Como usar a comunicação para influenciar? Pedro Coelho dos Santos

Como usar a comunicação para influenciar? Pedro Coelho dos Santos
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Como é que a comunicação estratégica pode moldar perceções, inspirar ações e influenciar decisões? Descubra técnicas práticas, histórias reais e lições que transformam líderes em comunicadores eficazes..

Uma conversa sobre liderança e técnicas de comunicação usadas por todos os melhores e mais visionários líderes do mundo. Assim como por cá.

Vamos falar de liderança?

Todos temos uma ideia, um protótipo de líder ideal.

Para mim um líder é aquele que me inspira, dá-me confiança e atraia-me para seguir uma visão do mundo, um sonho, um caminho.

E para isso acontecer a liderança é, para mim, um puro ato de comunicação humana.

Sim, eu sei que os líderes têm de tomar decisões. Mas tem, principalmente, de conseguir explicar porque escolherem aquele caminho e não o outro.

É sobre isto o programa. Sobre pessoas que tem vontade de nos liderarem. E por isso falam-nos. Ao ouvido e ao coração. Que nós os humanos adoramos ser seduzidos e convencidos. Da mesma maneira que detestamos ser enganados, manipulados ou tratados como massas, ou, pior ainda, como irrelevante.

Tem a palavras Pedro Coelho dos Santos. Um guru da comunicação.

Ah, como sei que ele vai detestar este rótulo.

O que ainda me diverte mais. O Pedro ajuda pessoas importantes a comunicar.

E aceitou partilhar um par de segredos connosco.

Lembro-me sempre dos 4 pilares fundamentais que usamos para avaliar os outros:

São 4, para simplificar. Quatro prismas. O que conta é o que fazemos, como fazemos, como explicamos os que fazemos e como nos percecionam no que fazemos. Não fui eu quem inventou este conceito, foi um senhor de seu nome Dale Carnegie, um norte-americano nascido em 1888. Ele escreveu um célebre livro cujo titulo em português é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.

Portanto, ser líder, ser um bom líder, implica comunicar bem.

E comunicar bem é o cabo dos trabalhos. Acreditem em mim.

Implica vontade, honestidade, preparação e ser genuíno.

Uma receita de alta cozinha em forma de frases que nos ressoam no ouvido e na alma.

É sobre tudo isto a conversa que gravei com Pedro Coelho dos Santos, comunicador com larga experiência no treino de líderes de empresas, organizações, políticos e todos os que dizem querer influenciar o mundo.

No fundo, a arte da liderança cruza-se com a arte da fala em público através daquilo a que podemos chamar comunicação estratégica. Em português corrente: pensa antes de falar, treina muito e sê tu mesmo.

Para que todo isto funcione há uma cola ou teste do algodão para testar se a coisas funciona.

É a empatia. Não conheço nenhum bom líder moderno que não seja empático. E aceito ser contrariado nesta minha visão. É que é muito difícil comunicar sem gerar um sentimento de empatia. Ainda por cima é uma estrada de dois sentidos: boa comunicação pressupõe que o emissor tenha bons sentimentos pela audiência e vice-versa-

Lembrem-se: comunicação é uma relação, não um tubo a despejar palavras, ideias ou ordens.

Além de empatia, há que simplificar. Mais uma tensão para gerir: como ser simples sem perder a relevância da mensagem.

Para se conseguir isso é preciso uma preparação extrema.

Treinar, treinar, treinar.

Claro que um bom baú de grandes histórias ajuda.

E um líder com personalidade carismática faz milagres.

Mas isso é mais do que comunicação. O carisma, o verdadeiro carisma, não se compra, afina-se, mas não se treina. Talvez seja por isso que os grandes líderes são raros.

E os bons líderes com grande capacidade de comunicação são ainda mais raros.

A forma e o conteúdo.

Já agora a mensagem e a audiência.

É nesta a quadratura mágica onde a liderança e comunicação se encontrem.

Vale ser-se genuíno, pensar para que serve a comunicação e ter empatia pelo outro.

Tudo o que distrair da mensagem principal não ajudará ao objetivo final.

Em cada momento de comunicação há que responder a três premissas..

Emplica-me o porquê para eu entender as razões. Explica.me o para quê para eu saber o que muda para mim. E, principalmente, pensa sempre em como me sentirei quando me disseres algo.

TÓPICOS DA CONVERSA

A Empatia como Pilar da Comunicação

Pedro enfatiza que a empatia é a pedra angular de qualquer esforço comunicacional eficaz. Ele revela que um líder só se torna verdadeiramente inspirador quando compreende as necessidades e expectativas do seu público. “Colocar-se no lugar do outro” é um exercício essencial, mas nem sempre natural, especialmente em áreas técnicas ou políticas, onde a desconexão com o quotidiano das pessoas pode comprometer a credibilidade.

Simplificar sem Perder a Essência

Outro ponto fundamental da conversa é o equilíbrio entre simplificar a mensagem e manter o conteúdo relevante. Pedro utiliza um exemplo prático: explicar conceitos complexos como se fosse para uma criança de quatro anos, não no sentido de trivializar, mas de garantir que a mensagem é compreendida por todos, independentemente do seu nível de conhecimento. Essa habilidade, segundo o especialista, é crucial em setores como a saúde, onde decisões rápidas podem salvar vidas.

A Comunicação Não Admite Improvisos

Pedro desmonta o mito do improviso na comunicação, explicando que, mesmo os discursos aparentemente mais espontâneos, são fruto de uma preparação exaustiva. Desde entrevistas televisivas até conferências de imprensa em momentos de crise, a preparação é indispensável. Ele destaca que instituições bem-sucedidas mantêm mensagens e planos de comunicação prontos para cenários críticos, como acidentes aéreos ou atentados terroristas.

Histórias Autênticas Fazem a Diferença

O storytelling é outro ponto central da conversa. Pedro explica que uma história verdadeira, vivida e contada com emoção, é mais poderosa do que qualquer narrativa fabricada. Ele sugere que líderes construam um “baú de histórias” que reflitam os seus valores e experiências, e que possam ser usadas estrategicamente para criar conexões emocionais com o público.

A Imagem Conta, mas Não Deve Distrair

A discussão também aborda a importância da aparência e do contexto. Um acessório mal escolhido ou uma roupa inadequada pode desviar a atenção da mensagem principal, alerta Pedro. Ele cita exemplos de como a simplicidade e a sobriedade devem ser priorizadas para reforçar a credibilidade do orador.

Gestão de Crises e Media Training

Pedro defende que a preparação para crises deve ser encarada como um investimento e não como um custo. Ele sublinha a importância de media training para líderes e porta-vozes, apontando que, em países como Portugal, essa prática ainda é negligenciada, mesmo ao mais alto nível governamental. Sem formação adequada, os riscos de gafes comunicacionais e danos à reputação aumentam exponencialmente.

Sobre o convidado Pedro Coelho dos Santos

Mestre em Guerra da Informação/Competitive Intelligence, pela Academia Militar. Licenciado em Ciências da Comunicação, com especialização em Jornalismo.

Ao longo da sua carreira profissional tem-se especializado em Assessoria Mediática, Gestão de Crise Mediática e Public Affairs. É também formador em Media Training.

Nos últimos anos tem também desempenhado uma intensa atividade profissional como consultor de comunicação. Nesse âmbito, tem colaborado com diversas Instituições, com especial destaque para as áreas da saúde, gestão autárquica, indústria farmacêutica, banca e setor associativo.

Anteriormente, desempenhou o cargo de Adjunto para a comunicação social da Ministra da Saúde do XIV Governo Constitucional e de Diretor de Comunicação em diversas instituições de referência no setor da saúde: INEM, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. No passado desempenhou também os cargos de adjunto parlamentar na Assembleia da República e Chefe do Gabinete num partido político.

Enquanto jornalista, trabalhou no jornal diário “Público”, no jornal semanário “Euronotícias” e na revista semanal “FOCUS”, sempre na área do jornalismo económico. Considera que estas experiências profissionais no jornalismo foram de grande importância para as funções que mais tarde veio a desenvolver na sua carreira profissional.

No campo académico, tem colaborado com várias instituições de ensino superior, lecionando em Licenciaturas, Mestrados e Pós-graduações. O contacto regular com o mundo académico é uma das formas que encontra para se manter atualizado com o estado da arte e manter o contacto com diferentes gerações de comunicadores.

Foi Vereador (sem pelouros) na Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, pequeno concelho da região Oeste onde reside. É aí que procura a tranquilidade necessária para contrabalançar a sua intensa atividade profissional e que tem os seus cães e gatos, pois é um confesso admirador destes animais de companhia.

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