golos.
E naquelas naqueles 2 jogos, por acaso, tive tive muita sorte e tive os golos todos.
25:27
E tive a sorte de estar no sítio certo, porque foi a primeira vez com aquele festejo icônico dele.
Que me saíram boas fotos e que tu gostaste?
Olha, e o que é que é o momento de de falhar a fotografia que tu e aquela é que era AO pontapé de bicicleta que era extraordinário, AO frango do guarda redes, o ar de frustração.
25:48
Estão a vir tantas à cabeça neste momento, tantas é assim.
Tenho assim uns quantos momentos.
Lembro me de uma foto de um jogador do Benfica, que era o markovic.
Uma vez acho que foi no jogo com o Liverpool.
Em que ele faz 11 coisa que vai com a bola e dá um toque de calcanhar e a bola passa lhe por cima, pá.
26:08
E aquilo assim a olho, olho.
Não foi uma coisa inacreditável.
E eu quando fotografo, fotografo, eu tenho um momento.
Só que a bola vai tão alta que desaparece do frame.
Isso é foto?
Perdeu, perdeu todo, todo o Encanto.
Tenho n momentos aqui.
Por acaso, aqui há uns, há uns tempos, fiz um poço exatamente exatamente sobre sobre isso, que foi um golo em que houve 2 pontapés de bicicleta.
26:29
Eu estou a falar muito do Benfica, mas porque faço muitos jogos também há há exemplos do Sporting, mas houve um jogo do Benfica em que houve 2 pontapés de bicicleta e eu nos 2.
Estou no sítio, estou no sítio certo, estou a ficar para lá.
Mas foca me ou no defesa ao lado, tenho 2 desfocadas.
O momento está lá, mas é um borrão.
26:46
Frustração?
Muita.
E eu fiz o post exatamente.
Olha isto não é só coisas bonitas que nós pomos aqui, isto acontece.
Isto é o que acontece a maior parte das vezes agora, pronto.
Quantas fotos é que tu fazes num jogo?
Com estas novas máquinas, demasiadas, digo te com as antigas pronto com o shutter mecânico se faria à volta de 1000.
27:08
Neste momento, com estas um jogo normal, talvez 2001, jogo de Champions ou de seleção, chega às 3.
E a pergunta é, e depois, como é que é editar esse camião inteiro?
Isso é que é.
É a parte que se calhar as pessoas não, não, não sabem que é.
27:26
Eu estou a editar no momento em que estou a fazer as fotos.
Como?
Tenho um computador montado ao meu lado, tu.
Estás a fotografar e ao mesmo tempo AA recortar a imagem.
Tudo, tudo, tudo eu.
EE, estas máquinas já nos permitem enviar da própria máquina para o nosso editor?
Pronto.
Embora eu não gosto de fazer isso, eu gosto de gosto de editar o meu próprio trabalho, portanto.
27:44
Tu fotografas para o teu computador na máquina?
E para o computador?
Não, não é assim.
Eu eu fotografo normalmente em jogos grandes.
Somos 2 fotógrafos da lusa, não é?
Está um em cada, em cada, em cada ataque, em jogos em que é 11 clube grande a jogar com outro, com outro clube, eu faço sempre um ataque desse clube grande.
28:03
Portanto, ao intervalo há sempre a coisa de.
De de ir para o outro lado durante o jogo, a cada a cada jogada boa que acontece, eu revejo as fotografias e tenho um cadeado que dá para pôr nas fotografias que eu que eu acho que vou usar.
28:19
Tens um pionés?
Sim, exatamente.
Mas aqui tem lá o cimo pronto e ando, escolha esta, esta, esta, esta, esta.
OK, pronto, vou, continuo, continuo a fotografar.
Muitas vezes é o barulho do público que me diz que eles estão a vir outra vez para o meu lado, porque às vezes eu estou.
Tu levantas os olhos para a.
28:35
Próxima?
Exatamente.
Mas Oo que acontece é, vou escolhendo essas fotos, tenho um cabo ligado ao meu computador que assim que o cabo é é é inserir Na Na máquina, só me passa aquelas fotografias, aquelas 8 que eu que eu selecionei nos últimos 5 minutos estão lá.
28:50
Então eu já tenho o workflow todo, todo, todo montado.
Arrasto, as legendas já estão todas feitas previamente.
Da ação, seja o cartão vermelho, seja o treinador, seja a festejar o golo ou ou a reagir porque falhou o golo, portanto.
Depois, tens uma etiqueta.
Eu tenho as umas 1314 legendas, tipo, feitas previamente, tenho as listas e os jogadores feitas com códigos, ou seja, Benfica, Benfica.
29:15
Tenho todos os jogadores b um B2B 3B um trubin b 2 pronto Sporting SE um coiso código.
Falhanço cartão.
E só lá está tudo.
Só tenho é que inserir naquele espaço quem é o jogador.
Põe esse código e automaticamente está lá o nome dá muito jeito quando vêm cá equipas Russas, tipo não não ter que estar a estar a escrever o nome daqueles jogadores.
29:40
Então, esse trabalho de edição tem 11 pequeno preset.
Já no meu computador de cor, de cor definição para dar um bocadinho mais de contraste, porque nós não não podemos manipular nada nas fotografias.
Mas há alguma vivacidade.
Vivacidade às cores e acertar um bocadinho as cores para cada estádio há uma temperatura de cor diferente em que está nesse prizet e é feito um pequeno enquadramento e a foto é enviada para a lusa por por, RTP por até o sistema de envio.
30:07
O meu editor recebe e entra, pode ser ser feita e está disponível os clientes.
Às vezes são 3 minutos.
E depois, e se calhar, 12 minutos, começamos a ver nos sites de da antena 1.
Começam a fazer.
Bold começa a foto num minuto a minuto de cada jogo.
30:24
As fotos que eu tirei, tipo 5 minutos antes, já estão no site a ilustrar o que está a acontecer naquele momento.
Isso não é uma pressão louca?
Já estou habituado, mas é, é, é, é, é.
E o que a pior coisa pode acontecer?
É ver um alguma coisa importante a acontecer no início do jogo.
30:41
É a pior coisa, porque ficamos com o trabalho todo.
Há sempre um exemplo, uma o último jogo do Ruben Amorim, uma homenagem.
AA coisa de ver o guióquerês com o Holland que era pronto, os 2 grandes, todas as fotografias que eu vou fazer, tinha para aí umas 20 fotos para enviar no início do jogo e o jogo a decorrer, o jogo daquela, daquela importância.
31:03
Então, aí olha, estou a ficar com as mãos, a soar com a reviver a coisa, não?
Consegui fazer isso.
Pá, deu.
Só que não com se calhar não com rapidez que eu que eu gostaria, mas lá está faço essas fotografias todas.
Há fotografias do Ruben Amorim com o com o varandas, há fotografias essas do Alan com o biocres, há há tudo e mais alguma coisa a acontecer.
31:23
Vou para o meu, vou para o meu canto já a andar Na Na linha lateral, já estou a escolher essas fotos todas assim que me sento.
Já foi posto o cabo.
O jogo começa, começa a fotografar assim que é uma paragem.
Estou no computador.
Portanto, tu agradeço que os jogadores voltem meia, se atirem para os chão e.
Querem ficar descansado, que eu estou a recuperar completamente, olha.
31:40
Eu não quero só falar de desporto porque há uma foto absolutamente mítica e extraordinária que me ficou no coração, que é uma foto num 25 de abril com um homem com uma Bandeira, fala me disso.
Para quem não viu que a maioria das pessoas vai se recordar, que foto é essa?
32:01
Essa foto pronto foi tirada no dia 25/04/2020.
Estávamos nós em pleno COVID e em casa.
Há poucas semanas em que quase ninguém podia sair à rua.
Essa manifestação do 25 de abril tinha sido basicamente proibida, não é?
32:21
E depois da cerimónia que houve Na Na assembleia, o meu editor tinha me dito para.
Ir até à à avenida a ver se havia alguns resistentes ou se.
Alguns desobedientes.
Alguns desobedientes ou se e se caso não houvesse mesmo de fazer uma fotografia da do vazio do vazio do vazio da avenida.
32:42
E foi o que eu fui fazer ele e havia também uma pequena, uma pequena cerimónia na sede do PCP, meio da avenida, em que iam iam atirar uns escravos, EE iam cantar AA grândola e era só isto que IA acontecer.
E estávamos lá bastante bastantes fotógrafos, estávamos uns 8 ou 9 fotógrafos lá também.
33:00
Houve um pequeno concerto antes do branco com o Jean Santiago, é uma coisa online, mas pronto, era no meio e o que aconteceu foi, há essa parte da grândola no PCP.
Eu, entretanto, como vim de outro de outro trabalho, cheguei um bocadinho atrasado, já não apanhei, o Jean Santiago EOEOEO branco e disse lhes quando aquilo aconteceu é pá.
33:21
Esperem só um bocadinho que eu venhas só fazer um retrato daqui a pouco, portanto.
E faço aquilo, começam, começamos a olhar para os restauradores e começamos a ver a Bandeira, começamos as pessoas a olhar uns para os outros.
Pá pronto, acho que já, fotos já vamos ter.
Agora vamos ver o que é que isto, o que é que isto vai dar.
33:38
E o que aconteceu foi, o senhor vem assumir e nós reconhecemos todos o senhor, porque noutros 2025 de abril, ele lá estava com o mesmo, com a mesma indumentária, ele trabalhava no hotel ali em frente.
Um dos colegas estava estava comigo, que é o Filipe Amorim, pronto, conhecia OEE, sabia a história do senhor e nós fotografamos a subir, fizemos umas fotografias giras e eu, entretanto, estavam andavam assim, uma data de fotógrafo à volta do do senhor e eu fiz aquela pausa, pronto, eu já cá volto, porque a foto que eu comia fiquei lá com que eu fiquei logo na cabeça, tinha a ver com o Marquês em si e a subida, e isto ainda foi um bocadinho mais lá para baixo Na Na avenida.
34:19
E eu, entretanto, vou ter com o Dino e com com o branco.
Faço lhes a fotografia.
E quando olho para o senhor, aí os outros fotógrafos já tinham.
A maior parte deles tinham afastado.
E eu fui atrás dele até conseguir ele.
Está a subir a avenida, ele está.
A subir à avenida, ele está a subir à.
Avenida e tu e tu apanha lo de costas.
34:36
De costas, o de costas e pronto.
E aquele saquinho que ele tinha, que ele tinha ao lado, EAOA posição da Bandeira também.
OA maneira como estava a esvoaçar nas costas dele era mais apelativo do que estar a fazê lo de frente.
E pronto.
E ter o ter ali AO Marquês era a maneira de identificar melhor a avenida, olhando para cima em vez em vez de para baixo e pronto.
34:57
E tê lo completamente sozinho ali.
Só que, embora há uma coisa que até hoje me chateia, há um ciclista do lado direito da da fotografia, mal se vê, mas está lá 11 ciclista.
Ele não está completamente sozinho Na Na fotografia.
Há um ciclista a subir na faixa do buss do lado direito lá em cima, mas vê se Ah.
Eu não tenho repara.
35:14
Eu sei, não, não, não.
Eu sei que não se nota, mas eu noto.
Cada vez que olho para ela, é para lá que eu olho uma.
Atriz este olhos e disse, Ah, isto aqui podia ser o meu Pulitzer e no entanto, há aqui um ciclista que o que é que sentiste tens ideia do que é que sentiste quando fizeste essa foto.
35:30
Tenho perfeitamente, perfeitamente foi a última que tirei, porque senti que era aquela.
Aquela foi a última.
Foto foi a última daquele dia, daquele momento eu eu IA atrás dele AA fazer, não está, não está, não está e que no momento em que faço aquela olho para a foto é isto, é esta, é isto.
35:49
E lembro me uma coisa que eu nunca faço que é mandei para já, tipo parei e comecei editei e mandei logo para o meu editor, para o Inácio Inácio rosa e ele responde, me logo grande foto e.
Mandei para os meus pais ao mesmo tempo e para o Mário Cruz, o meu colega na lusa na altura agora, agora já não está lá.
36:10
E mandei aos 3 EEA dizer, hoje fiz uma boa.
Fizeste uma boa.
Uma boa, uma boa, uma boa foto foi.
E eu nunca faço isso, nunca faço isso.
Porque é que é uma boa foto?
É aquela porque é que.
Porque é que aquela foto que aquela.
36:26
Atitude, eu acho, eu acho que é, cabe mais aos outros dizerem, mas na minha, na minha opinião.
Simboliza, me sei lá, a vontade que toda a gente tinha de estar naquele sítio naquele momento e a parte de sermos privados da nossa, da nossa autonomia.
36:45
Acho que aquilo bateu muito forte em muita gente.
Ou aquele senhor ter desafiar todo e ter saído à rua naquele naquele momento.
E lá está, para além de ser um momento em si, tudo aquilo que nós estávamos a falar no início está lá, a luz está lá, a cor está lá, o movimento.
37:03
Todo, todos os os elementos para fazer uma boa foto conjuga se naquela mais o sentimento de muita gente.
Que está lá carregado.
Eu também podia lá estar exatamente aquele homem que identificação, a coragem, no fundo, de de resistir não é e de dizer não.
Mas eu vou celebrar aqui o 25 de abril.
37:19
Vou levar a Bandeira de Portugal às costas e um cravo.
Esta composição também é, é e é absolutamente extraordinária.
E uma coisa que eu depois só soube mais tarde.
É que ele foi 11 das pessoas que saiu na coluna militar do Salgueiro Maia, de Santarém, e eu não sabia na altura.
37:35
Estou a arrepiar a contar isto.
Portanto, ele não era só ele.
Ele, na prática, encarnou a história.
EE replicou aquilo que que que fez.
Quando?
Quando?
Exatamente.
E quando soube esta parte, porque o senhor depois, por causa daquela foto?
37:52
Foi convidado para todos os programas da tarde de de, da.
Televisão.
Curiosamente, eu nunca fui a nenhum desses com ele, nunca, nunca me abordaram nesse sentido.
Mas eu, as entrevistas que fizeram e depois ele a mostrar coisas de, de, de, do antigamente e pronto.
38:08
Essa parte da história veio ao de cima que eu não fazia a mínima ideia quando tirei a fotografia.
O que é que acontece dentro de ti imediatamente, antes de tu fazeres clique.
Pá depende das coisas, depende.
Depende do que estou a fotografar, porque há coisas quer sequer quer, não torna se mecânicas com o com o com o andar dos anos.
38:29
Não é, mas essas é.
É um dia no escritório.
É, embora grande parte do trabalho que eu faço, seja seja assim, não é?
Eu acho que os trabalhos têm essa definição, são coisas aborrecidas.
Exato que a minha profissão é tão o contrário de um trabalho normal que.
Não.
38:46
Não, eu estou a falar daquelas fotos que que te que te enchem os olhos de de água, de tristeza ou de Alegria.
É destas que eu estou a falar.
Acho que lá está.
Acho que é é a procura.
39:02
É a procura.
Interessante que nós, que nós estamos sempre à procura de fazer a melhor forma possível em cada, em cada situação.
Acho que a identificação com aquilo que temos à nossa frente é muito importante.
E quanto mais identificados com o que temos à nossa frente, mais emoção vamos sentir no momento de fazer fazer certas fotografias.
39:20
Então IA fotografar aquilo, aqueles de que tu detestas ou ou os temas de que tu não gostas.
Vou fotografar aqui esta pessoa, eu acho absolutamente abominável, mas.
Sem falar em nomes.
Sim, não precisamos de falar em nomes.
Sem falar em nomes, acontece porque eu acho muito recentemente.
39:37
Porque uma coisa é fotografar o velhote que que ainda por cima carrega a história e que é seguramente que que um alguém que que que te leva a que tu sejas empático.
Uma coisa é fotografar uma criança com uma bola, outra coisa é que tu dizes assim, mas esta pessoa ou ou ou.
39:57
Que eu estou a ver aqui, ainda por cima.
Tu houve um houve um momento da tua vida.
Que, que, que, que que foste debatido pela polícia numa numa manifestação.
Portanto, estou estou a pensar nem não misto dessas coisas todas.
Sim, em termos políticos é complicado.
É complicado porque não é.
40:15
Não acontece muitas vezes estar um para um com, com, com, com alguém que tenha essa antipatia.
Mas acontece.
Acontece EEO nosso ou pelo menos é a minha.
Como é que hei de dizer não é não é motivação camo eu tenho sempre a motivação para fazer Oo melhor possível.
40:32
Como é que é, dentro da tua neutralidade e o teu profissionalismo?
É isso?
É isso?
É.
Tem que garantir, tem que garantir, tem que fazer exatamente como faria com todos os outros.
Mas a sensação bocado dentro é diferente.
Então, e o contrário, que é aquelas personalidades que são absolutamente equnográficas e que EE que quando tu vais fotografar, tu já estás apaixonado por aquela pessoa e por aquele momento.
40:53
Dá muito mais prazer assim, eu, eu, eu digo.
Digo me uma coisa em relação em relação àquilo que fotografo e aquilo que que que é a fotografia para mim.
Eu sou muito mais apaixonado pelos pelos sujeitos e pelos assuntos que eu fotografo do que pela fotografia em si.
41:09
A fotografia para mim é um veículo de não.
Não sou um grande estudioso da fotografia em si.
Interessa te mais OOO assunto, a pessoa e o assunto.
Muito, muito mais e dada a minha ligação, aquilo que eu que eu disse no início em relação ao meu passado de da educação física, o meu passado de de atleta a vida toda.
41:27
Fizeste o quê?
Fui ginasta durante uns anos, a Sério e joguei basquete muitos anos.
Também faço surf e bodyboard desde que sou urgente.
Tudo um pouco.
Mas ginástica e basquete foram que eles, aliás.
41:42
Tu tiraste umas fotografias nos Jogos Olímpicos de da da ginasta portuguesa.
Exatamente o que eu IA.
Não, não às às delas especificamente, mas.
Conta me.
É tudo, é tudo o contrário do futebol, não é?
É, é é exatamente aí que eu que eu que eu IA com, com a conversa, que é o desporto para mim é uma coisa muito e daí a nossa conversa de ter estado muito centrada agora pronto, foi no futebol.
42:06
Mas o desporto para mim é uma coisa muito importante mesmo, muito EE, vibro muito com o desporto, vejo muito desporto, odeio politiquices e.
Tudo o que tem a ver com polémicas nos clubes e as arbitragens é pá.
Isso para mim.
Não me diz nada.
Eu gosto de desporto, desporto, por e duro.
42:23
E a parte de de dos Jogos Olímpicos, que foi a melhor experiência que eu já tive na minha vida, agora em Paris.
Não é uma correria.
É, é, é.
É uma loucura, é uma loucura, mas voltava amanhã.
Mas é fazer todos aqueles que são os melhores nos naquilo que fazem.
42:43
No auge da sua, na da sua carreira, e eu poder testemunhar aquilo.
EE conseguir mostrar o melhor possível.
Pá, é uma, é uma coisa de outro mundo.
EEE eu já disse, já disse isto uma vez, mas eu, quando era miúdo e era ginasta, era uma coisa a Sério, tipo 6 dias por semana, 3 horas por dia, era, era a Sério.
43:01
Bem, isso é isso, é uma profissão.
Sim, era.
E eu?
Muito miúdo.
Comecei aos 8, foi das 8 aos 13.
Mas aquilo, o sonho olímpico foi um bocado alimentado da minha cabeça.
E eu pensava quando dia chegava lá.
Então, como atleta, como atleta e como não cheguei como atleta no dia em que eu chego aos Jogos Olímpicos em Paris, este este verão.
43:20
Cumpriste, é?
Pá, foi.
Eu me emociono a falar nisso, porque foi mesmo realizado um sonho.
Foi, foi EEE, como correu lá, foi tudo e mais alguma coisa.
Como eu poderia imaginar?
Porque é que fotografaste tudo.
O que é que tu o que é que tu gostaste?
Aquilo aquilo que eu tinha, o que eu tinha Na Na minha bucket lists.
43:39
Na tua cábula.
Na minha, o mapa.
Das realizações.
Pronto, tinha que fazer a equipa Americana de basquete, isso obrigatório.
Que ainda por cima tinha.
Tinha uma, tinha umas.
Eles têm sempre um.
Era e que eram os melhores da NBA, que que lá estavam pronto, e os meus ídolos, especialmente o Steph kury, que é um jogador que eu.
43:56
Pronto, é o meu ídolo e já.
Agora, onde é que se fotografa?
Numa num campo de de de basquetebol?
Porque eu andei.
Em todo o lado eu andei em todo o lado, embora tinha lugar marcado debaixo do cesto.
Só que não é porque aquilo que depois dá prioridades em relação às agências, as grandes agências têm os 3 primeiros 4 lugares.
Mesmo por baixo do cesto, aquelas grandes imagens, aqueles 3 ou 4, é que vão conseguir fazer.
44:15
Eu estava 2 filas para trás.
Muitas vezes, quando eles estão a fazer uma entrada para o cesto, eu tenho a tabela a tapar o movimento deles.
Portanto, eu fiquei ali uns uns 20 minutos, talvez.
E depois comecei a andar à volta do do do pavilhão, fui lá acima, andei para todo o.
Lado dá para, dá para.
Dá, dá, dá.
Conseguimos entrar na bancada, sim.
44:31
Portanto, o jogo está mostrado de todos os ângulos.
E mais alguns depois houve uma altura.
Porque houve uma lesão do LeBron James e eu e eu, por acaso, nessa altura estava no banco e tenho tipo a sangrar do do sobrolho ali a 22 3 m de mim?
Lá está a emoção, lá está ilustração.
O que é que está a acontecer?
Como é que vamos recuperar?
44:47
Tudo isso, tudo isso, tudo isso.
E foi.
Foi incrível.
Consegui fazer 2 jogos no dia em que IA fazer AA final.
Não vou dizer que tive o azar de porque não é.
Foi.
Foi incrível também o que aconteceu, mas foi o dia que os portugueses ganham medalha de ouro.
45:05
E eu estava lá.
Portanto, por um bom motivo, eu não fui fazer a final e foi incrível o que aconteceu no velódromo.
Mas acabei por não fazer a final, que eu gostava muito, e ainda por cima foi o que foi.
Como foi?
E essa?
Medalha de ouro, ainda por cima no velódromo.
45:21
Eu, eu, eu estou a ver essa prova.
Não dou nada por aqueles portugueses.
Acho que ninguém andava.
Quer dizer, se calhar só quem se houvesse EEEE 11.
Velódromo é um bom sítio para tirar fotografias.
É horrível, é a coisa mais horrível porque.
Por causa das das propriedades da madeira, não pode haver ar-condicionado, então estavam 45 46° lá dentro.
45:41
EE tu e tu a destilar.
Completamente bom, mas uma coisa inacreditável, inacreditável.
É um calote nisso, imagino eu e os atletas.
Meu Deus, aquilo.
Aquilo é desumano, a maneira como eles têm que correr.
Mas por causa das propriedades da madeira AAA, temperatura não pode, não pode ser baixada.
45:59
Pronto, é a temperatura.
Tu está lá dentro para toda a.
Gente, tu estás a fotografar, eu estava.
Naquele.
Buraco, não, não, nós não podíamos.
Isso eu conto a história.
Nós estávamos no eu estava no topo porque eles eu antes de ir para lá e eu fui com uma colega minha que é a Ana Marques Gonçalves que na luz é quem faz ciclismo, quase sempre sabe tudo sobre todos, conhece os a todos pelo nome, é fotojornalista ou é r não, não é redatora, redatora, redatora e.
46:29
E já tinha havido provas de de de outras provas de ali no blog, e o Yuri tinha ganho a prata no dia anterior ou 2 dias antes.
E o meu colega Hugo delgado, que estava lá, foi ele que fez essa prova.
E eu tinha falado com ela e ela nem foi ela que foi à à prova, porque havia quem é que?
46:47
Ah, o pichardo IA receber a medalha de prata, que eu tinha estado a fazer no dia anterior a prova, mas IA receber só na manhã seguinte.
Então Ela Foi para lá.
Que frustração.
E outro colega meu é que veio comigo.
E ela não, não, não ganha não, não, não.
Está tu, está tranquilo, está a acontecer.
47:02
Bom, aquilo começa eu.
Já agora, aquilo é difícil de entender.
Porquê?
Porque aquilo?
É conta por conta Natura aquilo andam às voltas eram. 200 voltas, eram 200 voltas.
E eu perguntei, é pá, o que é?
O que é que é importante aqui?
Porque eu nunca vi isto.
47:18
O que é ganhar no fundo?
Não, não.
E o que é que é?
O que é que é importante mostrar em termos de imagem?
Que é aquela alavanca de quando eles puxam um ao outro.
E eu nunca tinha visto aquilo, já tinha visto provas individuais, mas aquela nunca e já o tinha me dito e depois eu andei a procurar imagens EOK, ainda é isto, quando chego lá, tinha aquela segurança, OK, são 200 voltas, posso falhar?
47:38
Um bocadinho no início dá dá tempo para 200.
Voltas dá avancadas oportunidades.
Embora embora aquilo passe muito rápido.
Mas sim, mas claro que deu.
Estava num tobo, fiz, fiz umas quantas mais abertas, mais fechadas.
Começam a dar as voltas.
A transferência era feita quase sempre à minha frente, portanto já tinha bastantes bastantes fotos daquilo, e depois com o andar da carruagem, começa se a começam a ouvir a exaltação da da speaker.
48:06
Era uma speaker, não era 11 speaker Na Na, no velodro e pock, togar e pock togar EE sempre a puxar o nome Portugal muito mais que todas as outras, e na classificação elas estavam cá para baixo, só que eu sabia.
Naquela parte do sprint, eles podiam fazer os pontos necessários para passar para a primeira.
48:22
Portanto, há há uma tática no fundo.
Há, há, há, há.
E eles deram tudo naquelas naqueles últimos sprints, e ele estavam e eles passaram por uma unha negra, mas conseguiram, conseguiram ganhar.
Só que aí aí é que começa o meu stress, que é ele.
Ele não é um, não é um.
São 2.
48:38
O que é que eu?
Fotografo o que é que eu fotografo, quem fotografo eu?
Exatamente porque eles ficam em zonas completamente diferentes do vlogger.
Um tenho uma foto no mesmo, no momento em que aquilo acaba, em que está um mais acima, outro mais abaixo, com outro adversário no meio cara de emoção até as tabelas que elas de acrílico está uma à frente de um deles.
48:54
Não é uma grande foto, mas é o momento e imediatamente eu começo a pensar, o que é que eu faço, o que é que eu faço, o que é que eu faço?
Porque sou o único, não está o fotógrafo da da do Comité olímpico que é o Paraíso e estava em homenagem em português.
Único voltando àquilo que estávamos a falar, há bocadinho de de de não haver mais mais fotógrafos sempre, ou fotojornalistas a serem enviados para os sítios.
49:15
Era Eu, portanto, aquela pressão.
Grande.
E o que é que acontece?
Eu não conheço o edifício, não conheço o edifício e sabia que o Luís Monteiro estava lá em baixo também, o primeiro-ministro, o primeiro-ministro, portanto, tudo isto eu comecei agora a dizer primeiro-ministro, não, não, ele não me viu, nem nem eu o tinha visto antes, mas ele sabia que ele lá estava.
49:33
E o que é que acontece?
Começo a.
A ver o que é que faço.
Faço ali 2 outras fotografias.
O Rui vai para a bancada festejar com o irmão gémeo.
O Yuri fica deitado lá mais à frente.
Pronto, eu faço as essas fotos e pronto, agora tenho que ir lá abaixo.
Começo a descer corredores que ele era um labirinto.
49:51
Labirinto vai por.
Baixo que eu vou para a bancada, sai para a bancada e começa a andar nos nos corredores interiores.
Para tentar chegar a essa zona central.
Ao tal buraco, ao tal buraco, aquilo é uma espécie de ovo estrelado.
Exatamente isto.
Ando lá às voltas, às voltas às voltas e eu acho gosto a direto, estou a dizer os palavrões todos e mais alguns estou a desesperar completamente, pá.
50:08
Elas já estou a suar das mãos outra vez, a pensar nisto.
E foram para aí 33 minutos que apareceram. 1 hora eu estava a ver que não chegava lá e eu a pensar, os outros fotógrafos estão, estão lá, estão em cima deles de certeza, porque havia fotógrafos que podiam estar na pista, os tais da das agências.
50:26
E eu às tantas lá, abro uma porta e vou direto àquela zona central.
Vejo que o Rui está deitado no chão AA chorar de Alegria e alguém que lhe dá assim um dá lhe uma palmadinha ou um aperto.
Não, não percebo bem e está uma Bandeira de Portugal.
50:43
E eu tiro esta fotografia, e no momento em que tira essa fotografia, um segurança agarra em mim e põe me dali para fora, porque eu não podia lá estar, não podia estar lá, ninguém fizeste português.
Sim, sim, sim, claro.
Desenrasca desenrasca.
Claro, mas sem saber.
Mas já estou, já está imbuído, não é?
E está, está, está está DNAEO.
51:02
Que é que acontece quando estou a subir outra vez No No corredor de volta para o meu sítio lá em cima, que depois IA haver a cerimónia de entrega de prémios, que eu vinha cá para baixo novamente.
Mas no momento em que estou a subir, vou ver a foto, OK?
Tenho o Montenegro a cumprimentá lo sem saber porque eu não o vi.
Eu não ouvia, só fotografei, estava fotografar o atleta.
51:19
Mas OA pessoa que se baixa é o Monte Negro, portanto, OK, não está tudo partido.
E depois depois fui lá para cima, A A suar em Bica, em Bica.
Eu não me lembro de ter tanto calor na vida e que o stress todo à mistura.
Eu estava num estado, numa coisa.
51:35
Até fiz um vídeo para o para os meus amigos, estava todo AA perguntar, estavas lá, estavas lá, estavas lá pá, fiz um vídeo a descrever o que eu estou a dizer agora é pá e estou a escorrer a escorrer, só vi as gotas de suor a cair e pá, foi 11 sensação foi muito stress, mas pronto depois.
51:51
No fim correu tudo bem e a e a cerimónia de entrega de prémios então foi foi super emocionante e deu, deu belas.
Fotos deu para fazer belos broncos.
Olha EE.
Estas são imagens de emoção, da verdade, da superação.
Mas nós estamos no tempo.
Das imagens fabricadas, dos filtros, da inteligência artificial, das manipulações e das encenações.
52:13
Como é que a gente descobre onde é que está a verdade?
Como é que?
Como é que uma fotografia pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo?
No fundo, é isto.
Esta parte da da inteligência artificial na fotografia é uma coisa muito complicada.
É uma coisa que tu já usas que te ajuda.
Em alguma coisa?
Não, não, não, não, não.
Agora, para um olho destreinado, eu percebo AA complicação que possa ser.
52:34
Duvidar daquilo que tem tem à frente.
E a cada vez mais acontece situações ainda ainda há bocado?
Ainda há bocado estava a ver uma coisa qualquer No No no Facebook, EE.
É uma moda que está a acontecer agora, que é um acontecimento, uma coisa que aconteceu à notícia que aconteceu 2 dias antes.
52:52
E é claro que não tem fotografias daquilo que aconteceu, mas a imagem fabricada por por inteligência artificial.
Tens que estar a abrir e a fazer um zoom gigante e a perceber.
EE aí aí consegues perceber, mas é tão difícil para mim é que se tenho o olho treinado para isto, quem?
53:10
O público geral, então, é enganado a torto e a direito.
Que que detalhes são podem ser esses que nos possam ajudar a identificar uma.
Uma fotofoca vê se um bocadinho?
Muitas vezes há coisas óbvias que às vezes, em vez de 5 bilhetes são 6 pronto.
Mas há uma coisa que com o andar do tempo, você vai ver cada vez menos.
53:26
Vai aprimorar, não é?
Mas há um, há um, há um certo, um certo brilho na, na, na, na cara.
EE, falta de imperfeições, na, na, na cara.
Pronto.
É perfeita demais.
A imagem, a luz está sempre certa, aquilo que estavamos a falar no início.
53:42
A luz está sempre perfeita.
Há há indicadores agora sem estar a mostrar agora, agora, aqui, uma ortografia dizer, olha aqui, olha aqui, olha aqui, é por isto, isto, isto é.
Quase seráfica no fundo é é que é, ele está e o computador conseguiu resolver isso.
Exatamente de qualquer.
53:57
Forma tu quando escolhes um determinado enquadramento e não outro, tu na realidade estás, estás.
A manipular uma imagem, a manipular a realidade, porque estás a escolher um ângulo, uma luz.
O que é que eu estou a fotografar?
Lá está tu queres fotografar alguém?
54:14
A abraçar de cima para baixo ou de baixo para cima?
Tu estás a tomar uma decisão editorial.
Claro, claro, claro.
Vejo essa capa da time da de agora desta semana.
Não sei se se vê por.
Causa do cabelo por causa.
Do cabelo de outra tirada de baixo para cima e que ele próprio se insurgiu contra a fotografia.
Por causa da luz que lhe fez basicamente desaparecer o cabelo.
54:30
Pronto, Eu Acredito que tenha sido propositado e seja 111 posição política.
Da própria revista em relação a ele, uma.
Assinatura.
Uma assinatura, claro, uma assinatura.
E acho que cá não é uma coisa tão não é uma coisa politizada ou explicitamente politizada, não é os meios de comunicação que temos nos Estados Unidos é uma coisa muito mais.
54:48
Há jornais de esquerda, os jornais de direita, claramente e que manifestam essas suas opiniões e às vezes através da fotografia em relação ao meu trabalho no dia a dia.
Eu acho que e no início falámos sobre isto que é.
Que eu defino uma fotografia honesta, no fundo é isso.
Sim, mas mas eu eu vou para outro lado, que é o no meu trabalho, em que, sei lá, vou fazer uma conferência de imprensa ou vou fazer uma arruada e eu mando 1012 fotografias.
55:12
Eu tento mandar todos os todos os enquadramentos e maneiras possíveis de ver aquilo.
Ou seja, cada jornal ou cada site pode ir buscar aquilo que quer daquele momento.
Ou seja, não, não, não, não.
Se eu tenho uma opinião negativa e não é a minha opinião está ali a contar.
55:29
Mas tenho uma opinião negativa, eu não vou estar a fazer mais fotos de propósito daquela pessoa e mostrar só de de uma maneira pouco como é que hei de dizer abonatória abonatória a pessoa.
E o contrário também.
Não, também não, também não.
Não tens, não tens vontade, às vezes de intervir de uma foto, de de dizer.
55:44
Não, não.
Acho que essas crianças ficam um bocado fora também.
Se estou a fazer voltando ao futebol, se estou a fazer o Benfica, Sporting e sendo benfiquista.
Só quero que o Sporting vos deixe para o meu lado.
Eu quero é que eu quero é ter boa foto, não é por aí.
Não há por aí.
Porquê?
Porque obviamente Oo teu trabalho ainda ainda te emocionas a fotografar.
56:02
Sim, sim, sim, sim, sim, sim.
E especialmente, muitas vezes com o que estou a fotografar e outras vezes com a reação que eu e alguns colegas meus ao meu lado têm também pelo que se sentem em relação ao que tudo aquilo que estão a fazer.
56:19
Eu assim o exemplo mais e estou a voltar ao futebol porque eu gosto muito de fotografar desporto, como te disse.
A última que eu me lembro foi exatamente no jogo de do clube and Amorim no último, Na Na despedida.
E aquilo aconteceu tudo no início, a homenagem, aquela coisa toda.
56:34
Havia emoção no ar muitíssimo.
Emoção o jogo que foi, o jogo que foi, que foi inacreditável e a exibição com o Sporting que fez naquele dia.
Mas faltava uma coisa, a foto que eu tinha na cabeça antes de entrar no estádio é ele a ser atirado ao ar.
Ah, tinhas isso desenhado na tua cabeça completamente e meteste uma Cunha deixa se ao jogador de todo o treinador de uma Bela.
56:52
Fotografia coisa.
Há uma separação tão grande, nós não temos qualquer contacto com eles, nada.
Não há qualquer interação.
Há uma de bolha a 7.
Completamente.
Isso.
Isso chateia me um bocadinho sei que no outro tempo, quando eu vim viver para Lisboa, em 99, eu morava ali nas Laranjeiras e IA IA ver os treinos do Benfica todos os dias.
57:08
E estavam ali e estavam ali.
Não, não, essa coisa chatei me um pouco, mas.
Estava com o meu colega, com o Filipe Amorim, que também que lá está, estava no dia da da foto da Bandeira e ele vive o futebol como ele.
Tens tens que ver quando o Filipe outra vez.
Aparecer já?
Não, não, não é exatamente.
57:24
E estamos os 2 de lado a lado e já tínhamos o nosso trabalho enviado e há.
E ele está a fazer a volta olímpica e estamos os 2.
Ele vai, ele vai, estamos os 2 assim a torcer às tantas que ele começa a fotografar aquilo tudo, pá, os 2 eufóricos, um com o outro.
57:40
Tipo, conseguíamos conseguir tipo a vermos a fotos de 2, mas completamente, completamente eufóricos.
Os 2, mas e?
Falamos nisso, falamos nisso.
EE, vivemos a coisa da mesma maneira.
Então, às vezes, quando temos pessoas que se identificam com o mesmo, acho que a emoção.
57:57
Chega assim mais.
É uma emoção partilhada.
Pronto, imagino que estejas triste.
Não sei se lá estavas No No na final do do euro em em Paris, lá está.
Eu falei com o exatamente com o Miguel.
Lá está que teve essa, tive essa.
E agora, outra vez, não liga de nações.
Outra vez, não é?
Ele que vá a todas lá, estávamos sempre com ele.
58:13
Portanto, no fundo é isso.
Tu tens que estar com ele e com o Filipe exatamente que é para garantir que há umas, que há umas boas fotografias para para para tirar dizer umas ele, ele conta.
Ele conta com graça aquela ideia de que No No, no fim, que que.
Sentia quase uma embriaguez.
Sim, sim.
58:29
De fazer parte daquilo.
Euforia.
Fazer parte?
Sim, sim, sim, sim.
Olha, quero pôr te dentro de água antes de fecharmos esta esta entrevista, porque tu vais para dentro da água fotografar surf.
Sim, sim, sim, sim, sempre que posso.
Como é que é isso?
Como é que se?
Como é que?
58:44
Como é que o primeiro lugar?
Como é que se mantém aqueles tanques?
Não?
É como é que a?
Água não entra na cama?
É uma caixa Estanque, muito cara, muito cara mesmo, que vale quase mais do que a máquina.
Para garantir que nada aconteça à máquina.
E tu estás aqui dentro de um barco ou estás a nadar?
Estou a nadar, estou a nadar.
Eu tenho a só que morar relativamente perto do do mar, ali em carcavelos.
59:03
Moro, moro já.
Agora, por curiosidade, portanto, tens um colete.
Como é que, como é que?
Não tenho, tenho barbatanas, barbatanas, fato, fato de surf normal, capacete.
Capacete?
Sim, sim, não vai aquilo correr mal.
É porque, e digo te, a única situação que eu tive que correu mal foi no mar, que era mínimo menos de 1 m.
59:23
Que foi a única vez que eu entrei sem capacete.
E às tantas vêm 34 surfistas na minha direção e eu não tinha para onde me enfiar.
E no momento em que eu mergulho, nunca se deve mergulhar com a caixa e com a máquina à nossa frente.
É sempre para trás de nós.
E no momento em que o mergulho é onde arrebenta e vem me à cara, Wow.
59:40
Então, tipo, não, não foi nada do outro mundo, mas podia ter corrido muito, muito mal.
Foi assim o.
Porque a força do mar empurra te.
Completamente.
E aquilo e aquilo na mão, aquilo são 4 kg.
É muito pesado, é máquina, lente e caixas de tanque à.
Volta e boia, não.
Boia, boia, boia.
59:55
Mas é uma arma, é uma arma que temos ali.
Então nunca mais interessei em um capacete, que foi o único dia lá está estava tão pequenino.
Ah, vou só fazer ali umas fotozinhas.
E naquele dia podia ter corrido muito mal.
E aí, na água, tu consegues.
Aí sim, consegues fotografias?
Absolutamente.
Extraordinárias.
E é tão aleatório, acho que acho que a beleza daquilo é isso, é essa, é.
1:00:13
É tão aleatório.
É claro que há horas do dia eu gosto, adoro entrar na água ao nascer do sol, tipo a.
Luz é boa?
É maravilhosa em carcavelos, então o que é?
E na caparica são a luz.
É uma coisa inacreditável, dourada, em dias limpos.
1:00:28
Aquilo é, e às vezes o mar pode estar mínimo, mas só estar lá dentro naquela hora e ainda por cima tenho um grupo de de amigos que faz o mesmo e vamos juntos.
É pá.
É uma experiência que acho que toda a gente via, os surfistas sabem o que é, mas eu infelizmente.
1:00:44
Eu eu faço surf e o bodyboar, entende?
Mas as minhas costas já não são as as de antigamente, então já não faço isso com com a, com a, com a frequência que gostaria.
E as fotos de maneira de estar na água.
E as fotos do do dos canhões da Nazaré e dos isso já não me.
Dá tanto coiso não dava.
Dava no início, dava No No início, quando era novidade.
1:01:02
Mas aquilo tornou se uma coisa tão popular e tão tão, tão concorrida, tão concorrida que não há nada a fazer de novo ali.
Mas é incrível ver aquilo ao vivo agora, em termos de.
OK, vai haver prova ou vai vai haver daqueles dias?
Já não tenho aquela aquela vontade com antigamente, agora o ir para dentro da água, a aleatoriedade da coisa é é incrível e o medo sente se medo sente se sente se as emoções todas ao mesmo tempo e muitas vezes, às vezes estou 3 horas lá dentro, posso sair sem uma foto de jeito, mas venho sempre melhor do que entrei.
1:01:34
Só há uma lavada, seguramente, sempre.
O que é que uma fotografia diz sem palavras, isto tudo.
Ou precisa sempre de uma legenda?
Não, não precisa, acho que não precisa.
Acho que não precisa disto.
Tudo até pode estragar uma legenda, eu acho que.
Sim, eu acho que sim.
Que foto é que te falta tirar?
Quem faz, quem faz listas a dizer eu quero fotografar o treinador a ser atirado para o ar.
1:01:56
Eu imagino que tenha.
Eu sei.
Eu sei um conjunto de.
Eu tenho a sorte de já ter realizado a maior parte dos meus sonhos Na Na fotografia, gostava de repetir.
Gostava de novos Jogos Olímpicos para mim.
Amanhã.
Pela diversidade, pela variedade.
SIM, 1 sítio diferente, uma realidade diferente que sim, gostava, gostava de fazer e agora que sei como é que funciona, acho que ainda conseguiria fazer melhor.
1:02:19
No fim desta conversa, fica claro que a fotografia é mais do que estética, é uma forma de relato que de imagem é uma escolha e cada escolha uma interpretação do real José cena golão.
Mostra como o fotojornalismo vive nesse limite entre o registo e a leitura, entre o instante e a história.
1:02:35
Porque uma fotografia não é apenas o que mostra, é o que decide deixar de fora do enquadramento.
Neste tempo em que a inteligência artificial fabrica imagens e a velocidade apaga o contexto, esta conversa devolve nos uma pergunta essencial.
Ainda sabemos olhar o olhar treinado, um fotojornalista.
1:02:53
Lembro nos que a objetividade absoluta é um mito, mas a universidade não é.
O fotojornalismo continua a cumprir uma função pública, a dar rosto ao que acontece, a oferecer provas, deixar vestígios.
Sem ele, a memória coletiva seria apenas opinião.
1:03:09
Comunicar bem a isso, manter o foco quando tudo à volta, distrai, ver, compreender e contar. 3 verbos simples, 3 verbos difíceis.
Os mesmos que sustentam o jornalismo e que, nas mãos do José Sena golão, continuam a iluminar o país.
1:03:25
Um disparo de cada vez.
Até para a semana.
