Hoje é tempo de falar de filosofia.
Isso mesmo: de usar a cabeça e pensar sobre a maneira como pensamos.
O que nem sempre acontece.
E por isso importa saber por quê.
Afinal a mais difícil das perguntas: o porquê das coisas.
A convidada é Marcia Tiburi, filósofa, professora e artista plástica brasileira.
Ela desafia-nos a ter um pensamento mais progressivo e aberto sobre o mundo em que vivemos.
E a sua forma apaixonada e frontal valeu-lhe ameaças de morte e uma fuga para a Europa em busca de um lugar mais seguro para pensar.
O pensamento subjetivo é uma das maiores armas do diálogo democrático.
Cada um pode pensar e partilhar o que pensa.
E esse pensamento tem pelo menos duas avenidas:
A primeira é aquilo a que gosto de chamar o pensamento especulativo. A segunda é um pensamento mais operacional. No meu desenho mental, o pensamento especulativo são aquelas reflexões que o pensamento faz sobre si próprio. Porque pensamos da maneira como pensamos? O que nos levou a este caminho? É legítimo ou ético pensar isto desta forma?
Na avenida do pensamento operacional vem a resposta à pergunta “e se?…”
E se eu fizesse assim? E se eu fosse por aqui ou por ali?
Uma forma de pensamento que nos devolve a capacidade de decidir quem somos e o que queremos ser ou fazer?
É uma forma de autoconsciência.
Ora, toda a conversa com Márcia Tiburi é sobre isto.
Sobre as razões que nos levam conscientemente a autodeterminar-mo-nos.
A dizer o que somos e como somos.
Ao invés de aceitar as etiquetas que nos colam à pele.
Entre o ruído do mundo moderno há que parar para pensar.
Pensar no pensamento e pensar no que somos, queremos e fazemos.
E alguns grupos mais progressistas já o fazem de uma forma mais sistemática e desafiante em relação ao status quo.
Quem tem poder normalmente não gosta muito destes desafios porque eles representam a capacidade de perguntar e principalmente de decidir a resposta certa.
O mundo novo tem uma fórmula de pensamento muito própria.
Onde os conceitos da ecologia, da igualdade e de uma justiça mais ampla tem um peso maior do que os caminhos do mundo antigo.
A cooperação entre seres humanos para uma nova plataforma de bem comum está de alguma maneira já a sussurrar nas novas formas de dizer.
Seja nas palavras, seja nos atos.
Mas há uma batalha surda em curso: entre anestesia social e a pulsão do grito de revolta.
Estaremos nós a entender o que está a acontecer?