Minuto 109.
Final do campeonato da Europa de 2016
Éder chuta e a bola entra na baliza francesa, tornando Portugal campeão.
Em Paris.
Nenhum destas linhas faz jus à emoção de ver em directo o momento.
Nem há emoção carregada na voz dos jornalistas e narradores desportivos dessa noite, no estádio.
É esse momento sublime da liturgia do relato de futebol que quero fotografar nesta edição.
TÓPICOS DE CONVERSA
O fascínio da bola e do futebol (00:00:12) Discussão sobre o fascínio da bola e do futebol na forma narrada, destacando a emoção do jogo.
Preparação e experiência de Nuno Matos (00:01:35) Nuno Matos partilha a sua experiência e processo de preparação para relatos de futebol, salientando a importância da relação com as fontes, a parte emocional na narração e a evolução das tecnologias utilizadas.
Preparação para uma competição (00:03:44) Nuno Matos fala sobre como se prepara para uma competição, incluindo o acompanhamento das equipas, treinos, lesões e a importância das fontes credíveis.
Relato de futebol e relação com as fontes (00:06:13) Discussão sobre a relação de confiança com as fontes e a importância do timing na divulgação de informações sensíveis, como a convocatória de jogadores.
Abordagem emocional no relato de futebol (00:08:30) Nuno Matos destaca a importância de ser informativo, descritivo e emocional no relato de futebol, transportando a paixão e a emoção do jogo para os ouvintes.
Momento mágico na história do futebol português (00:10:08) Nuno Matos recorda o momento-chave da história do futebol português, a final do campeonato da Europa de 2016, destacando a emoção e a importância desse momento.
Preparação Técnica (00:15:40) Discussão sobre a preparação técnica para relatos desportivos, incluindo problemas com a linha e soluções.
Relatos em Condições Adversas (00:16:04) Narrador partilha experiências de relatos em condições adversas e a importância da confiança e profissionalismo.
Ligação com os Ouvintes (00:18:11) Discussão sobre a importância da ligação com os ouvintes e a interação através das redes sociais.
Emoção na Narração (00:19:58) Exploração da relação emocional do narrador com os clubes e a seleção, e a importância da imparcialidade no jornalismo desportivo.
A Importância da Narração (00:21:09) Reflexão sobre a importância da narração desportiva e a responsabilidade de capturar momentos únicos.
Impacto do Desporto na Imprensa (00:22:42) Análise do papel do desporto na imprensa e o impacto dos narradores desportivos na vida das pessoas.
Momento Crucial no Futebol (00:25:36) Discussão sobre o momento crucial da lesão de Cristiano Ronaldo durante a final do campeonato europeu.
Entrevistas no Jornalismo Desportivo (00:28:04) Reflexão sobre a profundidade das entrevistas no jornalismo desportivo e a busca por ângulos diferentes.
Formação de Jornalistas (00:29:15) Análise da formação de jornalistas e a importância de procurar abordagens originais nas reportagens.
O problema da comunicação nos clubes (00:30:05) Discussão sobre a má comunicação dos clubes e a falta de disponibilidade dos jogadores e treinadores para falar.
Bernardo Silva e outros heróis do desporto (00:30:46) Elogio à capacidade de comunicação de Bernardo Silva e a importância de reconhecer heróis de outros desportos.
Mudança de paradigma na cobertura desportiva (00:32:11) Reflexão sobre a mudança na cobertura dos jornais desportivos e a necessidade de valorizar outros desportos.
Os treinadores no futebol português (00:33:01) Análise dos treinadores de futebol português, destacando as diferentes abordagens comunicativas de cada um.
Trabalho emocional e mental no futebol (00:36:09) Ênfase na importância do trabalho emocional e mental dos jogadores e treinadores no futebol.
Comunicação dos treinadores e seleção nacional (00:41:50) Discussão sobre a comunicação dos treinadores e a liderança na seleção nacional, com destaque para Roberto Martínez.
Problemas nos jogos juvenis (00:42:54) Preocupação com o comportamento dos pais nos jogos juvenis e o impacto negativo na carreira dos jovens jogadores.
00:44:31 – Jogadores em destaque Discussão sobre jogadores promissores em clubes portugueses e o seu potencial de transferência internacional.
00:47:04 – Fadiga pós-jogo Nuno Matos fala sobre o seu estado físico e emocional após narrar intensamente durante um jogo.
00:47:52 – Reconhecimento internacional Nuno Matos menciona prémios e reconhecimento internacional pelo seu trabalho de narração desportiva.
00:49:02 – Cuidados pessoais e agradecimento Nuno Matos fala sobre a sua saúde e a importância da entrega emocional na sua narração, agradecendo o apoio do público.
00:50:15 – Conexão com os ouvintes no exterior Nuno Matos destaca a importância da rádio em aproximar os ouvintes no exterior com Portugal e o seu trabalho como narrador desportivo.
00:51:48 – Reconhecimento e humildade Nuno Matos menciona o reconhecimento de figuras importantes e destaca a importância de tratar todos os ouvintes com igualdade.
00:52:13 – Força do futebol e da rádio Nuno Matos fala sobre a força do futebol e da rádio em unir as pessoas e destaca a importância da dedicação diária ao trabalho de narração desportiva.
00:52:53 – Reconhecimento dos erros Nuno Matos aborda a importância de reconhecer e corrigir os erros durante a narração desportiva, enfatizando o ser genuíno e apostar na ligação com o público.
Nuno Matos. Há 35 anos descreve-nos o que está a acontecer em momentos desportivos-chave.
E não é só futebol.
Nas palavras carrega o descritivo dos factos que vê mas, principalmente, o sonho do herói.
O carregamento emocional da grande vitória ou da mais humilhante das derrotas.
Sempre entre o céu e o inferno.
Entre o mais improvável dos heróis, como Éder na final do europeu, ou a mítica história do deus grego que por acaso nasceu português chamado Cristiano Ronaldo.
Talvez o futebol não seja só futebol.
E a voz carrega essa narrativa da superação permanente.
Não sei se vos acontece, mas por mais mágicas que sejam as imagens de um jogo de futebol da televisão, não há emoção que supere um relato na rádio.
Essa fala ao ouvido, ora descritiva, ora emocional, é torrencial.
Essa voz é uma marca de verdades impossível de esquecer ou apagar.
Num relato temos o privilégio de estar lá, no meio do campo, apenas guiados pelo som.
Isto é comunicação.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIOJORGE CORREIA (00:00:12) – Cor Viva um Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre comunicação. O fascínio que uma bola exerce sobre uma criança é das coisas mais curiosas do mundo. O que tem de mágico? O rolar de uma bola? O que provoca nas nossas mentes infantis ou até nos mais crescidos? Esta edição é toda sobre o mágico mundo da bola. O futebol na sua forma narrada. Sim, vamos ligar nos às vozes de rádio que nos trazem a emoção do jogo ao minuto, o relato de futebol. Mas o relato do futebol é muito mais do que um simples descrever de 22 pessoas atrás de uma bola. É toda uma estética emocional e toda a mitologia dos heróis que me interessa. E sobre isso esta edição. Minuto 109, final do Campeonato da Europa de 2016, Éder chuta a bola que entra na baliza francesa, tornando Portugal campeão em Paris, logo em Paris. Nenhuma destas linhas faz jus à emoção de ver em directo o momento, nem a emoção carregada na voz dos jornalistas e narradores que nessa noite no estádio, nos contaram o golo de Éder e esse momento sublime da liturgia do relato de futebol que quero fotografar nesta edição.
JORGE CORREIA (00:01:35) – Sigo pela voz de um companheiro de sempre nas lides da telefonia, Nuno Matos, há 35 anos, a descrever nos o que está a acontecer em momentos desportivos chave. E não é só futebol. Nas palavras carrega o descritivo dos factos que vê, mas principalmente o sonho do herói, o carregamento emocional da grande vitória ou da mais humilhante das derrotas de sempre entre o céu e o inferno, entre o mais improvável dos heróis como o Éder na final do Europeu ou a mítica história do deus grego que por acaso nasceu português, o Cristiano Ronaldo. Talvez o futebol não seja só futebol e a voz carrega essa narrativa da superação permanente. Viva! Nuno Matos.
NUNO MATOS (00:02:23) – Prazer é meu.
JORGE CORREIA (00:02:24) – Camarada.
NUNO MATOS (00:02:25) – Encontro.
JORGE CORREIA (00:02:26) – Trabalhamos muito, muito tempo, muitos anos. Europeus, de futebol, mundiais de futebol. Tu lá no bem bom e eu do lado. Eu do lado de cá, apenas e apenas ouvido. Acabas de chegar da África.
NUNO MATOS (00:02:39) – Sim, estive na Costa do Marfim a fazer a Taça das Nações Africanas, a principal competição de seleções da África, e ainda não tinha no currículo um can.
NUNO MATOS (00:02:50) – E foi o meu primeiro ano. Tenho já seis mundiais, vou para o meu sétimo Europeu. E foi meu o meu primeiro canto, portanto uma estreia. A minha estreia foi Sendo que quando tu.
JORGE CORREIA (00:03:00) – Quando tu fazes uma cobertura aqui, lembro me do Europeu, da Holanda e da Bélgica. Lembro me da Alemanha. Lembro me de França, claro. Todos nos lembramos de França. É completamente diferente, não é?
NUNO MATOS (00:03:13) – Sim, é uma competição com uma exigência diferente, até em termos de condições de trabalho. É mais difícil, mas. Mas merece a pena.
JORGE CORREIA (00:03:21) – Estavas mal habituado.
NUNO MATOS (00:03:22) – Eu sei que estava mal habituado, mas enfim. Mas vamos dar também uma nota positiva à Costa do Marfim, que acabou por organizar até de forma de forma superior esta Esta competição. É que eu costumo dizer quem dá o que tem a mais não é obrigado. Olha, fala.
JORGE CORREIA (00:03:38) – Me da maneira como te preparas para para uma competição destas ou para para o Jaguar ou para os.
NUNO MATOS (00:03:44) – 35 anos de rádio. Nunca facilitei, sempre me preparei.
NUNO MATOS (00:03:48) – Os ouvintes merecem. Merecem todo o nosso respeito. Entendes?
JORGE CORREIA (00:03:51) – E faz o quê? Como é que, como e como é que é a liturgia dessa preparação? Já vamos falar do relato desse momento de celebração, esse momento mágico.
NUNO MATOS (00:04:00) – O jornalista atento tem que tem que estar a estar atenta à informação desportiva. Eu vejo muita televisão, eu leio jornais, eu leio jornais. Se bem que estamos agora numa nova era digital e tu tens que acompanhar essa nova era digital para abrir esse caminho e para poderes acompanhar esta nova era digital, mas acompanhar as equipas ao longo da semana, acompanhar os seus treinos, saber se quem está, quem está apto para o jogo, quem não está, se vamos ter alterações. Ontem fiz o Benfica Vizela. O Benfica fez sem contrações. Eu por exemplo, na preparação do jogo não tinha essa indicação. Sabia que ele já ia fazer uma determinada gestão porque vinha aí o jogo da Liga Europa, mas não tanto, mas não tanto. Portanto, estás sempre tens, estás preparado, mas estás sempre a ser surpreendido.
NUNO MATOS (00:04:49) – Mas sim, tens que tens que fazer. Vais fazer o por exemplo o Benfica, como eu fiz esta semana ou ontem o Benfica Vizela. Acompanhas e acompanhas a informação das duas das duas equipas ao longo da semana. Baixas últimos resultados Histórico de confrontos entre as duas equipas. Os últimos jogos também na temporada entre Benfica e Vizela. Enfim, basicamente é o nosso e o nosso trabalho. Tens de ter conhecimento do jogo, tens de ter conhecimento das equipas, tens que ter conhecimento dos jogadores e é isto e é isto.
JORGE CORREIA (00:05:29) – E faz aquela coisa que que nós fazemos quando? Quando somos espectadores, Que é que que 11 É que será provável ou não é provável? Ou já és gato escaldado e dizes isto? Deixa lá ver o que é que pode acontecer, porque os treinadores podem sempre ir lá ao seu baú e inventar uma coisa, não?
NUNO MATOS (00:05:46) – Boa questão. Boa questão. Nós também temos as nossas fontes, não é? Eu, no último Campeonato do Mundo, no Qatar, ali estive com o Paulo Sérgio e não falhámos um 11, o que quer dizer que tínhamos boas fontes e antes da antes do selecionador a revelar para a imprensa o que é que te dizem as fontes?
JORGE CORREIA (00:06:03) – Já agora, não, não, não, Não quero perguntar.
JORGE CORREIA (00:06:05) – Não quero saber quem. Algumas fontes. Mas como é que é esse diálogo? Mas como é que é? Como é que é? Como é que é esse diálogo?
NUNO MATOS (00:06:13) – É um diálogo que eu acho que isso vai muito na. Confiança que tens com a tua fonte e no respeito que tens com ela. Eu acho que eu acho que isso é importante. Acho que isso, em relação a uma relação mediada, até tinha colocado aqui a relação mediada como uma condição essencial de confiança e, portanto, desde que as coisas corram bem, conseguem passar a informação. E depois tu, Jorge, da melhor maneira. Agora essa informação pode pode ser passada e dizem me o seguinte. Atenção só a partir das 11h00. Só a partir do meio dia. Há timings para quando.
JORGE CORREIA (00:06:51) – O treinador informar a equipa. Provavelmente quando estou estou aqui a pensar não está?
NUNO MATOS (00:06:56) – Estás a dizer bem de imediato.
JORGE CORREIA (00:06:58) – Estou a pensar quando? Quando? Quando aparecem questões delicadas. Estou a pensar no último Mundial, quando Fernando Santos decidiu não utilizar Cristiano Ronaldo como titular.
JORGE CORREIA (00:07:08) – Imagino que uma dessas eu sabia.
NUNO MATOS (00:07:10) – Eu tinha essa informação. Cá está e pudeste.
JORGE CORREIA (00:07:12) – Pudeste revelar.
NUNO MATOS (00:07:13) – Revelei, revelei logo de manhã, nos nossos noticiários na Antena um. Eram 10h00. Estava a dar a notícia. Cristiano Ronaldo Não, não vai jogar. Enfim, tinha essa indicação porque depois lá se criou.
JORGE CORREIA (00:07:25) – Claro que eu sei que é notícia. No fundo, é tentar perceber o que é que, o que é que está acontecer. Porque depois os próprios jogadores, as próprias famílias, também estão a ouvir, também estão a.
NUNO MATOS (00:07:36) – Eu tenho boa relação até com alguns familiares de jogadores e entrevistei agora no Mundial do Qatar e que são também alguns boas boas fontes, não é? Agora tem que haver esse respeito. Como? Como te disse, olha.
JORGE CORREIA (00:07:48) – Como é que é a liturgia do relato. Tu, por um lado é jornalista e portanto és escravo dos factos e do rigor e daquilo que está a acontecer. Mas quando nós ouvimos um relato de futebol, nós temos essa dimensão do que é que está a acontecer factualmente.
JORGE CORREIA (00:08:07) – Mas a partir do momento em que o jogador atravessa o meio campo da nossa equipa e eu sinto que o golo é quase iminente, como é que. Como é que tu. Como é que tu praticas esta liturgia?
NUNO MATOS (00:08:19) – Eu pensava que me ias perguntar se a narração desportiva, o relato desportivo, era informação com entretenimento. Era só informação alemã misturada a uma mistura dos dois. Como é que.
JORGE CORREIA (00:08:29) – Tu vês a coisa?
NUNO MATOS (00:08:30) – Eu sou eu no relato. Sou informativo, sou descritivo, sou isento, mas também sou muito emocional. E depois cruzo a parte informativa com a parte emocional. E eu acho que o meu avião, ou talvez aquilo que as pessoas gostem que eu acho que me torna especial no meu trabalho e nos relatos, é exactamente esse cruzamento que eu faço entre a informação e também a parte emocional. Futebol é paixão, futebol é emoção, futebol é espetáculo e se tu conseguir passar isso para quem te está a ouvir, isto é, transportar as pessoas para, neste caso, para o estádio, isso é sensacional.
NUNO MATOS (00:09:14) – Enfim, posso dizer missão cumprida, porque aquilo não.
JORGE CORREIA (00:09:18) – É só dizer que o jogador vai para o sitio X ou que faz este cruzamento ou que.
NUNO MATOS (00:09:23) – Faz isso é muito importante. Isso é o descritivo, Essa é a parte descritiva, a parte informativa, mas depois há o resto. Como é que eu tenho de dizer depois? Cada narrador tem sua envolvência? Tem, tem a sua linguagem, entendes? Depois cada um emprega no seu trabalho o seu, o seu ADN, enfim, o seu condimento para, para para o trabalho.
JORGE CORREIA (00:09:48) – E eu só fiz relatos a brincar no início da minha carreira enquanto estagiária, portanto, uma coisa muito incipiente. Mas tenho para ti, para nós dois minutos de um som que eu quero que é que ouçamos e que falemos sobre ele.
JORGE CORREIA (00:10:57) – Se sente neste momento.
NUNO MATOS (00:10:59) – Este é o momento. Este é o momento mais importante da história do futebol.
JORGE CORREIA (00:11:02) – Descrevê lo para aqueles supostos traídos que não sabem o que é isto amor.
NUNO MATOS (00:11:07) – Há imagens que a memória não apaga.
JORGE CORREIA (00:11:09) – Mas onde estás tu?
NUNO MATOS (00:11:10) – Eu estou no sul de França e eu sou um privilegiado porque no dia 10 de julho de 2016 participei do momento mais importante da história do futebol português. A minha empresa deu me essa oportunidade. Eu tenho de estar agradecido e ainda ainda me consigo arrepiar a olhar para. Parece que parece que porque há imagens que a memória não apaga mais, não é? E eu ainda estou a olhar para aquele minutos mágico. Minuto 109 minuto 69, quando o João Moutinho coloca a bola não é a dar, é o Éder. Enfim, dá aquela chapada na bola e consegue bater o guarda redes francês. Que alegria! Sabes porquê? Porque eu já vinha fazendo as grandes competições, acompanhando as grandes competições desde o Euro 2000.
NUNO MATOS (00:11:53) – Sempre que o Alexandre Afonso Portugal esteve lá, estive muitas vezes. Esteve quase, quase, quase lá. 2004, 2004. Falhámos. Foi isso? Foi. E aqui foi o nosso momento supremo. Em 2004 foi um momento de frustração, de desilusão, de recordes, de bandeiras.
JORGE CORREIA (00:12:09) – Estive no este povo.
NUNO MATOS (00:12:11) – O povo unido em torno, em torno da seleção. Enfim.
JORGE CORREIA (00:12:15) – Foi um choque e um banho de água fria. Mas na realidade os gregos ganharam nos duas vezes no espaço de três, 15 dias. Portanto, se calhar sim, sim, o azar é pouco, não é?
NUNO MATOS (00:12:24) – Claro, é a sorte. E azar em futebol é tudo muito relativo, não é? Muitas vezes, como eu costumo dizer, sorte é conseguir aproveitar a oportunidade quando ela chega, não é?
JORGE CORREIA (00:12:38) – E tu conheces bem os jogadores e os treinadores. E é certo e sabido que além de eles estarem numa elite e jogarem aquilo de uma forma suprema de fisicamente estarem numa num momento em princípio, de grande qualidade, A cabeça depois é fundamental.
NUNO MATOS (00:12:55) – E parte a parte psicológica é fundamental. Ainda ontem tu falou, falou Roger Smith e disse bem, a melhor gestão, a melhor gestão, é a forma mais rápida de preparar uma equipa que tem um calendário apertado em fevereiro e que joga de três em três dias. E isso é a vitória. Se atrás de uma vitória vier outra vitória, isso é importantíssimo. É como um atleta. A parte emocional é 50%, 50%. Todos sabemos disso. Quando uma equipa está bem, quando o grupo está unido e está a vencer. Não entra nada, não está. O balneário está blindado, a equipa está com força e supera tudo.
JORGE CORREIA (00:13:41) – Olha, vamos, Vamos a Paris nas horas antes de chegares ao estádio. Não sei quanto tempo precisa de estar no estádio.
NUNO MATOS (00:13:50) – Neste nestas condições eu não facilito, não facilito. Vou sempre três ou 04h00 antes, às vezes cinco. E quem nos está a ouvir diz e não vai 05h00 antes para gostar e para quê? Porque quando eu chegar ao meu posto de fico em primeiro lugar, tem que identificar o meu posto fixo de reportagem.
NUNO MATOS (00:14:07) – E agora.
JORGE CORREIA (00:14:08) – Está.
NUNO MATOS (00:14:09) – A ouvir? Já está. Já está tão. Mas então está mal. Não tem uma credencial? A credencial? Não, não tem o número que vai indicar? Tem. Só que muitas vezes, dizem Nuno Matos Lugar 22 é normal, está no 42. Portanto, em muitas vezes existe isso.
JORGE CORREIA (00:14:25) – Mesmo em campeonatos tão bem organizados como mundiais, europeus.
NUNO MATOS (00:14:27) – Europeus, não europeus não, mas em competições europeias, em competições europeias. Refiro me mais a isso europeus, não europeus, a uma melhor organização.
JORGE CORREIA (00:14:34) – Depois tu tens lá plantado uma, uma linha hoje imagino que por internet. Portanto, antigamente era uma linha telefónica especial.
NUNO MATOS (00:14:42) – Outro aspeto importante primeiro lugar tens que identificar onde te vais sentar, Depois para perceberes se tens internet, tens as condições todas para desenvolver o teu trabalho. É essa e essa é a parte essencial. Nós trabalhamos hoje com uma linha, uma linha digital. Nós já substituímos a forma antiga, linha que deixa o antigo registo hoje e hoje é outra qualidade.
JORGE CORREIA (00:15:03) – O telefone, um telefone especial para as pessoas.
NUNO MATOS (00:15:05) – Fazerem novos tempos, não é? Estão as novas tecnologias e a melhoria também em termos, em termos técnicos e o resto do material?
JORGE CORREIA (00:15:13) – Uma pequena mesa, uns auscultadores, um microfone. És tu que levas, Sou eu.
NUNO MATOS (00:15:17) – Sou o work life. Para veres também a evolução que houve em relação a outros anos em que íamos com técnica em que estávamos dependentes. Hoje não os desenvolvemos. O nosso trabalho somos. Somos muito mais independentes e a própria empresa, a própria empresa, poupa também em custos, custos de pessoal e custos em termos de de de de material. E é.
JORGE CORREIA (00:15:38) – Mais fácil depois e tal mas, mas.
NUNO MATOS (00:15:40) – Mas nem sempre, nem sempre a linha está ok. Muitas vezes há problemas com a linha, então tu precisas de ter, precisas ter ali uma, enfim, um tempo para poder se afinar tudo. Não é? Porque se a linha não estiver a funcionar.
JORGE CORREIA (00:15:56) – Como é que fazes? Precisas de.
NUNO MATOS (00:15:57) – Encontrar um.
JORGE CORREIA (00:15:58) – Técnico.
NUNO MATOS (00:15:59) – Técnico que possa ir testar a linha, que fale com a central e que depois a central fale para Lisboa.
NUNO MATOS (00:16:04) – E tudo isso demora muito tempo. Se tudo correr bem, tu até podes ligar meia hora antes do jogo porque.
JORGE CORREIA (00:16:10) – Está tudo pronto e.
NUNO MATOS (00:16:11) – Isso é estares a confiar. Não estás a ser profissional, amigo. Já alguma vez te.
JORGE CORREIA (00:16:14) – Aconteceu o mesmo? Apesar de todos os teus esforços? Aquilo não estou sempre a pensar. Antigamente, naqueles relatos na Europa de Leste em particular, onde aquilo às vezes era complicado.
NUNO MATOS (00:16:24) – Minha Nossa Senhora, o que eu já sofri, o que eu já sofri na altura, porque na altura era, era por telefone, era a linha telefónica. Recordo me viagens terríveis em termos de condições de trabalho num antigo Azerbeijão, Arménia, Cazaquistão.
JORGE CORREIA (00:16:42) – Enfim, como é que é o mundo nesses sítios?
NUNO MATOS (00:16:44) – Quantos agora? Agora são países? Completamente. Aliás, tu recordas te que Baku foi considerado o novo Dubai? Mas eu como quando estive em Baku e o que eu sofri em termos de condições de trabalho era terrível. E quantas vezes eu não conseguia comunicar com Lisboa? E quantas vezes eu disse assim Pessoal, Alô, Lisboa? Atenção que não sei se estou a chegar.
NUNO MATOS (00:17:05) – Então vamos combinar o seguinte? Então vamos combinar o seguinte um, dois, três e quando eu contar até três vou começar a relatar. Portanto, eu conto até três e começa a relatar e um sem saber estás a chegar. Eu não sei se fazes 90 minutos de relato sem saber se estás a chegar a Lisboa. Agora vai. É um pesadelo, mas felizmente quase sempre correu bem. Em quase 35 anos de carreira que tem muitos relatos. Não, não os contabilizo, mas são muitos e muitas viagens. Conheço esse mundo, tenho andado por esse mundo fora e foram poucas as vezes que eu não consegui desenvolver o meu trabalho. Talvez duas, três, quatro. É, mas foi. Foi terrível. São momentos de frustração para um profissional que quer, que quer levar o seu trabalho ao seu auditório e não consegue fazer.
JORGE CORREIA (00:17:59) – E há uma dimensão aí que é uma dimensão em que se as coisas poderem não estar a funcionar e uma é uma frustração, tu estás a fazer uma fala que no fundo a rádio é unidirecional.
JORGE CORREIA (00:18:11) – Tu falas e nós recebemos, nós ouvimos. Tu manténs algum tipo de relação ou faz algum piscar de olhos aos ouvintes? Porque eu ouço te cada vez mais a dizer a internet. Portanto, mandem lá uma mensagem, vão ao meu Facebook, vão lá, vão lá a página.
NUNO MATOS (00:18:30) – Oh Jorge, o bem mais precioso que eu tenho são os meus ouvintes.
JORGE CORREIA (00:18:34) – A ligação com eles.
NUNO MATOS (00:18:35) – A ligação com.
JORGE CORREIA (00:18:36) – Aqueles que dizem eles, o que é que eles te pedem?
NUNO MATOS (00:18:39) – Ainda ontem fiz o Benfica Vizela, tenho aqui 500 comentários na minha, no meu facebook, enfim, eu tenho. Eu não ligo muito não e não ligo muito não, não, não consigo ter muito tempo para acompanhar. Não cultivas muito, mas tenho aqui cento e 120.000 seguidores no facebook. Só agora é que comecei e são simpáticos.
JORGE CORREIA (00:18:58) – Ó levas com todas as.
NUNO MATOS (00:19:00) – Eu quero os elogios, mas também quero a crítica. Mas há que saber criticar. Como? Como tu deves entender, contam se pelos dedos das duas mãos os ouvintes que de alguma forma criticaram de uma forma rude ou pouco educada.
NUNO MATOS (00:19:15) – Eu tenho conseguido manter essa boa ligação por causa da clubite também.
JORGE CORREIA (00:19:19) – Quer dizer, eu estou a pensar aqui um bocadinho que obviamente tenho.
NUNO MATOS (00:19:22) – Conseguido manter esse equilíbrio, porque mesmo aqueles aqueles ouvintes, eu sou normal. Sim, hoje gritou aquele golo do Sporting com uma intensidade. Isso não faz no jogo seguinte, está atento. Eu vou fazer o relato do Benfica ou o contrário. Peço desculpa. Eu tenho razão. O senhor é mesmo assim. A forma como se envolve, seja no Benfica, nos jogos do Benfica, no Sporting, no Porto. Faço menos. Como entendes? 300 quilómetros mais longe, Seleção. E as pessoas já perceberam que eu sou mesmo assim. A forma como eu me entrego a.
JORGE CORREIA (00:19:55) – Fazer um clube, a fazer a seleção é a mesma coisa. Não.
NUNO MATOS (00:19:58) – Não, não é. Mas tu és jornalista, tens que tens que ser isento. Tens que não podes, Não podes estar a dizer inverdades ou estar a passar. Claro que não. Em Portugal, se tivermos uma grande penalidade contra Portugal eu não vou dizer que não foi grande penalidade.
NUNO MATOS (00:20:17) – Agora desculpa.
JORGE CORREIA (00:20:19) – Não vais celebrar esse momento, Não vais dar ênfase a esse momento.
NUNO MATOS (00:20:23) – Se Portugal ganhar, como foi? Se Portugal conquistou o Euro 2016? Deixa me, deixa me, deixa me celebrar aquele momento, porque eu estou no momento mais importante da história. Futebol português. Jorge e todos aqueles que nos estão a ver e ouvir lá fora não fazem assim. Nós costumamos dar os bons exemplos da BBC. Nós costumamos a dar os bons exemplos da noite bela. Nós gostamos de fazer. Claro que fazem. Claro que sim. Quando é a sua seleção? É o seu país que está a jogar? Por que é que não podemos festejar um golo da nossa seleção agora em clubes? Não é isso. Isso é diferente. Mas claro. Se o Benfica, Sporting, Porto e Braga também defrontarem um clube, um clube estrangeiro, porque não puxarmos aí vamos. Vamos Benfica, vamos Sporting.
JORGE CORREIA (00:21:04) – Vão alguns jogadores fazer uma obra de arte? Uma jogada absolutamente extraordinário. Claro que sim.
NUNO MATOS (00:21:09) – Celebramos, como eu faço, relatos de grande parte da minha, da minha carreira é feita também durante uma uma geração de jogadores de ouro.
NUNO MATOS (00:21:22) – Eu sou um privilegiado porque faço relatos numa era em que há um Cristiano Ronaldo, um tal o tal jogador que ultrapassa os limites da lógica e.
JORGE CORREIA (00:21:29) – Que ouviste dezenas de vezes a jogar e que.
NUNO MATOS (00:21:31) – Eu vi e que eu tentei agarrar os momentos fantásticos que ele me proporcionou. Entendo que a.
JORGE CORREIA (00:21:37) – Obrigação era fotografar aqueles momentos e deixá lo para a posteridade.
NUNO MATOS (00:21:40) – Está pronto? Está tudo dito. Fotografar, Agarrar o momento, meu amigo, Nós estamos lá, Pois agarra o momento. Quem consegue? Quem? Quem sabe? Uma coisa, Jorge Posso, Posso. Só que sempre vamos falar. E que. No jornalismo hoje em dia em relação ao teu tempo, Hoje em dia todos querem ser Cristianos Ronaldos. A verdade é que muitos, muitos deles, nem conseguem ser os próprios ao trabalhar para serem eles próprios. Essa é a diferença.
JORGE CORREIA (00:22:11) – Portanto, copiam, copiam, copiam, em vez de apresentar um ser um produto original.
NUNO MATOS (00:22:17) – Eu acho que estão mais preocupados em saber o que é que a rede social vai, como é que a rede social vai reagir em vez de se focarem, em vez de se envolverem, em vez de pensarem que não podem estar a trabalhar para a família nem para os amigos, têm que trabalhar para as pessoas, para o desconhecido.
NUNO MATOS (00:22:36) – Isso é que é. Essa é a força do nosso trabalho ser.
JORGE CORREIA (00:22:38) – Uma testemunha profissional e, portanto, empenhar se naquilo, claro. Esse é o ponto.
NUNO MATOS (00:22:42) – É perceber como nós somos importante, importantes para as pessoas. Até porque o desporto hoje sabes muito bem, tem um papel muito mais importante do que tinha há uns anos atrás em termos da presença na imprensa generalista. O desporto hoje tem força, tem poder, tem influência, todos sabemos disso. E depois nós somos muito importantes para as pessoas. Eu lembro me de estar a chegar à Bélgica e um ouvinte, um emigrante belga, mostrou me assim no braço uma tatuagem com uma frase que eu tinha dito no jogo. É impressionante. Eu pensei sim, Caramba, aquela frase que eu deixei já não me recordo qual era. A frase foi tão importante para esta pessoa que ele tatuou. Foi? Não me recordo.
JORGE CORREIA (00:23:32) – Que escrevê la.
NUNO MATOS (00:23:33) – Que ele quis escrevê la no braço.
JORGE CORREIA (00:23:39) – Estão a gostar do Pergunta simples. Estão a gostar deste episódio? Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que já esta ia se subscrever na página e pergunta sempre Pronto, como tem lá toda a informação de como pode subscrever, pode ser por email, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como o Spotify, o Aple ou o Google Podcasts.
JORGE CORREIA (00:24:08) – Assim, cada vez que houver um novo episódio, ele aparece de forma mágica no seu telefone e é a melhor forma de escutar a pergunta simples. O que tem Cristiano Ronaldo de extraordinário para além do óbvio? Pois é, já nem sequer estou já a falar do Super Cristiano Ronaldo, do Madrid ou do ou do Manchester. Estou a pensar no jovem Cristiano Ronaldo que tu viste e relataste. Sim, quando não quero não quero dizer que andava de fraldas ainda, Mas.
NUNO MATOS (00:24:43) – Sabes qual foi o jogo com o Inter de Milão? Ela entrou para o lugar, para o lugar do Tonito, pelo Sporting, pelo Sporting. Exactamente. Já já lá vão. Já lá vão uns bons anos e o Cristiano Ronaldo fez agora há pouco tempo, 39 anos. Como eu costumo dizer, ainda é um jovem jovem com pouco mais de 39 anos de idade, mas é um jogador especial, um jogador que ultrapassa os limites da lógica e é um monstro. É um jogador que tem batido todos os recordes e depois é um profissional de mão cheia.
NUNO MATOS (00:25:11) – Não é um profissional de mão cheia. É o primeiro a chegar aos treinos e o último a sair dos treinos é dedicado. Enfim, tu sabes que isto só lá vai com muito trabalho, até na nossa profissão. Como é que.
JORGE CORREIA (00:25:21) – Foi e como é que foi o momento? O relato, as palavras, se é que algumas te lembras. No momento em que, no Estado da França, precisamente neste dia da final, ele cai lesionado e se percebe que não, que não ia recuperar.
NUNO MATOS (00:25:36) – Esse foi o momento, Foi o momento terrível porque olhei para o Sandro Afonso e disse.
JORGE CORREIA (00:25:41) – Não é.
NUNO MATOS (00:25:41) – Hoje já fomos. Eu percebi que nós precisávamos muito do Cristiano e olhei para ele e disse. Fiz, fiz, fiz assim já fomos. Este é um momento terrível para ele, para todos os portugueses, para a equipa, para nós que estávamos a relatar, vimos o sofrimento, as lágrimas. Ele estava na final, ele queria muito. Ele ajudou muito Portugal a chegar o Europeu e também no trajeto europeu.
NUNO MATOS (00:26:07) – Porque esse Europeu Tu recordas te que a primeira fase foram três empates. Ai vamos, não vamos, vamos lá, foi mais Jesus e o Egito. E no terceiro jogo da primeira fase do Europeu tu estiveste fora, fora do Europeu e dentro e fora e dentro. E foi ele, Foi ele que conseguiu, com dois golos, dar o empate por três três com a Hungria e trazer a Portugal depois para uma fase e eliminar no mata mata em Portugal. Aí sim esteve bem com jogos, com a Polónia, com a Croácia nas meias finais, com Gales.
JORGE CORREIA (00:26:37) – O efeito, a liderança.
NUNO MATOS (00:26:39) – O efeito da liderança. Mas sabes o que é que aconteceu? A equipa sem o seu líder acabou por se unir os dez mortais e a união. A União faz a revolução.
JORGE CORREIA (00:26:52) – Os dez mortais de dez. Depois mais um claro 11.
NUNO MATOS (00:26:55) – Mais um. Depois, exactamente.
JORGE CORREIA (00:26:57) – Disseram Ok, vamos.
NUNO MATOS (00:26:58) – Vamos a isto. Sem ele vamos ter que. Vamos ter que ganhar isto por ele, pelos portugueses. E a equipa uniu se, focou se, lutou, lutou, lutou, lutou, acreditou, acreditou, acreditou.
NUNO MATOS (00:27:11) – E nunca há que deixar de acreditar. Há que acreditar sempre. E esse momento chegou, pois o Ronaldo recorda desse momento. Vem do balneário até com o joelho ligado. Foi para o banco e estava ali a ajudar o Fernando Santos.
JORGE CORREIA (00:27:24) – Lá está o aspeto, o aspeto mental e mental.
NUNO MATOS (00:27:26) – O aspeto mental foi, foi fundamental.
JORGE CORREIA (00:27:28) – Porque em condições normais, com a lesão que tinha, ficaria no balneário a ser tratado.
NUNO MATOS (00:27:32) – Mas ele sabia que tinha que estar ali. E cá está o problema. O tal problema que o tal aspeto de falar está na liderança. Ele veio para vai para o banco, sabia que era importante. Então não te recordas Quando o Moutinho não quis bater a grande penalidade, ele disse Vai lá, vai lá, vai lá que tu vais bater bem, vai lá, isso é esse ali é a liderança. Enfim, sabes uma coisa? Goste se ou não se goste. Há uma coisa que se tem que admitir ele é um jogador fantástico.
JORGE CORREIA (00:27:59) – Não é frustrante para quem acompanha um jogo tão importante com heróis.
JORGE CORREIA (00:28:04) – Na realidade, é disso que estamos a falar de heróis de Tempos modernos. Ter tão poucas oportunidades para falar com estas pessoas de uma forma livre, aberta e não condicionada, que não se resume. Vamos dar o nosso melhor ou fizemos um extraordinário jogo e que esta tarde soa a conversa banal, muito pré preparada, muito, muito, muito lasanha na microondas.
NUNO MATOS (00:28:26) – Mas isso o jogo que aconteceu. Infelizmente hoje acontece muito isso não e? Eu Eu procuro sempre quando estou a fazer uma entrevista, procuro sempre um outro ângulo, mas enfim. Mas, mas atenção, vamos, vamos ver. Há muito, há muito jornalista que está a aparecer e com qualidade, até porque tu sabes que no nosso tempo nós fizemos o curso de jornalismo no espaço das redações, hoje em dia na tarimba e agora não. Sim, sim. Hoje em dia as coisas estão diferentes porque há uma aposta e uma maior aposta na formação, como tu sabes o professor. Posso dar um exemplo? O nosso querido amigo e o nosso mestre Francisco Sena Santos, que é professor universitário, está a lecionar e ao mesmo tempo está no mercado do trabalho.
JORGE CORREIA (00:29:11) – Que sorte dos miúdos terem logo uma base para. Pronto, já disseste tudo.
NUNO MATOS (00:29:15) – Portanto, hoje há um ambiente mais aproximado a um ambiente mais aproximado nas próprias universidades, nas próprias universidades, um ambiente mais aproximado de uma redação. E isso ajuda os jovens. Agora, para dizer o quê? A jovens com qualidade agora, como tu disseste, tem que ser. Tem que se procurar um outro ângulo, Não pode ser. O chapa cinco é uma grande chatice. Isso é uma grande chatice.
JORGE CORREIA (00:29:37) – Ouvi no outro dia e é raro acontecer depois da derrota do Porto. Três dois aparecer Pepe, o capitão da equipa do Porto, a falar não de uma forma mecânica, mas a pensar e a falar. E depois o treinador da outra equipa vencedora, também a falar de uma forma mecânica e de uma forma não mecânica. E fiquei a pensar assim que diabo, a gente merecia isto todos os dias?
NUNO MATOS (00:30:05) – Pois depois merecíamos, pois merecemos. Mas o problema é que em Portugal tu queres, em Portugal a comunicação dos clubes está está totalmente errada amigo, está totalmente errada e nós queremos mais momentos desse.
NUNO MATOS (00:30:19) – Nós queremos mais momentos a falar de futebol, nós queremos. Nós gostávamos que os dirigentes falassem menos e falassem mais os jogadores e os treinadores, os protagonistas. Mas a verdade é que hoje em dia os clubes acabam por se fechar na sua bolha, não disponibilizam os seus agentes para poderem falar os jogadores e os treinadores. E assim se vai prejudicando a indústria do futebol.
JORGE CORREIA (00:30:46) – Ouvimos, vejo sempre na Liga inglesa, por exemplo. Bom, bom. Bernardo Silva é para mim. Acho que é extraordinária a maneira como ele comunica. Quer dizer, não é só como joga, é a maneira como pensa e como é.
NUNO MATOS (00:30:57) – Um pequeno genial e um pequeno pequeno. Genial. Sou, Na verdade sou um Fernando Chalana, mas. Mas Bernardo Silva é um jogador, é atenção. Tem essa capacidade de ser um enorme jogador, é uma enorme pessoa, porque ele é como pessoa. Este extraordinário tem um discurso discurso fantástico.
JORGE CORREIA (00:31:15) – Um perfume não é.
NUNO MATOS (00:31:17) – Um homem simples. Uma pessoa simples deve ser muito bom companheiro, deve dar um ambiente extraordinário ao balneário.
NUNO MATOS (00:31:25) – E depois o jogador que tu já falaste que é genial, genial.
JORGE CORREIA (00:31:28) – Olha, porque é que não temos tempo? Temos grande foco no futebol. Claro que todos queremos ver futebol, mas depois outros heróis. Agora temos da natação Portugal a aparecer como campeão do mundo, que é uma coisa absolutamente. Extraordinária para quem? Para um país que não tem, não tem tradição? Os outros heróis dos outros desportos. Há um bocadinho de andebol nas fases finais, mas. Mas é sempre mais. Mais seco, ambiente menos, com menos conteúdos com menos. Quanto menos quantidade noutro lado, cada qualidade.
NUNO MATOS (00:31:59) – Mas atenção, também temos que ser justos hoje em dia. Eu acho que até os jornais desportivos que só faziam manchetes com com o Benfica, por.
JORGE CORREIA (00:32:08) – Exemplo, fez uma capa com e agora também.
NUNO MATOS (00:32:11) – Eu acho que já há uma mudança de paradigma e já uma mudança de paradigma hoje em dia. O Diogo agora é o nosso herói que conseguiu duas medalhas de ouro nos Mundiais de natação.
JORGE CORREIA (00:32:21) – Nuno já teve, já tem direito a esse olhar.
NUNO MATOS (00:32:25) – E esse olhar e esse destaque o futebol feminino. O Rui Gabi.
JORGE CORREIA (00:32:30) – É um.
NUNO MATOS (00:32:30) – Bom exemplo. Ténis. Eu acho que já há uma mudança de paradigma agora. Vou. Vou revelar aquilo que alguns colegas me dizem que trabalham nos jornais e na imprensa escrita. Mas infelizmente, coloca se uma vitória do Benfica, do Sporting e do Porto na Manchete Vendes o dobro do que se colocares a outra. Mas há que. Mas há que fazer esse esforço, há que mudar esse paradigma.
JORGE CORREIA (00:33:01) – Por isso, na capa para vender o jornal e depois lá, pelo menos nas páginas interiores, mais qualquer coisinha. Olha o futebol, o futebol e o futebol. Claro que sim. E depois há os treinadores. Confesso que depois dos jogadores, são os personagens que mais me fascinam. Não sei quais são os melhores ou piores a comunicar. Mourinho Jesus, Se calhar os mais icónicos são os mais.
NUNO MATOS (00:33:24) – Icónicos Luis.
JORGE CORREIA (00:33:24) – Ruben Amorim, Sérgio Conceição, Roger Smith, Martinez. Não me posso esquecer também de Abel Ferreira.
NUNO MATOS (00:33:33) – Que que forma alguma o Rei das Américas.
JORGE CORREIA (00:33:37) – Que é um e que é um comunicador quase confrontacional.
NUNO MATOS (00:33:41) – E explosivo.
JORGE CORREIA (00:33:42) – Que eu explico Não estás a perceber? Eu vou vos explicar outra vez.
NUNO MATOS (00:33:46) – No Brasil não é fácil para o brasileiro é bonito, é bom e estamos a falar de um país com mais de 200 milhões. É muito competitivo.
JORGE CORREIA (00:33:56) – Parece. Não é que parece muito, muito competitivo.
NUNO MATOS (00:33:58) – Mas atenção, muita pressão, muita pressão da imprensa. Portanto, o Abel tem que tem que dar luta, tem que dar luta e também tem que ser um guerreiro, tem que ser o guerreiro. Mas cá está. Amigo, quando ganhas.
JORGE CORREIA (00:34:10) – Estás a ganhar. É o caso. Ele é um campeão.
NUNO MATOS (00:34:12) – Ele é um ganhador, não é? Já ganhou, já ganhou duas, duas, duas libertadores, enfim, já ganhou o campeonato e como tal está. As coisas estão a correr bem, mas ele é explosivo e explosivo.
JORGE CORREIA (00:34:25) – Eu acho que ele tem aquele gozo pelo confronto verbal do tu não estás a perceber, mas eu vou dizer te isso, não, o.
NUNO MATOS (00:34:31) – Jesus também um pouco.
JORGE CORREIA (00:34:32) – Também um bocadinho assim.
NUNO MATOS (00:34:33) – O Mourinho já é mais refinado, Mourinho já é mais refinado. Tu achas que eles.
JORGE CORREIA (00:34:36) – Falam para nós, para para passar uma mensagem, para nos informar ou como parte do jogo estratégico para conseguir as duas.
NUNO MATOS (00:34:43) – Coisas? As duas coisas têm a sua parte estratégica, informam, mas depois tem a sua parte de estratégia que também muitas vezes querem fazer passar a mensagem. E é exactamente essa parte que também também coloco no seu discurso. Atenção Fernando Santos, podemos falar de Fernando Santos, o Fernando Santos, com o discurso que teve durante o Euro 2016. Discurso conciliador, aquele discurso a puxar, a puxar, a puxar o país para para junto da seleção.
JORGE CORREIA (00:35:13) – É aquela frase paradigmática eu só vou para Portugal.
NUNO MATOS (00:35:17) – Exactamente no fim.
JORGE CORREIA (00:35:18) – Desta.
NUNO MATOS (00:35:19) – Muito forte essa frase. Muito forte, impactante, marcante. Nunca mais ninguém se esqueceu dessa frase.
JORGE CORREIA (00:35:25) – A maneira não é.
NUNO MATOS (00:35:26) – Portanto, os discursos por vezes também ganham jogos e discursos, por vezes mesmo para dentro.
JORGE CORREIA (00:35:31) – Porque, quer dizer, eu estou a pensar o que um selecionador ensina um jogador de alta competição de pouco em pouco, pouco estar a passar é pouco.
NUNO MATOS (00:35:41) – Mas para o selecionador o produto.
JORGE CORREIA (00:35:44) – Já vem feito.
NUNO MATOS (00:35:45) – E o Fernando Santos chegou a dizer isso muita vez. O José Mourinho ainda. Ainda bem que estás a tocar nesse aspeto. O José Mourinho deu agora uma entrevista ao podcast do site do Real Madrid em que falou do Ronaldo. Ronaldo, por que é que eu fui ensinar ao Cristiano Ronaldo? Eu quero é que ele esteja no campo, seja feliz, que se liberte e que nos mostre aquilo que tem para dar. Eles trabalham.
JORGE CORREIA (00:36:07) – O quê? Trabalham o conjunto.
NUNO MATOS (00:36:09) – E podem trabalhar um bocadinho à parte a parte emocional. E trabalham acima de tudo. Sim, eu acho que um treinador inteligente é aquele que adapta o seu estilo e a sua estratégia ao perfil dos jogadores que tem. Não era como o Van Gaal, o Van Gaal. Os jogadores é que se tinham que adaptar ao sistema dele. Tinha uma receita. Exatamente. Eu acho que o treinador inteligente é aquele que, olhando para a equipa que tem para o perfil e para o perfil dos seus jogadores, consegue criar um modelo de jogo perante perante exatamente o perfil dos seus jogadores e a qualidade dos seus jogadores.
JORGE CORREIA (00:36:44) – Não é só características físicas e também características mentais. Da maneira como.
NUNO MATOS (00:36:51) – Estão no campo, é muito importante. Sabes bem trabalhar a parte mental. Fernando Santos trabalhou muito bem a parte mental dos jogadores. Depois, no Qatar não correu tão bem. Não é no Qatar, no máximo. Mas eu acredito que ele ainda vai fazer as pazes com com o Cristiano Ronaldo. Mas é muito importante trabalhar a parte mental. Aliás, a seleção e as atrações seleções que tem aí, que têm exactamente psicólogos para trabalharem essa parte dos jogadores, o Éder, o Éder, recordas te? O Éder durante muito tempo trabalhou como uma como a senhora que trabalhou ajudou a eleger aquilo.
JORGE CORREIA (00:37:28) – Olhando para os três técnicos do futebol português, dos três grandes. Culpem as pessoas, as pessoas de Braga. Mas o treinador do Benfica, mais germânico e eventualmente mais pragmático, Roger Smith, depois Rúben Amorim, que me parece muito um técnico de perfil à la Klopp, na maneira como, como pensa e como explica. E Sérgio Conceição, que é explosivo e confrontacional.
JORGE CORREIA (00:37:59) – Como é que vês estas, Estas? Estes, estes homens.
NUNO MATOS (00:38:03) – São são diferentes. Ruben Amorim é um treinador ainda com poucos anos, não é? Ele mesmo diz que ainda está a aprender, mas um técnico já evidenciou todas as suas capacidades e eu acho que mais ano menos ano vai estar num grande clube na Europa. Enfim. Aliás, tu sabes que os ingleses têm estado a acompanhar todo o trabalho desenvolvido pelo jovem treinador Ruben Amorim e muito contente. É uma questão de tempo. É uma questão de tempo. Eu acho que ele não vai. Não vai estar muito tempo em Portugal, mais ano, menos ano. Para já, sente se bem, sente se feliz no Sporting? Está a correr muito bem, está a correr bem. Apesar de não ter o melhor plantel da Liga portuguesa, eu acho que o melhor plantel, o plantel com mais soluções é o do Benfica. Plantel isto quando eu falo mais de jogar o grupo de jogador agora tem. Por exemplo o Ruben tem Nesta altura e aproveitando temos um diamante, um diamante, que é o jogador mais importante do futebol actualmente no campeonato português, que é o Victor Jokers.
NUNO MATOS (00:39:05) – Não tendo o melhor plantel, tem o jogador mais decisivo nesta altura do futebol português que é o. E isso.
JORGE CORREIA (00:39:10) – Ajuda e isso.
NUNO MATOS (00:39:11) – Ajuda, mas é más e eu acho que é. Repara até no discurso dele na sala de imprensa. Ele é um gentleman, por vezes também está bem. Também também pode perder um bocadinho a postura. Enfim, podem enervar se, mas. Mas sabe comunicar é um e é realmente um treinador com um futuro enorme à sua frente. O Sérgio é mais explosivo e aquilo que disseste também ele combate. Um treinador fantástico.
JORGE CORREIA (00:39:37) – Tem muito a ver também com o perfil. Provavelmente o clube que tem essa cultura de ir para.
NUNO MATOS (00:39:42) – O Porto tem passado por momentos muito difíceis em termos. As suas finanças não estão bem.
JORGE CORREIA (00:39:48) – Lá está, quando não se quer.
NUNO MATOS (00:39:50) – É um tapa buracos, é um tapa buracos. Tu recordas te da questão do fair play financeiro? Sim, saía. O Sérgio, via sair os jogadores um, dois, três, quatro e depois conseguia ir lá remendar e conseguia manter uma equipa a jogar bom futebol, a bater se bem e a lutar pelo título e conquistar títulos sem ter as armas dos outros.
NUNO MATOS (00:40:11) – Portanto, o Sérgio tem feito um trabalho também fantástico e cá está outro outro treinador que em breve deve ir. Deve ir para fora, para o estrangeiro, porque tem, tem muitos, tem muito mercado, tem muitas propostas para poder sair. Mas é mais explosivo, não é? Ainda agora, as últimas conferências de Guerreiro.
JORGE CORREIA (00:40:27) – Literalmente o.
NUNO MATOS (00:40:28) – Jogador. O jornalista ainda não tinha acabado a pergunta. Ele já estava a dizer Já sei o que é que vai dizer. É isso? E depois Schmitt não conhece tão bem Schmitt não é um alemão, é mais frio. E a questão.
JORGE CORREIA (00:40:42) – Da barreira da linguagem, que obviamente também.
NUNO MATOS (00:40:44) – Já podia dizer umas palavrinhas em português, mas para já não, ainda não é falar em comunicação. Recorda se daquilo que há pouco estávamos a falar da comunicação dos clubes. Outro problema o Roger Schmitt. Agora, quando a seguir e portanto, o Benfica empatou dois dois com o Vitória Sport Clube, com o Vitória de Guimarães e depois vence dois um Luz. Mas os adeptos não gostaram tanto.
JORGE CORREIA (00:41:10) – Era um momento de fazer boa comunicação.
NUNO MATOS (00:41:12) – Era o momento de fazer boa comunicação. Mas o Schmitt acabou por depois. Não, não, não. Falar aos jornalistas na NA e.
JORGE CORREIA (00:41:19) – Portanto, queria, queria uma.
NUNO MATOS (00:41:20) – Conferência. Portanto, não marcou presença a seguir ao jogo do Luz na partida que seria de projecção para uma conferência de projecção para o jogo. Viseu não marcou presença. Quarta vez em que Schmitt não vai à sala de imprensa e.
JORGE CORREIA (00:41:32) – Portanto, isso também, obviamente quer dizer para para as pessoas, para os adeptos, pelo contrário, o selecionador nacional, Martínez, cultiva exactamente o contrário. Quer comentar o jogo antes do jogo começar? Quer explicar? O jogo aparece no fim a explicar os comos, os porquês, os para quê?
NUNO MATOS (00:41:50) – Sabe, Sabe. É um grande comunicador. Sabe muito de futebol, tem provas dadas, As coisas estão a correr muito bem à frente da seleção portuguesa. Mas agora veio o grande teste. Agora que é o Europeu da Alemanha, faz qualificação, como todos sabemos de forma tremenda.
NUNO MATOS (00:42:06) – Portugal está bem classificado em termos de ranking, que tem o novo selecionador a Portugal cheio de vida no pós Fernando Santos, que foi o treinador, o selecionador mais titulado da história do futebol português, porque ganhou um Europeu e uma Liga das Nações. Mas agora Roberto Martínez é, como não há ninguém insubstituível.
JORGE CORREIA (00:42:25) – Vamos para a próxima. Olha, eu não. Não posso deixar de fechar este, este, esta nossa conversa com uma coisa que me que me preocupa, em particular na. Juvenil. Estou a falar dos miúdos que, e por razões até pessoais, vou acompanhando muito do futebol juvenil e vejo jogos de miúdos de 12, 13, 14 anos, cujos adeptos pais. Muitas vezes com uma frequência muito grande. Estragon.
NUNO MATOS (00:42:54) – Estragon.
JORGE CORREIA (00:42:55) – Os filhos não estragam tudo. Estragam tudo. Gritam. Insultam. Fazem De treinadores de bancada. Entram no.
NUNO MATOS (00:43:01) – Campo, tentam agredir o árbitro. Já aconteceu. Não vamos generalizar, mas temos. Está a.
JORGE CORREIA (00:43:07) – Passar.
NUNO MATOS (00:43:07) – O problema é que todos acham que os filhos são Cristianos Ronaldos, mas não vamos generalizar a atenção.
JORGE CORREIA (00:43:15) – E o problema está a ver com muita frequência, com muita. Não é aquela coisa que a gente dizia Olha, na época isto correu muito bem. Olha, lembras te daquele jogo, Aquela exceção em que aconteceu.
NUNO MATOS (00:43:25) – Isto com um bocadinho da sociedade em que vivemos e. E a verdade é que estamos a ver com cada vez com mais frequência. Isso criam, criam muita pressão aos filhos, estragam, estragam a carreira dos filhos, não os deixam crescer, enfim, um péssimo exemplo. Não é a isto que esta ou o teu filho está em campo e o miúdo está em campo a jogar pela equipa e viu o pai entrar para tentar agredir o árbitro ou tentar agredir um colega seu. Um adversário é uma vergonha. Eles mesmo ficam envergonhados e portanto, isso é um péssimo exemplo. Infelizmente isso que está a acontecer cada vez mais e vamos ter que parar com isso. E já agora que estamos a falar de jovens, era bom que os clubes portugueses continuassem a dar cada vez mais oportunidades aos jovens. Têm aparecido alguns a acontecer.
NUNO MATOS (00:44:11) – Não está a acontecer, está a acontecer mais. Felizmente está a acontecer. O jogador.
JORGE CORREIA (00:44:14) – Aquele jogador do Benfica do meio campo, João Neves. É fascinante, mas. Mas outros clubes estão? Estão. O viveiro está a funcionar?
NUNO MATOS (00:44:24) – Temos. Temos aí vários. Temos aí vários jogadores. Eu até tinha colocado aqui nos meus.
JORGE CORREIA (00:44:28) – Tens uma lista de jogadores que.
NUNO MATOS (00:44:31) – Eu gosto muito do meu tempo, já tem 24 anos, mas é um belíssimo jogador do Sporting de Braga. O Álvaro falou mas depois falaste. O João Neves não é o António Silva.
JORGE CORREIA (00:44:41) – Também o central.
NUNO MATOS (00:44:42) – O Benfica, o Já cá estamos do Sporting. O moçambicano internacional moçambicano está a crescer, O Rúben Amorim tem dado oportunidades, ele está a aparecer. O diamante é o miúdo da Costa do Marfim, o Quaresma, que, como sabemos que está também a aparecer. O Gonçalo Borges do Futebol Clube do Porto Extremo, o Gonçalo Borges, deixa me ver o Rodrigo Gomes emprestado pelo Braga ao Estoril, o Tiago Morais do Boavista que saiu para o Lille, o extremo bom jogador João Marques do Estoril.
NUNO MATOS (00:45:14) – Portanto vivem num viveiro de valores, jovens jogadores. Enfim, eu toquei aqui e depois lá.
JORGE CORREIA (00:45:20) – Está esta elite do jogador português que depois nós exportamos, não sei se feliz sem se. Infelizmente, felizmente, seguramente para clubes internacionais de topo, ingleses, espanhóis. Depois funcionam.
NUNO MATOS (00:45:35) – Às vezes, por vezes sim, outras vezes não, porque por vezes saem antes de tempo, não amadureceram e não e não amadureceram e as coisas acabam por não correr bem.
JORGE CORREIA (00:45:45) – Provavelmente é um bom exemplo.
NUNO MATOS (00:45:47) – Aqui está. Há sempre um timming para o jogador poder sair. Só que, por exemplo, falaste do João Neves. Ele já disse que não pode prometer nada. Vamos ver o. Tu sabes que o United já está de olho nele. E não só o João Neves tem hoje muito mercado, mas o João Neves tem uma família muito estruturada. Eu conheço o pai. Isso ajuda e isso ajuda. Eu falei com o pai do João Neves ainda recentemente, porque estive a fazer o. Estive a fazer o Campeonato da Europa de sub21 e ele estava lá.
NUNO MATOS (00:46:17) – Não é o João Neves, é o pai. O pai do João Neves falou comigo, Disse não, não há muita pressa para ele. Está bem no Benfica, tem que crescer, tem que ganhar estrutura. E depois sim, vamos, vamos, Vamos então pensar na saída do João Neves. Eu acho que se é inteligente por vezes que os jogadores saiem e depois acabam por dar um enorme trambolhão. Recordo me também do Bruma. Lembras do Bruma? O Renato Sanches? Também falaste do Félix, Podemos falar de outros? Mas pronto.
JORGE CORREIA (00:46:48) – O árbitro apita, o jogo acaba. Tu terminas o teu relato, ouves os comentários das ligas ao microfone, Sobra te energia ainda? Como é que, como e como é que estás fisicamente no fim de de estar duas horas com a voz? Depende.
NUNO MATOS (00:47:04) – Depende dos jogos também, não é? Há jogos mais intensos, como deves imaginar. Metade da frase estava estava completamente arrasado. Uma semana de trabalho ali em 90 minutos, completamente arrasado. Estava. Estava nas últimas, nas lonas.
NUNO MATOS (00:47:20) – Mas sim, porque eu dou tudo, eu dou tudo. Sabes que eu dou tudo. Como e como é que eu como? E costumamos dizer na gíria e dar o litro? Eu dou o litro enquanto estou, enquanto estou. Mas repara, eu dou sempre o litro em.
JORGE CORREIA (00:47:31) – Todos os jogos e é um pico de adrenalina.
NUNO MATOS (00:47:33) – E um pico de adrenalina. Aliás, em alguns dos jogos que eu fiz, tu sabes que felizmente a imprensa internacional já reconheceu o meu trabalho. Sei lá, uma CNN mal dizer, a Sky, a BBC.
JORGE CORREIA (00:47:49) – Podem ver uns vídeos que há uns vários vídeos.
NUNO MATOS (00:47:52) – É a Globo, porque eu já ganhei um prémio. O melhor late do ano para a Globo foi o Galvão Bueno que me entregou esse prêmio. Jogo foi do um jogo da fase de qualificação para o Mundial do Brasil e que eles gostaram de conhecer Portugal. A forma como eu me envolvi, que eu leva, leva nos ao Brasil. O Ronaldo leva nos ao Brasil, O Ronaldo é chuta, chuta, chuta, chuta, pronto.
NUNO MATOS (00:48:13) – E depois é aquela forma como é o verdadeiro turbilhão de emoções. Eu sai e sai da caixa e por vezes chego lá ao limite. E quando eu estava com o Alexandre era bom porque o Alexandre conseguia dosear, equilibravam, equilibravam e isso é sempre importante. Mas ganhei e ganhei esse prémio recentemente. Bem recente, não? Há uns anos estive também na Câmara de Paris a receber um prémio depois do Europeu de França. E então estava. Estava a contar te que os jornalistas da Globo no programa eu entrei em directo a seguir a esse sucesso em Portugal. Agora vamos ter o Nuno Matos lá em Portugal. Jornalistas não terão. E o homem está vivo. Vamos estar vivo. Estávamos preocupados com o seu coração. Eu tenho muitos e muitos ouvintes. Tenha cuidado que o seu coração.
JORGE CORREIA (00:49:02) – É um bom conselho.
NUNO MATOS (00:49:02) – E um bom conselho. Felizmente o coração não me traiu e procura melhorar. Agora já estou mais velhote. A alimentação, enfim, temos de ter os nossos cuidados e ir fazendo o check up de vez em quando.
NUNO MATOS (00:49:14) – Mas mas enfim, a forma como eu me entrego, a adrenalina que eu coloco, a intensidade que eu ponho no jogo, a parte emotiva a funcionar sem os picos não é que tu sabes. Enfim, pode correr mal. Felizmente não correu até até hoje peço a. Eu sou católico, peço a benção de Deus para continuar a poder fazer assim, porque me entendes. No dia que eu tiver que alterar a minha forma de relatar a minha forma de ser a minha, enfim, já não sou eu e eu sei que as pessoas gostam disso. Eu as pessoas acham que eu sou diferenciado, talvez na naquilo que eu coloco ao jogo, na parte da parte da minha parte emotiva, tal cruzamento, a forma como eu me entrego, enfim, a vibração, aquela vibração. E eu acho que é isso que contagia as pessoas. E eu acho que é isso que as pessoas que as pessoas gostam. É como tu disseste a pouco e depois não, não toquei nesse aspeto eu estou sempre virado para as pessoas, vai uma mensagem, não é a aproximação que eu faço.
NUNO MATOS (00:50:15) – Eu ligo a Antena um, a rádio que liga Portugal e Portugal ao mundo e agora click, jogo parado, jogo parado a uma falta, um jogador a ser assistido. Aproveitamos. Então olhamos para o auditório da Antena um para até para as pessoas verem a grandeza da nossa rádio. Abraço para o Dubai, Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Suíça, Estados Unidos, Austrália. Mas apontando o foco, vou apontando o foco. É isso? Simples. Uma simples mensagem, como Como aquela mensagem é importante para as pessoas? É mais. Jorge Então quem está fora do país? Ah, como aquela mensagem importante sente se parte de longe, na distância, unidos no coração. É como a rádio faz o seu papel de aproximação. Isso é importantíssimo para as pessoas, porque para um imigrante, para os africanos adoram o campeonato português. Eles adoram. Eles adoram os tubarões azuis, os mambas, os de hortos, eles, eles adoram. Enfim, os angolanos adoram a sua selecção também, mas adoram a selecção portuguesa.
NUNO MATOS (00:51:14) – Nós não nos podemos esquecer dele, deles e por isso é o meu foco. As pessoas, eles e elas, grandes e pequenos, homens e mulheres, era aquilo que eu estava a dizer. São todos são importantes para o meu trabalho e eu tenho, eu recebo. Olha, posso revelar aqui. O cardeal Tolentino Mendonça, que é que é meu fã e que deixou um livro assinado na na Marechal Gomes da Costa. Uma oferta que, enfim, foi para mim, Foi. Foi um momento que eu não vou esquecer mais não. E estou muito agradecido ao senhor Cardeal Tolentino Mendonça.
JORGE CORREIA (00:51:48) – Já só falta o Papa que é fã da Argentina, Casa extraordinária e.
NUNO MATOS (00:51:53) – Tê la no Vaticano. Ouvi os relatos da Antena um. É fantástico, não é? Portanto, para mim, mas para mim são todos. São todos iguais. Tanto o senhor cardeal como entro num Uber ou num táxi, ou vou ao supermercado, a um café.
JORGE CORREIA (00:52:07) – E é.
NUNO MATOS (00:52:08) – Importante.
JORGE CORREIA (00:52:09) – Essa força do futebol e essa ligação. Somos todos iguais? Somos.
NUNO MATOS (00:52:13) – É essa a força do futebol. É essa a força da rádio. E é isso que nos dá energia para poder, para continuarmos a ser cada vez melhores. E mais uma coisa. Temos que sempre trabalhar todos os dias, temos que nos focar, não podemos facilitar. E começámos esta nossa conversa a dizer como é que te preparas? Eu preparo me sempre, sempre. Atenção não pensem que as pessoas não pensem que as pessoas andam a dormir. Quem nos ouve está atento e sabe e.
JORGE CORREIA (00:52:40) – Conhece muito bem.
NUNO MATOS (00:52:41) – E conhece quem conhece quando tudo preparas. Sabe muito bem se está. Tu estás a ser genuíno ou não ou se estás a crer em. Magoar as pessoas e mais isso.
JORGE CORREIA (00:52:53) – Passa tudo na.
NUNO MATOS (00:52:53) – Voz e passa tudo na voz. E queria dizer o seguinte nós erramos porque errar é humano. Sabe o que é que eu faço quando erro? Eu estou fazendo o jogo com o repórter e aquilo que mais me incomoda é o estar a chamar. Pode acontecer. Posso estar mais cansado, posso perder, enfim, errar é humano.
NUNO MATOS (00:53:12) – Chamei o José Manuel e o Manuel José. Acontece. E eu digo logo por favor, o Walter, o Nuno Louro, os repórteres da Antena um que estão comigo. Epá, se eu estiver a chamar Manuel ou José, por favor, emenda me logo no ar, Emenda me logo. Não há. Eu tenho essa particularidade. Errei, peço desculpa, peço desculpa, errei. Estou a chamar Manuela ao Joaquim. Mas onde é que tenho a cabeça? E as pessoas dizem Cá está, é isto e isto. Portanto, vamos dizer o quê? Ele estava a chamar Manuela ao Joaquim e o homem já pediu desculpa. Siga sem errar. Todos erramos. Eu acho que entendes. Eu acho que é isso que é isso que é importante, é o genuíno ser genuíno e aproximar. É isso que aproxima. É isso que aproxima Nuno Matos.
JORGE CORREIA (00:54:02) – Muito obrigado.
NUNO MATOS (00:54:03) – Obrigado eu E dizer que continuo a fazer aquilo que gosto. Sou um privilegiado porque hoje falamos de rádio. Também trabalha em televisão, como sabes, mas a rádio é a minha vida, é a minha história e é o meu grande amor.
JORGE CORREIA (00:54:15) – O amor pela telefonia, pela rádio. Não sei se vos acontece, mas por mais mágicas que sejam as imagens de um jogo de futebol na televisão, não há emoção que supere um relato na rádio. Essa fala ao ouvido, ora descritiva, ora emocional, é torrencial. Essa voz é uma marca da verdade, impossível de esquecer ou apagar. Num relato temos o privilégio de estar lá mesmo, no meio do campo, apenas guiados pelo som. E isso é a comunicação. Até para a semana.