Já ouviram falar de caça-talentos?
Não é muito diferente de caça-tesouros. Mas na versão: os melhores e mais dotados seres humanos para realizar uma tarefa ou feito.
O meu convidado de hoje, Tiago Forjaz, prefere ser visto mais como um descobridor e estimulador de talento do que propriamente um caçador.
É um libertador mais do que um perseguidor.
E partilha algumas das suas ferramentas.
A conversa toca as coisas que vivemos diariamente.
A ida à entrevista de emprego. Ou o momento de entrevistar candidatos.
A maneira como lemos as pessoas. Ou como funciona o nosso instituto para descobrir o talento dos outros e também os nossos.
De caminho falámos de líderes formais e informais.
E de como se dá ou se bloqueia um processo de transformação.
Mas o principal é mesmo o talento. Sim, aquela coisa que nos faz brilhar os olhos ou ver o brilho nos olhos do outros.
É algo que se vê, mas muito difícil de medir.
Se os nossos talentos tiverem espaço e tempo para fluir, seguramente a nossa vida será mais bem vivida.
E do que aprendi hoje deu para entender que o talento e a desempenho tem uma relação bastante contraditória.
O talento é a magia. O desempenho é medido com réguas rígidas.
E tu, como exploras os teus talentos únicos?
TÓPICOS & TEMPOS
(00:00:12) – A procura pelo talento
(00:02:51) – Libertar o talento
(00:04:06) – A entrevista de emprego
(00:06:36) – A importância de perguntas e curiosidade numa entrevista de emprego
(00:06:52) – A ideia de caça talentos e a importância de libertar o talento das pessoas
(00:09:49) – O potencial e o desempenho do talento
(00:12:53) – O que é talento?
(00:14:56) – Observar e elogiar
(00:16:01) – Diversidade cognitiva
(00:19:27) – A importância de libertar o talento das pessoas
(00:20:09) – A confusão entre líderes e chefes
(00:23:15) – A responsabilidade dos líderes em desenvolver talentos
(00:24:23) – O papel dos líderes e o elogio
(00:26:00) – A mudança nas estruturas organizacionais
(00:27:20) – A disponibilidade e permeabilidade dos líderes
(00:29:32) – A importância da transformação
(00:30:23) – A falácia da transformação em cascata
(00:33:21) – Liderança informal na transformação
(00:34:38) – A importância de libertar o talento das pessoas
(00:37:03) – Identificar talentos nas pessoas
(00:39:14) – O que fazer com os talentos identificados
(00:39:54) – A importância do talento nas organizações
(00:40:21) – A confusão entre talento e habilidade
(00:42:49) – A multiplicidade de talentos dentro de uma pessoa
(00:45:24) – Explorar o talento das pessoas
(00:45:53) – A importância da atitude de confiança
(00:46:44) – Um dia bom para Tiago Forjaz
Mais informação sobre o tema:
Lista de fontes específicas sobre talento em Portugal:
- Instituto de Educação da Universidade de Lisboa: o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa tem uma linha de investigação sobre talento e educação. O site do instituto possui informações sobre essa linha de investigação, incluindo publicações, eventos e projetos.
- Centro de Investigação em Educação e Desenvolvimento (CIED) da Universidade do Minho: o CIED da Universidade do Minho tem uma linha de investigação sobre talento e aprendizagem. O site do CIED possui informações sobre essa linha de investigação, incluindo publicações, eventos e projetos.
- Fundação Calouste Gulbenkian: a Fundação Calouste Gulbenkian apoia projetos de investigação e formação sobre talento. O site da fundação possui informações sobre esses projetos, incluindo publicações, eventos e programas.
Exemplos de fontes específicas sobre talento em Portugal:
- Artigo científico: “O desenvolvimento do talento em Portugal: desafios e oportunidades” (por João Pedro Ferreira, João Magalhães e Maria do Céu Roldão, Revista Portuguesa de Educação, 2023)
- Livro: “O talento em Portugal” (por João Pedro Ferreira, João Magalhães e Maria do Céu Roldão, Editora Escolar Editora, 2022)
- Site: “Talento Portugal” (site da Fundação Calouste Gulbenkian)
- TED Talk: “Como identificar e desenvolver talentos” (por João Pedro Ferreira, TEDxLisboa, 2022)
Artigos científicos:
- “O que é talento?” (Revista Scientific American, 2019)
- “A natureza e a influência do talento” (Revista Psychology Today, 2020)
- “Como desenvolver o talento” (Revista Harvard Business Review, 2021)
Livros:
- “O talento não é suficiente” (por Daniel Coyle, Editora Best Seller, 2019)
- “A fórmula do talento” (por Geoff Colvin, Editora Alta Books, 2020)
- “O talento é treino” (por Malcolm Gladwell, Editora Objetiva, 2021)
Organizações:
- World Economic Forum
- OECD
- UNESCO
TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
JORGE CORREIIA (00:00:12) – Ora viva! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso podcast sobre comunicação. Hoje mergulhamos na busca pelo Santo Graal do mundo moderno. Descobrir o último e mais talentoso dos talentosos. É uma conversa onde se viaja entre a descoberta individual do nosso talento e da forma como as empresas e organizações tentam caçar o unicórnio, capaz de ser diferente e ao mesmo tempo, exactamente igual a qualquer um da organização para vestir a camisola para não destoar. E para isso é preciso talento, acreditem, muito talento para procurar um igual a sempre pintado de maneira diferente. Ou então não é. Esta conversa é, afinal, sobre o talento e sobre as várias formas de como o talento se apresenta. Já ouviram falar de caça talentos? Não é muito diferente de caça tesouros, mas na versão, os melhores e mais dotados seres humanos para realizar uma tarefa ou feito. O meu convidado de hoje é Tiago Forjaz. Prefere ser visto mais como um descobridor e um estimulador de talento do que propriamente um caçador e um libertador, mais do que um perseguidor, e partilha algumas das suas ferramentas, que são ferramentas muito úteis para todos nós.
JORGE CORREIIA (00:01:35) – A conversa toca as coisas que vivemos todos os dias a ida, a entrevista de emprego ou o momento em que entrevistamos candidatos, a maneira como lemos as pessoas ou como funciona o nosso instinto para descobrir o talento dos outros, mas também para descobrir os nossos próprios talentos. De caminho, falamos de líderes formais e informais e aposto que não adivinham quais são os mais importantes numa organização e de como se dá ou se bloqueiam os processos de transformação. Mas o principal é mesmo o talento. O principal desta conversa é o principal no geral, sim. Aquela coisa que nos faz brilhar os olhos ou ver o brilho nos olhos dos outros é algo que se vê, mas que é muito difícil de medir. Está aberto o episódio, Deixemos o talento fluir. A minha ideia é falar sobre talento. E essa Bora é esse, esse o Santo Graal que o Santo Graal, que estamos todos à procura sempre do talento, não é ver quem é que. Para começar a definir, definir talento. Mas a gente já lá, gente, já lá vai.
JORGE CORREIIA (00:02:42) – Viva Tiago Forjaz! Posso definir te como, Como? O quê? Como? Como caça talentos? Pode ser? Achega o que eu acho.
TIAGO FORJAZ (00:02:51) – Que eu já não os caço. Eu gosto mais de libertá los. Quer dizer, se calhar houve uma primeira fase da minha vida em que os caçava. Agora gosto mais de soltá los, de libertar.
JORGE CORREIIA (00:03:00) – Então, essa ideia de que a gente pode ir por aí em busca é uma ideia quase mítica. Não é? Em busca do Lá está o próximo, Cristiano Ronaldo encontra meio José Mourinho. Essa ideia não faz sentido para ti.
TIAGO FORJAZ (00:03:12) – Não faz? Podes. Podes ir num safari e descobrir pessoas. Acho que a ideia da descoberta e da exploração é gira, mas a ideia da caça já não é tão positiva. Já hoje, com o pano e tudo, não podemos propriamente falar.
JORGE CORREIIA (00:03:25) – Parece uma coisa mais selvagem e.
TIAGO FORJAZ (00:03:28) – Antigamente a malta dizia que era escasso a cabeças. Eu costumava brincar e dizia para eu caça cabeça, mas entrei com o corpo senão isto não funciona.
TIAGO FORJAZ (00:03:35) – Mas não acho que eu vejo mais como libertador, porque eu acho que todas as pessoas têm talento e é o segredo em nós afiar nos os olhos para descobri lo. E como é que isso se faz?
JORGE CORREIIA (00:03:48) – O que isso significa? Que pode haver talento que está de alguma maneira, ou escondido ou amarrado?
TIAGO FORJAZ (00:03:56) – Sim, claramente. Para mim isso faz todo o sentido todos os dias.
JORGE CORREIIA (00:04:01) – O que é que tu? O que é que tu usas? O que é que? Qual o teu material de garimpa?
TIAGO FORJAZ (00:04:06) – Não há muito material a perguntas. Há técnicas que eu acho que eu acho que na realidade é muito simples. A melhor forma é observação, É quando nós conseguimos ter tempo e amor fica muito fácil mesmo, Mas temos que estar treinados para isso. Temos que ser capazes de estar permanentemente a procurar e a ver o que é que, o que é que a pessoa faz que é especial, quando é que ela se transforma, Quando é que lhe brilham os olhos? Quando é que ela perde noção do tempo, por exemplo.
TIAGO FORJAZ (00:04:35) – Há imensos, imensos sintomas que as pessoas experimentam quando usam o seu talento. Às vezes elas é que não estão conscientes.
JORGE CORREIIA (00:04:43) – É curioso porque quando quando nós vamos a uma entrevista de emprego, aquilo que tu estás a descrever é eu estou a pensar assim. Isso é exactamente o contrário do que acontece numa entrevista de emprego, em que há um processo, em que há um formalismo, em que há quase um implícito do fingimento. Não é vê las de portas bem para seres a que o candidato fit que é certo mesmo aqui nestas 322 alíneas que a gente pôs na entrevista de emprego.
TIAGO FORJAZ (00:05:12) – É infeliz que até até me custa ouvir te dizer isso, porque eu acho que, de alguma maneira o.
JORGE CORREIIA (00:05:17) – Preconceito.
TIAGO FORJAZ (00:05:17) – Não, não. De alguma maneira eu tenho a certeza que tu tens toda a razão. Infelizmente é até estatisticamente, mas eu não consigo ver isso assim porque fui sempre contra isso. Ou seja, eu acho que as pessoas não vão a uma entrevista de emprego para arranjarem um emprego. As pessoas vão a uma entrevista para descobrir qual é que é o seu talento e quem tem a responsabilidade de fazer uma boa entrevista.
TIAGO FORJAZ (00:05:40) – Na realidade, tem duas responsabilidades uma é de conseguir extrair dessa pessoa aquilo que verdadeiramente a torna singular e de só depois disso, combinar com a pessoa se aquilo que ela tem como desafio faz sentido para a pessoa que tem à frente. E, portanto, como é que isso faz e quer dizer? E para mim é tão natural que é difícil explicar. Mas olha, se calhar técnicas muito simples. Uma boa entrevista é como um bom jogo de futebol, 50% do tempo de posse de bola para os dois lados. Há coisas que nós preparamos e que queremos dizer sobre nós e portanto, convém ter já uma táctica de jogo, ok? Eu vou tentar jogar com esta estratégia e isto é importante eu dizer, mesmo que não me perguntem. Há perguntas que eu tenho que preparar e que é que são importantes para mim, porque eu também estou comprador de oportunidade e, portanto, e muitas vezes é aí que falha, porque quem contrata tipicamente contrata mais pela qualidade das perguntas que são colocadas do propriamente pelo que as pessoas dizem.
JORGE CORREIIA (00:06:36) – Espera, isso interessa me. Quer dizer que numa entrevista de emprego tu estás a ser julgado não só pelo conteúdo do teu pacote como também. Pela tua forma de perguntar, pela tua curiosidade, claro, claro.
TIAGO FORJAZ (00:06:52) – Pela forma e pela e pelo alcance das perguntas. Porque, repara, as pessoas têm esta ideia de que o que elas estão a fazer é matching. Estão a tentar encaixar a tua experiência dentro daquilo que é necessário para uma determinada responsabilidade. Isso é um absurdo, porque, se reparares bem, quer dizer, toda a gente diz que ninguém gosta de contratar mercenários. Nós não queremos mercenários, mas toda a ideia de ir contratar alguém baseado na experiência é um absurdo.
JORGE CORREIIA (00:07:19) – Parece uma compra de uma vaca leiteira. Exacto.
TIAGO FORJAZ (00:07:21) – Porque? Porque depois as entrevistas passam a ser narrações do currículo que até já está escrito. E eu percebo que a maior parte das pessoas que entrevistam, entrevistam em série e, portanto, na realidade nunca leram o currículo, o que é também por si só, já bastante triste. Mas uma entrevista não pode nem deve ser.
TIAGO FORJAZ (00:07:38) – A descrição do currículo deve ser um conjunto de marcos na carreira, feitos coisas que foram interessantes e que é que permitiram a pessoa ter um determinado contexto, um determinado resultado e algumas aprendizagens. Portanto, uma entrevista fica muito mais rica quando nós conseguimos olhar para a experiência passada, dissecar cada capítulo com o que é que era o contexto, qual é que era o desafio, o que é que foram os achievements, quais é que foram os feitos que eu consegui alcançar comigo, com a minha equipa e o que é que eu aprendi dessa experiência? E, portanto, porque nós não contratamos só com base na função, nós contratamos com base nos desafios que nós superamos. E eu acho que hoje em dia, cada vez mais faz mais sentido entrevistar e contratar pessoas que fizeram várias vezes bem pela primeira vez, porque essas pessoas estão sempre dispostas a aprender. Elas não se agarram a especialidade do que pessoas que fizeram várias vezes a mesma coisa são plásticas. No fundo, eu acho é que elas ficam rígidas, não é?
JORGE CORREIIA (00:08:35) – É lá, mas, mas, mas, pelo contrário, o implícito nestas conversas diz me se mais uma vez eu estou a ter um preconceito e vamos ali ao mercado comprar um valor feito.
JORGE CORREIIA (00:08:46) – Lá está a ideia de vamos lá comprar um Cristiano Ronaldo que já deu provas de fazer a mesma coisa. Muito bem, de preferência na indústria que nós trabalhamos, que é aquela coisa de ah, você não trabalha na relojoaria, As que estão se calhar não têm experiência. Vamos à procura de no fundo, de fotocópias, não é? Se calhar vão substituir a pessoa que já lá estava, que é exactamente uma fotocópia esperando resultados completamente diferentes.
TIAGO FORJAZ (00:09:11) – Sim, eu acho que é uma. É uma dicotomia. Evidente que as empresas não podem apostar só em talento, porque o talento demora tempo a desenvolver se. E é e é a performar. Mas o talento, a origem da palavra talento é uma moeda. Apesar de ser só uma. Tem dois lados, tem o potencial e tem a performance. As empresas estão viciadas em olhar para a performance e não querem investir o tempo necessário para extrair do potencial novas performances. Portanto, entramos numa roda dentada, quer dizer, num jogo viciado de atender só a experiência e a performance é a prova dos nove e, portanto, o potencial é uma coisa tangível.
TIAGO FORJAZ (00:09:49) – Quando nós olhamos para o Ronaldo, é um clássico que interna conversa estúpida de que o Messi é que tem talento e o Ronaldo é um gajo esforçado. Isso é das coisas que mais me irrita porque é.
JORGE CORREIIA (00:10:00) – Ridículo em si mesmo.
TIAGO FORJAZ (00:10:02) – É ridículo. Quer dizer, isto é conversa de imbecis.
JORGE CORREIIA (00:10:04) – Se não tivesse talento, nunca poderia chegar ao nível que chegou.
TIAGO FORJAZ (00:10:07) – Até porque as duas coisas são sinónimos de talento. Portanto, o Ronaldo quando estava lá na Madeira alguém reparou no rapaz e ligou pk estava a ver. Potencial, claro é o potencial.
JORGE CORREIIA (00:10:16) – Quando vem para o Sporting. Claro que isso aconteceu e quando foi para o Manchester, como é evidente. Portanto houve vários níveis de pessoas que percebiam muito daquilo que disseram. Estas características são, obviamente de.
TIAGO FORJAZ (00:10:27) – Talento, naturalmente, portanto. Mas essa é a primeira fase do talento, que é o potencial, que é quando nós vemos que há qualquer coisa na pessoa e a pessoa num mecanismo de experimentação, de aprovação, Portanto, é um estímulo, decide repetir uma determinada atividade.
TIAGO FORJAZ (00:10:44) – Isto, isto tem uma explicação neurológica, que é quando nós somos crianças e experimentamos uma coisa e o nosso Pai aplaude. O estímulo faz com que a criança quer repetir e o nosso cérebro começa a reparar que nós estamos a usar um determinado circuito neuronal mais vezes do que outros e, portanto.
JORGE CORREIIA (00:11:01) – Ficamos mais felizes e logo, com mais vontade de voltar a experimentar coisas novas.
TIAGO FORJAZ (00:11:05) – Evidente, Mas também quimicamente é importante descodificar esta cena da felicidade. Isto hoje em dia tem uma abordagem diferente. Chama se mielina. É uma droga, aumenta em 100 vezes a velocidade e a capacidade de percorrer esse percurso neuronal. Portanto, a exploração do potencial, sobretudo em idades muito novas, é absolutamente exponencial e por isso é que estamos cheios de prazer a experimentar aquilo que se chama flow fluir. Felicidade está dizendo. Perdemos a noção do tempo, perdemos a noção dos nossos problemas emocionais. A partir de certa altura nós ficamos competentes. Mas é a partir desse momento que nós fazemos uma inversão absoluta e completa que a partir daí o que interessa é trabalhar os nossos defeitos.
TIAGO FORJAZ (00:11:46) – Portanto, é a tal história da prática deliberada das 10.000 horas. É por causa disso que o Ronaldo ficava a marcar livres, porque ele não era bom nisso. Portanto, são duas técnicas que, depois de nós sermos competentes, elevam o patamar para a excelência. Portanto, se eu souber quais são os meus defeitos, se eu tiver um mentor que tenha uma relação emocional comigo, que saiba abordar me para eu superar me nas coisas que eu não faço bem, então consigo alcançar a excelência. Se dentro dessa relação eu quiser construir história, se eu tiver a minha biografia, como tem o Ronaldo, se eu quiser mesmo ser o melhor do mundo, tiver uma boa mentoria e tiver essa prática, então já não é nada prazeroso, É esforço absoluto. Mas estas são são as duas facetas da mesma moeda. Mas as pessoas adoram esta ideia romântica de que ou se nasce com talento ou se desenvolve. E se eu não vejo o talento é porque ele não existe. Quer dizer, essa quantidade de absurdos que existem sobre o descodificar, o que é que é o talento?
JORGE CORREIIA (00:12:46) – E entre o talento, podemos começar por aqui.
JORGE CORREIIA (00:12:51) – O que é que é o talento?
TIAGO FORJAZ (00:12:53) – Talento é uma coisa que nós fazemos e gostamos. Se tu perguntares uma criança de sete anos o que é talento? Eles sabem, Eles respondem exactamente, Isto é uma coisa nós fazemos e gostamos e, portanto, por definição, toda a gente tem. É uma coisa que que nos faz brilhar os olhos e é uma coisa que faz com que os nossos pais se sintam orgulhosos e, portanto, se nós deixarmos que isso seja verdadeiramente a primeira definição de talento, então depois podemos eventualmente preocupar nos com performance. Notas A gente depois leva os nossos filhos à escola, Depois parece que a única coisa que conta são as notas e que se não houver nada tangível que corrobore a capacidade de alguém, então é porque não a tem.
JORGE CORREIIA (00:13:33) – O puto não passou, não teve uma boa nota, logo é estúpido e pode não ser. Pode haver várias coisas neste contexto que podem desafiar esse princípio, naturalmente. Estão a gostar do Pergunta simples. Estão a gostar deste episódio? Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que já Esta? Esse subscrever na página e pergunta sempre Pronto, como tem lá toda a informação de como pode subscrever, pode ser por email, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como o Spotify, o Aple ou o Google Podcasts.
JORGE CORREIIA (00:14:13) – Assim, cada vez que houver um novo episódio, ele aparece de forma mágica no seu telefone e é a melhor forma de escutar a pergunta simples. Tu falaste agora aqui de de, por um lado, de potencial de coisas que nós conseguimos fazer e, por outro lado, de defeitos que é preciso limar coisas. Como é que as ideias de melhoria, não é? É mais interessante tu explorares o potencial e desenvolveres progressivamente essas capacidades que te fazem brilhar os olhos e que te tornam muito especial. Ou investires mais tempo a tentar resolver as tuas pernas de pau.
TIAGO FORJAZ (00:14:56) – Olha, eu tenho uma convicção profundíssima que isto é uma precedência. Não acho que seja uma escolha. Tens que fazer as duas, mas tens que fazer uma antes da outra. Portanto, se pensares nos jesuítas, os jesuítas sempre tiveram esta técnica, que é a técnica do elogio. Portanto, quando tu vais espalhar a palavra do Senhor pelo mundo e nem sequer falas a língua, a primeira técnica é observares e dares crédito. Há coisas que tu achas que são singulares, portanto, o elogio faz com que o outro tenha consciência de que tu vens por bem e quando tu vens por bem, é mais fácil tu, depois de haver essa confiança.
JORGE CORREIIA (00:15:32) – Abrir a porta.
TIAGO FORJAZ (00:15:32) – Dizer te assim Epá, isto é que se calhar não está tão bem. Queres ajuda? É muito mais fácil. As pessoas, as empresas estão afiadas para dizer o que é que está mal e começam pelo. Pela performance dentro de uma empresa, a primeira coisa que dizem para tu não és tão bom não é que se veja a fazer uma formação, portanto é o mundo normal que é normalizam, tem tudo, mas são incapazes. Pois numa caixa assim, quer dizer, querem que tu sejas normal, não é mesmo? Nós dois falamos muito de diversidade e queremos pessoas muito diferentes. E queremos crescer.
JORGE CORREIIA (00:16:00) – Mas não queremos.
TIAGO FORJAZ (00:16:01) – Não queremos nada. Nós queremos moldar as pessoas que são diferentes depois das recrutamos, quer dizer, e depois? Os critérios são absurdos. E a cor, e o tamanho? E o sabor e cultura, quando na realidade a única coisa que importa, sobretudo uma organização, é a diversidade cognitiva. Portanto, às vezes temos mais diversidade no de um e de um entre gémeos que pensam de formas diferentes do que termos pessoas com alturas e idades e cores diferentes.
TIAGO FORJAZ (00:16:27) – Não percebe?
JORGE CORREIIA (00:16:28) – Isto é muito complicado, porque se estás formatado para a performance, para fazer muito bem, muito depressa, para dar muito leite e para produzir muito. E se te vão buscar pela diversidade, mas a seguir te tentam arredondar para para caber dentro do puzzle. Tu podes encontrar os melhores do mundo, porque eles um par de anos e são transformados em zebras cinzentas.
TIAGO FORJAZ (00:16:53) – Sim, mas repara, é que isto é que o que falta compreender é que isto não é uma dicotomia. Não é preciso escolher. Isto não é zero ou não é binário. Quando nós olhamos, por exemplo, por uma Google, a Google tem um modus operandi que é regra de 80, 20, que é, por um lado, eles são obcecados com a excelência e, portanto, eles sabem que é muito importante ter especialização, ter pessoas que sabem do que é que estão a fazer. Mas 20% do tempo essas pessoas têm que estar a preocupar se com coisas que as apaixonam, que não dão dinheiro, não são sobre eficiência, não são sobre a execução, são sobre a colaboração, sobre inovação.
TIAGO FORJAZ (00:17:27) – E, portanto, é esta. Esta sinergia tem que ser possível. Ou seja, eu não tenho que escolher só pessoas com potencial que nunca fizeram nada, nem pessoas que são peritas e portanto, não podem ser questionadas e não têm que aprender nada e não sabem nada. Portanto, essa mistura tem que ser, por um lado, sistemicamente conhecida. Portanto, a ideia de que eu tenho que estar permanentemente a extrair valor de uma coisa que já conheço, mas também tem que estar a criar o futuro, porque senão as pessoas, as pessoas e as empresas morrem e ficam cinzentas de funcionar só de uma forma. E essa esse desconforto é absolutamente necessário. Nós aprendemos mais e melhor quando estamos desconfortáveis, mas como seres humanos somos, nós somos perigosíssimos. Nós somos muito preguiçosos. Portanto, se nós pudermos, nós queremos gastar o menos energia cerebral possível, porque é uma questão de sobrevivência. Portanto, nós estamos desenhados dessa maneira. E mais, no coletivo. Quando fazemos este coletivo, também ficamos preguiçosos e queixamo nos tudo e sempre nos dá um desafio.
TIAGO FORJAZ (00:18:24) – E agora diz que chatice, lá vem mais um. Mas isso é um vício, não é? Portanto, as pessoas elevam se quando estão fora da sua zona de conforto e esse desconforto tem que ser construído, estimulado, abraçado.
JORGE CORREIIA (00:18:37) – Mas esse desconforto não pode gerar uma insegurança tal que faz com que alguém possa inibir, no fundo, a execução do seu próprio talento.
TIAGO FORJAZ (00:18:46) – Eu acho que o desconforto não queria nada de mal. O que cria desconforto é a forma como os líderes acham que punir alguém ou que a medição é diferente do desconforto. A maior parte das coisas que nós aprendemos na vida não são prazerosas. E é preciso ter esta consciência. Agora nós dizemos sim a esta formação. Todas as pessoas não. As pessoas não gostaram da formação. Rogers. Nem tudo o que nós aprendemos é sobre o prazer. Isto não é entretenimento. Nós não estamos a ir ao cinema. Há coisas que podem ser e há outras que não são, porque nós, para desenvolvermos, precisamos de falhar. Nós. O ser humano aprende num exponencial, desde que o deixe falhar.
TIAGO FORJAZ (00:19:27) – Agora nós, quando juntamos equipa, estamos sempre a pôr um cap sobre o potencial risco. E para isto vou falar com o meu chefe. Fazemos uma reunião para a semana que vem. Portanto, quando se fala da vulnerabilidade das pessoas e disso estamos a falar, nós não queremos arriscar, mostrar as nossas fraquezas. Nós não queremos mostrar o fracasso, o erro, o disparate. E se repararmos, quando as crianças brincam, elas não fazem outra coisa. Elas passam a vida a fazer disparates e a rirem se.
JORGE CORREIIA (00:19:53) – Mas nas organizações, falhar pode ser. Pode ser não ser premiado, pode ser ser despedido. No limite. E por isso toda a gente se organiza na cadeia alimentar para disfarçar o falhanço. Isso.
TIAGO FORJAZ (00:20:07) – Isso.
JORGE CORREIIA (00:20:08) – A começar pelos líderes.
TIAGO FORJAZ (00:20:09) – É um carnaval.
JORGE CORREIIA (00:20:11) – Para os.
TIAGO FORJAZ (00:20:11) – Líderes. Como é que os líderes funcionam? Não, não é pelos líderes, é pelos chefes, não é? Mas o problema é que em Portugal, os chefes não os líderes. No mundo em particular, as pessoas confundem as duas coisas bastante frequentemente.
TIAGO FORJAZ (00:20:21) – E para mim, um líder é uma pessoa que influencia positivamente e qualquer pessoa pode liderar. Eu muitas vezes digo que no meu prédio onde eu trabalho, o primeiro líder que eu encontro é o porteiro, que todos os dias me oferece um sorriso e que me influencia positivamente. Quando eu lhe falta, eu noto a falta dele e se ele.
JORGE CORREIIA (00:20:39) – Estiver triste, tu sentes logo em cima.
TIAGO FORJAZ (00:20:41) – Agora não é porque eu tenho o poder de me abrir a porta, ou aquele ou aquele tem o poderzinho. Não é de ser porteiro, é porque ele de facto inspira as outras pessoas. Nós não precisamos de ter aqui nenhuma sobre os outros, mas as chefias que gostam muito e que ficam agarradas. Esta ideia de que, como eu que cheguei aqui e deram me o estatuto do poder, então eu tenho que preservá lo. Elas de facto criam essa competição, essa tensão, essa ideia da punição e portanto, isso rebenta com os ambientes de aprendizagem. Nós, Se nós formos pais violentos, os nossos filhos não querem brincar.
JORGE CORREIIA (00:21:15) – Claro. Portanto, tens que criar esse essa. No fundo, esse espaço para que isso possa acontecer.
TIAGO FORJAZ (00:21:21) – Sim, eu acho que isso é muito giro. Os meus filhos andaram no Liceu Francês e a certa altura eu apercebi me que eles usavam a palavra aprender como sinónimo de ensinar e o corrigiu. Isso não é aprender, é aprender. Tens que encontrar a palavra francesa para o ensinar e curiosamente, eu é que estava errado. Ou seja, em francês, aprender quer dizer as duas coisas aprender e ensinar. E eu acho que isso é uma lição, porque os melhores líderes são aqueles que aprendem contigo. E como nos professores, os melhores professores no liceu, na faculdade, são aqueles que não querem ensinar te, eles querem aprender contigo. Portanto, eles sentam se ao teu lado e aprendem contigo e riem se. Isso é uma coisa espetacular. Portanto, a liderança não é o exercício de um cargo de poder, é um estatuto temporário que nós temos. Eu, como pai, eu às vezes lidero e outras vezes são eles que me lideram a mim.
TIAGO FORJAZ (00:22:13) – Portanto, o verbo liderar nem sequer se conjuga no verbo ser. Eu não sou líder, eu estou líder ou não estou líder e, portanto, é uma coisa intermitente e é uma coisa que nós devíamos ter humildade para aceitar. Portanto, eu diria que os líderes tentam ser consistentes e fazer isso de uma maneira, num contínuo positivo. O que é que O.
JORGE CORREIIA (00:22:35) – Que é que tem que ter? Que talentos tem que ter um líder para para ter, para para funcionar dessa maneira?
TIAGO FORJAZ (00:22:41) – Eu acho que não há uma receita. Eu acho que todas as pessoas lideram com uma receita muito individual, muito personalizada.
JORGE CORREIIA (00:22:47) – Porque é isso que normalmente nós, quando aqueles líderes que nós reconhecemos de uma forma automática e um bocadinho, isso quer dizer, não há uma fotocópia daquilo alma, aquela, aquela, aquela, aquela maneira de ser e de estar é uma maneira única.
TIAGO FORJAZ (00:23:02) – Sim, eu acho que todas as pessoas são únicas na forma como lideram. O que eu acho é que há. Depois há um conjunto de responsabilidades que os líderes aceitam e uma delas é a responsabilidade.
TIAGO FORJAZ (00:23:15) – Seja a habilidade para dar resposta à pergunta de que talentos é que eu tenho na minha equipa? E as pessoas têm? Se tu estás a liderar alguém, tens a responsabilidade de desenvolver essa pessoa, tens que descobri la e depois tens de desenvolvê la.
JORGE CORREIIA (00:23:27) – E como é que isso faz? Como é que, como e como? Que conselho darias tua 1A1 líder para dentro da sua equipa, começar a minerar, a detetar e ajudar a sua equipa? No fundo.
TIAGO FORJAZ (00:23:39) – Eu acho que tens que começar por retirar o tabu do talento, praticar o elogio, começar por dizer às pessoas que estás a observá las e que queres falar abertamente sobre o talento de cada uma delas à frente de todas elas, que é para elas começarem a construir confiança não só em ti, mas entre elas, porque elas também. Se elas não conhecerem os talentos uns dos outros, também não vão ser capazes usar e liderança também. E isso é criar relações entre as pessoas de maneira que elas saibam trabalhar umas com as outras, não criar uma rede no fundo.
TIAGO FORJAZ (00:24:07) – Exacto, pois não estás a trabalhar numa estrela, senão toda a gente gosta do papá E o papá? Sabes o talento do João e do António e da Rita, mas eles não sabem brincar sozinhos e portanto a ideia de nós é quando.
JORGE CORREIIA (00:24:20) – O papá não estiver eles eles deixam de funcionar. Por isso é.
TIAGO FORJAZ (00:24:23) – Que estou a dizer não é? O papel dos líderes é fabricar outros líderes e, portanto, ao fazer isto, a um primeiro passo é de estigmatizar a palavra e usar o elogio com frequência. Portanto, ter consciência de que é trabalho de todos, observar o que é que o outro faz bem e dizê lo, porque senão fica fechado na gaveta. E depois, a partir daí, é muito difícil dizer ah, mas nós não temos talentos, nós não sabemos, Nós não falamos disso, porque quando tu estás a colaborar, as pessoas lideram em função do seu talento e a liderança é circunstancial. Ou seja, tu não lidera por poder ter uma ideia, porque sabes uma especialidade, tu lidera porque tens consciência de qual é que é o tipo de imagem e qual é que é o verbo que tu usas faz toda a diferença, não é por isso? Não, não é não.
JORGE CORREIIA (00:25:03) – Então deixa me provocar te e perguntar então porque? Porque proliferam? Os líderes religiosos honestamente autocentrados. Porque, no fundo, quanto eu.
TIAGO FORJAZ (00:25:15) – Vou te dizer, eu acho que quer dizer, há muitas razões eu tenho. Eu não tenho muita paciência para escalpelizar todas, mas há muitas. Eu acho que é mais simples. E este é que nós. Nós precisamos de pensamentos simples, não temos tempo para pensar. E isto vem de uma era industrial em que era preciso pôr rótulos em tudo, sincronizar o trabalho de cada um. Faz a sua peça. Epá, e não penses muito é para fazer. Pronto, É, essa era acabou.
JORGE CORREIIA (00:25:39) – Agora tudo é complexo, tudo é. Eu acho que.
TIAGO FORJAZ (00:25:42) – Não é complexo, é natural e orgânico, portanto. Mas tens que chegar a uma sabedoria sobre as coisas, que é muito diferente da forma como nos tratavam quando nós éramos mais pequenos e ou como tratavam os nossos pais. Que tu és estúpido, tu não vais perceber, portanto tu tens poder. Faz só isto, que é o que eu estou a dizer.
TIAGO FORJAZ (00:26:00) – Portanto, a obediência faz o sistema operativo. Hoje a obediência não serve para nada, porque as pessoas estão todas muito mais informadas do que a pessoa que tem o poder de tomar decisões, quanto mais não seja por isso. Portanto, as próprias estruturas organizacionais mudaram drasticamente que antigamente. A estrutura piramidal é a pessoa que está no topo, é a única que tem toda a informação e portanto, nós para sincronizar mos, temos é que obedecer, porque só ele é que sabe a que horas e quer invadir por ar, mar e terra para fazer aquilo que ele precisa de fazer hoje em dia. Eu acho que o céu é o que está menos informado sobre o que realmente está a acontecer.
JORGE CORREIIA (00:26:31) – E provavelmente não se dá nada bem com essa ideia. Nem é por causa de uma insegurança. No fundo, não é exactamente ter a máxima responsabilidade e não ter o mínimo controlo sobre a organização.
TIAGO FORJAZ (00:26:40) – Por isso é que os bons líderes têm uma humildade enorme, estão permanentemente à escuta e a perscrutar. Portanto, essa é a grande chancela de um bom líder.
TIAGO FORJAZ (00:26:48) – É ter consciência que ele tem um vértice, ou seja, ele está num ponto de vista que é óptimo. Porque? Porque é de cima para baixo. Ele consegue ter o mapa do mundo, mas ele não sabe o que é que se passa no terreno. E ele para poder ter isso, ele precisa mesmo de ser disponível e aberto e não estar vítima da insularidade, Portanto. Mas em Portugal e no mundo que as pessoas gostam de fazer e Barreirinhas de coral. Portanto, eu posso ser muito importante, mas sou suficientemente importante para não te deixar chegar ao CEO. Se tu quiseres ver a cultura de uma organização, a coisa mais simples que tens a fazer é pedir o telemóvel a ver se a secretária está.
JORGE CORREIIA (00:27:20) – Não, claro que não.
TIAGO FORJAZ (00:27:21) – Não porque ela é especial, porque tem acesso.
JORGE CORREIIA (00:27:24) – Quer falar com o senhor doutor? Liga me que eu ajudo.
TIAGO FORJAZ (00:27:27) – Claro. E, paradoxalmente, não fui eu que inventei isto, nem está escrito nos pastores da CCL do Center For Me.
JORGE CORREIIA (00:27:32) – Mande lá um email.
JORGE CORREIIA (00:27:33) – Quer dizer que é daqueles.
TIAGO FORJAZ (00:27:34) – Que é para adiar e.
JORGE CORREIIA (00:27:36) – Para atrapalhar.
TIAGO FORJAZ (00:27:37) – Porque é sinal que é muito bom e que está a trabalhar imenso. Mas a maior parte dos conselho de administração, quando chegas ao último andar é que dá um silêncio sepulcral. Ninguém está a trabalhar coisa nenhuma, os gajos trabalham. Eu sei que vou arranjar muitas inimizades e isto, obviamente é uma caricatura. Mas é dizer o seguinte a maneira como nós nos pomos disponíveis e permeáveis para olhar para o que é que é informação e para o que é novo, determina o gozo que as pessoas têm em poder trabalhar connosco.
JORGE CORREIIA (00:28:04) – Isso é interessante porque assim falas da barreira de Coral e eu adoro a imagem. A outra parte é que as lideranças ou as chefias, como eu, vou usar a expressão chefia, que acho que é melhor, por um lado, para o pala a ideia do feedback e de falem honesta e abertamente, mas objectivamente vão se progressivamente rodeando daqueles que que dizem Chefe, o chefe é o maior, o chefe é extraordinário E quando aparece um alguém que diz um desalinhado, o chefe não é tu, não vestiste a camisola e é.
TIAGO FORJAZ (00:28:35) – Isso, Estás desalinhado.
JORGE CORREIIA (00:28:36) – E portanto isso mata qualquer processo de de seguir, não é?
TIAGO FORJAZ (00:28:41) – Mas se reparares, nós ainda estamos todos infectados com terminologia de guerra. Quer dizer, tudo, tudo o que vem do militar. Temos de estar alinhados, temos que conquistar esta parte do mercado, temos que ir para a guerra. Quer dizer, tudo isto é um absurdo. Para além de não ser muito inclusivo, não é porque metade da população que trabalha nestas organizações são mulheres e para isto tem muito pouco apelo para mulheres.
JORGE CORREIIA (00:29:04) – Não lhes diz nada, não.
TIAGO FORJAZ (00:29:04) – Nos diz nada. Na realidade, a nós retira nos a possibilidade de nós participarmos verdadeiramente naquilo que é o exercício de uma organização. E isso é muito engraçado, porque, por exemplo, vou dar um exemplo onde isto prejudica imenso. A maior parte das empresas hoje usa a palavra transformação no dia a dia. Era inovação, agora é transformação.
JORGE CORREIIA (00:29:24) – O que é transformação?
TIAGO FORJAZ (00:29:25) – É transformação. Eu penso que aprendi com uma pessoa que eu gosto muito e ir para além da forma na acção.
TIAGO FORJAZ (00:29:32) – Portanto, se reparares bem, o ridículo disto é que formação é dar formação, vem do mundo industrial. A gente conhece o problema, sabemos quais são as ferramentas da gente. Resolve assim tu faz como eu te digo, acabou. Pronto. É para isso se da formação, transformação e dizer assim ninguém faz. Puta ideia, nós não sabemos como é que se resolve isto. Portanto, tu estás em transformação como estás no corrido contágio. Contágio sem cartografia, não é? E isso é muito necessário porque 90% das coisas que acontecem hoje em dia não são planeadas. Nós é que nós gostamos de acreditar que o objetivo vai ser cumprido, para que as eleições são só daqui a 50 anos. Epá, é tudo mentira. Portanto, treinar o improviso, treinar aquilo que realmente acontece. Se é uma coisa muito pouco conversada e portanto, eu adoro o tema da transformação, porque se reparares e isto é uma coisa que anda. Ainda ontem falei nisto. Há um cliente que é a mais ridícula do mundo a ideia da transformação em cascata.
TIAGO FORJAZ (00:30:23) – Quer dizer, o senhor acha uma coisa qualquer e decide que se ele mandar um e-mail a todos os directores de primeira linha, eles vão alinhar as suas tropas e que aquilo vai ser feito.
JORGE CORREIIA (00:30:33) – Isso é uma lógica de campanha militar. E lá está para baixo. Eu mando, eles fazem.
TIAGO FORJAZ (00:30:38) – Alguma vez esta ideia funcionou, Mas é que alguém alguma vez Eu só preciso de um exemplo, uma evidência.
JORGE CORREIIA (00:30:44) – Juntamo nos todos. Funcionou lá na sala grande da empresa e alguém declara Vamos transformar isto.
TIAGO FORJAZ (00:30:50) – E todos eles, e eles fazem. É que nunca funcionou. Porquê? Porque é tão ridiculamente óbvio que depois, quando começamos a explorar as metáforas que são mais da natureza, nós falamos em ondas de transformação. Nós não falamos em cascatas, não é? E quando tu pensas nisto, diz assim Mas os directores primeira linha levam porrada de cima, de baixo São as pessoas que têm menos incentivo a mudar seja o que for. Primeiro, estou convencido que só aprendem quando forem promovidos ou quando forem o CEO. Não negam se a aprender com as pessoas que estão ao lado delas.
TIAGO FORJAZ (00:31:22) – Portanto, elas estão nesta dicotomia que só aprende de cima para baixo se eu estou sempre no avião. Portanto, eu não aprendi com o gajo, portanto não estou a aprender nada e é uma.
JORGE CORREIIA (00:31:28) – Questão competitiva, também não é.
TIAGO FORJAZ (00:31:30) – Competitiva. Exactamente. Tu é que eu é que vou ser rei no lugar do rei. Portanto, quando tu vês, tens pressão de cima e tens pressão de baixo. E tu já tens o teu BMW série cinco hoje. Anos espetaculares e que não vão pagar mais por aquilo. E vai daí, tu não queres mais dinheiro ou queres mais tempo.
JORGE CORREIIA (00:31:45) – E felicidade, não é?
TIAGO FORJAZ (00:31:46) – E pedirem para investir mais tempo e inspirar as pessoas a fazerem diferente? Tu não queres.
JORGE CORREIIA (00:31:51) – Saber. É uma carga de trabalhos evidente.
TIAGO FORJAZ (00:31:52) – E portanto, aquilo e aquilo é uma palhaçada. E tu sempre que vês isto é um absurdo na vida real, quando vais ver? E eu costumo dizer isto aos líderes que tento ajudar a transformarem seja o que for que é enquanto líder, quando estás em transformação.
TIAGO FORJAZ (00:32:08) – É preciso ter consciência de que é como surfar o canhão da Nazaré. Aquela onda só te permite duas coisas.
JORGE CORREIIA (00:32:14) – Não tens um exemplo mais fácil do que os 30 metros do canhão da Nazaré?
TIAGO FORJAZ (00:32:17) – Não, porque transformação é mesmice e mesmo transformação é uma questão de vida ou morte. Vais morrer porque senão é só, é uma palavra, é um ajustamento, é um banzo, uma transformação, uma coisa de vida ou morte, percebes? Portanto, diz assim Tu tens noção de que só vais poder escolher o movimento, Portanto, ou cortas a onda para a esquerda ou corta a onda para a direita. E uma das.
JORGE CORREIIA (00:32:35) – Últimas contra a cabeça.
TIAGO FORJAZ (00:32:38) – É quando é que tu fazes o drop in? Portanto, só escolhes movimento e momento. Tudo o resto é feito pelas pessoas. As pessoas é que decidem se vão aderir a essa mudança. Portanto, todos nós já vimos a curva da adoção tecnológica. Todos sabemos que há 2,5% das pessoas nas organizações que se atiram de cabeça para dentro do mar sem saber o que está lá dentro.
TIAGO FORJAZ (00:32:56) – Pois há uns que acham piada a esses loucos e vão atrás deles. Mas tudo somado são 16%. É muito pouco, é muito. Não consegues ganhar eleições com 16%. É a mesma coisa nas empresas, Portanto, as empresas só se transformam quando tu consegues fazer o tipping point, ou seja, quando 51% das pessoas querem mais o futuro do que o passado. E dizem.
JORGE CORREIIA (00:33:12) – Isto, se calhar até até vale a pena.
TIAGO FORJAZ (00:33:14) – E portanto o problema é como é que chegas aos pragmáticos? O que.
JORGE CORREIIA (00:33:17) – Exatamente? O que é que motiva os chatos dos pragmáticos, então?
TIAGO FORJAZ (00:33:21) – É muito simples. É a liderança informal. Portanto, é a malta que tu respeitas informalmente. Tu vais jogar à bola às quartas feiras, Achas que o gajo é um gajo imaturo? Ele ou ela? Quer dizer, estou aqui a usar esta terminologia.
JORGE CORREIIA (00:33:31) – E qualquer coisa pensa que partilha entre nós.
TIAGO FORJAZ (00:33:34) – Que ensina. Portanto, esses são os líderes verdes, mas não são. Estão pendurados no organograma e muitas vezes não são os da primeira linha.
TIAGO FORJAZ (00:33:40) – São pessoas que estão informalmente escondidos no meio da trama de organização e esses é que têm que ser ativados. Portanto, o organograma não serve para muito. O que serve é uma coisa chamada Our unique organization network analysis. É olhar para a rede social dentro da organização e vês que é que são os influenciadores, quem é que está com quem fazem pontos, Estás a ver? Às vezes não é um tipo super extrovertido. Toda a gente gosta é que é mais popular, mas é a pessoa que é única, que consegue conciliar duas áreas que normalmente não se comunicam. Por exemplo, é um bridge, É esta.
JORGE CORREIIA (00:34:12) – Malta não se dá a este departamento com aquele, É alguém que consegue fazer ali a ligação entre encontrar uma paz entre todos e conseguir catalisar. Também está na moda a.
TIAGO FORJAZ (00:34:22) – Palavra perfeito, perfeito. Portanto, o somatório dessas pessoas é que são é que são as pessoas que tu podes ativar para convencer as outras e a transformação um contágio. Portanto, quando tu vês, por exemplo, eu costumo dar este exemplo também e portanto os líderes ficam Epá, com não, mas é que tens que ser humilde, é que tu não vais controlar as pessoas.
TIAGO FORJAZ (00:34:38) – Agora também temos outra coisa que a malta que também já está viciada e usa aquele discurso infantil que epá, o Jorge, eu até queria transformar isso tudo. Eu transformava isto já amanhã, só que o meu chefe não dá o exemplo e isto serve de desculpa para as pessoas não fazerem diferente. É uma rolha, é uma ronha, é um ranço. Já uma desculpa é outro.
JORGE CORREIIA (00:34:59) – É pá, já passei por.
TIAGO FORJAZ (00:35:00) – Quatro vezes, porque é que não é? Portanto, é tudo fora de nós, não é? Mas é engraçado. Depois eu conto outra história onde nós vemos transformação à nossa frente, que é o bailarico de aldeia. Quando tu vais a uma festa de aldeia, acontece uma transformação. Portanto, entre as 17h00 não está ninguém para cheirar a febra, não sei quê. Epá, já ali um acordeão cita uma música da rádio, mas epá. Sete Põe se o sol e está tudo a dançar uns com os outros. Então como é que esse processo acontece? Na minha perspetiva, acontece sempre da mesma maneira.
TIAGO FORJAZ (00:35:31) – Há malta que diz logo é para o álcool, é fundamental e é verdade. Ajuda, é lubrificante, mas normalmente são as mulheres, portanto são duas miúdas que não aguentam. Quer dizer, mal começa a música a bombar e elas dança uma com a outra. E os tipos Epá, espera aí, vou interromper.
JORGE CORREIIA (00:35:44) – É por osmose.
TIAGO FORJAZ (00:35:45) – Não é para os moços. Eu acho que é por atrevimento e portanto há um que quer dançar com uma miúda e portanto vai lá e interrompe e o colega não.
JORGE CORREIIA (00:35:53) – Ficar atrás.
TIAGO FORJAZ (00:35:54) – Não quer ficar atrás. Portanto, só há duas forças motrizes na transformação a inveja E inspiração. É uma coisa que tu sabes de fazer para transformar seja o que for. Encontrar alguém para dançar. Portanto, quando as pessoas acham que vão do estado zero para o Estado um numa organização é que é por decreto é que é overnight. É uma estupidez. Quer dizer, essa é a principal razão para as pessoas perceberem que nunca lá vão chegar. E eu digo às pessoas Epá, nas organizações só tens que encontrar alguém para dançar.
TIAGO FORJAZ (00:36:17) – Deixa que o resto vai funcionar porque as pessoas depois, ou por inveja ou por inspiração, vão fazer igual, vão mimetizar. Aliás, nas empresas não fazemos outras coisas senão fazermos macaquinhos e imitarmos todos uns aos outros. Estamos todos ocupados, temos todos o Outlook cheio e portanto, fazemos todos como o outro, o outro ocupado. Eu também e deve ser isto que os gajos querem. Também estou ocupado e depois queixam se, não têm tempo e muitas vezes.
JORGE CORREIIA (00:36:38) – Está toda a gente na reunião.
TIAGO FORJAZ (00:36:39) – Está na reunião e diz assim. A organização paga aos líderes para gerirem o seu tempo e para reunirem consigo próprios e para gerirem as suas prioridades e não rebentarem. Mas epá, como isso não está no manual de instruções, ninguém está a fazer isso. Eu não vou fazer. É possível? Eu não sabia que era possível.
JORGE CORREIIA (00:36:58) – Tu podes fazer isso.
TIAGO FORJAZ (00:37:00) – Só devemos ter uma responsabilidade.
JORGE CORREIIA (00:37:03) – Esta fórmula é uma. É uma fórmula curiosa. Olha, vamos a uma coisa muito prática, que é como é que nós conseguimos ajudar as pessoas a auscultar e detectar os teus talentos? Há uma grelha de perguntas às várias coisas.
TIAGO FORJAZ (00:37:19) – Podes mudar o que tu gostas de fazer? Começas por aí.
JORGE CORREIIA (00:37:22) – Mas isso não é talento, Isso é prazer.
TIAGO FORJAZ (00:37:24) – Então é tudo. Quando o desprazer não é natural, não é evidente.
JORGE CORREIIA (00:37:28) – Mas tu começas pelo prazer, começas por aí. O que é que te dá.
TIAGO FORJAZ (00:37:31) – Gozo e consequência? Claro que dá gozo. E depois há coisas que podes gostar muito, mas depois não têm valor ainda suficiente. Não é reconhecido. Mas é natural que através dessa ligação e consequência do que tu fazes, não é? Portanto, essa é uma pergunta que podes fazer à pessoa, Mas a pessoa também pode perguntar A minha mãe ensina me a mim quando não souberes. Pergunta filho. Portanto, eu também tenho a lata de perguntar às pessoas que trabalham comigo Tu que viveste comigo, tu que para, que me conheces há 25 anos, quais são os talentos que tu me atribuis? E as pessoas? Elas reconhecem? Elas são capazes? Epá, acho que tens uma criatividade gira para falar de uma maneira não sei o quê.
TIAGO FORJAZ (00:38:03) – Quer dizer, é, mas essa conversa tem que ser feita. Há uma outra coisa que eu acho delicioso e que muitas vezes gira as pessoas, sobretudo em ambientes mais familiares. Queres jogar um jogo tão simples como o retrato chinês? Quer dizer, sim, vamos. Estamos todos aqui a jantar. Vamos jogar o jogo que é. Vamos todos pensar Se o Jorge fosse um animal, que animal seria? E porquê?
JORGE CORREIIA (00:38:23) – Uau, gosto disso. Pronto.
TIAGO FORJAZ (00:38:24) – E a malta fica calada. Não, não podes dizer. Portanto, imaginem que tu és a vítima entre parênteses. Tu só falas no final, mas tu também tens de jogar. Precisamente dizer assim pá, eu se fosse um animal que eu acho que seria E porquê? E portanto vai se faz assim uma rodinha ouvir as pessoas. Epá, eu acho que se o Jorge fosse um animal seria uma tartaruga. Porquê? Porque acho que eles são sempre muito sábios, São muito simpáticos. Eu Porque eu havia as tartarugas Ninja. Eu Seja o que for, não é isso.
TIAGO FORJAZ (00:38:49) – Tu reparares é muito engraçado, porque na natureza. Não há defeitos. Tu não dizes que a girafa tem um problema que é o pescoço. É muito comprido para que aquilo não haja. Na natureza há características e, portanto, isso ajuda muito no somatório daquilo que as pessoas dizem sobre ti, a tirar as ilações sobre as coisas que realmente tu tens. E, portanto, uma característica que é bem balanceada tende a vir a ser um talento.
JORGE CORREIIA (00:39:14) – E depois, o que é que se faz com esse talento? Como é que depois há alguém que deteta um conjunto de talentos, alguns que são óbvios e acertam exactamente naquilo que é o mundo actual, Mas há outros que não quer dizer, são coisas que se calhar ainda ainda o mundo ainda não percebeu o que é aquilo. Serve para alguma coisa. Tu estavas a falar do do conector no fundo daquilo que faz a ligação. Esta é uma função que é muito pouco, eu diria, quase recompensada. Quer dizer, ela existe, mas se alguém passar o dia a fazer ligação entre pessoas e é a pensar com elas e afins, a maioria da empresa vai olhar e dizer aquilo, não faz nada aquilo.
JORGE CORREIIA (00:39:52) – A única coisa que é que ele faz é não, não.
TIAGO FORJAZ (00:39:54) – Não, não, não, não para já. Hoje as organizações têm forma de ver isso. É precisamente por causa disso que eu falei no homem. Não é? Portanto, a pessoa que conecta mais áreas. É uma pessoa absolutamente indispensável. Até até pode não saber muito sobre uma determinada matéria, mas ele é absolutamente essencial, porque ele é a cola de uma organização. Qual é o fator X?
JORGE CORREIIA (00:40:11) – O que é que essas pessoas oferecem?
TIAGO FORJAZ (00:40:14) – Elas oferecem tudo? Elas oferecem o que aprendem, oferecem o que lhes interessa. Elas criam bom ambiente.
JORGE CORREIIA (00:40:19) – Sublinhas, são polinizadas?
TIAGO FORJAZ (00:40:21) – Sim. Por exemplo, ali, estás a ver se estivéssemos a jogar o jogo do talento, se calhar são abelhas. Agora eu estavas me a perguntar o que é que se faz com isso? Eu acho que a partir do momento em que tu tetas um talento, tens que explorá lo. Mas às vezes as pessoas confundem. O problema disto é a taxonomia que as pessoas Ah, eu não gosto de fato de superpoderes, Gajo.
TIAGO FORJAZ (00:40:38) – Falta de competências, falta de skills. É brutal. Os psicólogos fazem muito mau serviço, coitados, e não têm nada a ver. E têm uma lata de.
JORGE CORREIIA (00:40:45) – Complicar a minha vida porque eu sou casado com uma psicóloga e pai de outra. Portanto não sei se a minha.
TIAGO FORJAZ (00:40:49) – Vida sabes que eu digo isto deliberadamente porque há psicólogos.
JORGE CORREIIA (00:40:52) – Etiquetas, não.
TIAGO FORJAZ (00:40:53) – Porque eu sou economista e quando se fala do PIB.
JORGE CORREIIA (00:40:56) – Também não tem boa.
TIAGO FORJAZ (00:40:57) – Fama, não interessa, mas ao menos sabem do que estão a falar. Podem não acertar nada, mas sabem do que estão a falar. Aquilo é matemática e têm fórmulas, não é? Agora os psicólogos estão sempre inventar palavras novas e depois? Mas não é bem isto e não é aquilo. E é uma chatice porque as pessoas não se organizam e é muito importante as pessoas saberem do que estão a falar. E é confuso. Uma das confusões principais que eu achei imensa piada é a confusão entre o talento e o skill. Para te responder à tua pergunta, vamos pôr, por hipótese, que eu acho que tenho um talento para comunicar.
TIAGO FORJAZ (00:41:26) – Comunicar é uma coisa que eu faço. Eu gosto muito. É um verbo de ação, portanto pode ser que seja verdade. Se eu puser essa hipótese, que se calhar eu tenho jeito para comunicar e comunicar, não é só falar. Mas vamos assumir que eu estou a falar de falar. Eu posso ser assim, mas isso é que profissões é que pedem o talento da comunicação. Ora, padre político, advogado, apresentador de televisão, locutor de rádio, portanto, eu poderia encontrar uma infinitude de carreiras. Agora, todos sabemos. Depois o skill aplicado é muito diferente. Um padre prega. Um advogado defende.
JORGE CORREIIA (00:42:02) – A capacidade de fazer a coisa específica.
TIAGO FORJAZ (00:42:04) – Dentro daquele contexto. Tu sabes muito bem que comunicar e muito bem podias. Eu podia dizer que tu fazes parte dos media, mas é muito diferente fazer rádio ou fazer televisão, ou fazer teatro.
TIAGO FORJAZ (00:42:13) – E portanto.
JORGE CORREIIA (00:42:13) – Ser padre. Então e por exemplo.
TIAGO FORJAZ (00:42:16) – Ser padre e fazer rádio. Portanto, quando tu começas a descascar, como é que tu vais aplicar aquele talento dentro daquela especificidade, daquele contexto, com aquelas técnicas? Então estás a desenvolver skills.
TIAGO FORJAZ (00:42:28) – E eu acho que as pessoas que são curiosas na realidade do que gostam de fazer com o seu talento e explorar esse talento em domínios e em contextos muito diferentes.
JORGE CORREIIA (00:42:37) – Então e aquelas extraordinárias pessoas que conseguem multiplicar talentos dentro da mesma pessoa? Deus lá está. Deus distribuiu este mal de uma forma? Se calhar não. Não achas que não?
TIAGO FORJAZ (00:42:49) – Acho que não. Acho que toda a gente tem o potencial para ser várias pessoas dentro de si próprio. Acho que isso é um treino que se faz.
JORGE CORREIIA (00:42:54) – Acho que os muito talentosos em muitas coisas podem desperdiçar. Se no meio de tanta coisa que conseguiriam fazer potencialmente bem. Ou tu achas que é uma fantasia?
TIAGO FORJAZ (00:43:03) – Eu nunca vou conseguir medir o contributo de um indivíduo. Portanto, a pergunta por si parece me viciada na lógica da performance Quem sou eu para dizer que vais escrever um grande poema e morrer a seguir É muito pior do que fazer 25 edições de uma revista espetacular. Eu não tenho essa capacidade, portanto, honestamente, eu não sei responder isso. Eu sei, eu sei e tenho a curiosidade para ver como é que as coisas funcionam.
TIAGO FORJAZ (00:43:31) – E eu sei que há pessoas que precisam de ter várias janelas abertas para funcionarem. E há pessoas que não funcionam com uma janela aberta de cada vez e, portanto, é preciso respeitar esse processo. Portanto, as pessoas que são muito ecléticas ou que têm vários gostos, na realidade esse é um sistema operativo que elas têm. E como o Da Vinci tem que se meter em tudo. E por isso é que é engraçado. Eu se tivesse que pedir um crédito pessoal no Santander, coitado, nem conseguia preencher os formulários, porque como é que descreves o Leonardo da Vinci? Era arquiteto, era pintor, era engenheiro e o que ele era era tudo pronto. E portanto. É engraçado porque quando vemos a biografia dele, a história da vida dele é trágica. O tipo é um tipo que não consegue acabar nada até ao momento em que realiza, que tem que ter várias janelas em aberto. Então fecha tudo e é um tipo absolutamente estratosférico. Mas é muito importante nós não termos esta veleidade, deixar que há uma forma de funcionamento para toda a gente ou que há umas pessoas que têm talento e outras não.
TIAGO FORJAZ (00:44:26) – Cada pessoa tem o seu processo, cada pessoa tem o seu momento, não é? E eu acho que a magia da vida e sobretudo, da liderança é essa responsabilidade. Nós estarmos permanentemente à escuta. E há uma história que eu gostava de contar, porque acho que é das coisas mais giras que alguma vez me aconteceram. Um dia convidaram me para abrir uma palestra na Porto Business School. Na altura ainda era RP na Rua de Salazar e o engenheiro Belmiro de Azevedo aqui a fazer o anúncio daquilo. Portanto ele ia apresentar me. Ele subiu ao palco. Sim, claro, muito, muito dele. Não é muito conhecedor e está muito sério. E aproxima se do microfone e diz. Boa tarde! Hoje tenho aqui o prazer de apresentar o Forjaz que vai falar hoje aqui sobre gestão de talento. Eu estou muito interessado em saber isto e tal, porque eu estou a ler um livro que diz que o talento não se gere. Explora a pá e fez um instante de silêncio. E depois foi uma risota total.
JORGE CORREIIA (00:45:23) – A palavra explorar.
TIAGO FORJAZ (00:45:24) – Explorar e aquilo remeteu me a mim para coitadinha da senhora da caixa do Continente que é explorada, não é? E logo a seguir instalou se um silêncio da sabedoria do que ele estava a dizer. Porque verdadeiramente, eu acho que nós nunca chegamos a conhecer todo o talento das pessoas. Portanto, eu tive que me safar daquela situação. Aprendi com ele que o Senhor Pai, que eu estou a ler este livro do Rob Goffi chama se Clever, que defende que na realidade nós não precisamos de gerir talento, precisamos é de explorá lo.
JORGE CORREIIA (00:45:52) – Numa lógica positiva e não.
TIAGO FORJAZ (00:45:53) – Positiva, obviamente, obviamente. Portanto, eu acho que isso é das coisas mais giras, pois tive a oportunidade de fazer uma pequena vingança com piada, naturalmente. Vingança no sentido de retribuir a laracha, mas foi das coisas que mais me inspirou. Não é esta ideia de que sabes lá tu onde é que isto vai levar. E acho que essa atitude tem que ser permanente e presente sempre nas nossas vidas. Não porque é pá, porque quem somos nós? Não é que as pessoas têm que confiar que o outro é capaz de fazer uma coisa que nós não somos e temos que ter essa capacidade, porque senão tudo é uma comparação, tudo é derrotista, tudo é sobre performance.
TIAGO FORJAZ (00:46:29) – Epá, não pode ser.
JORGE CORREIIA (00:46:31) – Olha, vamos fechar e eu vou buscar uma pergunta que a Inês Meneses costuma fazer na rádio aos seus entrevistados que é o que é que é um dia bom para ti?
TIAGO FORJAZ (00:46:44) – Olha, é um dia como hoje. É um dia em que sou provocado, em que preciso de me, preciso de improvisar, preciso de me reinventar. Preciso de fazer coisas diferentes. É um dia onde recebo mensagens que as pessoas me digam que consegui fazer alguma coisa diferente ou que mudou a vida delas. Isso é um dia bom para mim.
JORGE CORREIIA (00:47:01) – Se os nossos talentos tiverem espaço e tempo para fluir, seguramente a nossa vida será mais bem vivida e do que aprendi hoje. Deu para entender que o talento e a performance têm uma relação bastante contraditória. O talento é a magia. A performance é medida com regras rígidas e nunca sabemos o que é que liga uma coisa à outra. Sim, sabemos que para haver uma boa performance é preciso haver bom talento, mas às vezes o talento certo não dá a performance que queremos.
JORGE CORREIIA (00:47:28) – E essa contradição é absolutamente extraordinária e boa de observar. E tu, como exploras os teus talentos únicos? E como é que demonstras que afinal tu és a última bolacha do pacote? Ou então não queres apenas uma vida sossegada e boa, não é? Até para a semana.
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