Como entendem os pediatras os bebés?
É uma pergunta que sempre me fascinou.
Afinal a criança muito pequena não fala. Apenas chora, resumia, ri, come ou dorme.
Todavia, os pediatras têm uma espécie de caixinha tradutora de tipos de choros, esgares ou movimentos do corpo que serve de tradutor simultâneo.
Já agora nesse exercício de comunicação sobra sempre um olhar para os pais ansiosos, ali ao lado.
Então se forem pais de primeira filho…
Nesta edição converso com a médica pediatra Maria do Céu Machado.
E falámos de crianças, de adolescentes e dos pais deles.
De saber que os pais perguntam o que se dá de comer ao novo ser ou que os adolescentes vão espreitar ao Doutor Google para depois argumentarem com os médicos.
Como este é um ‘podcast’ sobre comunicação, fiquei a saber como se dizem as más notícias, como é difícil fazer prognósticos e como muitas das queixas de doentes contra os médicos tem como base a má comunicação.
Conheço Maria do Céu Machado há muitos anos e um dia fizemos um curso de treino de fala pública e mediática. No fundo, um manual prático de como se movem e o que procuram os jornalistas. E de como se devem comportar os oficiais públicos que tem de responder às perguntas mais difíceis.
Um treino de choque.
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0:00:13 – JORGE CORREIA
Ora Viva-o. Bem-vindos ao Pregunto a simples, o vosso podcast sobre comunicação. Nesta edição falamos de saúde, de comunicação em saúde, de vida e de morte, os médicos e os doentes, os que sofrem e os que tentam ajudar. Da linguagem há calibração de expectativas, da relação médico-doente, dos prognósticos até aos influenciadores digitais. Tudo cabe nesta conversa, tudo cabe nesta edição. Vamos ao programa, vamos a isso. Como entendem os pediatras dos bebés? É uma pergunta que sempre me fascinou. Afinal, a criança muito pequena não fala, apenas chora, resmunga, ri, come ou dorma. E todavia, os pediatras têm uma espécie de caixinha tradutora de tipos de choro, de desgarros ou de movimentos do corpo que servem de tradutor simultâneo. Já agora, neste exercício de comunicação, sobra sempre um olhar para os pais ansiosos ali ao lado. Então, se forem pais de primeira água, de primeiro filho, então é que é Nesta edição conversa com uma médica, pediatra, marido, são Machado, e falamos de crianças, de adolescentes e dos pais deles, de saber que os pais perguntam ainda o que é que se está a ver ao novo ser ou ao novo bebê, do que os adolescentes vão espretar ao Dr. Google para depois argumentarem com os seus médicos.
Como este é um podcast sobre comunicação, fiquei a saber como se dizem as mais notícias, como é difícil fazer prognósticos e como muitas das queixas contra os médicos afinal assentam numa má comunicação. Conheço marido São Machado há muitos anos e um dia fizemos um curso de treino de fala pública e de política, no fundo um manual prático de como se movem e o que procuram os jornalistas e de como se devem comportar os oficiais públicos que têm de responder às perguntas mais difíceis. Foi um treino de choque. A experiência do media training foi assim, uma experiência tão radical. Ai foi completamente.
0:02:25 – MARIA DO CÉU MACHADO
Contamos às pessoas o que aconteceu Então a nossa assessora de comunicação, a minha professora da Sul que é Isabel, propôs-nos, aos dirigentes que eram eu e os dois altos comissários adjunto Rita Magalhães Colasso, que agora é a assessora do presidente, e o José Maria Albuquerque e os coordenadores dos programas prioritais do Plano Nacional de Saúde, fazer um media training. Nós tossemos todos o nariz porque achamos que nós sabíamos falar com os avistas. não tem problema nenhum.
0:02:56 – JORGE CORREIA
E ela insistiu É uma coisa fácil, não é Existiu e resolvemos então dar um dia, então damos um dia.
0:03:02 – MARIA DO CÉU MACHADO
Lá foi marcado. Fomos para a escola de comunicação, escola superior de comunicação. Tivemos uma parte da manhã com o Jorge Correia, com o Fernando Esteves, com o Mario Mauriti, e que foi teórico, mas que nos disseram coisas engraçadíssimas. Que o seu número 2 está sempre a achar que é melhor que você, que o número 1 fazia o melhor trabalho. Por isso tenha cuidado com o número 2. Nunca mais deixei de ter cuidado com o número 2. E entretanto a minha secretária Lígame aquilo inclui ao moço, a minha secretária Lígame dizia que tinha que ir ao Ministério ensinar um papel urgentíssimo.
O motorista já estava à porta. Ele sai porta fora, entre no carro e no turista diz-me Olha, afinal já não é preciso ir ao Ministério. Eu torno a entrar e quando torne a entrar, o Jorge Correia a correr na minha direção. Até eu olhei para trás para ver se o Ministro estava atrás de mim com o Câmara Mena atrás de si e ia dizer o que é, que acha dos cortes que a Assembleia da República fez ao leite do Tavaque? Nós tínhamos mandado e a Assembleia da República tinha feito cortes E eu fiquei completamente congelada. Eu tinha aquilo preparado porque nós já sabíamos que quando fôssemos a qualquer reunião. Era a pergunta número de um dos jornalistas preparado num Ministério.
0:04:14 – JORGE CORREIA
Toda a gente ia perguntar se a mulher do Tavaque era um homem.
0:04:16 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente e fiquei completamente congelada. Não disse nada, não disse coisa com coisa. De repente vês apareci em uma série de pessoas à minha volta, tu os arrires. Tinha sido tudo combinado, incluindo com a minha secretária. Por isso não lhe perdoei e não lhe vou probar ainda hoje.
0:04:31 – JORGE CORREIA
É muito perigoso ver este. Nós de facto fizemos um treino que é um treino real, de o que é que é uma crise mediática em que alguém dirigente neste caso marido Salmachado, alta comissária da Saúde e portanto tem que dar respostas. Este é o ponto. É muito engraçado como nós temos a ilusão de que, quando dominamos o assunto e mesmo estando preparados para a pergunta, apesar de tudo, aquela situação de confronto e de espelhamento e de desprecação, O inspirado é terrível.
0:04:59 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não é O jornalista que surge, o inspirado, a pergunta que surge apesar de tudo e de esperado no ambiente. Mas depois, só agora, só um minuto à tarde, fizemos outro exercício que eu também nunca mais me esqueci, que era nós que tínhamos mandado um resumo curricular e cada um de nós era entrevistado numa sala isolada com o jornalista que ia comentando o nosso curriculo. E nós também achamos que aquilo era pacífico. Nós estávamos à volta. Começou uma sala de cirurgia em cima, à volta a ver o desgraçado que estava lá embaixo.
0:05:29 – JORGE CORREIA
E arriste, imagina não é.
0:05:31 – MARIA DO CÉU MACHADO
E arriste também Até tocar a nossa vez Um de nós, mas de nenhum, que não conseguisse, ao fim de cinco minutos, de ficar irritado porque vocês eram os três a fazer as entrevistas. Faziam a pergunta, depois diziam que estava assim no curriculo, mas que afinal nós tínhamos contradito, que tínhamos dito, mas um minuto depois tínhamos dito o contrário e a certa altura nós já estávamos, tínhamos perdido completamente o controle também.
0:05:55 – JORGE CORREIA
A experiência real, todavía, da relação com os mídias e com os jornalistas, e depois tem a presidência de um infarmeda, depois tem, antes disso, direção de serviço de pediatria, mesmo durante algumas crises vamos falar sobre isso crises difíceis em que há pessoas a sofrer, neste caso crianças a sofrer. Apesar tudo, depois, essa experiência real com os mídias é uma experiência muito mais tranquila, ou não?
0:06:22 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não foi, mas porque aquilo foi um choque. Não é, e de um jeito, de um jeito Até hoje E portanto, quer dizer, aprendemos uma série de coisas. Outro aspecto que eu nunca mais me esqueci, que me serviu no Hospital da Amadora, que eu fui diretor da Clínica, também quando era de gestão privada, nós tivemos lá uma mini pandemia na Amadora, a DEN, ao VIRS, que morreram, que chegamos a ter 70 crianças internadas com mortes, etc. O.
0:06:48 – JORGE CORREIA
DEN ao VIRS mata.
0:06:49 – MARIA DO CÉU MACHADO
Ah, sim, sim, há uns serotipos, do Aden ao VIRS. Há três serotipos que dão uma pneumonia grave e que podem matar.
0:06:54 – JORGE CORREIA
Crianças muito pequenas, muito frágeis, tudo bem vejo normalmente sim.
0:07:00 – MARIA DO CÉU MACHADO
E é engraçado que eu lembrava-me desse mídiate training e, por exemplo, lembrava-me de uma coisa, um aspecto engraçado que era vocês tinham pensado a mensagem seguinte que, por exemplo, quando alguém, quando um hospital, alguém num hospital tem que responder um jornalista porque há um VIP internado ou porque há uma situação de crise no hospital, porque a urgência está com 15 horas de espera, ou porque me realga na urgência, enfim, seja o que for, que é sempre melhor uma mulher de que um homem, mesmo que seja feia. nunca mais esqueci disso.
0:07:37 – JORGE CORREIA
Por causa da empatia não é Por causa da empatia. É ideia de humanidade, ideia de maternalidade.
0:07:43 – MARIA DO CÉU MACHADO
A mulher está sempre, mesmo que a notícia seja má e que seja problemática, é sempre menos agressiva, é sempre mais humana. Então, mas era que depois eu fui diretor da clínica tanto da madora como do Hospital Santa Maria, e punho sempre uma mulher a fazer esse papel.
0:08:05 – JORGE CORREIA
No caso do AD, no vírus já não lembrava de ele. Lembrava que tinha havido uma crise, mas como é que se gera?
0:08:14 – MARIA DO CÉU MACHADO
Foi complicado porque a situação foi aquilo era uma população complicada. Não é Isto passa-se ali à volta do ano 2003, 2004, que tivemos um pico de imigração, que era uma imigração africana, não é. É portanto muito diferente agora da imigração atual, que era muito da Guiné, da Angola a Cape Verde principalmente. Destes três países Viviam muitas em condições complicadas e tinham muitas os bebés, tinham muitas infeções piratórias. Não sei se tem ideia, mas a população africana tem muito até mais prematuridade, há mais prematuras E por isso até é uma população que não está acompanhada pelo sistema de saúde em princípio.
Não, a população está acompanhada e é engraçado que o Ministro Correio de Campos em 2001 fez uma lei que se mantém, que diz que qualquer residente tem Portugal há mais de 90 dias, com documentos ou sem documentos portanto o que nós chamamos ilegais ou não documentados tem direito aos cuidados de saúde como qualquer português Tem uma lei devolucionária.
Completamente. E durante o tempo que felta a Comissária andei a vender entre aspas, essa lei, por todo lado, convidava uma Europa. Fui aos Estados Unidos. Convidaram-me a uma reunião dizer qual era o sucesso da saúde, porque é um problema a saúde dos imigrantes em qualquer país.
0:09:31 – JORGE CORREIA
O reverso da medalha é que depois temos turismo de saúde. Isto é pessoas que não necessariamente por serem residentes portugueses ou serem populações não documentadas, mas populações que, aproveitando a grande qualidade do SNS, vêm aqui para os partos, ou para tratamentos, ou para cirurgias, ou refletes.
0:09:50 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não exatamente Agora. Temos o problema dos medicamentos órfãos e intervenções raras. São medicamentos caríssimos e que há mais que inclusive são influencers no seu país e portanto nomeadamente países de leste no Brasil, e que portanto passam mensagens às outras.
0:10:06 – JORGE CORREIA
Mais azer esse medicamento com os taquinhantes pileros em Portugal é gratuito E isso é um problema difícil para resolver.
0:10:11 – MARIA DO CÉU MACHADO
não é, isso é um problema vai ter que se alterar a legislação, mas voltando um bocadinho atrás, ao ADN, ouvir-se O problema e portanto, supostamente esta lei, que era completamente revolucionária, em se mantém. seria o suficiente para nós termos controle das salinas dos imigrantes. Neste sentido, o acesso, no fundo eles teriam acesso E não eu. aliás, fiz um estudo na madrugada que teve o Prémio Bial de Medicina Clínica um dos prémios que eu tive, os prémios de Bial de Medicina Clínica, chamados filhos de imigrantes iguais ou diferentes em que exatamente comparávamos duas populações nascidas na madrugada para chegar à conclusão que os indicadores dos filhos de imigrantes eram muito piores que os dos portugueses. Isto porque, apesar de tudo, por falta de literacia e ignorância, falta de educação em saúde e por medo, também os pais e os adultos quando estão doentes, mas os pais levam as crianças ao hospital numa fase muito mais tardia da doença.
0:11:15 – JORGE CORREIA
Ficam à espera, ficam à espera. Temos um hospital de facto. Está lá um polícia na porta, não, é. Isso pode ser um limitante para alguém que não tem papéis e que portanto fica na dúvida.
0:11:26 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não é Exatamente que são os que não têm papéis são os que estão em exclusão social normalmente, que estão de lado de fora.
E portanto vão na última, quando às vezes a doença já é reforcível. E nós tivemos, e aqui as crianças ali tinham muitas bronquilites. Entretanto havia dois centros de fisioterapia que foram fechados depois para direções de alta saúde. Na altura em que faziam aquelas zeroes sóis aos bebés mas usavam todos os Olha, não sei, as condições de assépcia não eram as melhores E portanto todos os começaram a aparecer com estes serótipos específicos da Adenovirs. Vinham todos da fisioterapia desses centros E de repente nós tínhamos 70 crianças internadas. Foi completamente E o Adenovirs é de uma contagiosidade enorme E dá umas conjuntivites e é um vírus. Eu tenho muito respeito pela Adenovirs, mas não tenho mais respeito pelos viscos, pelas bactérias, e então pelo Adenovirs tenho respeito especial E foi problemático português. Aquilo era de estão privado, não havia ainda PPPs, então o primeiro hospital de PPP, digamos assim, de estão privado E portanto os jornalistas cumpriam seu papel, estavam sempre a ver se havia alguma forma de chegar à conclusão que as estão privadas é uma forma de ganhar dinheiro e não de tratar pessoas.
0:12:44 – JORGE CORREIA
Portanto, exatamente os olhos estavam todos sobre a luta.
0:12:47 – MARIA DO CÉU MACHADO
Estou completamente E de maneira que nós e isto bem na sequência do media training, o que fizemos porque os jornalistas apareciam qualquer hora e tentavam falar com toda a gente então marcamos conferência de imprensa todos os dias. Provou todo o meio-dia E nessa altura estávamos dois ou três médicos, ou dois médicos ou enfermários, etc. Do serviço ou alguém da administração, e era sempre a alegria em do sexo menino ou eu ou outra, porque o diretor da pediatria nessa altura era o Gonçalco da Ferreira, mas era sempre alguém do sexo menino que fazia essa conferência de imprensa.
0:13:23 – JORGE CORREIA
Era a primeira cara. Vamos para dentro do serviço. Como é que se um médico, neste caso uma médica pediatra, diz a uns pais que a sua criança morreu?
0:13:39 – MARIA DO CÉU MACHADO
É muito complicado E nós, os pediatras, é das especialidades que se envolvem mais emocionalmente. Não é possível ser de outra maneira, não é?
0:13:48 – JORGE CORREIA
Não é um velhinho, muito velhinho que não é natureza das coisas.
0:13:51 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não é natural E portanto é difícil. É complicado E habitualmente é um sofrimento para todos para se processar o seu trabalho naquela unidade É mesmo.
0:14:03 – JORGE CORREIA
É uma sensação de falhanço.
0:14:05 – MARIA DO CÉU MACHADO
É, acabamos por viver isso com os pais. Eu fui intensivista, portanto fui intensivista pediatra na Estifânia e depois fui intensivista não na tal tanto na maturada da Frida Costa e na Amadora. Já tinha funções de fia, mas como estava sempre com falta de médicos, continuava a ir apostar a cuidar até porque goste E portanto supostamente é um das crianças morrerem nas cuidados intensivos, pesetos que enfim entram na urgência também já em situação quase irreversiva, e é muito complicado. É muito complicado e por exemplo vou lhe dar um exemplo que nos acontecia, por exemplo, com um bebê muito prematuro. Nós temos um resultado fantástico em Portugal, aqui, para a vez, qualquer outro país até melhor do que muitos países europeus.
0:14:51 – JORGE CORREIA
Que é que um bebê é muito prematuro?
0:14:53 – MARIA DO CÉU MACHADO
Um bebê é muito prematuro. É aí com menos de 28 semanas. 28 semanas é 6 meses de gravidez.
São aqueles bebés que cabem na palma da mão Pesam 600 gramas, 700 gramas E portanto muitos nascem vivos e muitos sobrevivem. Sobrevivem sem sequelas Eu sem problemas não é Sequelas, são os problemas, depois neurológicos e outros, que ficam E agora são bebés muito vulneráveis e portanto pode acontecer que normalmente normalmente não É mesmo nos cuidados intensivos, não os pais não pernoem, então São as únicas unidades em que os pais não pernoem E portanto pode acontecer que os pais tejam até às 8h junto ao seu bebê, vão para casa descansados, com o neonatologista ou pediátra a dizer olha, o seu bebê está muito bem, as coisas estão a correr bem. Provavelmente amanhã já vamos desligar o ventilador, já consegue respirar por si próprio E depois nessa noite ele fazer uma infeção, sobretamente uma ceptis, uma infeção bacteriana, porque eles não têm imunidade, e no dia seguinte, quando os pais chegam, o bebê está a morrer, ou a morrer mesmo antes dos pais chegarem, sem por vezes ter tempo de telefonar. Ou o que nós fazemos é telefonar a dizer bebê está muito mal, às vezes já morreu, não é Se a morte for súbita, se não telefonamos a dizer venha mais cedo, olha, vinha às às 9h, não venha às 6h ou venha às 7h porque houve aqui uma complicação e o bebê está mal, mas às vezes morra antes dos pais chegarem e realmente é dramático.
E é dramático Nós o que fazemos é normalmente centâmos fora da unidade com os pais, com alguém. Eu sempre defendi ter psicólogos no serviço de pediatria e conseguir na matelada da Frida Costa, na Amadora e em Santa Maria ter um grupo de 4 ou 5 psicólogos. E é essencial para dar apoio aos pais, mas também para dar apoio aos profissionais de saúde, porque a morte de uma criança é sempre um drama para nós.
0:16:59 – JORGE CORREIA
Sim, para os pais. Obviamente não é preciso explicar para os profissionais como é que se curam as Fridas também das equipas.
0:17:08 – MARIA DO CÉU MACHADO
Nós não somos treinados para a morte. Nós somos treinados para salvar vidas.
0:17:12 – JORGE CORREIA
E o que piorar coisa não é, é o que está a ter mais difícil.
0:17:16 – MARIA DO CÉU MACHADO
A maior parte dos estudantes de medicina chega ao fim do curso e nunca viu ninguém morrer, porque se põe até mesmo que esteja alguém, que seja metidoso, cheio de doenças de comorabilidade e que esteja a morrer. Quando eles têm aulas ou estão a fazer estágio, não vão à quele quarto ou àquela sala com o seu assistente ou com o seu doutor se está alguém estar ali a morrer.
0:17:39 – JORGE CORREIA
Porque preferem tratar dos vivos. Também não é.
0:17:42 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não porque o doutor acha que não faz sentido, porque a família está à pede daquela pessoa que está Para não expor aquela família também.
E portanto, se nós pensarmos bem, isso não é em Portugal, em todo mundo. se nós pensarmos bem, então a medicina não está preparada para a morte E nós consideramos que, se fomos treinados para salvar vidas, alguém que morre é um falhanço na nossa parte. Nós criticamos e estamos na era da medicina baseada na evidência. já tem 11 anos E portanto não fazer uso de medicamentos em que não haja evidência, não haja exaixos clínicos, não haja prova. Mas se nós temos alguém a morrer, nós não resistimos a ir buscar um medicamento que se calhar não está aprovado para aquela indicação mas está para uma parecida, não exatamente com aqueles critérios, mas nós queríamos fazer tudo.
0:18:31 – JORGE CORREIA
Há sempre um recurso, há sempre uma última coisa que se pode fazer.
0:18:35 – MARIA DO CÉU MACHADO
Há sempre qualquer coisa, só que depois ao reverso da medalha, não é. Eu costumo dar umas aulas e fui a pouco tempo à Católica, ao Crescentino, dar uma aula sobre a morte e os cuidados paliativos, e portanto leio muito sobre o assunto. Não é que gosto muito, mas enfim, até pediram para escrever um texto que se chamava A Vó Morreu, eu pensei ah, meu Deus, a vó sou eu.
0:18:58 – JORGE CORREIA
Vó meu Deus sobre isso não.
0:18:59 – MARIA DO CÉU MACHADO
Sobre isso? não exatamente, mas leio muito sobre o assunto e os americanos, que quantificam tudo, dizem que 50% das pessoas que estão em fase terminal da vida enfim, e supostamente os mais idosos ou os mais doentes, são sujeitos a cirurgia no último mês de vida. e na última semana de vida são sujeitos a medicamentos inovadores que no fundo há posterior e temos a perceção que não vale a pena. Só que, exatamente porque não há assistência que isto não dê mais sofrimento, agora nós não resistimos. quer dizer, porque dizer àquela pessoa se está consciente, ou à família? se a pessoa não está consciente, o alho vai morrer.
0:19:45 – JORGE CORREIA
E não há nada para fazer.
0:19:46 – MARIA DO CÉU MACHADO
E não há nada para fazer. é a coisa que nos custa mais na vida. Há um americano internista de Boston que é o Nicolas Kreystak isso que eu conhecia em Portugal e depois eu também conheci lá nos Estados Unidos que tem feito para sua vida a todos a fazer estudos sobre o prognóstico, e ele diz que é como no futebol, é medicina o prognóstico só no fim do jogo.
0:20:09 – JORGE CORREIA
Mas isso é uma coisa que todos nós pedimos aos médicos, não é? Quer dizer, quando nós vamos aos médicos, qual é a expectativa? Eu tenho uma queixa, portanto vou dizer qual é a minha queixa. Eu tenho uma expectativa infinita de uma relação quase com um deus que ali está. Ele vai saber por ar-me. Portanto, aceitar a ideia de que eu não sei bem, eu ainda não sei bem, e depois é dizer ok, o que é que vai acontecer a partir da hora?
0:20:35 – MARIA DO CÉU MACHADO
Pois, mas o que ele diz, e eu também acho, é que antes de haver toda esta evolução da tecnologia e conhecendo a evolução natural das doenças, era fácil, menos difícil, do médico fazer prognóstico. Agora o erro do prognóstico em quem faz, porque a maior parte não quer fazer, é 70%. é o que diz o Nica Laska e está aqui 70% 70% Ou seja.
Eu posso pensar este doente está a morrer e dizer à família ele vai morrer nas próximas 2 semanas e ele viver-se 3 meses, ou seja. Eu posso dizer provavelmente vai ter 6 meses de vida e morrer na semana seguinte. E é porque as tecnologias altas, os medicamentos inovadores, as tecnologias alteraram completamente.
0:21:19 – JORGE CORREIA
E as pessoas também. Não é Condição que as pessoas também estão.
0:21:24 – MARIA DO CÉU MACHADO
Portanto, e no futebol que a família é mais, que era o prognóstico não é.
0:21:28 – JORGE CORREIA
Saber com o que se conta, com o?
0:21:31 – MARIA DO CÉU MACHADO
que se conta. O João Lobandone dizia uma coisa engraçada, que os doentes lhe pediam muito para lhe dar a tempo de vida. É capaz de ser um bocadinho mais fácil para o prognóstico em tomor cerebral. Ele era neurocirgião, como sabe, porque não houve-me de evolução na área dos tomores cerebrais. Não há-me de investigação e não houve-me de evolução. Uma coisa impressionante.
0:21:54 – JORGE CORREIA
Ou existe a barreira do cérebro. É uma barreira difícil de ultrapassar.
0:21:57 – MARIA DO CÉU MACHADO
É uma barreira difícil E ele dava o prognóstico enfim, mais ou menos, e dizia com frequência que a pessoa pedia-lhe dê-me mais 3 meses com razões, por exemplo porque eu quero assistir ao casamento da minha filha. nós percebemos isso. Mas outra uma vez disse-lhe porque eu quero ver o final das Champions.
0:22:19 – JORGE CORREIA
Coisas aparentemente tão banais, tão significativas com o casamento de uma filha, para outro lado, tão banais como ver um jogo da bola.
0:22:27 – MARIA DO CÉU MACHADO
Mas era importante naquela pessoa não é, é um pedido.
0:22:31 – JORGE CORREIA
Estão a gostar do Pregunta Simples estão a gostar deste episódio. Sabia que um gesto é o seu. Me podes dar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa Que gesta aí-se Subscrever Na página wwwpergunteasimplescom. Tem lá toda a informação de como pode subscrever. Pode ser por e-mail, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como Spotify, apple ou Google Podcasts, assim cada vez que houver um novo episódio ele aparece de forma mágica no seu telefone. É a melhor forma de escutar o Pregunte Assimples. Já que falamos de João Lobantunes, lembram-me de ele ter sido dos primeiros a falar de uma forma aberta, transparente, clara e em nome pessoal sobre as questões do erro médico, e leve-me sempre a pensar até porque a pressarmerização achada esteve agora durante três anos na ordem dos médicos é no fundo a receber e a despachar e a refletir e a instruir casos de cidadãos que se queixam contra os médicos.
Puros. Negligência médica, podemos definir lá assim? Tenho uma pergunta inicial sobre o tema da negligência e que é lá do senso. Negligência é quando nós não fazemos tudo para evitar qualquer coisa, Vou em excesso de velocidade na estrada, tenho um acidente, se eu fui negligente. Todavia, a negligência médica tem um pequeno detalhe. Para o menor que é, não é dessa negligência, mas é uma negligência que implica dolo, que implica vontade, consciência de que vai acontecer. Isso é mesmo negligência ou são os médicos a proteger-se da sua?
0:24:19 – MARIA DO CÉU MACHADO
Os diferenças são muito difíceis. Não é Porque a negligência, por exemplo, é a má prática, ok, e são as perdas de vida O que é uma coisa que eu vou atrás.
0:24:29 – JORGE CORREIA
Esse tema não é muito discutido na sociedade. Não é O que nós no fundo. Nós tocamos este tema quando o jornal põe na primeira página que aconteceu qualquer coisa e que a família se queixa porque algo ocorreu de errado.
0:24:41 – MARIA DO CÉU MACHADO
Onde é que estão as diferenças? Muitas vezes, mas se consegue distinguir, não é.
0:24:45 – JORGE CORREIA
É difícil.
0:24:46 – MARIA DO CÉU MACHADO
É difícil, mas vou dar um exemplo situações, uma situação concreta que não é nenhuma especial, que praticamente todas as semanas nós esperemos uma ou duas dessas situações e que me faz pensar que os nossos velhos, os nossos idosos são maltratados entre aspas nos serviços de urgência, porque E eu digo isto sem crítica os serviços de urgência estão cada vez mais caóticos não é Muito lados E não notem diferença entre o público e o privado.
Já lhe digo O número de queixas, das urgências como das consultas, etc. Portanto a negligência é má prática, é tanto público como do privado. Atualmente não há grandes diferenças. Mas por exemplo, um problema super comum o velho 90 anos, suponha que está num lar ou está na casa da família, não interessa, e que subitamente tem dificuldade em falar e em cansar-se e falta de forças. Só isto Vai a uma urgência. Fazem uma bateria de inólises. Nessas inólises acaba sempre prevendo uma bactéria na urina.
0:25:54 – JORGE CORREIA
Não há nenhum velho não tem uma bactéria na urina Os 90 anos, mas a análise aparece em qualquer coisa não é.
0:26:00 – MARIA DO CÉU MACHADO
Portanto, põe o diagnóstico de infeção urinária, sai com prescrição antibiótica e entra no dia seguinte com a AVC porque falta de forças, dificuldade em falar pode ser um AVC.
0:26:14 – JORGE CORREIA
Também é sintoma D.
0:26:16 – MARIA DO CÉU MACHADO
E aqui é uma diferença abismal. E os médicos têm que pensar, têm que escrever aqui no registro eletrônico na urgência são todas com registro eletrônico No boletim clínico. Sim, exatamente no registro da situação da urgência. Muitas vezes não há observação nenhuma E nós ficamos na dúvida se fez observação ou não, observação no sentido. Não há registro dessa observação. Não sei, não sabemos, não sei se fez a observação, porque, repare, se disser assim e 12, 90 anos comunica de forma normal observação negativa. Se não tiver nada, se tiver, por exemplo, exame neurológico-submario normal, eu sei que me passou por a cabeça daquele médico de estar experimentado de ver e de ver se havia alterações neurológicas.
Se não está dado a escrita e não há uma observação, mesmo que depois o médico na resposta, quando é notificado, diga mas eu observei a observação, era normal. Eu não consigo ter a certeza se aquela pessoa não tinha alteração neurológica na véspera, né.
0:27:26 – JORGE CORREIA
Embora vindo por um outro prisma também se tiver que registar tudo aquilo que viu e que não viu tem não sei quantos doentes ali à porta. A urgência está cheia, Mas não tem que registar tudo O fundamental.
0:27:37 – MARIA DO CÉU MACHADO
Tem que registar o fundamental exatamente, e a maior parte das vezes peda análise. aquilo é uma coisa. percebe Agora um dos aspectos. Eu vou lhes já dizer eu considero tão injusto. eu, quando cheguei à ordem e fui presidente com o seu disciplinar, quando cheguei, quando tomei posse em fevereiro de 2020, então foi em 2020 a 2023, havia 1590 processos em atrado, alguns com 10 anos, e eu considero tão injusto para a pessoa que se queixa que não seja tratada àquela queixa, como para o médico que se queixa e está inocente.
0:28:13 – JORGE CORREIA
E passou 10 anos.
0:28:14 – MARIA DO CÉU MACHADO
Passou 10 anos No futebol do Edapontado No futebol do Edapontado E portanto, enfim, uma das coisas que fizemos foi informar tudo e tentar resolver os problemas. Agora, diga-lhe, 50% das caixas são por uma comunicação. Portanto aquele midi-training devia ser pós-medic. E na faculdade eu também dou umas aulas na faculdade de comunicação, mas que não são aulas no quinto ano e todos os anos dou e tenho variado e engraçado, agora em maio ou qualquer coisa, mas não conta para a média, não anota daquilo, mas as pessoas não perceberem ou não chamarem um intérprete quando alguém, quando alguém estrangeiro.
0:30:07 – JORGE CORREIA
Quando alguém estrangeiro.
0:30:44 – MARIA DO CÉU MACHADO
Quando alguém estrangeiro. Quando, alguém estrangeiro. Quando, alguém estrangeiro.
0:31:49 – JORGE CORREIA
Quando alguém estrangeiro muito, muito, muito cansados.
0:32:02 – MARIA DO CÉU MACHADO
Também só falar de Bernardo, já se fica tudo com Bernardo, porque às vezes quando nós pomos nomes às coisas é terrível. Mas eu acho que é um grande problema de empatia e eu penso muitas vezes quando, há 50 anos atrás mas por favor não façam contas, há 50 anos atrás nós começávamos a fazer urgência ou a ver doentes, os doentes viam-nos realmente como alguém era um Deus ali, deus no céu, o Médico na Terra, e respeitavam muito o que nós dizíamos e tinham algo a respeito pelo Médico E muito pouca a curiosidade, mesmo numa situação de urgência, e portanto nós criávamos empatia com a pessoa. Não é com aquela pessoa que está ali na urgência. É criar empatia com as pessoas costar das pessoas.
0:32:43 – JORGE CORREIA
Havia um aulo positivo no fundo, apesar da dificuldade, muitas vezes a situação havia ali um afeto mutuo.
0:32:50 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente, e nós sentíamos que conseguíamos ajudar, que a pessoa aceitava a nossa ajuda. Mas como é que um jovem médico consegue estar na urgência e criar empatia e costar de pessoas? Porque é tratado de forma completamente humana? Um dos aspectos que mais me espantei foi as cartas, as queixas, a forma. Como chegam ao Conselho. Disciplinar Na forma. Assim a forma, eu contigo, de uma ordinaria, uma má educação, aquele porco que não sei se é médico ou não. Assim este estilo, para pior.
0:33:22 – JORGE CORREIA
Uma agressividade.
0:33:24 – MARIA DO CÉU MACHADO
Muita agressividade E muitas vezes sem razão, e portanto eu acho que é muito difícil, ou seja se no seu trabalho ou no nosso trabalho, nós temos sempre a afrentar algo de uma pessoa que está com uma enorme agressividade contra nós. Nós não conseguimos ter empatia com essa pessoa, nem costar das pessoas, eu acho, porque é que alguém vai para a medicina tem uma neta que vai começar amanhã na República Checa E que me estava a perguntar agora nos últimos meses enfim, o que é que é ser médico, o que é que é que é que a qualidade é que o médico tem que ter. E a primeira coisa que eu disse, duas coisas. A primeira tem que costar de pessoas, porque se não gosta de pessoas, então o melhor é ir não sei bem, para que analises clínicas ou qualquer coisa.
0:34:17 – JORGE CORREIA
Então não bastava só costar de doenças.
0:34:18 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não, não, não Tem que costar de pessoas A primeira, costar de pessoas A segunda. É ser curioso, Porque eu também digo muitas vezes que nós E isso é uma noção que eu acho que muitas vezes os nossos estudantes agora não têm que é nós não estamos a fazer consultor a urgência para resolver o nosso problema. O nosso problema é o doente. Sair da nossa frente e passar ao seguinte. Temos que resolver o problema dos doentes. E se põe alguém que entra numa urgência com dor de cabeça E o médico até pediu uma ataque, A ataque veio normal E o médico disse olha, ataque de dor a uma nova. Se não tem nada, estou bem na Europa. Seu assalmo escutei no cadê de cabeça.
0:34:54 – JORGE CORREIA
Portanto, Não resolveu o problema, ainda não é.
0:34:56 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não resolveu o problema E de maneira que tem que haver alguma curiosidade no sentido de fazer as perguntas necessárias. Para nós chegarmos a chegar o mais possível do diagnóstico E depois, se há alguma coisa que nós não sabemos, ou já nos esquecemos, ou algum medicamento que não conhecemos, seja o que for, nós temos que estudar isso naquele dia.
0:35:14 – JORGE CORREIA
Se deixamos podi-a seguintes já não vão estudar, já foi, não é, e depois gerir expectativa Porque essa relação com a, com outra pessoa no fundo, que tem as suas medos, que tem as suas ansias, que tem as suas dúvidas, que traz se quizá um par de folhecas que é, ou no seu telemóvel Já há uma consulta ao Google, já lá foi ver como é, que resolvia. Vem lá confirmar com o médico.
0:35:35 – MARIA DO CÉU MACHADO
E dá pior quando é a mulher que vai. Não é O homem que vai à consulta porque tem uma série de queijamos, é a mulher que foi ao Google e que leva a dizer eu acho que Ajutam a atrapalham.
Eu olhei conforme, é variável, mas eu já tenho muitos adolescentes na consulta que fazem isso, não é, e até me telefonem depois, ou até ter um dia ou ter um mil de consinozite. tinha pai, 14 anos, e eu disse-lhe duas ou três coisas e ele foi para casa, foi ao Google e depois telefonou porque eu dou sempre o telefone aos adolescentes E aliás, o que há tempos ligou-me um mais 10 anos. Eu tinha uma mensagem no telefone às 10 da noite, também com 14 anos, dizer assim vou fugir de casa hoje. eu pensei oh meu Deus, às 10 da noite, era só que faltava.
0:36:18 – JORGE CORREIA
E a história não olha. A história não pode espera por amanhã.
0:36:21 – MARIA DO CÉU MACHADO
Mas telefonal e disse-me mas tu vais para onde, Para casa, é minha avó.
0:36:23 – JORGE CORREIA
Bem, tá, Eu disse olha, mas já nem se usava e, em seguimento, usava-se a fugir.
0:36:26 – MARIA DO CÉU MACHADO
Agora já não se usava, mas esse adolescente assim nos telefonou-me a dizer olha, uma das coisas que se este não estava certa. Eu fui ao Google e ele não tinha percebido bem, e eu estava certa. Mas é engraçado, isto é um desafio.
0:36:43 – JORGE CORREIA
Mas por outra também é uma vantagem. Eu não, porque nós temos lá está um miúdo, um miúdo com 14 anos que tenho uma curiosidade essa curiosidade que reflete-o sobre o seu próprio problema. E, no fundo, não que isso. Talvez eu estou fazendo uma interpretação errada, mas não fui questionar a sua médica. Fui tentar discutir com ela o seu próprio problema.
0:37:01 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente não, não, eu não.
0:37:03 – JORGE CORREIA
É uma literacia, não é.
0:37:05 – MARIA DO CÉU MACHADO
É uma literacia, eu não levo nada a mal. Agora, o problema é quando as pessoas atualmente questionam muito, percebem, ponem-se muito para o contrário. Eu vou dar o exemplo. Nós dizemos olha, é uma virose e portanto não um tratamento. Essa é a pareceta a Mola.
Se a jogo for não é preciso de antibiótico, mas não é melhor, antibiótico pronto, quando eu digo olha, foi uma virose, mas neste momento está com um motivo, tem que fazer antibiótico. A dizer ao contrário, mas não pode deixar não fazer antibiótico, e aí muito este. Aliás, há pouco tempo aconteceu uma coisa engraçada. Estava a dar uma indicação qualquer a uma rapariga que tem um bebê com 9 meses ou qualquer coisa, e ela disse ai, mas eu sigo uma influencer que diz não diz isso, diz o contrário. E eu disse está bem, mas eu sou um pediatra e a influência é o quê. Ela é mãe de 4 filhos, tem 4 filhos.
0:37:58 – JORGE CORREIA
Esta avalidação não é É importante. tem influência e tem 4 filhos, portanto há de muitas.
0:38:04 – MARIA DO CÉU MACHADO
A saber, deve ter visto 40 mil crianças na minha vida profissional, mas ela insistiu. Ah, mas ela tem muitos seguidores, ou seja, aqui já é um bocadinho mais dramático, porque qual é o crédito que nós damos a uma influência? É uma creandice de um fundo E há influências com muita influência não é E que criam problemas reais no consultório.
Olha este, por exemplo. Já não me lembro o que aqui era, mas era qualquer coisa relativa à alimentação. Eu sinto que a minha ciência é muito moda e a alimentação do bebê está sempre a variar. Agora não se pode pois pode. Agora não se dá laranja, pois dá acelerança.
0:38:43 – JORGE CORREIA
Os pais ainda vão lá perguntar o que que se dá a criancinha no início. Não, não, não.
0:38:49 – MARIA DO CÉU MACHADO
E pois pronto, temos as influências e pronto Eu digo sempre olha, acabo por concluir desta maneira. Eu estou a dizer o que é que a luz da evidencia atual é melhor, não quer dizer que amanhã não seja diferente. É melhor para o seu bebê. Os pais fazem o que acharem melhor mas tem que ser no melhor interesse da criança, pois eles chegam assim um bocadinho.
0:39:12 – JORGE CORREIA
Ou de amo. Pois exatamente O que que ainda tirá a pinta dos pais de primeira água que entram pela primeira vez no consultório.
0:39:19 – MARIA DO CÉU MACHADO
Ah, sim, sim, sim, e das crianças também, aliás, costumo sempre classificar vai ter mau feitio, porque se eles dizem olha, tinha uma semana já me disse que ia ter mau feitio, é engraçado porque eu acho que a personalidade obviamente que se constrói, mas há bebês, há bebês que com as semanas de vida já há muito pouco resilientes, que resmungoês Que choram muito. Choram muito, não se lhe pode tocar e ficam zangados e não sei o que olha este avão feio de desgraçado Pois eles confiram.
0:39:49 – JORGE CORREIA
E como é que é tipo um aviso Interesse bebê não fala, não é Bebê chora. Como é que se consegue ler os sinais no fundo das doenças das dores? Ah, mas consegue, consegue.
0:40:06 – MARIA DO CÉU MACHADO
O que eu digo, também sem pós-pais, é que tem que aprender a conhecer os filhos. Porque lá ver um dos problemas do jovem casal a vida é difícil, não é Pós-jovens, casais, atuais, empregos, sei lá se for uma jovem advogada ou uma jovem economista numa empresa são escravos até as tantas Os chefes normalmente ainda são homens e marcoloniões até as tantas Tentam que tinham casas toiradas até que daram o banho e buscar o bebê, não sei o que. E então são muito poucos focados na criança. percebam o que eu quero dizer. ou seja focado. A pessoa está tão cansada e ovajuíço que faz as coisas mecanicamente. Sim, tem que mudar a fraude, tem que mudar de comer, tem que leitar, tem que cantar um bocadinho, tem que cantar um bocadinho. Mas já está a pensar que tem um prazo para amanhã do pau-tribunal, ou tem? percebe?
0:40:55 – JORGE CORREIA
a ideia.
0:40:56 – MARIA DO CÉU MACHADO
E as crianças sentem isso. Por um lado as crianças sentem, por outro lado os pais não aprendem. sentem, choram, estão irritados. mas estão irritados porque sentem que não estão a capotar a atenção. E os pais têm que aprender a conhecer a criança porque se aprenderem a conhecê-la, percebem quando é que o choro é de irritação, quando é que é de doença, quando é que é de fome. E isso às vezes nos pais atuais não é fácil. Só contar outra história que me aconteceu é muito pouco tempo que fui tão engraçada.
Eu sigo uma menina que tem um ano E já tinha sido pediatra do pai, que agora tem muitos netos cúmicos, e ele vejo na lista de consultas que estava marcada a menina agora há umas semanas, antes de ir-se, e se agarça a aula de espera. era a seguinte se agarça a aula de espera, não vejo a menina, vejo o pai E disse então a menina ah não, o consultor já é para mim. Eu para não fazer coisa na sala de espera, não fazer problema, disse pronto. então entre Ele entrou e diz-me assim olha a professora. quando eu tinha 14 anos deu-me o seu telemóvel e o e-mail e disse precisar de alguma coisa? pode telefonar ou mandar um e-mail. Eu nunca precisei, mas agora tenho 41 e preciso.
0:42:08 – JORGE CORREIA
Aham.
0:42:10 – MARIA DO CÉU MACHADO
E pronto, ele tinha uns problemas, discutiu comigo os problemas que ele tinha, que eu achei extraordinário porque o Diátrel, um vínculo emocional no fundo, e o Diátrel é assim, no fundo é um médico de família. Não é Porque vem os pais, vem os avós, vem a pessoa, resolve os problemas. Há sempre qualquer coisa. Não digo que seja problemas médicos, mas problemas de até da dinâmica familiar. Não é.
0:42:31 – JORGE CORREIA
E que pedem ajuda, e então E cadê a ajuda, vamos lá. зачем não ter osتم na oddidade, o que é que fazemos ao nosso CNS?
0:42:41 – MARIA DO CÉU MACHADO
O imedio. Você é mais difícil de tratar de crianças. Sabe que nós neste momento temos uma situação em que neste momento, já há uns anos, porque repare, quando foi criado o CNS não havia praticamente nenhuma resposta privada. Haviam uns consultórios e umas clínicas, faziam-se umas coisinhas. Atualmente nós temos praticamente o mesmo número de hospitais e o mesmo número de câmas no CNS e nos privados. Por outro lado, há 30 anos atrás a tecnologia que havia estava no CNS, agora os privados muitas vezes até têm tecnologia mais moderna que o Serviço Nacional de Saúde. E portanto a primeira resposta eu acho que nós temos que ultrapassar ideologias e ter aqui uma complementaridade.
0:43:31 – JORGE CORREIA
Uma lógica de rede.
0:43:36 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não faz sentido terminar com os PPPs, na minha opinião e trabalhei 11 anos com o grupo Mel no Hospital Fernando de Fonseca sem sentido já tinha muitos anos de trabalho em público sem sentido o menor constrangimento entre a da crianças, constrangimento financeiro ou seja, qual foi. E nós temos agora o exemplo de lores e outros exemplos de hospitais que eram PPPs e passaram ao Estado e que não se conseguem reorganizar porque apesar de tudo eu digo também de brincadeira que senti como diretor a clínica fui privada e de um público que no privado, quando a administração, a direção clínica faz uma proposta, faz uma regra, toda a gente esforça para cumprir. No público, toda a gente inventa a melhor maneira de não cumprir e dar a volta.
0:44:27 – JORGE CORREIA
Isso boicota no fundo qualquer.
0:44:30 – MARIA DO CÉU MACHADO
Porque muitas vezes os personagens não são envolvidos. eu acho que têm que ser envolvidos, mas portanto isso vai reverter a TAP e outras coisas. porque é que não se reverta as PPPs?
0:44:40 – JORGE CORREIA
Acho que isto não pode ser uma questão de rede As PPPs acabaram no fundo de uma formação de decisão política, sendo que de facto lá está a organização do sistema. O que as pessoas procuram é uma resposta ao seu problema. Exatamente Onde está o meu médico, onde está o meu médico de família? como é que eu me encaminho?
0:44:58 – MARIA DO CÉU MACHADO
qual é o caminho que Mas ouça uma coisa o Canadá, que para mim eu também dou umas aulas de sistemas de saúde e estudei, estudei os sistemas de saúde, para mim o sistema mais perfeito, por exemplo, se os dias simples, há clínicas que só fazem, suponha, cataratas, há clínicas que só fazem as eras inguinais, e o Estado paga e aquela clínica faz opera-se sem doentes com catarata num dia Especializa-se consegue uma produção alta e responde ao problema das pessoas.
O Estado paga o que custa operar Um hospital Santamaría ou uma catarata E o que poderá custar se houver clínicas deste género.
0:45:38 – JORGE CORREIA
Mas na realidade o Estado português faz isso porque no nosso programa CIGI, quando as pessoas não conseguem resposta no sistema público, há casos em que passa para.
0:45:45 – MARIA DO CÉU MACHADO
Atualmente já faz um bocadinho, mas continua a ver de seu ponto de vista ideológico. E eu não sou direita, nem extrema direita, mas continua a ver de seu ponto de vista ideológico. E esta coisa de os privados, faz-me uma impressão, não é E há sempre aqui uma ra, é uma retórica ou é mesmo uma conversa séria? É um bocadinho retórica, é um bocadinho retórica. Então, esse é um ponto que eu acho importantíssimo. O outro ponto, este voltando à questão do que é que fazemos ao SNS. O outro ponto é realmente os profissionais.
0:46:17 – JORGE CORREIA
Partindo por suporte que nós temos, menos que fazer qualquer coisa não é.
0:46:19 – MARIA DO CÉU MACHADO
Não temos menos que fazer qualquer coisa. Como sabe, continua a haver imensas gente a sair, imensos profissionais a sair do SNS e a ir para fora, tanto para fora do país como a ir para os privados. Os privados também não são ilágicos lá que havia, estão saturados. Portanto, estamos numa situação completamente diferente. O que estávamos aí em 2010, quando eu era alta comissária e que sabíamos que em 2013 íamos ter uma quebra enorme de médicos, e foi quando fomos buscar médicos fora.
0:46:43 – JORGE CORREIA
E estava lá a curva.
0:46:44 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente, mas não tínhamos médicos em Portugal, mesmo que pagássemos a pesadora. Agora temos, não vale a pena ir buscar fora. Temos e boas, mas pagamos mal, pagamos mal. Eu fico sempre um bocadinho inervada quando ouço dizer e vejo nos jornais que num conserviço nacional de saúde teve tanto dinheiro e que estamos ao nível de 2005 ou 2008,. Portanto o financiamento está ao nível de 10 anos atrás ou 20 anos atrás e que nunca foi tão alto. Mas quer dizer a saúde atualmente não é a saúde 2005, primeiro, a população continua cada vez mais inflicida.
0:47:23 – JORGE CORREIA
Com mais doenças, com mais doenças, com cada duende, com mais doenças Com mais comorbidades Em média são 7, 4,0, mas podem chegar a 7.
0:47:33 – MARIA DO CÉU MACHADO
Em média é o português aí acima de 75 anos tem 4 doenças e meia, algum tem as minhas eu ainda não tenho 75, mas alguns tem as minhas que eu não tenho doença nenhuma E apreciar que eu chego a um sete. E portanto obviamente que quando aumenta a população de 80 a 90 anos aumenta a necessidade. Depois, com a queda da mortalidade em todos os grupos etários e por outro lado, com o diagnóstico mais percoce e o medicamento inovador, o medicamento órfão para as doenças arras e com as novas tecnologias, os novos aparelhos enfim para tudo, em todas as áreas, o custo não é o mesmo que em 2005, nem em 2010.
0:48:16 – JORGE CORREIA
Portanto, se eu bem percebo, nós estamos neste momento com uma crise que está assente, sobre o nosso próprio sucesso Exatamente.
0:48:25 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente, é isso mesmo. Gosto de essa frase, não é Que é?
Nós vivimos com os progressos, que baixarmos a mortalidade em todos os grupos etários e que a população infelice, se de forma saudável, até Tem que morrer. Porque o meu cunhado, antónio Loubante, uma vez escreveu uma coisa muito engraçada, a dizer que os médicos querem de tal forma controlar as causas de morte. Qualquer dia só falta morrer, prosquecimento Que eu acho uma delícia, mas é quase isso morrem prosquecimento. Mas portanto esse é o resultado do serviço nacional de saúde este ano de todos os serviços. Agora isto tem que se fazer exatamente ao contrário. Não me interessa para nada dizer vão investir não séquante milhões, mais não séquante milhões, não me interessa para nada. Interessa-me que houvesse uma reestruturação, uma reforma estrutural profundíssima, uma reorganização sob ponto de vista de gestão, sob todos os pontos de vista. Depois se percebesse que, com uma boa gestão, qual era o financiamento que precisávamos?
0:49:28 – JORGE CORREIA
Fazer ao contrário.
0:49:29 – MARIA DO CÉU MACHADO
E não confundir financiamento e coroçamento. Esta senhora que eu adorava que morreu ontem, ontem, ontem a Tietora. Cardoso explicou uma vez em frente a profissionais de saúde nunca mais me esqueci, há dois anos, não foi há muitos anos que eu ouvi que nós estamos subfinanciados e suborçamentados e que estamos sempre a confundir os profissionais de saúde, financiamento e coroçamento. Porque o financiamento? o problema é que o hospital, mesmo que tenha dívidas, acaba sempre para alguém financiar mais para pagar os dívidos. O orçamento é uma coisa diferente.
0:50:03 – JORGE CORREIA
Estamos a fechar. Precera-me que isso é uma chata. É mais fácil e igual. Ou é mais difícil uma mulher liderar?
0:50:16 – MARIA DO CÉU MACHADO
Eu nunca tive problemas e, como sabe, sempre enfim em outras situações em que também estamos no mesmo grupo e que estamos lá no grupo, no movimento live, a favor da liderança feminina. Tenho discutido muito isso, Eu, sinceramente, e pus-me a pensar, até porque me ligaram, ligou-me alguma jornalista há umas semanas porque escreveu sobre o assunto para eu dar um exemplo de uma situação como tivesse acontecido, e eu pus-me a pensar, pus-me a pensar. Não consigo lembrar-me isso sempre. Se me aconteceu, esqueci-me, olha ainda bem. Mas eu acho o que eu procurei fazer enfim.
Vou começar um bocadinho mais atrás. Eu nunca andei atrás de cargos e eu acho que atualmente talvez não, mas no meu tempo e em todo o meu percurso, portanto nesta geração que está agora no 70, eu acho que os homens já andavam um bocadinho atrás de cargos e as mulheres não agora se calhar, as mulheres já andam um bocadinho E por isso nós achávamos enfim se fossemos boas profissionais. Há uma coisa engraçada que se diz que a mulher fica satisfeita, é um estilo feminino. Fica satisfeita com a aprovação no seu emprego, com os seus colegas na sua instituição.
0:51:37 – JORGE CORREIA
Olha, ela faz muito bem.
0:51:38 – MARIA DO CÉU MACHADO
Exatamente, o homem precisa de uma aprovação mais, mais uma visão mais nacional, mais internacional, precisa de uma visão maior do que a sua instituição E portanto eu nunca procurei, como nunca procurei, mas procurei fazer sempre o meu trabalho. Bem, e agora vou me gabar um bocadinho, mas tenho, acho que, duas qualidades importantes uma, sou criativa, estou sempre a inventar coisas, e a outra, gosto muito de que as pessoas que trabalham comigo estejam satisfeitas e gosto muito de ter gente jovem à minha volta E portanto, em todos os locais para onde passei foram muitos e vários hospitais, etc. Sempre os internos, os estudantes de medicina e mesmo os jovens especialistas. Eu sempre me sentei com eles. Aliás, fazia uma coisa que fiz na amadora, que fiz na Santamaria, que era fazer um brem de sotorma, dois anuais num hotel ou sábado meia, como fazer as empresas, com almoço em que cada um dava as ideias que o serviço via fazer no ano a seguir. Isto não se faz nos hospitais, na UROM, para criar uma energia, para criar uma energia e uma sinergia também, e portanto, a certa altura as pessoas olhavam para mim como alguém que até há alguma criatividade, alguma imaginação e que deixa a satisfeita aos colaboradores. E propunham-me, eu sempre fiquei espantada quando um ministro me declinava e declinavam-me várias azerolhas. Queremos confidá-la, para não se aque, pois dizia uma coisa terrível que é competente.
Essa parte eu achava bem, e é mulher e estamos a precisar de mais mulheres. Eu pensava às cotas, não havia necessidade, não é Porque acho que as mulheres não devem ir para os lugares porque faltam, porque devem ser três, três ou quatro. Quatro devem ir porque são competentes. Mas portanto eu nunca senti, nunca senti propriamente, mas se calhar enfim, tenho uma visão diferente de tudo isto. Acho que atualmente as raparicas são mais competitivas e eu acho que vai chegar. Eu acho que, como tudo, há aqui um desequilíbrio tão grande ainda entre liderança feminina e masculina, entre homens e mulheres, que realmente as raparicas estão crescendo. E agora, no grupo das doenças raras tive que fazer um grupo cor mais pequeno e de repente para mim só tinha mulheres, não tinham homens. Pensei assim posso fazer isto, Eu tenho que ter aqui homens. Eu não encontrava pessoas que eu achasse não sabem disto e quero trabalhar com elas, só encontrava mulheres. E portanto há de chegar a fase em que temos que fazer ao contrário e virem um bocadinho e que veem um equilíbrio entre homens e mulheres. E ainda não chegamos aí.
0:54:09 – JORGE CORREIA
Equilíbrio é uma palavra boa, uma palavra que indica o caminho com o balanceamento, seja na liderança, seja na comunicação. Equilíbrio é sempre uma boa receita E agora me parece que estamos hoje cada vez mais todos a fazer equilibrismo E por isso as tensões crescem e a serenidade esvaece. Talvez pudéssemos aplicar uma das regras da comunicação ouvir. Para isso é só preciso um bocadinho de silêncio e um pouco mais de paciência. Vale tentar Até para a semana.