Qual é o lado cómico disto?
Esta pergunta explica toda a conversa com Nuno Artur Silva.
Ele passa pela vida munido de um perigoso bloco de notas e de uma letal caneta.
Mas o mais perigoso nele é um cérebro treinado para ver o lado cómico da vida.
E o resultado é um espelho onde todos nos revemos.
Este é um programa sobre a liberdade.
Sobre a sagrada liberdade de expressão.
E sobre vários choques entre a liberdade e os arautos da mordaça.
Sejam mais visíveis e vocais, sejam mais obscuros e silenciosos.
Nuno Artur Silva encheu os atores de palavras escritas. E recebeu de volta interpretações que agitaram o mundo. Que alargaram os limites da liberdade.
Nos intervalos formou uma escola por onde todos os históricos argumentistas portugueses de nova geração passaram: as Produções Fictícias.
Ricardo Araújo Pereira, Nuno Markl, Eduardo Madeira, João Quadros.
E muitos outros aprenderam nesta forma sem fronteiras e limites.
Foram aspergidos pela água benta laica dos limites do humor.
Neste caso da falta de limites.
Nuno Artur Silva está a escrever o seu novo espetáculo, cena em janeiro.
Com recurso ao seu bloco de notas, e a duas viagens de estudo.
Uma à RTP e outra ao Governo.
E volta com histórias, sempre novas histórias.
As histórias da nossa vida.
O conta-me como foi que enche o nosso imaginário e dá um sentido de comunidade de pertença.
É essa mitologia feita de histórias, personagens e jornadas heroicas que reforça esse sentimento de identidade.
As palavras escritas e ditas oferecem esse conforto de pertencer.
E muitas das melhores palavras são organizadas em textos de escritores, poetas, argumentistas, dramaturgos ou artistas de variedades.
Precisamos tanto de todos eles como de médicos, engenheiros ou economistas.
E de liberdade, sempre de liberdade.
Este programa foi gravado na Pousada de Palmela, a quem agradeço o acolhimento e o espaço.