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Hoje vamos falar da magia da rádio.
Naquilo que posso definir como uma conversa entre duas pessoas analógicas, que usam palavras rebuscadas e até arcaicas, e nasceram profissionalmente na telefonia.
É a rádio. Para os mais distraídos, modernos e digitais.
Telefonia sem fios. E agora nesta versão moderna do seu nome podcast.
O mundo está a apagar as palavras portuguesas bonitas e a enchermos de palavras vindas de outros lugares, menos interessantes.
Convidei o Nuno Markl para se juntar à conversa. Trazendo na mochila os cromos da caderneta, na mochila ou na algibeira e conceitos tão lunáticos como os gravadores de fita.
Afinal, o pretexto da conversa era a magia da rádio.
Aviso: Esta conversa é anárquica, lunática, acelerada e autêntica.
Nuno Markl é uma das vozes mais reconhecidas da rádio portuguesa, com uma carreira que atravessa diferentes meios de comunicação. O humorista e guionista é um dos rostos das “Manhãs da Comercial”, onde, diariamente, dá forma a conteúdos que combinam humor, nostalgia e observação do quotidiano. Criador de rubricas como a “Caderneta de Cromos”, tem sido uma referência no modo como recupera memórias culturais e as transforma em entretenimento acessível ao grande público.
Além da rádio, Markl construiu um percurso sólido na televisão e no guionismo. Escreveu para programas de humor de grande impacto, como o “Herman Enciclopédia” e o “Último a Sair”, e mais recentemente tornou-se uma das figuras centrais do “Taskmaster Portugal”, na RTP. A sua capacidade de adaptação e reinvenção tem-lhe permitido manter uma presença relevante no espaço mediático, acompanhando a evolução das plataformas de comunicação e do consumo de conteúdos.
O impacto da sua comunicação vai além do humor. Markl tem abordado temas como ansiedade e saúde mental, tornando-se uma voz influente na forma como essas questões são discutidas publicamente. A sua atividade nas redes sociais reflete essa dimensão mais pessoal, mas também ilustra os desafios da exposição pública num ambiente digital. A entrevista pretende explorar todas estas facetas da sua trajetória, abordando o seu percurso na rádio, o seu processo criativo, a relação com o público e os desafios do humor no contexto atual.
0:12
Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação?
Hoje vamos falar da magia e da rádio naquilo que posso definir como uma conversa entre 2 pessoas analógicas, que usam palavras rebuscadas e até arcaicas, e que nasceram profissionalmente na telefonia.
0:30
É a rádio para os mais distritos modernos e digitais, telefonia sem fios a rádio.
E agora, nesta versão Moderna de seu nome podcast, o mundo está claramente a apagar palavras portuguesas bonitas e encher o dicionário de palavras vindas de outros lugares.
0:46
Algumas palavras menos interessantes.
Convidei o Nuno markl para se juntar a esta conversa, trazendo na mochila os cromos da caderneta e falando, claro, de algibeiras e conceitos tão lunáticos, estranhos e pouco modernos.
Como gravadores magnéticos de fita.
1:01
Afinal, o pretexto desta conversa é falar da magia da rádio.
Mas fomos por aí fora.
1:18
Aviso, esta conversa é anárquica, lunática, acelerada e autêntica.
O Nuno markl.
Aceitou mostrar se numa conversa profunda, onde cruzamos o humor, a comunicação, a cultura pop e as vulnerabilidades que marcam o seu percurso pessoal e profissional, reflexões sobre o mundo atual, sobre a importância da linguagem e sobre o papel da rádio e da necessidade de manter um olhar crítico sobre as redes sociais ao longo de quase 1 hora de conversa que passa muito depressa.
1:45
Aviso desde já.
O markl fala sobre o poder transformador da rádio, o meio onde se sente mais autêntico e livre da rádio, que diz que continua a ser o espaço por excelência para contar histórias, para criar imagens e estabelecer relações íntimas com quem ouve.
A capacidade de falar diretamente ao ouvido de alguém, essa coisa mágica, de criar uma ligação emocional sem filtros, mantém se como uma das formas mais poderosas de comunicação.
2:09
Mais do que um simples canal de informação ou entretenimento, a rádio é um lugar de verdade e de criação de sentido.
É isso, se calhar, que explica a tal magia da rádio na conversa.
Começamos por falar da forma como a linguagem tem vindo a mudar, num mundo cada vez mais dominado pela velocidade das mensagens curtas, pelos emojis, aqueles sorrisinhos do telemóvel e pelas abreviaturas.
2:32
Lamentamos, como 2 velhos do restelo, a perda de palavras, discussões antigas e de sobretudo no sentido de ironia que hoje está claramente em crise, a dificuldade em manter.
Ironia viva um ambiente de comunicação acelerado e superficial.
Preocupa o markl.
2:47
Essa ironia, que é uma ferramenta central do seu trabalho, é cada vez mais difícil de usar, porque a falta de contexto, de tom ou de atenção dos interlocutores abre espaço, afinal, para maus entendidos e leituras literais de mensagens que, afinal, deveriam ter várias camadas de sentido.
3:04
Falamos também do seu olhar crítico sobre as redes sociais, embora reconheça potencial nas redes enquanto plataformas de mobilização social e de partilha.
Como já aconteceu em campanhas solidárias que promoveu, ele assume uma relação ambivalente com o universo das redes sociais.
3:20
Há uma tensão sempre permanente.
Há um ambiente tóxico que muitas vezes se instalou nas redes, marcado por ataques pessoais de que já foi vítima e agressividade gratuita.
E depois há essa questão do algoritmo que em vez de alargar os nossos horizontes.
Acabam por fechar nos em bolhas de conteúdos previsíveis, limitando a descoberta de novas ideias ou perspetivas.
3:42
Ao longo de toda esta conversa, falamos, claro, muito sobre o humor e o papel que o humor teve na vida do Nuno markl desde a infância, marcada por episódios de bullying e isolamento na escola, o humor foi, afinal, a estratégia que a encontrou para se proteger e para transformar a dor em algo com que pudesse ligar.
4:01
E mais tarde.
Partilhar com os outros connosco, o que é uma sorte para nós nesta ligação profunda entre o humor.
Autodepreciativo continua presente tanto na vida pessoal como na carreira.
E é também a base de um espetáculo que atualmente vai apresentando por todo o país a espaços como ser um saco de pancada deprimente e vencer na vida.
4:23
Com este título só pode ser um grande espetáculo.
Humor é, assim, uma forma de dar sentido às experiências mais difíceis.
Mas também como ponto para o público.
O Nuno Marco assume que rir de si próprio cria um espaço para os outros poderem rever e, de alguma forma aliviar as suas dores e fragilidades.
4:43
É essa capacidade de rir do embaraço e da falha que torna o seu humor próximo, humano e muitas vezes comovente.
O que vamos ouvir não é definitivamente uma entrevista, é uma conversa, uma reflexão sobre o mundo em que vivemos.
4:58
O mundo que corre depressa de mais para as palavras inteiras e que se esquece da importância da ironia.
E agora, como se dizia em tempos idos, senhores ouvintes, play Rex pause.
Cliquem no botão para libertar o pausa.
5:14
Vamos começar a gravar, comecei a começar pelo play reck.
Play reck, play reck, não é?
Às vezes punha se com a pausa para poderes lançar facilmente.
Porque as novas gerações não fazem a mesma ideia do que é que é isto, do play reck?
5:30
Não fazem não, mas, mas de facto, era assim que nós gravávamos músicas da rádio, por exemplo, não era?
Estava a tocar a gente, fazia eu.
Punha sempre em play, reck e pause e depois, quando começava os primeiros acordos, alguma coisa que eu queria ter.
Pimba, pumba, descarrava logo a pausa e depois e depois era rezar para que o tipo tivesse a fazer rádio, não falasse por cima da música.
5:49
Para não dar cabo daquilo tudo.
Pois é, bandidos dessa Malta que faz rádio.
Olha isto, eu eu podia ter aqui uma apresentação, enfim.
Nuno markl, radialista, argumentista, guionista, essas coisas todas, e eu prefiro dizer assim, isto é uma conversa entre. 2 tipos analógicos, sim, que que nasceram na telefonia.
6:09
É verdade, é verdade, nasceram na rádio.
Telefonia ela é uma palavra com que, por exemplo, o meu filho goza comigo.
Quando eu digo palavras como telefonia e atenção, há mais uma que ele também goza comigo.
Quando eu digo algibeira, algibeira para ele.
Mas esta não é só para ele.
Eu acho mesmo.
Pessoas, pessoas da minha idade, devem achar que é antigo e dizer algibeira não é?
6:26
É um bolso algibeira.
Temos que fazer, temos que fazer uma legenda, é.
Isso é isso?
É isso.
A algibeira quase que manda para a idade média, não é?
Parece assim, o tipo de coisa.
Onde?
Onde carregavas os teus dinheiros?
Mas, mas sim, há palavras que eh pá, que já tens que explicar, já não é às novas gerações.
6:43
O meu filho diz te falas à à maneira antiga.
Tu és um arcaico.
Sim, sim, sim.
Ele acha que eu falo assim à maneira antiga?
Olha, há uma, tu és um, tu és uma pessoa das palavras, quer dizer, és da rádio.
Mas na realidade, és das palavras.
És mais do que da da rádio.
Estamos a perder palavras.
Acho que estamos a perder palavras, eh pá, ainda hoje.
7:02
Nós falávamos na nas, nas manhãs da comercial, falávamos sobre a tendência para abreviar tudo.
Quando estamos a mandar, por exemplo, SMS, que é uma coisa normal que toda a gente faz, mas eu, eu, eu abrevio muito pouco as minhas, as as minhas mensagens de texto não têm PQS para evitar, porquê nem têm.
7:22
Os beijos que eu dou são com as letras todas, não é?
BJS.
É curto?
É pá das pessoas têm que querem encurtar tudo e querem abreviar tudo.
EE, houve um bocado contra essa tendência?
O que é, o que é uma coisa curioso.
Tu estás agora a falar das das mensagens, as mensagens a que antigamente nós chamávamos, SMSE, agora se chamam WhatsApp, não é?
7:43
Sim, sim, na verdade é a mesma coisa, é verdade.
Eu, eu, por exemplo, quando quero que alguém leia verdadeiramente uma mensagem minha, mande lhe um SMS, porque o WhatsApp estamos cheios todos.
OK, isso é bem visto.
Abres a porta pelo SMS, tal e qual atenção vai ao teu WhatsApp.
E vê lá qualquer coisa, porque o WhatsApp?
7:58
Hoje em dia é um Luciano de coisas que estão sempre a chegar e mensagens e tudo, tudo se perde muito facilmente.
E grupos e grupos.
E grupos e grupos.
E eu fico doido com aquilo.
Quer dizer, com tanta grupo, grupo de pais.
Eu não estou nesses grupo de pais da da escola.
Sim, sim, sim.
E É o Fim do mundo em cuecas.
8:15
EEE é giro.
Estamos a falar das das mensagens.
Quer dizer, este um podcast que a boa desculpa para criar este podcast foi, na realidade, falar de comunicação que é.
O raio das mensagens, uma mensagem escrita não tem tom de voz, não tem ironia, não carrega humor e pode levar a uma desgraçada interpretação do outro lado, pode e é um.
8:36
Incêndio o que é?
Eu já tive vários casos desses.
Como eu não uso muitos emojis, eu parto do princípio.
Quando eu estou a usar a ironia, as pessoas percebem a ironia.
Mas a ironia está em crise, é pá, está se está a perder, se muito.
As pessoas já não estão a perceber a ironia escrita.
8:52
E então eu vejo mais vezes na obrigação de juntar um emojizinho, ou então de juntar um no fim.
Que tipo?
Ou está uma legenda sim, entre parentes.
Esta parte é para rir.
Ou então vou escrever alguma coisa que é para rir.
Sim, sim, sim, sim, não, não, não ser literada.
Mas entristece me que se que se esteja a perder, OOA ideia de ironia.
9:10
Eu, porque a ironia parte muito de nós.
Para quem não sabe o que é ironia, a ironia parte muito de nós, às vezes dizermos o oposto daquilo que estamos a pensar.
EEE pronto.
E a ironia de estar nesse nesse sarcasmo de dizermos que uma coisa é o seu oposto, quando na verdade queremos dizer que ela é o que é.
9:29
EE, então o que me acontece várias vezes, eu às vezes uso muito ironia até quando faço o homem que mordeu o cão.
EE às vezes há ouvintes que bem, quem a ironia passou por cima e que me corrigem.
Dizem, não, não estás errado.
É assim.
Eu não, eu.
Eu sei que se estava errado.
Era ironia, era ironia.
9:45
Era uma tentativa, era uma pescadela de olho, mas então estás a pescar, olho está.
Extinção acho que tu.
Tu tens aí um Cisco no olho?
Não, não, não.
Era exato, é só para para falarmos.
Aqui, aqui os Deus, lá está desta, desta linguagem verbal e linguagem não verbal.
Imagina essa de Queirós?
Tem tem momentos muito irónicos na sua obra e possivelmente se escrevesse hoje, tinha que meter emojis para as para.
10:04
As pessoas perceberem.
Depois tu tu tens uma tens uma relação muito de amor, ódio com as redes sociais sim, sim, sim, sim, com as redes sociais é com as pessoas das redes sociais é com o algoritmo qual é a tua iminção é?
Pá.
Eu acho que é genérica, acho acho que aquilo tem um lado bom.
Tem um lado bom no sentido até mais puro.
10:21
É pá, sei lá, já houve.
Causas em que me envolvi para para arranjar casa para uma pessoa ou para arranjar teto para cães abandonados ou EE de facto.
Aquilo tem uma capacidade de mobilização das pessoas que que obtém resultados.
De facto, chegamos lá por este lado.
10:37
É incrível.
Quando é usada para o bem, funciona maravilhosamente, mas é pá.
Também é muito usada para o mal.
Também é um sítio onde as pessoas vão descarregar as suas frustrações e fúrias EE despejar a sua bílis.
Para para cima de pessoas?
EE nesse aspeto é péssimo.
10:53
E depois, o que me irrita nesta história os algoritmos, é que de facto, as as redes sociais servem te aquilo que elas acham que tu vais querer ver.
E não, não te abrem sequer uma possibilidade para descobrires algo de novo.
Fechou te a porta?
11:09
É tipo OK, este tipo.
O que as pessoas querem deste tipo é isto, isto e isto pronto se este tipo de repente.
Manda o mau lado, tipo, é pá.
Estou a ler um livro incrível, o algoritmo começa logo livros, mas que é isto?
Então agora estamos a falar de livros, não, não, e então reduz imediatamente.
11:25
Logo AAA expansão de de de um post, aconteceu me isso recentemente.
É é ridículo.
Tu consegues ver na estatística?
Consigo, consigo, sim.
Sim, tu, tu és uma eu.
Quando quando eu comentei com com um amigo esta manhã, disse, olha, vou falar com o markl.
E ele diz, é pá.
Isso ele é um mainstream, portanto, tu lá está.
11:42
Mas a legenda é alguém que o povo gosta e que é muito popular.
Não te devo fazer o programa todo a falar?
Eu?
Sabes que eu eu geralmente estou num.
Estou num terreno muito difícil de de estar, porque eu sou 11 mainstream, que tem alguns gostos um bocado alternativos.
11:59
Faz parte do seu charme?
Isso deixa me numa Terra de ninguém às vezes, porque eu chego a muita gente e trabalho num programa da manhã que é muito ouvido.
E, portanto, eu às vezes tento tirar partido de chegar a muita gente para lhes tentar mostrar outras coisas giras que eu acho que que mas mas tu, mas tu sentes que está uma boa em conhecer, é?
São uma espécie de Estrela pop alternativa.
12:17
Eu acho que às vezes sinto me numa Terra de ninguém e sou muito dramático, mas eu lembro me vez de estar a ter uma conversa No No programa da Inês Menezes EE.
E se estarmos a chegar à seguinte conclusão, que é eu, eu sou demasiado mainstream para apelar a pessoas alternativas, mas demasiada alternativa às vezes, para chegar toda a gente mainstream, estás na Fronteira.
12:35
Isso deixa me eh pá.
E eu acho que isso tem a ver, de facto, com OOOO facto de eu ser um bocado nerd.
EE gostar de coisas muito.
Específicas, o que é que é o nerd?
O nerd eh pá é 11 pessoa que sei lá que que adora, que é fã de, de, de picuinhes da cultura pop.
12:52
EE de.
Por exemplo, por exemplo.
Eh pá quando tu conheces os nomes de vários planetas do Star Wars, e não apenas a narrativa básica.
Legenda que não existe.
Aí não existem.
Não existem?
Sim, sim, sim.
Portanto, eu EE é pá e gosto às vezes de muitas coisas obscuras e de filmes de ficção científica dos anos 50 e 60 que ninguém conhece.
13:13
Portanto, eu escavo muito para chegar AA essas coisas como?
É que tu chegas lá como é que tu?
Até porque isto muitas destas coisas são bases das tuas histórias que tu contas na rádio, que tu contas naquele.
Sim, sim, sim, como é que tu chegas lá?
Como é que?
Como é que tu pintas o algoritmo?
Onde é que?
Onde é que tu escavas?
Eu, eu, ao longo dos anos, pronto agora, especificamente para falando no homem que mordeu o cão, eu tinha assim, umas Fontes seguras.
13:36
Normalmente as as agências de notícias tinham sempre aquela.
Lembro que a Reuters tinha 11 secção, que era odliennaf, que era onde estava a bizarria de todo o mundo, e eu sabia que indo ali conseguia encontrar essas coisas.
EE, portanto, havia uma série de paragens que eu achava que eram ótimas, mas fui sempre escavando mais fundo em busca de coisas.
13:59
É pá menos às às tantas.
Havia nessas agências, Na Na odlien nave da Reuters, por exemplo.
As notícias bizarras que estão lá às tantas são tão faladas que deixam de ter um elemento surpresa para ser faladas mal.
Em que mordeu o cão.
Tu precisas disso, como é evidente eu.
Preciso preciso de dar à procura de coisas mais obscuras.
14:16
Então descobri o mundo maravilhoso que é o redit.
O redit é um bocado que a internet era no início que é.
São formas de.
Discussão sim, é pá.
Tens, tens, grupos de discussão de tudo tu pensas No No teu gosto mais mais obscuro por sei lá, deixa me pensar.
14:33
Às vezes eu sou colecionador de tralhas.
Obviamente, na minha Cave tenho imensas figuras de de filmes obscuros.
EEE.
Eu sei que no Reddit há de haver um grupo para a coleção mais improvável que eu tenha, e há de haver pessoas lá a debater.
14:49
Ah, eu tenho aquela primeira versão que saiu da figura em que tinha o olho mal pintado e, portanto, sabes que no Reddit vais encontrar.
O abraço de todas as comunidades possíveis e com tudo o que isso tem de bom e de mau, porque?
Também é uma ideia de diversidade, que também ali está sim, a diversidade que não está propriamente na moda.
15:07
Isso e o que acontece no Reddit em em termos de daquilo que eu gosto de de contar no homem que mordeu o cão é é uma coisa que não há nos only and up the Reuters nem nada, que é pessoas a quem acontecem coisas estranhas e que imediatamente se sentem impelidas para as partilhar com aquela comunidade.
15:25
E isso faz com que existam grupos maravilhosos onde eu vou buscar muita coisa, como o tifu o.
Que é que é o tifu o?
Tifu são as iniciais de today.
Podes pôr um apito depois, se quiser, vou dizer isto em inglês, mas today é fuck up, OK?
É?
Tudo é cabo disto tudo.
Portanto, são pessoas que na sua melhor intenção, hoje fiz.
15:40
Asneira da grossa hoje fiz asneira.
Da grossa.
Seria o título, um bom título para uma versão portuguesa, mais mais diluída.
É pá.
E eu adoro estar a vasculhar no tifu, porque são pessoas como nós que de repente acham que foi boa ideia.
Terem feito alguma coisa que descambou em, em em desgraça e em.
15:59
Tu és um bocadinho assim também.
E eu sou isso, pá.
Está me sempre.
Estão me sempre a acontecer coisas, estão me sempre a acontecer.
Tifus na, na, na minha vida.
E eu não, nunca os renego.
Eu acho sempre que odeio quando me estão a acontecer, mas é sempre podem ser bom material de comédia.
É uma espécie de ressurreição de.
É isto, correu.
16:14
Isto, isto é, que me correu francamente e.
Eu vejo também um exorcismo.
É pá.
É uma espécie de catarse que tu fazes que é OK, fui muito desastrado aqui e fiz isto.
O que é que eu faço?
Varro para debaixo do tapete, para as pessoas pensarem que eu sou uma pessoa impecável, a quem não acontece esse tipo de coisa, ou simplesmente abraço o embaraço, o abraço, o embaraço, bem.
16:33
O que é que, o que é, o que é que isso, o que é que isso faz?
Nas pessoas que te que te ouvem quando?
Eu sempre.
Eu sempre gostei muito de de fazer humor autodepreciativo em que eu sou o alvo principal da da minha comédia.
Isso tem vantagens para já não ofendo ninguém anão ser a mim próprio.
16:50
Às vezes fico ofendido comigo próprio, EEEE.
Depois ficas com uma espécie de.
De autoridade para gozar com o resto de tudo é pá porque se começares por ti se começares por ti EEE se começares AA bater com muita força em ti próprio e há 11 espetáculo que eu faço de vez em quando está sempre em mudança o texto, mas mas eu vou muitas vezes a teatros pelo país fora fazer uma coisa chamada como ser um saco de pancada deprimento e vencer na vida, porque eu acho que é um título que resume a.
17:18
Minha existência?
Sim, sim.
Olha, OOO, é é curioso porque nós estamos no tempo em que nas redes sociais.
Culto da imagem, estamos a tentar pôr ali a fotografia em que ficamos mais bonitos, mais airosos, mais luminosos.
EE, pelo contrário, há essas narrativas, eu sou fã também, que é esta fotografia saiu tão desgraçada.
17:39
Mas ela tem um significado dele próprio, sim, nós estamos com os nossos amigos, a beber ou a comer?
EE, ela é, é, é miserável, ficou, ficou.
Estamos no nosso.
Pior, não está focada.
Estamos com a camisa de lado, todos desgrenhados.
17:54
E.
E aquilo transando à verdade.
É pá, claro, claro, EEE pode trazer boas memórias e, portanto, é pá.
É um bocado indiferente a maneira como saiu e saiu com a luz errada ou com o ângulo errado.
Mas mas traz boas memórias e se e se captura. 11 momento importante na no tempo é pá, acho que sim.
18:14
Olha eu quando ouço as tuas histórias da da telefonia e já quero falar, até porque o pretexto fundamental disto era era falarmos da da telefonia e desta magia que é estar a falar ao ouvido das das pessoas.
Tu, como um verdadeiro nerd e adolescente renegado tal como eu, passamos a lá está aqueles aqueles, aqueles miseráveis anos, e ali, entre os 12 e os 16, em que fomos saco de pancadas cruzados, espancados.
18:42
Eu comecei mais cedo.
Na verdade, eu lembro me que AO dia, em o primeiro dia, é uma memória muito remota.
Ou seja, a coisa agravou se quando eu comecei a usar óculos, a caixa de óculos torna se sempre um alvo.
Mas antes de usar óculos.
Eu lembro me de ter chegado no primeiro dia de aulas ao Jardim infantil pestalosi, onde eu fiz a minha pronto, tive a primeira até à quarta classe EE de me fazer confusão.
19:07
O conceito de ei é ir à escola, o que é isto?
Agora vou sair de casa, vou conhecer é pá, isto, isto desagrada me eu lembro, me tenho esta memória remota de estar muito desconfortável.
E então o que é que eu fiz?
Esta história é muito deprimente.
Já contei em tempos, mas já não conto há algum tempo.
19:23
Eu meti na minha jovem mochila da escola uma série de chromeinhos que eu tinha de algo que me fazia sentir confortável, que era personagens Disney.
Tinha, tinha os todos, tinha cromos do Mickey, do Pateta, do Donald, EE meti aquilo tudo dentro da da minha mochila.
19:39
Com esta ideia de eh pá, estou acompanhado por estas entidades.
Vão com eles, vai.
Vai tudo correr bem.
Estou com eles.
Sempre fizeram companhia à minha vida toda, é?
Quase um amuleto, não é?
É quase um.
E o.
Que é que aconteceu?
Pouco tempo depois de chegar ao pátio da escola, houve um miúdo mais velho que diz, eh, o que é que levas aí na mochila?
19:58
EE arrancou me a mochila das costas, virou aquilo.
Ao contrário, espalharam se os cromings todos da Disney, e ele esteve dedicadamente a rasgá Los à minha frente.
AI foi horrível e eu pensei de facto confirma se isto é horroroso e pronto.
20:17
Mas mesmo assim ainda consegui ter 11 infância normal.
Claro que tive aquele episódio que eu já contei várias vezes e que está até no saco de pancada, em que a minha mãe esqueceu se de meter uns calções de ginástica do meu equipamento na escola.
E eu achei que como os calções eram brancos e como eu tinha cuecas brancas, se eu fossem cuecas ninguém IA notar.
20:36
E notaram.
E, portanto, eu aí comecei a assinar.
Também que exigentes, é verdade.
As pessoas que exigentes, que.
Eu aí assinei a minha sentença e depois quando comecei a usar óculos para aí, aos 11 anos, quando comecei AA ficar com miopia é pá.
E senti que estava a tornar me uma tragédia ambulante.
20:53
E pronto, tinha.
E lá está.
Tinha depois que comprar os meus colegas fazendo as caricaturas deles.
E o humor é sempre uma maneira de.
Uma tática de sobrevivência?
É um bocado sim, sim, sim, eu acho que sim.
Mas mas espera, lá está hoje em dia discute se EEE bem as questões do do bullying do do do feio porco e mal que que que que atazana AA cabeça do dos teus amiguinhos.
21:16
Na realidade, nós nós lidamos com isso com com com bastante galhardia.
Quero eu dizer, não quer dizer cada bom, mas quer dizer, lá está o caixa de óculos, o gordo, o narigudo, o tipo que tem os dentes grandes.
O quando nós olhamos para as.
As fotografias da da nossa adolescência não só propriamente, não não favorecem de arte.
21:37
Não favorecem nada.
Caramba, aquelas fotos.
As fotos da primeira, da, da que estamos todos na no ensino secundário, que é aquele aqueles Morais que têm, sim, que não é propriamente o Facebook.
Quer dizer que é tipo, estes tipos vão ser todos presos daqui a 10 anos, porque não têm qualquer hipótese de sobrevivência, é.
21:53
Isso é isso?
Olha, fala me da telefonia OOO.
O que tem de mágico a rádio?
É pá.
Sempre foi uma coisa que eu adorei.
EE continua a estar no meu top, apesar de eu gostar de fazer televisão.
Mas.
Mas a rádio é daquelas coisas que eu não consigo passar sem quer como ouvinte, quer quer como pessoa.
22:15
Que que faz rádio e que tira partido dessa coisa maravilhosa?
Que é, sobretudo, contar histórias em rádio.
É o que é, o que eu gosto, é o que é.
Que é uma boa história.
É, é pá, é, é.
É uma história que que ponha imagens na cabeça da pessoa que está a ouvir e que dessa forma se torna a forma mais barata de ficção.
22:34
Ou seja, tu contaste uma história em televisão.
É isto, está me a cara, cenários e.
As luzes e a maquilhagem, as roupas e os efeitos, e tudo isto, portanto.
Tu querias um imaginário na cabeça das pessoas e.
Que eu gosto da rádio.
É isso que era uma coisa que eu já gostava quando ouvia histórias serem contadas em rádio, nomeadamente em programas olha da rádio comercial como o pão com manteiga ou as noites longas do FM estéreo do António Santos é pá, que sempre foram coisas que meteram imagens na cabeça enquanto eu estava a ouvir e, portanto, foram grandes influências da minha vida.
23:04
Eu pensei, eu gosto muito desta ideia.
De não ser visto, que é uma coisa que ainda não se perdeu, porque este está câmaras em todo o lado, estão aqui desgraceira, sabes?
Que eu já pensei sobre isso e eu não sei se o facto de existirem câmaras aqui, que o pergunta sempre está disponível em áudio EE também em em vídeo, embora não fale muito sobre isso.
23:26
Fico sempre com aquela sensação no autocaso, obviamente, mas fico sempre com aquela sensação.
Até que ponto é que a Câmara condiciona a nossa maneira de falar e a nossa maneira de estar e pois, jeito?
E eh pá, não sei eu neste.
Caso, como isto é uma casa tão tradicionalmente de rádio e estás em casa, eu não me estou a lembrar sequer que está aqui uma Câmara.
23:43
Estou com os fones na cabeça, estou com o microfone à frente, isso é rádio, é o que eu faço.
Exato.
Estás em casa anos?
Sim, sim, sim, e isto, isto já foi a minha casa durante 5 anos aqui, a antena 3.
Fala me das histórias, então criar essas imagens na cabeça das pessoas.
Eu acho que é das coisas que me dá mais gozo.
E depois tentar servi las com algum suspense, ou seja lá por ser uma rubrica de comédia, eu acho que o suspense e a comédia estão de estão de mãos dadas.
24:08
Tem que ter, tem que ter aí 11 grãozinho de dramatismo de de possibilidade.
Sim, é pá também.
Angústia.
Não podes dar logo, abrir logo o jogo todo.
Muitas vezes o que eu encontro nas quando tu vês uma notícia escrita bizarra?
O título são as regras de jornalismo, aliás, que eu tive, eu tirei o curso de sem joar é pá pronto.
24:27
O título tem logo que te resumir tudo.
O título tem que ser spoiler, não tradicionalmente um título hoje, hoje em dia já não, porque há os clickbaits e não sei quê, não é.
Hoje em dia os títulos já são tipo, nem vai imaginar o que é que esta pessoa disse a esta e tu raio uma parta?
Não foi isto que eu aprendi em jornalismo.
24:43
Diz me o que é que ele escreveu?
Mas pronto, depois eu vou ler.
Pá, quando eu vou, lá está ou está eles ainda fazem aquilo à antiga e portanto, o título disto logo tudo ou o que vais?
O que a mim dá me jeito para eu perceber se a história tem interesse para ser contada no homem que me e depois, como é que tu invertes isto?
A maneira como eu, como eu, o que eu faço é não servir, obviamente, logo a informação toda.
25:01
EE, portanto, dissecar a história pela ordem, porque as coisas vão vão acontecendo e eventualmente, se há algum twist, é pá deixá lo mesmo para para o final.
EE, eu adoro esse, esse, essa construção, adoro esse.
E pegar, pegar numa coisa que está servida de uma maneira muito clara EE em que Oo lead da história resume logo AA ideia toda e pensar, OK, não, não vou obviamente servir isto já de chofre às pessoas, mas vou tentar que a progressão seja interessante o suficiente para elas ficarem agarradas.
25:32
Então estou sempre é uma coisa que me dá muito gozo é é é criar suspense a cada passo.
EEE ver logo nos meus colegas.
O efeito que isso está a ter e que eu espero que seja o mesmo que está a ter nas pessoas que estão a ouvir nos carros.
Porque estás ali, com o canto do olho e às vezes conta tipo.
Conta te o que é que aconteceu?
O Vasco às vezes passa se comigo, mas eu gosto de fazer render o peixe.
25:53
E o suspense.
Acho que é muito divertido e é uma maneira de agarrar as pessoas.
Mas.
Vais partindo da história é tudo.
Tu pegas na história.
Agora vou contar te um bocadinho deste.
Sim, sim, sim, sim.
Vou muito.
Vou muito, progressivamente servindo a coisa em vez de.
Como ditam as normas do jornalismo, servir logo tudo, tudo e depois então desenvolver.
26:11
Porque se eu sirvo logo tudo no início, isso faço a coisa como se fosse um noticiário tradicional, é pá.
Vai deixar de ter o interesse que tem para as pessoas.
Acho que num noticiário faz sentido que assim seja.
E o que foi muito giro no início do homem que mordeu o cão é que eu eu estava antes do homem que mordeu o cão, já faziam algumas coisas de humor na rádio.
26:28
Mas estava num meio termo de ser humorista e ser jornalista, que eu trabalhei como jornalista durante tu sentes te jornalista não, agora já não, agora já não.
Mas quando comecei a fazer o homem que mordeu o cão em 97, eu ainda trabalhava na redação da rádio comercial.
E então, se se se der o caso, é já é raro dar para encontrar isso, mas edições antigas dessa altura.
26:49
Eu parece que ainda estou a fazer um noticiário só que é um noticiário de histórias.
É pá absurdas.
Mas eu estou a seguir ainda os preceitos daquilo que aprendi enquanto jornalista.
E a maneira como se fala e essas coisas.
Olha como é que é?
Como é que é trabalhar com com com a tua tribo, o palmeirinho o é.
27:06
Pá.
É.
É ótimo porque são pessoas que que já quase que me leem a menos.
Pedro Ribeiro, então é pá.
Já já trabalhamos juntos desde 91, quando nós nos conhecemos, imberbes no correio da manhã, rádio.
No correio também é rádio original, não neste que há agora.
São coisas diferentes.
27:23
Que era uma rádio, que era uma rádio bonita.
Era, era sim, era uma rádio bonita.
Sim, é verdade, é verdade, é pá.
Era uma rádio com incrível música, com programas de autor maravilhosos, EE pronto.
E foi lá que eu conheci o Pedro Ribeiro, EEEEO.
Pedro Ribeiro estava lá para ser jornalista acima de tudo.
27:39
E na verdade eu é que o desencaminhei, porque percebi o sentido de humor logo que ele tinha e assim começámos a fazer pequenas experiências de humor.
Com a autorização do Rui pêgo na no correio da manhã, rádio é pá.
Eu achei que eu tinha de puxar e ele, muito generosamente, começou a entrar neste mundo de de de loucura.
27:55
EE pronto, EEEE.
É por isso que todos estes anos nós continuamos a trabalhar juntos.
EE percebemos os ritmos um do outro de uma maneira em que é pá, já nem percebemos de olhar um para.
O outro, a rádio é ritmo.
Eu acho que é ritmo, é química também entre as pessoas.
28:11
O que aconteceu entre mim, o Vasco é.
É incrível porque.
É pá.
Eu diria que só aconteceu para aí com mais 2 pessoas, com o Pedro Ribeiro lá está e com o Fernando Alvim também, que é quando tu sentes que tens química instantânea com uma pessoa no ar que acabaste de conhecer.
Eu lembro me que eu conheci o Vasco em 2010.
28:27
Basicamente tinha.
Chegado à telefonia, quando?
Fui fazer caderneta de cromos para a para a rádio comercial.
Quando saí daqui da antena 3 e voltei para a comercial EE pá.
E foi incrível.
Foi tipo, pô, se isto é isto, é um bocado, como aconteceu com o Alvim também, que é nós acabámos de nos conhecer.
Mas eis nos de microfones abertos e parece que nos conhecemos desde sempre, desde a infância.
28:46
Porque há uma há o que há um há 11 acertar de frequência de onde consegues explicar este é.
Muito.
É uma coisa quase inexplicável e que e que e difícil de transformar em teoria não é química é uma coisa que não se aprende.
É ou se tem ou não se tem.
EE é maravilhoso quando tu sentes que de facto está a acontecer, tipo, espera aí, isto é, isto vai ser incrível.
29:05
Eu acabei de chegar agora, não é?
A pessoa fica assim, meio retraída, são pessoas novas, apesar de eu ter lá o Pedro Ribeiro, com quem quem eu já era amigo e com quem trabalhava já há muitos anos.
Mas de repente tens que lidar com pessoas que acabaste de conhecer.
E é sempre aquele receio de é pá, isto nos atropelamos isso, não percebemos bem os ritmos um do outro.
E o que aconteceu com o Vasco, tal como aconteceu com o com o Pedro e com o Alvim, cada um na sua altura?
29:26
Foi instantaneamente, parecia que fazíamos aquilo a vida toda.
Olha o que é que estas?
Este exemplo destas 3 pessoas é é curioso, EE gostava de ouvir a tua, a tua opinião.
O que é que tem de tão extraordinário pessoas com este biótipo?
29:42
Porque porque eu olho para os 3 e o que vejo são comunicadores criativos, radicalmente diferentes.
Com um ego que não é gigante, é há aqui uma, há há, há ali uma massa.
29:58
Isto constrói se ou está lá dentro já isso é uma.
Boa é pá.
Nunca processei a coisa dessa maneira, mas eu?
Quando tu fechas o microfone no fundo não é?
Quer dizer, tu OK, acabou a emissão são 10 da manhã, 11 da manhã está feito.
30:14
Mas eu acho, eu acho, é que é tão esbatida.
A maneira como nós nos portamos no ar e como nos portamos de microfone fechado, que muitas vezes eu não me lembro se certas conversas que eu tive com estas pessoas foram no ar ou se o microfone estava fechado naquela altura.
30:31
E eu acho que isso é isso é o melhor sinal de para já de que estamos a ser honestos com o com o os ouvintes, não é?
Estamos a ser nós.
Mas há uma Fronteira entre abrir, abrir o microfone e dizer qualquer coisa ou ou não é pá.
Eu, muito sinceramente, eu acho que hoje em dia e num programa como as manhãs da comercial.
30:48
A coisa está tão esbatida que às vezes estamos no microfone fechado a dizer qualquer coisa uns aos outros e é tipo, espera aí que isto vale a pena, vamos abrir e vamos lá e pronto.
EE, portanto, é pronto.
Talvez.
Obviamente, a diferença entre o microfone estar aberto e fechado é que microfone fechado dizemos alguns palavrões, não é?
31:04
São legendas, podemos dizer, estados de alma.
Será que conseguir ligar?
Como é que é a relação com o público a.
Relação com o público é, é, é ótima, sobretudo desde que há estas ferramentas como usar o WhatsApp.
Ali, em tempo real, e.
Pá Malta poder dizer o que é.
Que e ver as pessoas logo a comentar instantaneamente das coisas que nós estamos a dizer.
31:22
Isso é uma batota da rádio, quer dizer, da rádio, porque lá está antigamente a rádio.
Tu dizias qualquer coisa e não sabias bem imaginavas.
O que é que um alguém pensava assim?
Não, tu tens logo ali uma reação é pá.
Suponho que no início as pessoas mandavam cartas para a rádio.
Eu ainda recebi algumas cartas manuscritas no mesmo.
31:39
No início da minha carreira radiofónica e hoje ainda recebo.
Estranhamente, há uma ou 2 pessoas que de vez em quando mandam.
Cartas manuscritas a comentar algo que ouviram.
Na rádio a protestar, não.
Não, não por acaso, não a serem simpáticas, mas a darem se ao trabalho de escrever, meter um selo e enviar para a rua Sampaio e Pinho.
31:55
Acho isso incrível.
E eu e eu fico sem saber.
O como responder é pá, porque eu não tenho carta.
Por carta, claro, como é que não?
Tenho a disponibilidade.
Para como a caneta te tenho ainda à estação?
Dos Correios já devia ser.
Num cavalo eu fico.
Sempre à espera que nessas cartas manuscritas tenham um e-mail.
Não põe, não pode, não põe.
32:12
É uma morada, que é que é aquilo que tem que tem que sim, sim.
Olha do lado da televisão, falaste agora do do do palmeirim e eu foi provavelmente dos programas que eu mais me ri na vida nos últimos anos.
E estou a falar do taskmaster, obviamente.
Qual é o segredo daquilo?
32:30
É pá.
É uma boa questão, mas eu acho que Oo segredo cavando bem, vai até aos ingleses e vai até.
A maneira como aquilo está concebido, EE formatado, porque aquilo na sua essência, aquilo não é um concurso na sua essência.
Aliás, os concorrentes do original são tudo humoristas.
32:46
Portanto, o importante não é ganhar.
Aquilo é originalmente, aquilo é um é, é, é, é pá, é uma britcom.
De certa maneira, não é mais que um concurso, é uma é humor britânico no seu pleno que é.
Vamos pegar nestes humoristas?
Vamos submetê Los a provas, que podem ser telas em branco para a inspiração deles enquanto humoristas, portanto.
33:07
Aquelas pessoas mesmo que façam aquela birra de eu queria ter ganho, falando agora dos ingleses, o que aquilo é para eles é como é que pessoas de humores tão diferentes em cada temporada reagirão a algo que lhes proporciona a possibilidade de fazerem uma coisa muito cómica.
33:24
Aquilo é um desafio para que estas pessoas?
Sim, é quase, é quase.
É uma mistura de jogos sem Fronteiras, mas também de comédia de improvisação, que é tipo, OK, agora tens de fazer isto.
Como é que te vais safar de maneira a que isto seja divertido?
Eu acho que essa é a linguagem do original.
E, de preferência, o mais ridícula e miserável.
33:41
É uma mistura.
É uma mistura de ridículo e de criativo.
Eu acho que a magia do taskmaster está em ser um programa super inteligente e super parvo ao mesmo tempo.
E eu acho que isso é é muito britânico esse, esse.
Essa balança entre estas 2 coisas?
33:56
E tu foste foste lá foste ver o programa, eu, como é que?
Isto eu fui lá, não início.
Agora contante, como é que?
Como é que nós estamos a fazer aquilo?
Basicamente, o Vasco descobriu o programa antes de mim ainda, quando passava na sic radical, se não me engano, e disse, me é pá um dia que se faça isto em Portugal, acho que devíamos somos nós, devíamos ser os 2 a fazer isto.
34:11
E então ele viciou me naquilo e comecei a ver não só na sic radical, mas comecei AA ver no canal deles de de, de de YouTube e até que o Vasco chegou muito AA direção da RTPE, eles lá lhe fizeram a vontade.
EE pronto e eu e eu então fui, fui arrastado para isto.
34:28
A parte gira disto é que inicialmente ainda não tínhamos bem percebido quem é que IA fazer que papel.
Porque sendo eu, mais velho que o Vasco.
Tu poderias ser o.
Mestre podia ser O Mestre.
No entanto, o Vasco mentalmente é mais velho que eu e eu sou mais infantil e, portanto, talvez o Vasco tenha mais gravitas para para ser O Mestre e eu.
34:49
Tenha mais perfil para estar ali com os concorrentes nas nas tarefas e a e a ser também vítima deles.
E o Vasco faz aquele, faz aquele ar sinistro, aquele ar de lá está sim, que vai castigar alguém, que alguma coisa vai acontecer.
Eu acho que uma.
Coisa que o Vasco adora é dar zero pontos, aliás é ver a pessoa protestar tipo eh pá.
35:07
Agora não me vais ou não estou anão, não me digas que me vais dar e o Vasco, o que é que achas que eu te vou dar?
Não, não tens que me dar pelo menos menos 4 e eu acho que zero pontos, pá.
Eu acho que ele ele adora esse tipo.
Eu acho que ele adora esse tipo de de Ah.
Acho que quem é que escolhe os pontos verdadeiramente são vocês.
35:25
Pá é.
É o Vasco?
Absolutamente.
Ou seja, há pontos.
Há pontos que são quando são coisas criativas e quando ele tem que julgar, como, por exemplo, a prova do início, em que ele tem que trazer algo de casa que responde ao desafio que lhes é proposto.
Aí estamos a apreciar a imaginação deles em cada coisa.
35:40
Depois há provas que têm, têm, são de tempo e de distância, e tem regras e tem regras.
E aí é é as evidências, não é, mas, mas sim de tudo o que, tudo o que implique imaginação desenrascanço.
E o Vasco é implacável, isso está está ali AA julgar, ou seja, não, não quisemos ser o Greg Davis e o alexorn do original, quisemos ser nós próprios.
36:02
E, portanto, o Vasco nunca será tão bruto como o Greg Davis é Na Na versão inglesa, porque não não está nele isso, mas está uma assertividade que que que ele que ele mantém há uma.
Das coisas, o paralelo, se calhar, não tem nada a ver.
Mas na minha cabeça tem que há.
36:17
Há uma série formidável da Netflix, que é que é a casa de papel que pela qual eu me apaixonei.
Graças aos personagens, sim.
E o taskmaster é um bocadinho, é isso.
Bem, é é um concurso que funciona quase como uma sitcom.
Porque é pá, é.
36:34
É uma espécie de Friends, por assim dizer.
Tens ali 5 pessoas, pode se identificar mais com umas, menos com outras.
O que queres vê las em interagir umas com as outras, percebes que elas se dão todas muito bem umas com as outras, mas que também irão competir em algumas coisas.
E eu acho que o segredo do taskmaster está no facto de ser uma coisa que está numa finalinha entre um concurso e uma sitcom.
36:52
E apesar de nós, cá em Portugal, não termos termos, de vez em quando temos humoristas lá.
Mas, na verdade, a escolha é pessoas públicas com graça.
É pá.
O Cândido Costa.
Isso não é um humorista, mas é um humorista.
Para mim, essa é a descoberta da.
Década EEO que é fascinante no Cândido é e é pá.
37:12
E eu olho às vezes para ele como um fenómeno e já lhe disse isto várias vezes que é como é que este tipo que não estudou comédia, que não fez comédia na vida, como é que este tipo antes de uma tarefa?
Vem de uma das tarefas criativas.
Ou seja, eu eu tenho que ser.
Às vezes tenho que ser surpreendido com com coisas que eles fazem e ele vem ter comigo.
37:30
E dá me direções de cena, que eu acho que sou uma pessoa com uma grande noção da da construção da comédia.
Ele arquiteta aquilo.
E ele diz, me olha, vou fazer uma coisa que eu acho que vai ser desconfortável.
Vou fazer algumas pausas.
Ele tem uma noção de timings incrível.
É pá que há pessoas que trabalham em humor que, se calhar, não têm com a precisão que ele tem.
37:46
EE fascina me que ele que ele seja assim.
É um contador de histórias também não é um.
Contador de histórias.
Claro, qualquer história e transformar aquilo numa.
NN é aquilo, aqueles os Anglo saxónicos.
É um natural, é pá, é é alguém que tem a comédia dentro dele tão afinada, sem ter estudado para isso, que é que é fascinante, vê lo AAAA tempo é pá.
38:08
Eu Rio me muito com ele, Rio me muito em Rio, me muito com as coisas que ele faz no programa, Rio me muito com mensagens que ele manda é uma, é uma pessoa.
Muito feliz.
EE muito cómica, EEE muito amiga, pá.
É é um mesmo bom tipo.
Hum, há ali uma lá está o Cândido é um bom exemplo.
38:25
Do act AA cena do beijo do quase beijo do.
Sim, sim, sim.
Que é lá está, há um dramatismo ali.
Claro, é pá.
EE, uma relação com a Câmara, uma noção de como aquilo vai ficar, é pá, que é extraordinário mesmo, é pá que que como é que ele tem aquilo, não é, é um fenómeno, é pá, é.
38:42
Foram coisas que eu, que eu é pá, tive, tive de ver muita coisa e tive de não, não estudei comédia, obviamente, mas vi muita coisa na minha vida.
EE portanto, não estudaste comédia muito do que eu faço, estudar no sentido de ter.
Aulas de como se escreve humor.
38:58
Então, a comédia muitas vezes nasce de nós.
Vermos comédia não é estarmos à e daquilo nos fazer sentido e, portanto, somos influenciados muito por aquilo que que que vemos.
Queres ir à comédia?
Já fala me do Toy?
Lá está olha outro caso de de uma pessoa que é pá, que tem comédia dentro dele e que há uma força de natureza EE é ele.
39:19
Ele diz me isto.
Muitas vezes ele diz, é pá.
Eu tenho zero medo do ridículo pá zero.
Contem comigo para tudo.
É esse o segredo?
E eu acho que não ter medo do ridículo é é um dos é um dos segredos.
EE, tanto o Cândido como o Toy são 2 casos de pessoas, pá, vamos em frente, vamos em frente por um, por uma boa piada, vamos em frente.
39:37
E por isso é que uma das provas mais engraçadas do taskmaster foi aquela em que eles 2 tiveram a fazer uma gincana em que Oo Cândido tinha que transportar o Toy num num caixote de lixo dentro do do qual o Toy estava.
Eles só podiam falar em francês um com o outro.
39:54
Sendo que o Toy ainda tem luzes de francês, mas o Cândido não tem zero.
Portanto, tudo o que o Cândido fazia enquanto carregava o Toy e soava era dizer, pá, eu, eu Rio me tanto a ver isso.
Aquilo diverte me muito de fazer.
É pá, EEE com pessoas destas é pá eu.
40:12
Eu chorava, chorava a rir.
Olha, já falamos.
Pessoas naturais na comédia já falamos de 2 homens?
Há e obviamente a Inês Aires Pereira, que também enche o ecrã e é claramente competitiva.
E isso cria uma tensão dramática.
A Inês, a Inês tem tem comédia e competição dentro dela.
40:27
E isso é um combo absolutamente incendiário e explosivo, sim.
Sim, pode dar asneira, olha falavas da da questão da da da comédia da maneira como se escreve comédia, sendo que tu.
Tu escreveste grandes falas para o Herman, por exemplo, sim.
É pá, foi uma a dada altura.
40:43
Portanto, dizer que tu não sabes ou que não aprendeste a escrever comédia, se calhar é um manifesto exagero ou uma humildade.
Sim, é pá.
Aquilo, tem aquilo.
Tem muita não, mas não, não estudei no sentido tradicional, ou seja, onde é que?
Aprendeste AA haver coisas com quem?
Muitas vezes, a haver programas do Herman também é pá.
Logo a começar pelo tal canal, que eu acho que foi uma epifania na vida de toda a gente.
41:01
Irrepetível, comédia é pá.
Não sei.
Não sei se é, se é irrepetível, mas mas a as.
As portas que se abriram com aquilo eu acho que OOOOA coisa mais incrível do tal canal, para além de toda a qualidade que aquilo tinha de uma ponta à outra.
Mas é aquela sensação de espera aí, isto pode se fazer e pá.
41:21
Há há sketches, às vezes estão, há sketches maravilhosos, e isso.
Aquilo passaria hoje na televisão, aquilo aquilo seria possível hoje de replicar com aquela carga de politicamente incorreto?
É pá, eu acho que.
Eu estou a pensar nisso e estou a pensar também No No último a sair, que também tenho, também tenho essa matriz que é tipo, vamos lá dizer as coisas mais bárbaras que se nos ocorrer.
41:45
É pá, é, mas, mas lá está.
Se as coisas bárbaras forem sustentadas, eu acho que faz todo o sentido.
É um é um bocado.
Como o South Park é pá, tu ouves aquelas personagens, dizer as coisas mais horríveis, porque aquelas personagens são efetivamente horríveis.
E no último a sair aquilo, o que o Bruno fez ali e o e o pombares e o e o quadros foi criar assim uma espécie de hiper realidade em que aquelas pessoas estão a fazer delas próprias, mas ao mesmo tempo não estão a fazer delas próprias, estão a fazer o lado negro da humanidade.
42:13
E, portanto, isso dá te uma carta branca para para dizeres essas coisas todas, porque tu tu não estás a gozar com os alvos da brutalidade que é dita, é um espelho, estás a estás a gozar com o lado negro que que toda a gente tem?
E eu acho que a comédia.
Pá comédia é, é isso, é aquela acho que é uma situação do Mel Brooks ou que é que diz que AAA comédia é é pá, é.
42:35
É aquele bobo de acordo que vira Oo espelho para o rei e lhe mostra tipo a.
O pão horrível.
Quão horrível ele é.
O pão horríveis.
Somos todos no fundo, que é cá dentro.
Temos todos um Darkside, evidentemente.
Olha quando tu escreves um texto e depois o vês a ser executado por um grande ator e dizes é pá isto.
42:57
Isto, afinal, o que eu escrevi até é melhor.
Sim, é?
Pá não, muitas vezes acontecia.
Ou o contrário?
Muitas, sim, sim, mas.
Muitas que eu fiz e, se calhar, aquilo não funcionou tão bem.
Acontece sempre.
As ou tens grandes alegrias ou grandes desilusões.
É pá isso.
Isso acontecerá sempre.
Mas não é preciso ser um texto feito por outra pessoa.
43:14
Muitas vezes faço uma escrevo uma edição de um homem que mordeu o cão e penso, EIA, isto vai ser e depois não é?
Esta vai ser daquelas para ninguém esquecer.
E à medida que me está a sair da boa, que eu estou a pensar, não é assim tão bom.
Isto não é assim tão bom.
Isto parecia melhor no papel.
Isso isso é ser hiper crítico.
Não.
És muito crítico.
43:29
É pá.
Não às tantas, isto é uma coisa.
Começas a desenvolver uma começas, a perceber o que é, o que é um bom texto, o que é um mau texto e às vezes há coisas que.
É um sistema de de de controlo de qualidade.
Eu acho que sim, há e há Milagres que acontecem que é tu achares é pá.
43:44
Isto hoje está muito fraco.
Isto hoje vai ser uma barraca.
Mas o facto de tu teres consciência que o texto está fraco, se calhar Na Na entrega dele, obriga te AAA investires mais.
Vou fazer brilhar isto e de.
Repente, as pessoas acham, é pá.
Aquilo estava muita bom.
E eu pensei, é pá.
Não estava nada, mas algo aconteceu.
44:02
Na maneira como saiu?
Ou como te RIS.
Vendeu.
É, tu estás a vendeu o melhor eu estou a pensar No No no Ricardo Araújo Pereira há há há um Ricardo Araújo Pereira que eu gosto muito e outro que não gosto nada.
O Ricardo Araújo Pereira, intelectual, chateia me.
O Ricardo, mas.
44:18
É pá, é tudo.
Não é tudo faz.
Parte das dimensões do Ricardo.
Aquela dimensão Naif da da, de quase pueril, da da, da, da, de, de, de distorcer a realidade, mas.
Sabes que eu acho que a Mística do Ricardo está em ser tudo isso?
EE, desde que eu o conheci, desde que começámos a até a trabalhar juntos e a escrever para o Herman, o Ricardo sempre foi esta pessoa que trabalhava no JLE, fazia entrevistas intelectuais a grandes escritores.
44:47
Com um conhecimento profundo daquilo que eles escreviam e depois era o tipo que gostava deste, deste desconcerto absoluto de criar as personagens mais absurdas.
EE, eu acho que se calhar uma coisa não passaria sem a outra às às tantas.
É por ele ser um intelectual que consegue depois ter a inteligência para criar estas coisas tão boas no mundo do absurdo.
45:09
Ou seja, isto é pá.
No fundo, isto só somos um pacote inteiro em que as coisas não passam, mas sem as.
Outras é um combo.
Eu acho que é um combo, sim, sim, sim, sim.
Olha, há 11 pergunta.
A pergunta mais absurda, eu?
Eu, normalmente eu, eu sou um freak do controlo.
Portanto, eu acho sempre que os convidados um dia me respondem monocordicamente.
45:25
É pá.
Isso é um terror.
Ou que não querem falar dos temas eu sou sabes Oo livro da minha vida?
É é um é um livro do melvi, que é que é o barthesb EOO escrivão, para quem não conheço.
Nunca li, mas conheço.
É, é um livro muito, muito pequenino para aí, sei lá, sentam se 30 páginas, eu estou, estou, eu estou sempre a vender esse livro, vou, vou à procura, não vai, vai, eu, eu, eu só só para, para, para, para que as pessoas que nos ouçam fiquem, fiquem com a pulga atrás da orelha, que é que é um é um escritório de de contabilistas do início do século.
45:55
Julgo que em Nova Iorque, em que guarda livros, portanto, ainda é altura em que em que é preciso escrever os as contas nos nos livros e que precisa de contratar um novo escrivão e contrata um, que é o bartheb, precisamente EE.
A primeira tarefa é diz, olha, tens que copiar aqui este livro para ali e o barthee b portanto, o empregado que acabou de chegar não, não diz ao patrão imediatamente que sim, mas também não diz que não, que não faz.
46:18
Mas diz, diz esta magnífica expressão que é, preferia não fazer.
É ótimo isso preferia não fazer, não, não é não é que eu tenho gato seja sim, especialmente é, preferia fazer se tiver que, mas mas em princípio preferia não fazer e, portanto, é um pequeno livro que é que acontece tanto a pergunta mais estúpida que eu que eu tenho e que e que escrevi é, como é que é o peso de se ser markl?
46:49
Na vida?
É, é pá, é, é.
É bastante grande e já e já me deu, já me deu água para baixo.
Eu eu estou a perguntar isto porque tu, ao mesmo tempo que tens 11 dimensão profundamente pública e transparente de de escrita, de humor, de reflexão e, portanto, nós podemos.
47:07
Questionar te podemos criticar, te podemos atacar te nas redes sociais, como te acontece, tu ao mesmo tempo não te escusas disto e trazes a tua vida, a tua vulnerabilidade, a tua ansiedade, as tuas dúvidas sobre a paternidade, sobre a vida, sobre as relações, sobre pá.
47:25
Porque eu acho que às torna se uma espécie de terapia, mas aquilo que eu percebia, a dada altura, eu sempre achei que o humor era terapia suficiente, que não era preciso.
Recorreres AAA uma pessoa especializada, porque se conseguisses rir te de ti próprio e se conseguisses processar até os as tuas maiores angústias por via da comédia.
47:46
Estava resolvido.
E uma coisa que eu descobri há uns anos é que não e só te permitir até um certo ponto.
E depois tem mesmo que entrar ajuda especializada, se for caso.
Disto, até porque, até porque normalmente os os as pessoas inteligentes como tu fazem uma batota, não é?
Sabem onde é que está a Fronteira?
48:01
E dizem, bem, a gente vai até aqui e aqui é mais conservador.
A gente ri se muito.
E a seguir, aliás, assunto Sério, o número de humoristas que se suicidam é uma coisa.
É verdade, é verdade.
É pá sim, sim, que tem muito a ver.
Eu acho que tem muito a ver com com a ideia de que talvez consigam processar tudo por via do que fazem e depois, se calhar, não conseguem.
48:22
E a mim, o que me aconteceu há uns anos, eu já contei essa história várias vezes, mas pode ser que ainda haja pessoas com paciência para ouvir, mas é pá.
Comecei a comecei a entrar numa fase de de tristeza que que que que me fez questionar se para além do markl persona cómica existia mais algum, porque o que eu comecei a inquietantemente AA refletir foi, pá, o que é que eu sou fora esta personagem que conta as suas peripécias na rádio?
48:51
Eu não sei bem o que é que sou.
Não sei bem, sou ainda alguma coisa.
Não sou só.
Isso foi um.
Bocado foi um bocado isso.
EE tinha me separado.
EEE, portanto, estava estava sozinho.
Estava a questionar, o que é que eu faço à minha vida?
EEE, rapidamente comecei AAA ficar com a ideia de que muita gente ao meu redor, tirando assim alguns amigos mais próximos, mas muita gente ao meu redor também já não percebia bem.
49:19
Quem é?
Ou seja, achava que o markl é aquele é o é o boneco não é?
É o é o boneco é quem acontece em.
Faz meio de markl.
A quem acontecem coisas, não é?
E de repente, eu próprio comecei a questionar, pá, será que eu, neste momento já sou só o boneco?
Já ninguém sequer olha para mim como uma pessoa?
49:36
O que é que eu, o que é que eu tenho para dar?
Para além disto, o que é que eu sou?
Quais é que são?
Eh pá e aquilo.
Comecei a bater mal mesmo com aquilo, fiquei mergulhado em tristeza.
EE pronto.
EE foi aí que comecei a fazer terapia, portanto.
Não era uma coisa passageira, era uma coisa que estava lá mesmo.
Apesar de sim EEEE, percebi que lá está percebi que mesmo AAA, minha família sabia de coisas.
50:01
Primeiro pela rádio, antes de saber por mim histórias que eu contava que se calhar.
Qualquer pessoa na, na, no, no, seu perfeito juízo, se calhar devia contra a minha irmã ou a minha mãe ou mas não eu, eu, eu, às tantas, olhava para a minha vida quase como olhava para as notícias de do, do, do que porque precisava, que pesquisava.
50:19
Não é que me deu com quê?
Tipo, vendo lá e vou guardar esta para contar na rádio, pá.
O que quando se torna muito recorrente com as histórias pessoais, torna se estranho.
E então a minha mãe dizia, é pá, eu quero saber de ti, tenho que ouvir a rádio.
E eu comecei a questionar tudo isso.
E depois comecei a fazer terapia por influência do Vasco, que me disse, olha, eu fiz terapia.
50:37
Foi a melhor coisa que me aconteceu e vou te dar aqui o contacto.
Daquela da divã ou do ou do sofá?
Não, não era sofá.
Olha, ou não havia, não havia divã, mas é pá.
Devo muito, obviamente, ao ao Rui, o meu psicoterapeuta é pá, porque.
Abriu muitas portas que que que estavam cá dentro e eu comecei AA separar as coisas e comecei a perceber, OK, quem é que eu sou?
50:57
Para além do boneco, eu.
Estou a falar do divã porque eu fiz a do divã e havia 11 coisa que me o meu problema.
Com o do divã é que eu tenho medo de adormecer.
Eu estendo me num sítio EE, já estou.
Não, AA cena.
Pior era era, era o vazio que era.
E então, ainda por cima, quer dizer, nós somos das palavras, não é que é tipo agora não tenho nada para dizer este gajo.
51:13
Sim, é pá.
Nunca, nunca me faltou coisas para dizer neste, porque havia sempre havia, sempre é pá.
Eu lembro me que o Rui, numa das nossas primeiras sessões, dizia, é pá, eu gosto de si.
É muito fácil, é fácil falar consigo e é fácil abrir, se EEE partilhar.
EE, eu nem sequer sabia que era tão fácil assim, mas e?
51:31
Depois IA dando respostas, era era um diálogo.
Sim, sim, sim.
Às vezes há aquele aqueles.
Não.
Não, mas é Oo que o Rui fazia que o que eu adorei foi ele nunca me disse que caminho é que eu tinha que seguir.
Dava umas pistas e tal, mas a ele encaminhava a conversa de uma maneira a que eu chegava às conclusões.
51:49
Eu próprio, eu, eu lembro me de ter tido.
Tiveste momentos de epifania, tive.
Momentos de epifania, vários, vários fentivos.
Pá ainda há dias falava com o Salvador martinha sobre isto, mas mas eu tive momentos em que eu acho que uma das frases que eu disse mais vezes naquelas sessões foi, anão ser que EE pá.
52:07
Eu abria.
E eu acho que isso é é a terapia bem feita, que é quando estão portas aqui fechadas que alguém abre e tu chegas.
Lá e aquela ideia de que tu podes fazer tudo, podes tomar caminhos diferentes.
Só não podes dizer que a culpa é de outra pessoa qualquer é tua.
52:23
Sim, é pá.
Sim, sim, às vezes a culpa é de outra, de algumas coisas, mas mas na sua essência faltavam me abrir aqui muitas portas, EEE criar aqui alguns desbloqueios.
Não estou a dizer que agora sou um ser humano completamente ajustado.
Aliás, uma coisa que eu partilhava muito com o Rui era, é pá Rui, eu não vais mostrar que era que me eu não quero que me trate demasiado, porque eu sinto que se calhar depois perco a graça.
52:45
Eu acho que é um medo legítimo que pessoas que trabalham em comédia.
Porque eu acho que a comédia nasce de desajuste da dor, de um conflito e de dor, pá nasce sempre de conflito contra qualquer coisa, nem que seja contigo próprio.
Não há, não há comédia feliz, é raro eu ver comédia feliz é pá, é uma chatice.
53:02
Quando tu vês uma série, eu adoro essa série, mas quando tu vês uma série como o tedlaça, o que é uma série de conforto, é pá, é comédia, não é comédia para te inquietar, é comédia para te apaziguar, mas ele é uma personagem cheia de conflito, apesar de ser aquele tipo super simpático percebes, ele tem tristeza dentro dele e a série explora.
53:19
Essa.
Essa tristeza, portanto, não há.
É impossível.
Eu diria que é impossível fazer comédia do bem, em que está tudo super.
Feliz, é fofinha.
Tem que haver sempre conflito para haver comédia.
Tem que haver acidez.
Tem, tem, tem pá, tem.
As coisas não podem estar bem para existir comédia.
53:35
Como é que e como é que tu consegues regular?
Não sei se a expressão é certa, mas eu vou usá la o teu cinismo existencial quer dizer, pois isto viste do outro lado, como é que é isso?
Depois torna.
Se uma coisa quase é pá, é como respirar, não é?
Quando se trabalha em comédia, quando se tem que encontrar motivos de graça, pá.
53:54
Basicamente estás sempre a olhar para as coisas, a pensar qual qual poderá ser o ângulo cómico disto?
Qual o ângulo cómico desta caneca?
Qual o não é torna se uma coisa meio até até quando estás em sítios em que tens que ser solene, certo?
Estás num funeral, não rir.
Há sempre coisas péssimo que são inspiradoras, tanto assim que pá.
54:12
Lá está No No programa aos contemporâneos, um dos textos que me deu mais gosto escrever porque achei que foi muito libertador foi aquele em que OA personagem do Nuno Lopes do chato.
O conceito daquela personagem era ir ter com pessoas e chegá las sobre a sua existência.
54:28
E portanto, há um em que ele entra num velório.
EE está a chatear, um morto a dizer Ah, estás aí todo deitadinho, se é que é rica vida e não sei quê isto, e depois chega às pessoas que estão lá.
AA, fazer o luto é pá e na sua essência aquilo é muito Dark, mas ao mesmo tempo eu acho que a morte é uma coisa ótima com que se gozar porque já que é inevitável.
54:46
EE, já que a tememos é pá mais, vale fazermos comédia com ela, porque não pode acontecer pior e é terapêutico fazer isso.
Olha, fechamos eu, mas eu quero pôr aqui a luz.
Que é?
O que é que o teu filho Pedro te ensinou?
55:01
O que é que tu aprendes com ele?
Matemática, Jesus do céu.
Não é pá, é, é.
Eu acho que eu lembro me sempre.
Os nossos filhos são mais espertos que nós, certo?
Eu, eu acho que há.
Há uma evolução, não é?
55:17
Há coisas que eu adorava que ele, que ele gostasse mais, mas se calhar estou a precipitar me.
Se calhar ele ainda vai gostar, mas eu às vezes dou lhe grandes injeções de devias ver este filme.
Devias ver aquele filme.
E ele não está para isso, mas é pá.
Mas é melhor do que eu numa série de coisas.
E.
Depois, traz nos coisas, não é traz.
55:33
Coisas é pá sim, sim, já já não sou só eu a aconselhar lhe filmes e séries já é ele que me aconselha a mim e depois damos por nós a ver aquilo os 2 e a adorar.
É pá acontecer isso agora com aquela série japonesa da Netflix, o Alice in borderland, que foi ele que me disse é pá tens que ver isto que vais adorar e vemos os 2.
55:49
EE é maravilhoso mas mas acima de tudo eu eu tinha obviamente que anos receios.
É quando o Pedro ainda estava para nascer, mas já sabíamos que ele IA nascer e.
Receio de quê?
É pá.
Será que eu eu sinto me ainda demasiado filho para ser pai de alguém?
56:04
Ah, isso muda, não é?
Deixa ser a pessoa mais importante do mundo e passas a ser a.
E lembro me da clareza do conselho de Álvaro Costa, nosso colega Álvaro Costa, a quem eu disse, ele disse, então está tudo bem.
Eu disse, é pá, estou apreensivo, pá, vou ser pai.
E o que é que EOO?
Álvaro dizia, é pá, vais ver, é como eu.
56:21
Aquilo simplesmente dá, se acontece, vais começar a perceber, vais quando dás por isso é uma coisa que tens que fazer, não é?
Vais fazê la e pá e eu adorei esse conselho.
EE é ótimo, é pá, é ótimo sim, mesmo com apesar de todas as cólicas que ele teve enquanto bebé e que fizeram com que eu e a Ana também não dormíssemos durante para aí 3 anos pá todas lá está naquela altura havia muita gente que dizia esta parte mais tramada de ser bebé.
56:50
Desta as noites mal dormidas e do choro no futuro, vocês vão se esquecer dela.
Ou seja, não se esquecemos, mas conseguimos fazer uma coisa que é, foram muitas noites e eu, na minha cabeça, resumo aquilo a uma noite só estás a perceber.
Longa e sonolenta.
Relativizei tudo.
Até porque tu estás a fazer programa da manhã na rádio, há quanto tempo é pá?
57:07
Desde 97 lá está, que foi quando comecei a fazer o homem que mordeu o cão a.
Acordar a que horas?
Depois, quando vim para a antena 3, vim para para as manhãs também e quando voltei para a comercial, voltei para as manhãs outra vez.
Portanto, posso pôr um anúncio de de emprego a dizer que sim.
Nuno markl.
Procuro um emprego nas tardes da.
Sim, sim, sim, é pá.
57:23
Eu eu acordo todos os dias às 6 e 1 quarto da manhã e que eu gosto sempre de contar esta história que foi 11 vez.
Perguntei a essa lenda da rádio que é o António sala, que fez o despertar durante vários anos.
Com a Olga e com a Olga Cardoso?
57:39
Exatamente.
E eu disse lhe António, qual é?
Qual é o número de anos que uma pessoa pode aguentar a fazer este horário a validade sem enlouquecer.
Hum, Hum.
E ele disse me com o ar mais natural desta vida, uns 5 agora, a partir daí é pá.
57:54
São quase 30, são quase 30.
Como é que eu não hei de ser meio apanhado?
Olha, já falamos da Inês, fechamos com a pergunta fetiche dela, que é, o que é que é um dia bom para ti?
Não é?
Ela faz sempre.
Essa pergunta é pá.
Sim, sim, sim, sim, estou.
Sempre a pensar No No entrevistado que que um dia lhe vai dizer um dia bom para mim é o nada.
58:14
É quase isso, é quase isso.
Eu constato, constato, que repara.
Eu adoro Vila, sítios, adoro estar aqui.
Foi uma luta que conseguires, mas conseguimos marcar 11.
Data, mas tem a ver com a agenda.
Tem a ver com a agenda.
Tu tens uma, tu tens uma agenda maluca, mas.
Quando eu tenho uma, tenho uma agenda maluca e vai e vai ficar mais proximamente.
58:30
Vão começar gravações novas do taskmaster e aí é é pá.
É o Fim do mundo.
Dá me muito gozo, mas é tipo, quer dizer?
Rádio quem é que aparece lá?
Não, não acho que ainda não na pode se dizer da que vai para o ar agora deste mês.
Então já é sabido, já é sabido.
Ah, já é sabido que que é que é Gabriela Barros, é o Gil Mário vemba, é a é a Ana Garcia Martins, pipoca mais doce e o Pedro Alves e.
58:53
Portanto, já tens outras, já tens outras pessoas.
Já há outras pessoas das quais ainda não se pode dizer nada.
OK, um dia bom, mas um dia, um dia bom nestas, no meio desta loucura toda.
É muito, é pá, é uma coisa, é um dia pode ser 2 coisas e aliás um dia bom que tem estas 2 Vertentes, que é um dia em que eu consigo estar um bocadinho no sofá, a ver um episódio ou um filme, qualquer coisa, e em que eu possa ir passear com a minha namorada ou com o meu filho ou com a minha namorada e com o meu filho.
59:22
Tenho, tenho que ter essas essas Vertentes.
Mas.
Mas já houve uma altura em que eu estava meio workaholic e eu agora acho que acho que sei parar melhor.
Não sou perfeito ainda não parar.
Mas sei para melhor.
Nuno markl, senhores ouvintes, obrigado por terem vindo.
59:37
Foi um gosto, isto passou a correr.
Não.
Sim, olha.
Queres ver?
Olha, 54 minutos de conversa, bolas.
Parece que estivemos.
Aqui, 10 é isto, a sorte é como isto é podcast.
Se as pessoas serem AI agora, ao fim de 10 minutos, já não quero ouvir.
Mais é isso, é isso?
Vou ouvir amanhã que isto já estava.
É isso, é isso, é isso.
Foi gosto?
59:53
Foi em gosto.
As grandes conversas voam no tempo e se há coisa que o Nuno markl faz bem é fazermos voar no tempo com grandes histórias.
E uma grande história na rádio depende do conteúdo, mas também e muito do tempo, do ritmo, da intensidade, dos inuendos, tal como a escrita do humor.
1:00:10
É aquela magia, aquela corrente elétrica que liga as pessoas que fazem e ouvem a rádio.
A magia chama se empatia até para a semana.