Se há algo que não falta durante uma campanha eleitoral… são sondagens.
Diariamente somos bombardeados com gráficos, percentagens, setas para cima, setas para baixo, empates técnicos, surpresas, coligações imaginadas e quedas espetaculares.
A cada novo estudo, há quem se entusiasme e quem duvide. Quem diga “isto confirma o que eu já sabia” e quem desconfie: “isto tem dedo de alguém”.
Mas afinal… como se fazem as sondagens?
Como se escolhe quem é ouvido? Como se garante que aquilo que nos mostram é mesmo o que o país pensa?
E, mais importante ainda: o que as pessoas respondem… quando alguém lhes pergunta?
Neste episódio do Pergunta Simples, vou procurar respostas com quem sabe.
António Gomes, diretor-geral da GfK Metris e uma das pessoas que melhor conhece os bastidores da opinião pública em Portugal.
Há mais de 30 anos que António lidera equipas que estudam o que pensamos, o que desejamos, do que temos medo.
Faz sondagens eleitorais, estudos de mercado, inquéritos qualitativos e quantitativos. E já viu de tudo: vitórias inesperadas, derrotas mal digeridas, candidatos ofendidos com os dados, e eleitores a esconder aquilo que verdadeiramente pensam.
Nesta conversa falámos de tudo isso — com a calma de quem já passou por muitas campanhas e com o humor de quem sabe que, na política, nem sempre a lógica vence.
Começámos pelo princípio: como se faz uma sondagem séria?
António explicou-nos os diferentes métodos de recolha — por telefone, presencial, ‘online’ — e a ciência por detrás da construção de uma amostra representativa. Falámos de margens de erro, de amostras estratificadas, de critérios técnicos que, para o público, são muitas vezes invisíveis. E falámos do que acontece quando, apesar de tudo isso, a sondagem falha.
Falámos de erros estatísticos. Mas falámos, sobretudo, de erros humanos.
Das recusas. Das portas que não se abrem. Dos estratos difíceis de preencher. E das situações em que, por mais que se controle sexo, idade e região, saindo da amostra é… uma surpresa.
Uma dessas histórias inclui um ‘fax’, uma jornalista célebre de televisão, um resultado inesperado e um telefonema a dizer: “Isto só pode estar errado”. Mas estava certo. Ou, pelo menos, era aquilo que os dados evidenciavam naquela semana.
António também nos explicou o que é o fenómeno do votante envergonhado. Aquela pessoa que vota num partido, mas tem vergonha de o assumir. Que diz uma coisa ao entrevistador… e faz outra na urna. Já aconteceu um par de vezes em Portugal e voltar a acontecer com qualquer partido que, num dado momento, esteja no centro da polémica ou do julgamento social.
Mas será que as pessoas mentem mesmo?
“Não mentem por maldade”, diz António Gomes.
Muitas vezes, mentem a si próprias.
Porque o tempo passou, porque se arrependem, porque querem parecer coerentes.
Às vezes, quando lhes perguntamos como votaram há cinco anos, respondem com base no que gostariam de ter feito.
Não no que fizeram.
Este episódio é também uma lição de psicologia eleitoral.
Falámos do uso das sondagens pelos partidos. Não somente para medir intenções de voto, mas para testar ideias, frases, cartazes. Há uma parte do que vemos nas campanhas que vem diretamente dos dados. Desde o tipo de fotografia que se escolhe para um cartaz gigante na rua, até à linguagem usada num debate.
Não é manipulação, é estratégia — é afinação estratégica com base em evidência.
E sim, falámos dos políticos.
António contou como, muitas vezes, é preciso preparar os líderes para ouvir o que não querem ouvir.
Como alguns usam a intuição (“sinto a rua”) para negar a realidade dos números.
E como há um equilíbrio delicado entre respeitar essa intuição… e mostrar que a ciência também sente — de forma diferente, mas não menos certeira.
“Eu não digo o que eu acho. Digo o que os eleitores disseram”, explica.
Este episódio não é somente sobre sondagens. É sobre como pensamos, como escolhemos, como comunicamos.
É sobre política, sim, mas também sobre cultura, tecnologia, comportamento humano. É sobre a arte e a ciência de escutar um país.
E, com António Gomes, aprendemos que essa escuta exige método, sensibilidade, experiência… e um grilo falante interior que nunca se cala.
Ele tem mil histórias para contar, mas vai deixando algumas no segredo.
Tu queres ver que o António Gomes também está a construir o seu mito?
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO00:00:00:00 – 00:00:21:11
Viva António Gomes! Social Não é essa a tua, a tua profissão, a tua função, a tua formação, a minha formação. Diretor geral da GfK, também atriz, é uma das principais empresas que faz estudos de opinião e também sondagens. Agora que estão tanto na lista de mais de 100.000 entrevistas por pura nos quer por telefone, vais ao vivo? Como é que?
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Como é que isto funciona? Estas 100.000 têm um breakdown entre basicamente três métodos de recolha de informação chamadas telefónicas. Temos um call center. Depois temos as entrevistas diretas e pessoais que podem ser feitas na residência das pessoas, já à porta da residência. Mas também há entrevistas são feitas na rua ou podem ser feitas num local específico, se tivermos a falar ao texto e outras coisas afins.
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E depois aquilo que nos últimos anos tem sido o novo método, digamos assim, bastante usado, que é as entrevistas online e portanto, tudo acumula latos, sem sentido, Mas via via redes sociais também não as entrevistas online. A diferença são que há várias maneiras de fazer as entrevistas online. Há basicamente duas que são as mais frequentes. Uma é uma ação de auto bound que o cliente ou a entidade tem uma base de dados e, portanto, envia a sua base de dados um convite para que eles participem e respondam ai, pois tens umas coisas que têm a ver a não com a proteção de dados e portanto tu podes ter o que nós chamamos um endereço universal
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onde eu mando para ti e tu podes respondemos pode mandar para os teus filhos e etc. Ou tens um endereço nominal nominal. Aí termina a declina com um código que é atribuído exclusivamente a TI e pronto, uma vez tu respondendo já não pode responder mais e no limite podias para designar o IP do convite. Quer dizer que podes saber que sou eu que estou a responder.
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A intenção é servir, que sejas tu, ou seja, garantir que dependendo do tipo de estudo, as características das pessoas que nós queremos que respondam não sejam controladas por tu, vais à procura de saber o que é a procura de determinadas características, se for o caso, usando a base de dados do cliente a entidade com quem trabalho. A alternativa são os chamados Access.
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Falamos online, isto é, são grandes players mundiais que têm. E também há locais que têm uma base de dados que tem uma relação mais ou menos contratualizadas com os respondentes e, portanto, as pessoas estão à espera de receber frequentemente convites para responderem a inquéritos sobre os temas mais diversos. E hoje estamos neste momento num processo eleitoral e pré eleitoral.
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Portanto, todos os dias nós estamos a ver a sondagem e a sondagem B e eles trazem resultados diferentes. Mas afinal somos nós, não somos os mesmos, os mesmos eleitores? Como é que está a sair? Como é que Como pipocas? Subitamente isto é mais pra esquerda, isto é, mais para a direita e os partidos está mais à frente, mais a direita.
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Eu acho que é bom. A principal perceção de diferença radica primordialmente no facto de haver sondagens que ora ali, ora o bem. Essa frente e passa disso aos olhos das pessoas. Estes tipos estão agora esta frente e os outros estão a dar o peixe, estão ali à frente. Estão a pensar isso É porque é por causa das respostas que as pessoas estão a dar a estas sondagens ou a seguir uma fórmula.
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Não. Primeiro, estas, estas sondagens todas, sem exceção, são feitas sempre com base num princípio que é o princípio de uma amostra representativa. Mas ela tem intrinsecamente um erro. Explica lá isso o que é que uma amostra representativa mostra? Como é que se garante essa representatividade? No fundo, é isso. Bom, antes disso, só para terminar, quando tu tens duas amostras que uma dão à frente e outra na outra à frente.
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Mas se a diferença entre eles estiver dentro do intervalo, nós estamos basicamente a falar de que estão empatados. O que é que acontece na perceção do empate? Por muito que tu tentes educar e evangelizar a causa que é dizer Olha, ignorem a diferença de 1 a 2. As pessoas não conseguem e portanto ficas com essa estranha perceção cara que ela está fazendo um pouco, que nós não toleramos menos coisas, mas as sondagens estão, grosso modo, a dar as mesmas coisas.
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A tendência de neste momento tu, como observador das sondagens, estão a dar resultados consistentes entre elas. Estão, porque depois tens aquela pergunta que alguém me liga e diz olha, mas as sondagens aí está a dar o livre com isto? Ou a iniciativa liberal com aquilo? Todas estas coisas que nós estamos a falar e que perguntam estão sempre aqui dentro do intervalo e portanto, tu podes de facto ter Num determinado momento duas empresas começam no mesmo dia e termina noutro dia exactamente igual.
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É perfeitamente possível que uma dê uma ligeira diferença face a outra, mas essa diferença, que é uma diferença de perceção, não é real na razão de que há margem de erro, visto que elas estão basicamente a dizer o mesmo. Eu não estou a ver nada de muito expressivo naquilo a que se chama outliers das sondagens. Então eu espero agora responder à tua pergunta de uma forma muito simples.
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As amostras são construídas com um postulado que na teoria da amostragem podíamos ir atrás das chamadas sondagens, tipo amostras aleatórias, que não é viável porque nós não temos uma base de dados dos portugueses eleitores e seria fácil para nós escolhermos aleatoriamente 1000. Eles respondiam num mundo perfeito e então isso não é exequível, Não se discutível. Nós vamos atrás de daquilo que se chama a escola ou a doutrina das amostras estratificada.
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Uma amostra estratificada tem um estrato, um estrato que corresponde a uma determinada variável que nós entendemos que é uma variável determinante para assegurar a representatividade da amostra. E agora, para quem não entende nada de sondagens, o que é que isso quer dizer? O que isso quer dizer para dizer o que quer dizer aquilo? Vou forçar a minha amostra, no bom sentido da palavra forçar, ou seja, você jurar que a minha amostra tem uma proporção de homens e mulheres é exactamente igual a proporção de homens e mulheres que existe na população portuguesa.
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Como é que eu sei o que é que a população portuguesa tem? Tenho primordialmente duas fontes de informação recenseamento geral da população e no caso dos eleitores, até tenho informação relativamente ao recenseamento eleitoral. Tudo Vou aos dados do mais ou menos Administração interna e diz me que 52% dos eleitores são mulheres e 48% dos eleitores são homens. Então eu vou assegurar que a minha amostra tem esta proporção.
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Depois vou segurar mais coisas, porque eu não posso ter uma amostra representativa controlando apenas uma variável e, portanto, vou controlar outras variáveis que são especialmente relevantes do ponto de vista do investigador, chamemos lhe assim, nomeadamente a idade e nomeadamente a região. E aí dizia que a maior parte das sondagens publicadas tem esta preocupação de fazer refletir pelo menos estas três variáveis.
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Mas há mais. Portanto, prossigamos. Estão as pessoas, em princípio, tentam mimetizar, aproximar o mais possível aquilo que é o universo dos eleitores. Isso é exactamente. E depois, quantas pessoas para fazer uma sondagem perfeita? Quantas pessoas é que tu precisas? O Bom, aí vamos atrás de um tema que se tem discutido um bocadinho. Tem a ver com a dimensão da amostra.
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Há quem diga que 500 não chegam, devem ser 1000, devem ser 800. Qual o teu número? O meu número para Portugal? A população? O eleitorado português em geral? No mínimo 800. Idealmente 1000 para cima, 800.000. Por azar dos Távoras, o que é que acontece se desses 1000, ao invés de representarem a população e o voto que as pessoas têm na altura das eleições?
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Por azar dos Távoras sai um viés de que aquela população que tu escolheste de forma aleatória já me aconteceu, vira muito para a esquerda ou muito para ter em relação depois. A realidade é que já não aconteceu há muitos anos. Nós fazíamos uma sondagem para um programa da Marina Marante chamado, salvo erro, esta semana, com o comentário no final, o entrevistado era Daniel Proença de Carvalho, fazia o comentário e o que ela nos pediu na altura, há muito, muitos anos, era uma sondagem semanal e portanto, todas as semanas estávamos a construir uma amostra com o mesmo princípio de observação e a um dia em que à época tínhamos o CDS com 24 a 25%, que
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já agora, para perceber, do ponto de vista estatístico, é uma questão de tempo. Quanto maior o número de observações que fazes, maior a probabilidade de teres um outliers. O grande drama é que tu, quando fazes duas sondagens antes de umas eleições, queres acreditar que aquelas duas nenhuma delas está como rótulo. Portanto, se o fizeres dez e uma sair completamente fora daquilo que é mais provável, tu podes retirar essa e ficas com as outras.
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Não é história. A lenda é engraçada, além da nenhuma. É verdade. Eu, a produtora do programa, a Maria Pia, e mandei por porque a Maria Marante gostava de receber as sondagens por fax feedback e o TED foi enviado por fax do resultado da sondagem. E eu nunca tinha falado com ela. Sempre e só por e por documentos escritos.
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E recebi uma chamada direta dela a dizer eu estava a contar irlandeses e o próprio A diz que ela está maluca. E aí a questão aí nós mandamos os resultados. É óbvio que tinha um comentário e uma frase a dizer isto e isto é uma coisa muito boa que custa muito a entender para quem paga e para quem tem de tratar aqueles dados.
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Porque a preocupação dela, o que é que eu vou dizer? Eu não vou publicar? Claro que não. Isso provavelmente é agora. A verdade é que naquele momento, naquela semana, as variáveis que eu controlei não foram suficientes para o outro fenómeno não mostragem, que é muito importante que tu controlas o sexo, idade, sexo, idade, região, habitat que eu controlo em estudos de voto com com urna.
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Nós na urna vamos atrás de mais variáveis de controlo, levas uma caixinha e levas uma urna literal. Leva uma urna onde as pessoas poderem votar lá dizem. Mas antes disso pergunta lá. Desculpe. Resido nesta casa uma pessoa com as seguintes características seja homem, seja nesta idade é, e eu controlei aquela porta. Aquela porta onde eu bato corresponde uma região, Mas se eu controlar o habitat, que é basicamente o que me permite diferenciar entre o rural e urbano, eu sei que aquela casa está num lugar que está no ficheiro dos censos do INE e que me diz que aquela pessoa vive num local que nós podemos entender conceptualmente como sendo rural, como sendo urbano, ou seja,
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imagina, vive numa aldeia. A aldeia tem 250 habitantes, então eu vou assignar lá antes disso. Eu quando lá vou já vou procurar pessoas naquele nível de habitat, porque eu sei que no universo dos portugueses, imagina, 37% vivem em lugares a ter 5000 habitantes e as pessoas abrem a porta. As pessoas nem sempre abrem a porta e depois entras num problema de amostragem complexo, que tem a ver com as recusas.
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Só que às vezes, do ponto de vista de olhar para estes números, baralha se um bocadinho a perceção que deixas em todas as entrevistas que fizeste. Já fizemos 1000 então e os números dos contactos? Até fiz 5000 contactos e vai ser muito baixo. Isso é um tema. Foi isso que eu pensei. Então, se são 5000 contactados, é apenas aquilo que a gente recusou.
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Nos 5000 que são contabilizados, também são considerados contactos de pessoas cujo estrato já foi completado anteriormente e já não te interessa, já não me interessa. Portanto vai aquela porta bate e digo eu queria falar com um homem entre os 18, 24 anos que tenha um nível de instrução superior. Não temos, não temos pronto, mas é dado como um contacto válido e portanto, é contabilizado como tal.
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Ou seja, não é só um problema da pessoa abrir a porta e dizer que sim. E eu tenho que abrir, que pedir que ela gentilmente abra a porta, que diga que tenho lá uma pessoa com as características, o que significa que há um dado muito engraçado que é a taxa de participação ou de utilidade de contactar. A porta vai diminuindo à medida que a tua amostra vai sendo completada, na razão de que ao fim de dois três dias já estás a procurar pessoas com determinado perfil, porque entretanto os outros estratos são dados como fechados porque mais facilmente foram concluídos e é só a única maneira que tu tens de encontrar os eleitores que estás à
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procura com aquela tipificação. É que é cada vez mais restrita. E depois perguntas destas pessoas em quem é que elas votaram nas últimas eleições? O voto passado pode ser utilizado como uma variável interessante. Se nós quisermos fazer um processo analítico em que eu quero perceber como é que ela e como é que ela se propõe votar hoje, eu não sou especialmente fã de pergunta ar sobre.
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Vamos lhe chamar assim componentes temporais muito antigas. Se me perguntares perguntas como é que elas estão em 2024? Com certeza foi há um ano. Não há nenhuma razão. Está fresco, está fresco. Quando vais para trás, mais para trás, tens um tema e tens vários ensaios científicos que te referem. Se tens várias provas interessantes que as pessoas mentem mas não mentem por maldade.
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Olha, vamos dar um exemplo. Se calhar ninguém hoje assume que votou Vale e Azevedo no universo dos sócios do Benfica na altura. Ao Bruno de Carvalho Tu tens momentos em que as pessoas nós quando tomamos uma decisão de votar de uma determinada maneira, depois quando, quando o tempo avança, nós queremos nos sentir satisfeitos com a decisão. E então nós refletimos no passado a nossa intenção de voto.
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No momento eu vou te contar uma história curioso. Nós fizemos um teste há muitos anos. Nem sequer foi no metro, foi na outra empresa onde eu trabalhava. Foi 1991, naquilo que acabou por ser a eleição do Mário Soares. Nós fizemos uma mega hipótese, uma previsão, algo o caderno de PTP. Na altura não havia ainda televisões privadas, 91 portanto.
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E então fizemos uma coisa muito interessante, que foi pedimos às pessoas para votar como é que pensavam votar e no verso do voto pedimos as pessoas para elas terem como é que tinham votado cinco anos antes. E então acontece uma coisa extraordinária aquela sondagem foi provavelmente uma das melhores exitosas de sempre feitas em Portugal. Portanto, é capaz de votar na urna sem saber.
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E eu convido a pessoa para a repetir, repetir, dizer olhe como é que eu estou lá dentro. E já agora, no verso coloco como é que estou? Há cinco anos. Portanto, a previsão foi muito boa. Suas com 60 e tal acordos não importa. E quando vamos analisar os dados da parte de trás, que é como é que está?
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Não há cinco anos o Soares tinha ganho por 60 e tal ao Freitas. O que é que acontece? Mário Soares ganhou por muito pouco a Freitas do Amaral. O que é que as pessoas estão a dizer que é mentira ou não? Elas estão a procurar um conforto que espelhar no voto passado aquilo que elas, naquele momento, tinham acabado de realizar.
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Portanto, estão a olhar para a realidade com a lupa, com o dedo, com os óculos da realidade de hoje. Aquilo que refletiram. Pode haver um voto envergonhado. Passado ou futuro? O que eu estou a pensar em votar aqui neste partido, nesta força. Mas tenho vergonha de assumir que vou votar neste nesta força. Isso é diferente. Acho que essa unidade temporal concentra no que é a lógica do chá e volta o chá e valoriza isto.
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Ou seja, o votante tímido, o votante tímido tem declinações diferentes. A primeira, mais conhecida, tem a ver com uma mama, politólogo alemã que fala muito e fala se muito sobre isso. Tem a ver com a teoria dos pilares do silêncio, isto é, o eleitor que que em Guedes, com um partido e esse partido normalmente está no governo e está sobre o fogo da crítica da opinião pública, os USA e os seus eleitores envergonham entre aspas e portanto, não o assumem.
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É que é um tipo que está no café e diz ah, para estes tipos são os bandidos e tal, mas depois quando vai lá vota naqueles bonitos. Porque? Porque ele quer se sentir confortável e não quer assumir. Isto é um tipo de chá e volta. Depois pode ter um outro chá e outro que não tem nada a ver com o partido estar a não estar no poder, mas tem a ver com, vamos lhe chamar posicionamentos mais nicho onde gera incómodo a pessoa, o eu acho que ou chega, vamos, vamos falar do chega aqui é um bom exemplo.
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Eu acho que o chega nas anteriores sondagens, ou melhor, há dois, três, quatro anos tinha mais eleitores envergonhados do que tem hoje. Porquê? Porque o próprio processo de o eleitor se envolver com chega na época era, digo eu, dos estudos que fiz. Alguns identificavam se com as propostas ou diziam Chega, Ele tem razão, mas eu vou dizer amanhã, mas eu vou mesmo votando, Chega!
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Hoje alguns desses eleitores já o assumem porque o partido cresceu, está mais institucionalizado e, portanto, passa a ser mais racional. Sim, porque ele sente que se tiver num café ou numa cortar o cabelo num cabeleireiro com dez pessoas, provavelmente se ele disser chega, haverá mais gente a dizer É, amiga, eu também sou. Então e estes eleitores envergonhados? E a minha pergunta Volto atrás é verdade ou mentira?
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As pessoas respondem mesmo aquilo que pensam, quando vão? Quando eu dizia, quando dir se ia que na maior parte das vezes leias 99%. Acho que sim, porque há ali um momento em que a própria pessoa, mesmo que possa sentir a tentação de dizer eu vou responder uma coisa diferente daquilo. Mas eu acho que a maior parte das vezes as pessoas são genuínas e pensa o que é que eu ganho com isso?
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Porque para mim, para mim, eu posso ser prejudicado, mas ele não ganha nem perde. Entrar a enunciar uma intenção de voto diferente daquela que está aqui, o António Gomes. Vou dar lhe cabo do trabalho dele, mas um deles não é o António Gomes que lá está, entende? São os meus entrevistadores. São. É uma equipa que está a trabalhar.
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O tipo de empatia ou de proximidade que tu crias com aquelas pessoas a quem bate à porta. Essa uma coisa estranha, não é? Olá! Viva! Como está? Olhe, não quer comprar nada? Não, não é vendas. Não tenho que olhe para de repente. Não, não há nenhuma razão. Como é que isso gera? Como é que se gere essa confiança?
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É parte da formação que é dada aos entrevistadores. Parte também do perfil dos entrevistados. Que coisa que tu não tens um controlo a 100% sobre porque obviamente, nem toda a gente quer ser entrevistador com pena nossa. É uma profissão em vias de extinção. Mas posso dizer que, por exemplo, numa, numa, numa previsão eleitoral, a última que fizemos para a SIC, a idade média dos nossos entrevistados andava nos 52 53.
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O que é uma boa idade, Em princípio, uma idade mais credível ou não, é uma idade que gera maior empatia face ao universo das pessoas com quem tu queres interagir, entendes? Eu acho que tu não tens nenhum jovem a recusar uma senhora já com 50 anos que o aborda num à saída de um local de voto. E igualmente as pessoas mais velhas podem gerar um bocadinho mais de identificação com alguém de uma idade que aparenta ser lhes próxima.
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Agora tu não tens esse controlo e portanto eu também tive entrevistadores que tinham 21 e 22 para te dizer a média, aquilo que é maximizar, o que é, o que é que o que é que me angustia? Por exemplo, numa previsão eleitoral, as recusas, porque eu tenho um processo de seleção que é um intervalo sistemático, ou seja, eu escolho a pessoa que vai responder de três em três e se eu tiver muitas recusas de pessoas, por exemplo, com mais de 70 anos, eu tenho um problema.
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Tens um problema, universo, Tenho um problema na amostra face ao universo e tenho um desvio e já tive demasiadas previsões, já fiz tantas, tantas que tenho a certeza absoluta que muitas eu testemunhei em determinadas freguesias contingências deste género. Isto é, o próprio entrevistador registou quantas recusas teve? Registou tendencialmente a idade E eu quando vou confrontar o meu trabalho com os dados reais tenho ali um bias e digo assim os os tipos que os recursos que recusaram tendencialmente votavam.
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Sim, normalmente esses são os envergonhados. Olha no dia das eleições, mas um dia já imagino, ora roendo as unhas, ora fazendo contas, ora vendo o que é que está a acontecer. Esse é o dia em que tu pões na rua um máximo número de recursos de recursos humanos. O quê? Como é que? Como é que é esse trabalho?
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Como é que eu distribuo isto? Bom, para já começa numa coisa que já está feita, que é a definição conceptual do modelo chamado modelo. É uma. É um jargão de quem trabalha em e em sondagens. Ainda que fazer previsões eleitorais era e há quatro entidades no país ou assim que fazem no máximo, ou se arriscam ou se atrevem a fazer uma previsão literal.
00:19:13:13 – 00:19:33:22
Há mais a fazer sondagens do que fazer previsões eleitorais. Também não há muitas entidades a pagar uma previsão eleitoral. Quanto custa uma previsão a custo de dezenas de milhares de euros É cara e oneroso. E quando estás aí, começa por um tema técnico que não é, no meu entender, é científico. Nós trabalhamos com o Pedro Magalhães Licença e com a equipa do Pedro.
00:19:33:22 – 00:20:15:19
Agora reforçada pelo Paulo Centeno Pereira. E a questão aqui é nós pensamos o que é que num modelo que queremos desenhar, que é um modelo baseado nas freguesias? Quais são as metodológicas que devemos considerar? Então? Vou te dizer coisas relevantes, óbvio. Temos freguesias por todo o país, óbvio. Temos freguesias de matriz urbana óbvia, temos freguesias de matriz rural e depois temos os pózinhos do chamado do segredo, que não é segredo nenhum, é um segredo de polichinelo, porque é obrigatório por lei tu fazeres o depósito na Comissão Nacional de Eleições para que freguesias e quais muitos dos nossos gestores estão credenciados na rua naquele dia?
00:20:15:19 – 00:20:37:02
Quanto há na rua tem uma credenciação. Se um polícia chegar ao pé deles e disser que não pode estar aqui, eles automaticamente dizem então não vamos fazer o registo prévio do sítio onde está. Exatamente. Todas as freguesias onde eu vou vão ser conhecidos toda a gente. Os pózinhos tem a ver por porque é que eu expliquei aquelas freguesias e como é que eu trato os dados daquelas freguesias para que esses dados sejam representativos.
00:20:37:05 – 00:21:00:24
E há freguesias especiais? Sim, há freguesias pensar especiais e há um pensamento especial, por exemplo, que é talvez um dos primeiros momentos de decisão estruturante. Há quem advogue que deve escolher freguesias que representam o círculo eleitoral respectivo, ou seja, imagina duas, três de Viena e depois vês o peso, o contributo de uma boa terra e uma boa terra.
00:21:00:24 – 00:21:26:10
Eu sei que aquelas que eu fui tentar falar por um eleitor, neste caso, exatamente, eu sou um eleitor emocional. Nesse caso, escolhes algumas duas ou três dezenas de castelo para representar o circo. Em princípio, naquelas freguesias, ganha quando naquele ganha o alguém. Eu escolho meia dúzia delas, Viena, para que elas representem o círculo eleitoral de Viena e depois repita a mesma, o mesmo procedimento em todas as freguesias com o escolhido.
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Portanto está em Viseu, pois tenho Faro depois de Évora, Beja e o resultado final que eu vou ter é o peso de cada um dos distritos no total da votação nacional, que é o que interessa, que é o que interessa a quem defenda esta doutrina. Nós não fazemos esta doutrina, nós não vamos atrás de escolher freguesias que representam um círculo que depois vai representar o total.
00:21:46:11 – 00:22:04:08
Porquê? Porque há aqui um efeito de risco. Mas eu reconheço os méritos científicos de quem pensar assim. Mas há um problema que é se tu tens um erro na base, ele amplifica nas sugestões. Uma freguesia que tem um erro amplifica as não só para o distrito, mas para o efeito do distrito. Para outro estão em alta quantidade, não é?
00:22:04:08 – 00:22:37:24
Portanto, nós usamos, ou melhor, nós. Este é um tipo de pensamento que é feito. São cinco pessoas à volta de uma mesa. Já foi feita? Resmungam muito? Não, Mas é um bom trabalho do ponto de vista de Bora lá pensar outra vez sobre o que fizemos em 2024. Sobre nós parametrizados não apenas a previsão na lógica da qualidade para tivemos bem, tivemos Qual foi o desvio, o medo médio, mas nós analisamos nos dias a seguir até ao detalhe, tudo aquilo que foi o auto caminho que nós fizemos, porque tu finalmente ali podes ver.
00:22:38:01 – 00:23:04:04
Tivemos bem aqui tivemos mal ali. O que é que aconteceu? Quais foram os ponderados? Vais poder cruzar com os dados reais, Isto é a tua sondagem e a minha sondagem para devolver para. Tivemos um problema nesta freguesia porque? Porque aquela via ficas nervoso nos dias a seguir, quando não não no próprio dia. Muito pouco. Engraçado. Há uma coisa muito gira que tu não tens controlo sobre nada, tens controlo sobre a preparação prévia.
00:23:04:10 – 00:23:24:10
Portanto eu faço um briefing. Já está marcado numa quarta feira, numa quinta, com os estados do Sul e do Norte. Estou lá 01h30, a explicar, tintim por tintim o que é, o que eles, o que eles devem fazer, o que é o intervalo sistemático, etc, etc. Portanto, a maior. Eu tenho duas preocupações constantes e a equipa sabe que eu tento.
00:23:24:12 – 00:23:46:24
Forço o grilo falante, seja eu. Aquela semana é uma checklist e eu estou sempre a forçar o grilo falante. E eu tenho aqui um sexto sentido que me diz para aí mas isto foi tratado para isto, foi testado, mas para aí, entendes? São pequenos detalhes. Tu tens que não te esquecer. Vou dar um exemplo as pessoas votam e nós temos que contar os boletins.
00:23:47:01 – 00:24:05:05
Os indicadores têm indicação para irem para um local recatado, abrem as urnas que não são iguais aos oficiais, tiram os votos e contabilizamos, já não sei, alguns largos anos, mas há seis, sete anos, aonde está a fazê lo? E há uma pessoa que passa pela rua e pelo telemóvel, tira uma fotografia e diz Estas eleições não são legais.
00:24:05:05 – 00:24:24:19
Há pessoas que já têm os boletins de voto. Isto é um tipo de informação que a pessoa usou e abusou de uma coisa que não sabia o que é que estava a falar. Mas tem que ser explicado aos entrevistados. Eu não quero que isto voltou a acontecer. O nosso trabalho é tentarmos ser o mais discretos possíveis. Vocês quando fazer contabilização, tenham o cuidado.
00:24:24:21 – 00:24:42:08
Os boletins de voto são todos guardados e são todos trazidos de volta para os escritórios da empresa. Poder verificá los para poder verificá los e para simultaneamente, não, não insistir por aí perdidos. Agora, o que é que a gente faz e fazemos? Quem usa papel? Porque já caiu uns tablets? Nós já fizemos experiências com tablets e com papel importante.
00:24:42:10 – 00:25:04:20
Aqui é importante perceber que há aqui muita ciência, apesar do risco do erro. É aí que entra o grilo falante. Usamos o estava bem ou não. Nós a última vez, usamos tablets em papel, cruzámos e dissemos qual dos dois métodos de recolha mais eficaz no sentido foi mais perto da realidade, porque o tablet, as pessoas, eu não lhes dava um boletim de voto, eu não estava a simular a realidade, Era a mesma coisa, não era a mesma coisa.
00:25:04:20 – 00:25:25:11
Dava lhe um tablet na mão. Isso produziu um bias em quem os mais velhos tinham mais a desculpa Eu nunca tive um tablet. Acham que nós íamos automaticamente saber como é que votavam, enquanto que tu, numa urna que já tem folhas dentro E uma das coisas que estes senhores fazem pega na urna, abanam para que a pessoa se ligue assim Ah, ok, você não tem lá um papel e mais um.
00:25:25:11 – 00:25:45:10
Eles não mandam que eu meço isso. Isso são. É sobre esses. Vamos chamar o grilo, o grilo falante. Falamos sobre isso na última semana. Quando chega o dia, não. A única coisa que acontece normal no dia é tu tens resultados que vão variando ao longo do dia para teres uma primeira contagem. Depois tens reforços de contagem para os partidos.
00:25:45:10 – 00:26:10:20
Não votam os eleitores, os partidos não votam da mesma maneira e portanto tens ali uma graçola entre aspas que está como é que está a maioria? Ou vamos imaginar um olha, não sei, oh pá, expressem isto ou aquilo e depois às quatro muda e depois achas? Já estás na parte específica do fim tuning. Estás muito, verdadeiramente muito concentrado sobre os controladores, sobre os rácios, sobre uma série de fatores.
00:26:10:20 – 00:26:29:02
Estás a usar proto quer no final quer dizer ok, o resultado vai ser este. Olha, estamos em campanha eleitoral. Os estudos de opinião são um espelho da mudança, um motor que pode influenciar por ela própria e mudar. Mas duas coisas são um espelho. Não sei se de mudança, mas são um espelho. Não mais são do que do que as eleições.
00:26:29:02 – 00:26:53:01
E da realidade sempre. Até uma fotografia daquilo que está a acontecer. Que o que eu, que eu acho que interessa, que quem consome sou basicamente nós, indiretamente, como eleitores, que no fundo somos audiências de meios que reproduzem e que pagam sondagens. E as personagens podem ser para televisões caras, pouco importa. E, portanto, nós, ávidos ou com interesse por política, vamos procurar essa informação.
00:26:53:07 – 00:27:10:16
A última sondagem que ela deu, ok, acho isto, acho aquilo opinião pública no geral, uma bolha que a política. Eu acho que as duas coisas nós gostamos de saber como é que a coisa fecha. Mas não é só connosco para as sondagens. Existem no mundo inteiro e, portanto, no mundo inteiro. São feitas regularmente. E a opinião pública gosta porque é um tema importante.
00:27:10:16 – 00:27:30:16
As pessoas gostam de saber se mais gente pensa o mesmo que elas, vai deixando de verificar e algumas pessoas acham piada a elas próprias tentarem dissertar sobre o que está cá antes de conhecerem a sondagem, antes de conhecerem. Mas isso não pode dizer que olha se vai estar à frente ou aquele e se calhar nem vale a pena lá ir votar, por exemplo.
00:27:30:18 – 00:27:54:07
Pode, Pode significar voto. Já lá vamos. Ou então, até porque já lá vamos aos efeitos, estamos a responder. Voltando atrás, a comunicação social contrata, pede, consome, tem, tem um posicionamento naquilo que esta é uma sondagem que não se limita a intenção de voto, mas de informação que é importante para perceber o que pode acontecer. Mas é uma fotografia do momento.
00:27:54:09 – 00:28:17:14
Há os partidos políticos, as forças políticas, tem uma utilização mais focada e aí sim, e as sondagens serem utilizadas como um instrumento que fazem os partidos. Os partidos vão atrás de destaque, vão buscar muitas coisas nas sondagens, desde logo testes de posicionamento, testes de ideias, testes dos líderes, das características dos líderes, tudo o que tem a ver com comunicação em posicionamentos partidos.
00:28:17:16 – 00:28:41:19
As sondagens são usadas para isso e o líder vai decidir isto ou vai defender isto ou aquilo. Vou testar o que é que os meus eleitores pensam que os outros pensam? Sim, tu podes, tu podes ter. Simplificando, para quem nos ouve perceber melhor, eu acho que há duas formas de posicionar a pró ativa e a reativa. A reativa é simples de explicar é ir aos portugueses e perguntar o que é que eles acham que deve ser feito com estas prioridades do governo, O que é que ia ser feito no Conselho?
00:28:41:20 – 00:29:03:00
O que é que o preocupa mais? O que é que o preocupa mais, etc, etc. Proativamente tens ideias que queres testar? Podem ser ideias de políticas e podem ser ideias de comunicação que são duas coisas ligeiramente. Mas isso é uma sondagem, não é um estudo, isto é uma sondagem feita por um partido, como um estudo, exactamente, Mas tem um cariz igual a uma sondagem, porque alguns lá no meio também tens a pergunta da intenção de voto.
00:29:03:02 – 00:29:21:14
Ela só tem um detalhe não é publicada, é consumida pelas forças políticas e aí podes ir atrás de comunicação. Parte dos cartazes tu vês, as ideias estão nos cartazes. Muitas das vezes tem alguma evidência baseada numa sondagem, porque os eleitores podem dizer olha, exactamente, é aquilo que eu penso, já que não volta para aqui, eles estão a priorizar aquilo que eu acho que.
00:29:21:16 – 00:29:54:03
Atenção, estamos a falar de sondagens quantitativas. Depois ainda tens uma layer, uma camada onde podes ir através de focos grupo, ou seja, de abordagens mais qualitativas. Vais mesmo atrás de detalhes de comunicação que são relevantes. Imagina o poster de um candidato? Deve ter pessoas sim ou não? Que idade é que as pessoas devem ter? Deve ser uma ação de rua, isto é, deve ser natural na fotografia, como aparece obviamente o formato em Montenegro optou neste momento ao parece ter optado por por hora por imagens de situações reais, entendes?
00:29:54:09 – 00:30:19:12
Pronto, não são aquelas fotografias de estúdio que nós vemos muito trabalhadas, mas usam aquilo que têm uma intenção que provavelmente é aproximar a mensagem a alguém que está na rua, que está com as pessoas e que quando promete uma coisa qualquer, seja habitação ou outra coisa qualquer, está ali, entendes? Estás subliminarmente a tentar passar a mensagem de que este homem promete isto está aqui a fazê lo, entendes?
00:30:19:14 – 00:30:55:09
Olha aquele, aquela banda de dos chamados, os indecisos que não sei quantos são, mas que estão ali entre os partidos. Normalmente fala se do centrão, vai para um lado ou vai para outro. É possível ver nos últimos anos como é que os eleitores portugueses se têm tendencialmente comportado, se eles são mais ou menos estáticos, se eles se vão democraticamente distribuindo ou se eles apresentam tendências gerais no eleitorado de se posicionar mais à esquerda ou mais à direita, vai às tudo específicos para o posicionamento ideológico.
00:30:55:11 – 00:31:18:00
Tu podes medir o posicionamento ideológico de forma declarativa e pode medir de forma indireta. Isso é um tema relevante. Você realmente quer o homem dizer Eu vejo como é que se posiciona um clássico, Mas podes fazer um croché que com perguntas tem a ver com componentes mais de natureza doutrinária. Tu tiveste há uns anos os órgãos Comunicação Social e do Expresso e do Observador que você não sabe se é de esquerda ou direita, responde a este questionário.
00:31:18:00 – 00:31:46:12
Nós posiciona aquelas perguntas, aquelas coisas, a economia, as coisas públicas, o que for. Ele é. Olha, mais uma história. Eu já comecei. Estava a elite muito distante do ir trabalhar, foi independente e mandaram uma sondagem precisamente ao então diretor Paulo Portas, em que precisamente cruzávamos o posicionamento político, ou seja, de dar ideias de esquerda, direita, verso, preferência partidária e aparecer um indivíduo que se auto intitulava de extrema esquerda e votava CDS-PP.
00:31:46:14 – 00:32:07:00
E lembro do Paulo Portas que quer dizer maluco. Queremos conhecer este estilo e que este gajo as pessoas não tem. Mas isto é muito frequente, ou seja, há estudos que nos dizem como é que o eleitorado se tende a posicionar do ponto de vista da ciência política mais pra esquerda, mais para a direita. E depois a decisão tem a ver com isso.
00:32:07:02 – 00:32:28:07
A decisão não tem a ver com isso. É fruto de outras coisas. Mas. Mas a responder à tua pergunta somos um país maioritariamente de esquerda. Somos um país Maioritariamente não interessa nada. Se tu vês que António Costa teve uma maioria absoluta há não muito tempo atrás, entendes que tu não foi eleito prevista Se não passou em casa. Lembro me de uma sondagem.
00:32:28:07 – 00:32:54:09
Dava aquilo depois e depois e depois apareceres. Eu sei porquê. Já agora podemos dizer às pessoas que tu estavas dentro da campanha e por isso tens essa informação, obviamente. Mais digamos que havia sinais. É curioso porque os sinais e uma das coisas mais importantes de tudo entenderes ou interpretar as sondagens é isso. E parece estranho tu puxar galões no sentido de tu me vender como um sábio que não sou e não gosto disso.
00:32:54:09 – 00:33:22:23
Mas o teu grilo falante. Mas são tantos anos a fazê las, tantos anos a confrontar aquilo que é uma intenção de voto. Uma, duas, três semanas e depois o resultado final que tu às vezes sentes sinais, entendes? Claro que eu não posso verbalizar o. Não posso dizê lo só por uma única razão porque alguns deles, o Zé Manel Mestre, quando estava na SIC há muitos anos, mesmo há muito era muito engraçado encontrar me sempre no momento em que eu apresentava que íamos lá entregar a sondagem à bocado e ainda não saía.
00:33:22:23 – 00:33:43:22
Imagina, a gente entregava aquilo, Aquilo era para sair às 19h00 e ele estava cá fora. Assim, cantar dez e tantas morreu, então tudo bem. Ele usava um método de avaliação que era eu acho que foi ganhar isto. Isso até porque, porque eu faço cobertura das campanhas, é intuitivo e intuitiva, faz cobertura para não tive vida não sei quê e ele lá naquela mota dele dizia vai quando?
00:33:43:22 – 00:34:04:12
Quando eu para chegar a um comício demoro mais não sei quantos minutos isto corre bem? Ou isto corre mal para aquele partido e eu estava. Isso é o tal truque que não é truque nenhum porque às vezes enganamos, mas é aquela perceção como eu sem os meus amigos, apostei almoço, portanto, de alguma forma lucrei com isso. Mas apostei o Brexit e a primeira vitória de Trump.
00:34:04:14 – 00:34:23:02
As pessoas já não se lembram, mas as duas coisas eram absolutamente impensáveis e eu tive a intuição e disse Este é o resultado destas duas eleições. É garantido que nas sondagens elas não dizem o contrário. Diziam era que a intenção de voto ainda não tinha chegado. Lembra te de uma fotografia? Nós estamos a tirar uma fotografia agora, mas nós não sabemos o que acontece no fator finish.
00:34:23:02 – 00:34:49:19
Olha, é como é que tu e eu acho que no caso de Costa eu tive um pressentimento. Mas não digo que ferramentas levas tu para como para explicar aos líderes partidários que uma sondagem é se calhar difícil para eles é antes porque que as boas eu imagino que para Santos, para Santos eu já tive contato com líderes políticos que assumiram políticos empresariais, porque eu trabalho, eu já, eu já tive com pessoas.
00:34:49:23 – 00:35:14:13
Há um caso específico perfeitamente. Eu estou com uma pessoa que assume a liderança de um partido que não me conhece lado nenhum, que lhe evito lembrar. Fala com o António, eu vou ter com ele e a primeira coisa que faço é claramente um disclaimer que é a ver se a gente se entende. Isto é muito importante. Eu não digo o que eu penso, eu sou um intermediário que posso mastigar, mas que basicamente diz o que é que o eleitorado pensa.
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Mas tu trazes ciência e normalmente estas pessoas, estes líderes, são profundamente intuitivos e estes universos não são. António Costa costumava dizer Mas eu acho que todos os políticos fazem isto. O António Costa dizia António o seguinte Eu sinto a rua. Verdade. O que é que eles sentem? Sentem a maneira como eu vou ali ou acoli e eu vejo o olhar, Sinto que é quando os seus números não batem com aquela, com aquilo fora da realidade.
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É isso que eu queria dizer. Eu fui contra ver como ficam construindo tudo. Acontece tudo um bocadinho, mas é muito importante a preparação prévia. E o que é a preparação? Prever aquilo que o outro diz que é o primeiro. A primeira vez que nos sentamos à mesa é para definir meu amigo, eu não vou. Se eu disser uma coisa profundamente desagradável e digo Aliás, eu convido sempre os políticos a verem, por exemplo, focus group, estarem sentados e ouvirem a vox populi e a dizer Epá, fulano é irritante.
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Um fulano com uma cara de humildade é muito importante, mas contratualizadas isto agora. A qualidade média do político, felizmente eleva os para terem jogo de cintura e portanto, eles sabem que nem toda a gente gosta deles e alguns são agressivos na forma como e, portanto, há que saber. Agora, isso tem tudo a ver com personalidades. Eu lembro uma vez de ir ao Vale e Azevedo.
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Eu também estava a dizer não tenho um problema com isso. É muito engraçado. Aliás, o primeiro trabalho com ele perdeu por 10%. Ok, é trabalhar. E eu fiz sondagem, mas o senhor gentilmente convidou me para ir lá almoçar ao escritório dele e depois perguntou O que é que você acha que eu devo fazer? E eu disse se eu mudava de clube isso, mas eu mudava tudo e disse mesmo Olhe, você não leva a mal, mas a minha percepção daquilo que nós temos recolhido é para você.
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Parece que engoliu uma colher. É um tipo muito vaidoso, com uma postura muito e eu disse isto. Eu aceito isto muito bem. Chegou a noite, foi a televisão comportou se exatamente, então a única coisa que foi ok. Eu fiquei com a consciência tranquila de dizer ele continua a ser ele próprio. Curiosamente, acabou depois por vencer as eleições num passado um tempo e, portanto, na cabeça dele, reforçou que aquilo que era o modelo de comunicação eu estava certa e que estava certo.
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Não tenho controlo sobre isso. Olha, nós fazemos assim porque o profiling, o perfil para a escolha dos candidatos ou não? Em que sentido? Vamos agora para a Câmara de Viana? Podemos ir para a Câmara de Viana? Nem sei que em questão de candidatura nós vamos, Vamos, Vamos ver quem é que podem ser, as pessoas que podem. Melhor faz profiling, mas é um profiling?
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Não, em absoluto. Ou seja, não é em aberto, portanto, já escolhe um conjunto, não. Já um para eles, clínicos. Aí normalmente são os partidos que tomam essas decisões, vão ponderando o peso de quem pode ou não pode ser interessante para se candidatar. Olha, estamos no tempo das redes sociais. É um novo palco de opinião pública, com tudo muito polarizado.
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Em que é que se pode estar a refletir? Estou a pensar nos eleitores mais mais jovens, nos na tribo que está a ver, no que toca e nos Instagrams. Nós tivemos um fenómeno muito engraçado nas últimas eleições. Já tive oportunidade de comentar isto, noutros foram ou noutros fóruns que têm a ver com o aumento significativo da taxa de participação que decorreu por aquela entrada.
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Chamemos assim, sensivelmente entrar aqui entre aspas. Mas tu tiveste mais 750.000 votantes por comparação com as eleições de 2020. É uma boa notícia, uma belíssima notícia. A questão é este 750. Os dados que nós temos sobre o seu perfil dizem nos que são mais jovens, portanto, a taxa de participação nos mais jovens aumentou. E depois há alguns que tinham tendência para a abstenção em eleições e que, por uma razão qualquer, em 2024, entenderam que deviam participar.
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Dito isto, esta participação do jovem, esta participação, a mobilização do jovem, dos jovens decorre daquilo que eles estão sujeitos nas redes sociais. Há uma barragem, chamemos lhe assim, que tendencialmente os politiza, Não é? Não importa a força, mas tendencialmente os politiza e os coloca mais engajados com coisas de natureza política. Eu diria que sim. Portanto, ficaram mais alerta, estavam mais envolvidos.
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Esta ideia de que os outros quer que os mais novos não querem saber nada disto eu, é bastante diferente, bastante exagerada. É porque os boundary, chamemos lhe assim, da territorialidade, foram ultrapassados. Os miúdos discutem o Trump, os miúdos discutem, ou melhor, eles podem não discutir, mas são impactados por modelos internacionais de algoritmos em que de repente estão a ver a Meloni a falar.
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Estão a ver o Sanchez de Espanha a falar e eles são internacionais. Verdadeiramente dominam línguas e portanto estão na universidade para eles e portanto eles sabem sem saberem, sem saberem. Repara, isto é simples Imagine que tu e eu recebíamos um convite para ajudarmos a capitalizar o voto em Portugal através de uma entidade qualquer lá fora. Vamos, vamos fazer uma lenda nas Ilhas Cayman.
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É bom sim, ter um bom sítio na internet de dois, okay? Enfim, vamos a isto. O que nós concluímos há três, quatro anos, quando tínhamos esta extraordinária nova ferramenta que são as redes sociais. O que é que tu e eu isla? E concluímos que temos aqui uma oportunidade. Há um mercado que é o mercado, que não está ativado, que é o mercado dos jovens.
00:40:30:11 – 00:40:57:13
O que é que a gente pode fazer para ativar o mercado dos jovens? Bora lá ativar o Mercado Jovem. Vamos perceber como é que eles funcionam, qual as narrativas. Quer saber? Eu posso estar enganado no que vou dizer, porque obviamente não. Não tenho fontes más, mas não quero abrir o jogo todo, Mas uma parte provavelmente da dívida de Trump relativamente à música e pouco mais que aquilo, venceu as eleições e me contaram uma história recentemente que ela porque ela reza noites, como diz em inglês.
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Ou seja, parece me bastante razoável. E uma coisa muito engraçada que a conquista do eleitorado ou ativação do eleitorado estava órfão. O eleitorado em questão eram jovens masculinos, brancos até aos 25, 26 anos, que aparentemente num mundo de polarização no eleitorado norte americano, não tinham elementos, identificação com ninguém, tinham algumas características. Uma delas eram heterossexuais assumidos, Não gostavam da confusão nem dos silvo de discussão em torno da orientação sexual.
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E eles também tinham uma característica próxima deles, que era pornografia e consumo pornografia e de gaming. Ok, misturar estudo é, mas que faz uma coisa extraordinária. Isso foi o que me foi contado, que é quando ele liberta o controlo sobre o Twitter, sobre a possibilidade de aparecerem imagens de pornografia de imagens mesmas seminuas, com caras. Chegou, isto não chega.
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Estava de uma maneira extraordinária que vai o universo do gaming onde eles jogam anular e tudo mais. Começa a pensar mensagens que inicialmente não funcionam a dizer olha, o Twitter abriu a pornografia, os putos inicialmente para aquela seleção, aquele título X não liga, mas vai, mas fica. E quando eles lá vão, aconteceu uma coisa extraordinária Vem para. Não sei se não diz porque importa, mas o que quer que seja que vêem, vêem, acham, têm interesse em algo, têm interesse, acham piada.
00:42:21:08 – 00:43:03:23
Isto fizesse scroll isto foi me garantido em 99% das vezes a imagem. O que desaparecia a seguir era o Trump a falar e portanto é uma maneira de expor de um candidato, de uma ideia ou um interesse que as pessoas já lá iam, um público que não conseguia chegar a ele. Olhe, coloque me uma imagem de menino, coloque miúdos a irem ao X, verem só porque querem ver e de repente tu faz o scroll e aparece o Trump a defender as suas ideias e tu de repente tu tri 20 vezes ou vasco aquilo começas a ativar o eleitorado e visto que este foi um dos dos milestones que mais ajudou via Twitter para fecharmos esta
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conversa, é a penúltima pergunta A inteligência artificial vai dar cabo disto tudo ou vai saltar da cabeça? Isto não vai, Não vai dar cabo das sondagens, vai dar cabo de uma coisa bastante simples que vai. Vão existir modelos cada vez mais sofisticados de comunicação. Onde estou? Cada vez menos tens controlo e não te apercebes. Deixas de saber a fronteira onde é que está.
00:43:23:05 – 00:43:40:01
Não sabes onde está a fronteira? Olha, não te vou perguntar em quem é que tu vai votar, mas vou te perguntar acha que eu não voto? Na maior parte das vezes é porque vou trabalhar a uma questão. Aliás, houve um dia alguém que me disse uma coisa extraordinária, que foi o primeiro. A primeira previsão eleitoral que eu fiz foi precisamente, salvo erro, de 91, no Maurícias.
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Não tenho certeza. Ou foi uma em 89, em autárquicas não me recordo. Sei que estava a fazer trabalho terreno, Fui passar por Faro e depois, obviamente em Faro, não me dei ao trabalho de ir para Lisboa postar. E depois há uma altura que um dia alguém me avisa e diz me assim Olha, tu tens, portanto, porque tu não fazes até as 34 meses não pode candidatar a presidente?
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Está? E olha, pera aí, perdemos um candidato? Não, mas eu fui agora para ter esse modo de votar antecipadamente. Mas não era essa a pergunta que eu tinha para te fazer. A pergunta é tu quando vais votar? Votas racionalmente ou emocionalmente? Eu tenho uma lenda do meu voto comigo e portanto em casa já. Eu já falei sobre isto.
00:44:17:19 – 00:44:48:06
Eu tenho uma coisa que me incomodou muito, que foi perdi a primeira eleição que votei, perdi. E eu votei pela primeira vez. Assumi publicamente só a minha casa. Sabe? Votei a favor do aborto no primeiro referendo e ganhou o não na primeira divisão. E fiquei muito chateado porque depois os estudos subsequentes dos quais eu próprio intervim e não gostei da palavra aborto, porque ela tem uma carga negativa a despenalização da interrupção voluntária da vontade da gravidez.
00:44:48:08 – 00:45:06:06
Descobri isso que os homens tinham decidido não votar ou seja, os homens acharam que a interrupção voluntária da gravidez é um problema das mulheres, que é sim uma coisa chamou a de Strange Practice. Levou me a racionalizar demasiado no sentido eu só vou ganhar.
00:45:06:08 – 00:45:19:18
Mandato Se não votar é porque sei que vai ganhar alguém com quem eu não me identifico doutrinariamente e, portanto, a minha abstenção, a minha participação. Esse mesmo explica tudo o que eu queria dizer. Obrigado. Nada já foi um prazer.