Procuro o som perfeito.
O som que nos inspira. Que nos faz sentir bem. Que nos envolve.
Pode ser uma música, pode ser uma voz rica com o timbre mais bonito que ouvimos alguma vez. Pode ser o vento, a chuva ou o mar.
Num mundo onde há bombas a cair, gritos de quem sofre ou silêncio de quem não sobreviveu, celebro os sons bons.
Do choro da criança que nasce, da voz que se embarga de alegria, da música, do fado e folclore que nos explica esta coisa de ser português.
Da voz que nos acalma na ansiedade ou nos incita para a próxima conquista.
Este episódio é uma dança entre o silêncio e o som.
De onde vem o som?
Vem todo o lado. Vem ter connosco a todo o momento.
Até estranhamos quando não vem de lado nenhum.
Quando há o silêncio.
A ausência de som.
Que até nos pode incomodar. Que nos obriga a preencher esse vazio.
Uma das técnicas de entrevista que sempre gostei de usar é a de guardar um par de segundos de silêncio quando pressinto que a pessoa com quem falo está prestes a dizer-me precisamente o era obrigatório dizer. O silêncio apenas criou espaço para isso.
Depois há o som. Omnipresente. Vem de frente, de trás, dos lados, de baixo, de dentro de nós, da nossa garganta ou do centro do ouvido.
O som imersivo. Que se poder recriar em estúdio usando uns curiosos microfones em forma de orelhas humanas. Para nos sentirmos ainda mais dentro do som.
Som que pode pintar espaços com ambientes sonoros. Quem não se lembra do eco das salas grandes ou da surdez das casas com muitas alcatifas, ou cortinados pesados.
Ou da vibração sonora no estádio de futebol. Do centro comercial em hora de ponta.
Ou do cantor, à capela, nas ruas da cidade, ou no terreiro da aldeia, ao desafio, apenas com uma concertina.
São tudo sons da nossa vida. E dentro deles o da voz humana. O mais belo instrumento.
Atentem nos primeiros segundos à voz que vos apresento.
É de Manuel Faria, um arquiteto do som. Um criador de ambientes sonoros.
Façam silencio. Subam o volume. Este programa é para degustar.
Então e quais são os sons da sua vida?
Quais são os que preenchem a banda sonora da sua existência?
Há uma música especial? Talvez aquela que tocada no mais mágico dos momentos.
Ou será o marulhar das ondas do mar de verão?
Ou da ventania da tempestade de inverno?
E as vozes? De quem é a voz que guardam no momento em que vos disse algo ao ouvido. Daquelas vozes que parecem carregadas de eletricidade. Que dizem palavras com poder infinito de nos emocionarem.
Pensem nisso. Liguem a essa pessoa, com a voz mais significativa do mundo e digam-lhe que gostam dela.
Da voz e da pessoa.
Se houver um pequeno silêncio a seguir, sorvam-no com lentidão.
É um silêncio dos bons.
Respirem fundo. Escutem atentamente. Permitam-se perder-se nas melodias que envolvem a sua vida.
Existem sons que transcendem o tempo, que ecoam na trilha sonora da sua jornada.
Existe uma canção especial? Talvez aquela que tocou no momento mais mágico da sua vida.
Ou será o som das ondas num calmo mar de verão?
Ou o vento furioso de uma tempestade de inverno?
E as vozes? De quem é aquela voz que ainda ecoa nos seus ouvidos? Aquela voz que parece carregar uma eletricidade única, capaz de emocionar profundamente.
Pensem nisso. Conectem-se com essa pessoa, com a voz mais significativa do mundo, e digam-lhe que a amam.
Amem a voz e a pessoa.
Se houver um breve silêncio depois disso, saboreiem-no com calma.
É um silêncio que traz paz.
CAPÍTULOS:
[00:00:00] Abertura
[00:01:21] Explorando o Universo do Som – Produção De Som E Áudio Imersivo
[00:15:37] Desvendando os Mistérios do Som Binaural e a Música Cultural – Cantar E Dançar Na Cultura Ocidental
[00:27:55] A Arte Sonora Descomplicada – Importância Da Voz E Técnica Na Música
[00:44:05] Áudio Imersivo: Uma Viagem pelo Mundo do Som – Importância Do Call Center, Ruído Música, Som e Emoção: Som e Cultura: Descobrindo Novos Horizontes; Decifrando o Som: Uma Jornada pelo Áudio Imersivo
[00:54:30] O Som Mais Bonito do Mundo:
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO00:00:12:22 – 00:00:39:09
JORGE CORREIA
Vivam bem-vindos ao pergunta simples ou voz pública sobre comunicação? Nunca é demais agradecer vos. O programa fez 150 episódios. Estamos no episódio 151 da contagem. Neste exato programa são mais de 5000 ouvintes regulares que merecem este encontro semanal. Para falarmos de comunicação nas suas múltiplas vertentes. Uma desculpa como outra qualquer para nos encontrarmos e falarmos da vida.
00:00:39:18 – 00:01:01:22
JORGE CORREIA
Do que nos apaixona. Do que desejamos e do que nos dói. Obrigado pela escuta. Obrigado por partilharem com o vosso círculo de amigos a pergunta simples. Na última semana fui em busca da felicidade. Em bom rigor, fui procurar saber o que nos torna felizes e por isso, nesta semana vou em busca de nada mais, nada menos do que o som perfeito.
00:01:02:10 – 00:01:40:11
JORGE CORREIA
Ouviram? Bem, procuro o som perfeito, o som que nos inspira, que nos faz sentir bem, que nos envolve. Pode ser uma música, pode ser uma voz rica, com um timbre mais bonito que ouvimos. Pode ser o vento, pode ser a chuva ou o mar. Num mundo onde há bombas a cair, gritos de quem sofre e silêncio de quem não sobreviveu, celebro os sons bons do suor da criança que nasce da voz que se embarga de alegria, da música, do fado, do folclore, que nos explica esta coisa de ser português, da voz que nos acalma na ansiedade ou que nos incita para a próxima conquista.
00:01:41:04 – 00:02:23:22
JORGE CORREIA
E este episódio é uma dança entre o silêncio e o som. De onde vem o som. Vêm de todo o lado, vêm ter connosco a todo o momento. Até estranhamos quando não vem de lado nenhum. Quando há o silêncio, a ausência de som até pode incomodar, o que nos obriga a preencher esse vazio. Uma das técnicas de entrevista que sempre gostei de usar e de guardar um par de segundos de silêncio quando pressinto que a pessoa com quem fala está prestes a dizer me precisamente o que era obrigatório dizer.
00:02:24:09 – 00:02:51:00
JORGE CORREIA
O silêncio apenas criou esse espaço. Depois as pessoas falam. Depois há o som omnipresente. Vem na frente de trás dos lados, de cima de baixo da nossa garganta, do centro do nosso ouvido. O som imersivo que se pode recriar em estúdio, usando uns curiosos microfones em forma de orelhas humanas para nos sentirmos ainda mais dentro do som. O som que pode pintar espaços com ambientes sonoros.
00:02:51:10 – 00:03:17:00
JORGE CORREIA
Quem não se lembra do eco das salas grandes ou de surdez das casas com muitas alcatifas ou cortinados pesados? Ou da vibração sonora de um estádio de futebol do centro comercial à hora de ponta ou do cantor à capela, nas ruas da cidade ou no terreiro da aldeia, ao desafio apenas com uma concertina. São tudo sons da nossa vida e, dentro deles, o da voz humana, o mais belo dos instrumentos.
00:03:17:12 – 00:04:01:14
JORGE CORREIA
Atenta nos primeiros segundos a voz que vos vou apresentar é a de Manuel Faria, um arquiteto de sons, um criador de ambientes sonoros. Façam silêncio sobre o volume. Este programa é para degustar. Viva Manuel Faria, músico, compositor, produtor. Todos o conhecemos como uma das pessoas que iniciou o Trovante. Eu peço desculpa, mas para mim será sempre os Trovante no é que temos aqui a alguém que batizou no fundo a banda antes de ser obrigado por me receber aqui estamos no seu estúdio, no estúdio Indigo.
00:04:02:06 – 00:04:09:20
JORGE CORREIA
Para quem não está habituado nestas coisas do som, é aqui que se criam spots publicitários. É aqui que se faz a magia do som. O que se faz aqui.
00:04:10:09 – 00:04:36:06
MANUEL FARIA
Faz se muita coisa, não se fazem só spots publicitários. Gravamos música, música para cinema, música para televisão, música para teatro. Gravamos também discos de artistas, de alguns artistas que com quais trabalhamos e fazemos muita pesquisa em duas áreas fundamentais na área do audio branding e na área do áudio imersivo.
00:04:36:20 – 00:04:55:15
JORGE CORREIA
E para quem não sabe nada sobre estas coisas do áudio? O que é isso? Já vimos ali há bocadinho um auscultador que tem literalmente orelhas, orelhas onde há um microfone, um microfone e verdade. Que serve para quê? Para que serve um microfone com orelhas certas?
00:04:55:15 – 00:05:22:05
MANUEL FARIA
Fazer gravações binaural? O que é que é uma gravação binaural? Nós, quando ouvimos a maneira como nós ouvimos os sons, nós ouvimos numa esfera à nossa volta. Não é a nós. Não é como os nossos olhos, que têm um ângulo pequeno de 120 graus. Nós temos 360 graus e os nossos ouvidos estão habituados a interpretar a direção de onde o som vem através das vibrações.
00:05:23:00 – 00:05:25:10
MANUEL FARIA
Nestes pequenos lóbulos que as nossas orelhas têm.
00:05:25:23 – 00:05:31:05
JORGE CORREIA
É quase um ato mecânico. É quase um pequeno eco que acontece dentro de pequenas reflexões.
00:05:32:10 – 00:06:03:21
MANUEL FARIA
As orelhas têm assim uma forma estranha. Se nós analisarmos com cuidado, tem uma parte que é o sargos, o antigo sargos, tem todas estas partes e está em nomes. E cada parte desenha destas. Serve para produzir reflexões que nós, desde muito bebés, nos habituámos a perceber que aquele tipo de som é um som que vem de trás. Portanto, nós arranjamos um par de microfones que também tenham orelhas.
00:06:03:21 – 00:06:11:04
MANUEL FARIA
O quando eles captam o som capta o som com essas vibrações, com essas pequenas reflexões incluídas no som.
00:06:11:11 – 00:06:23:21
JORGE CORREIA
Portanto, nós, no fundo, sem saber, programamos o nosso cérebro, porque é lá que estão interpretados a nossa capacidade de ouvir a perceber que um determinado som, através da maneira como reverbera, da maneira como.
00:06:24:02 – 00:06:25:20
MANUEL FARIA
O reflete, como refletem que.
00:06:25:20 – 00:06:31:14
JORGE CORREIA
Ele vem daqui, ouvem ecoar exatamente para alguém que se dedica à engenharia da produção de som. E serve para quê?
00:06:32:04 – 00:07:00:05
MANUEL FARIA
Certo? Muita coisa serve, por exemplo, para criarmos ambientes sonoros unidirecionais. Por exemplo, se eu vou gravar a natureza ou gravar um ribeiro num bosque. Se levar um desses microfones, quando as pessoas ouvirem, ouvem o som toda à volta delas. Não ouvem só o som que está em frente dos microfones. Portanto, ouvem numa perspetiva de quem lá está.
00:07:00:17 – 00:07:03:16
JORGE CORREIA
Portanto, aquela sensação de parece que parece que eu estou lá.
00:07:03:20 – 00:07:05:13
MANUEL FARIA
Mas estou tão imerso em.
00:07:05:14 – 00:07:06:12
JORGE CORREIA
Cima desse mesmo.
00:07:06:12 – 00:07:07:20
MANUEL FARIA
Suspense porque.
00:07:08:01 – 00:07:30:10
JORGE CORREIA
O primeiro mono lá está tudo igual na coluna esquerda, na coluna da direita. Depois ofereceram nos o estéreo do lado para o outro e todos tivemos que fazer aquela primeira experiência de ter metido estes cinemas modernos e dizer este é o Dolby Atmos. O certo ponto, qualquer coisa que não sabemos bem o que quer, mas em geral diz que o som pode andar ali à volta.
00:07:30:15 – 00:07:32:04
MANUEL FARIA
Sim à volta em si mesmas.
00:07:32:22 – 00:07:45:02
JORGE CORREIA
E que, afinal, quando? Quando nós vemos televisão ou quando, quando nós estamos a ver um filme, estamos lá pela imagem. Então o som não é uma espécie de ator secundário dessa conversa?
00:07:46:11 – 00:08:13:17
MANUEL FARIA
Nós estamos lá pela imagem. Alguns de nós estão lá, pela imagem. Ou seja, de facto, o ecrã é o e o sentido visual é predominante na sociedade moderna. Mas já houve alturas que não era assim, em que a maioria dos animais baseia se no seu ouvido para a sua sobrevivência. O Jorge não vê, por exemplo, na savana. Nem os felinos nem os herbívoros têm olhos muito grandes.
00:08:14:16 – 00:08:27:15
MANUEL FARIA
A grande maioria tem olhos pequenos, tem a ouvidos, ouvidos e focinhos bastante grandes a serem. O olfato e e o e audição são os nossos principais sentidos de alerta.
00:08:27:23 – 00:08:41:16
JORGE CORREIA
E eles estão normalmente lá está quando vemos nas National Geographic, eles estão quietos, calados, muitas vezes até de olhos fechados, a escutar quase que ouvir o som do vento para perceber se vem aí uma ameaça ou uma oportunidade.
00:08:42:00 – 00:08:55:23
MANUEL FARIA
E os predadores atacam sempre contra o vento, que é de forma que os sons têm mais dificuldade em chegar a presa e e os cheiros também. Portanto, a visão joga aqui um papel muito secundário.
00:08:56:14 – 00:09:13:05
JORGE CORREIA
Então é alguém que é do som. Consegue ver um filme como eu, como quem não está não está a escutar agora, a ficar sem estar a fazer uma autópsia. Aquele som a ver como é que aquilo está assim. Não dá para distrair.
00:09:13:19 – 00:09:38:02
MANUEL FARIA
Acho que há várias maneiras de ver um filme. A gente costuma dizer o esquisitão normalmente fica em casa desligado, o levamos com o esquisitão desligado. Eu vou ver um filme como qualquer outra pessoa. Quero ver a história. Quero participar da emoção de ver um filme. Mas também se lê se tirar a música do filme, a emoção desaparece toda.
00:09:38:16 – 00:09:40:03
JORGE CORREIA
Onde é que isto está? O que é que aconteceu?
00:09:40:12 – 00:10:15:04
MANUEL FARIA
Desaparece toda, é facto. A música faz num filme uma componente paralela muito importante, que é que existe, por exemplo, nas primeiras escolas do cinema, quando o cinema deixou de ser mudo? Os primeiros realizadores, entre eles sei lá, o Charles Chaplin e o agente Stein, fizeram uma grande resistência aos diálogos falados e não criam os diálogos. Os primeiros filmes do Charles Chaplin temos os que ainda não está em diálogo, porque eles diziam que aquilo era teatro filmado, aquilo não era cinema.
00:10:16:01 – 00:10:53:11
MANUEL FARIA
E durante muito tempo foi difícil convencer e convencer esses realizadores que era importante os actores falarem. E então, o que é que eles propunham ou propunha uma coisa até bastante interessante? Eles propunham que o som sim fosse uma película paralela à narrativa do filme, mas mais adequada à maneira como o espectador absorvia essa narrativa. Ou seja, em linguagem mais acessível, o ritmo a que se processa a narrativa num filme não é igual ao ritmo a que o espetador se apercebe dessa narrativa, o.
00:10:53:11 – 00:10:54:08
JORGE CORREIA
Que faz algum sentido.
00:10:54:24 – 00:11:14:11
MANUEL FARIA
Ou seja, o espectador vai se percebendo. Ou seja, e eu vou dar aqui um exemplo que toda a gente vai perceber. Eu começo um filme e o primeiro ator que entra em cena é o mau da fita. Eu não ponho logo uma música desse espaço. Este gajo é muito mau. Não vou estragar o filme, vai esconder.
00:11:14:15 – 00:11:17:15
JORGE CORREIA
No fundo, aquela vai fazer com que? Com as esconder.
00:11:17:22 – 00:11:35:10
MANUEL FARIA
Não vou tirar o filme ao espectador, mas vou contar o fim do filme. Então, o que é que faz? É música. Serve como uma película adicional de sincronia da narrativa e mais síncrona com a perceção dessa narrativa pelo espectador.
00:11:35:13 – 00:11:51:06
JORGE CORREIA
No fundo, quando o realizador escolhe que aquele determinado momento é o momento de revelação de revelar que o vilão é aquele, então aí a música acompanharia este momento. Portanto, a música, o som estaria ao dispor e ao serviço da própria narrativa, do próprio fluxo.
00:11:51:07 – 00:12:21:12
MANUEL FARIA
Exatamente enquanto que o som é mais síncrono que o filme. Os efeitos sonoros são signos que o filme. A música é uma película à parte e que pode manipular o espectador a favor da narrativa contra um exemplo, um exemplo eu dou aulas de música para a imagem. Eles são um bocado suspeitos, tenho os bolsos cheios de exemplos. Mas há um exemplo interessante a um filme do Tarantino muito, bastante Santander, que é o Reservoir Dogs, Os Cães Danados em português.
00:12:21:23 – 00:12:58:14
MANUEL FARIA
E há uma cena em que um dos maus da fita tortura um polícia apanha uma polícia e corta lhe uma orelha devagar. Mas enquanto faz isso, ele mete uma música de Eric Rafferty a tocar num rádio. E é uma música alegre e divertida, e isso faz com que o espectador se dissocia violência. E é que a violência lhe passe um bocadinho ao lado e numa sala, numa sala de cinema, nós vemos as pessoas a rir enquanto corta a orelha.
00:12:58:14 – 00:13:11:10
JORGE CORREIA
Que é normalmente o efeito que eu tenho dos meus filmes. O Tarantino é que é pensar que ele está a fazer isto, que é uma catástrofe, é uma desgraça e um eu maltrato alguém. Mas ele está a contar, a caricaturar, está a usar Excel, está a.
00:13:11:10 – 00:13:37:01
MANUEL FARIA
Usar a música como ele está em vida, a tornar nos cúmplices dos maus e cúmplices dos daquela violência. Nós ficamos cúmplices porque a música faz com que nós nos disséssemos do que está a acontecer. Portanto, a música às vezes serve para reforçar a narrativa. Outras serve, pelo contrário, para aliviar a narrativa.
00:13:37:13 – 00:14:03:08
JORGE CORREIA
Estou agora a pensar quando nós olhamos para a para a história. Um exemplo que, se me ocorre imediatamente é a de Adolf Hitler. A ideia de, mas não só a outros líderes, também Mussolini e outros, que é a ideia de que quando há um discurso, quando há um comício e se usa a música para empolgar aquelas massas, para parar para as empurrar e no fundo quase pára para que?
00:14:03:09 – 00:14:10:17
JORGE CORREIA
Para criar um Estado, um estado mental que que faz com que as pessoas tenham logo uma escuta condicionada em relação àquilo que estão a ouvir?
00:14:11:03 – 00:14:20:01
MANUEL FARIA
É verdade, desde muito antes das duas tribos indígenas em África, a música serve para criar uma transe colectiva.
00:14:20:16 – 00:14:23:01
JORGE CORREIA
Para criar os tambores. Primeira é de ritmo.
00:14:23:04 – 00:14:31:21
MANUEL FARIA
De transe colectivo. O colectivo tem o colectivo tem imensos efeitos colaterais. Um deles é a descobrir desculpabilização do.
00:14:31:21 – 00:14:33:18
JORGE CORREIA
Indivíduo não fui eu, fomos nós.
00:14:34:16 – 00:14:39:16
MANUEL FARIA
Quando a malta molhada faz coisas muito desagradáveis, que éramos incapazes de fazer sozinhos.
00:14:39:23 – 00:14:40:01
JORGE CORREIA
Uma.
00:14:40:01 – 00:15:24:18
MANUEL FARIA
Matilha e que o Hittler tinha e não foi. Foi o Gana, os exploradores. A ascensão do Hittler é mais ou menos coincidente com a proliferação da Rádio, ou seja, a rádio é do final dos anos 20 e começou nalguns locais, em especial nos Estados Unidos, na Holanda e na Argentina, mas depois os alemães usaram muito bem o rádio e eles criaram os aparelhos de rádio chamado Vox Qualquer Coisa e sete em dez alemães tinham casa para entrar em casa e o Gabão fez muita pressão para que o meio rádio fosse muito poluído e soavam sirenes nas cidades alemãs a avisar com Hitler.
00:15:24:18 – 00:15:29:19
MANUEL FARIA
E ia falar em bom alemão. Devia ir para casa ouvir o discurso na rádio.
00:15:30:06 – 00:15:48:18
JORGE CORREIA
De resto, os ingleses fizeram a mesma coisa com os discursos de Churchill. Também também usaram muito essa família a voltar a escutar, a escutar a telefonia, sendo que o meio lá está. É um meio puro feito que nos entra nos ouvidos, que não está a falar aqui ao lado, que é um meio quase íntimo.
00:15:48:24 – 00:16:01:06
MANUEL FARIA
Que é muito íntimo. Estes radiação mais era o único pormenor que que esqueci de dizer eram construídos de maneira não conseguirem apanhar as emissões inglesas.
00:16:02:01 – 00:16:06:04
JORGE CORREIA
Tinha um filtro nas frequências destas frequências.
00:16:06:04 – 00:16:10:11
MANUEL FARIA
As frequências em que funcionavam as rádios inglesas nas rádios locais vinham sabotadas.
00:16:11:17 – 00:16:36:02
JORGE CORREIA
Uau! E isso era uma forma, no fundo de impedir a erosão na altura certa. É exatamente o que temos hoje temos o firewall do computador nem sempre funciona. Às vezes entra a palavra bicharada. Entram para lá vírus. Esta ideia de que a melhor música que existe é a voz humana ou estou a ser demasiado redutor?
00:16:36:02 – 00:16:55:21
MANUEL FARIA
Eu acho que é difícil as coisas assim. Eu acho que o instrumento por excelência musical é a voz humana e muitos instrumentos foram criados para imitar a voz humana. Mas as coisas são que são não e.
00:16:56:21 – 00:16:57:21
JORGE CORREIA
Cada um faz a sua parte.
00:16:58:00 – 00:17:33:17
MANUEL FARIA
Cada um faz a sua parte e nem todos temos as mesmas capacidades vocais. E embora todos consigamos cantar um, há uma história muito engraçada de um antropólogo que estava nos outros até um pequeno país no coração da África do Sul, uma população indígena a fazer uma recolha de uma pesquisa junto dos indígenas e numa celebração, os indígenas disseram agora canta e ele disse que não sabia cantar.
00:17:33:17 – 00:18:10:10
MANUEL FARIA
E foi o escândalo geral, porque para eles, uma pessoa que tem voz, que tem boca dizer que não sabe cantar é o mesmo que uma pessoa com pernas a que não sabe andar. Portanto, a música nessas nossas sociedades é uma música de todos e para todos. Nas sociedades mais desenvolvidas, especialmente nas sociedades ocidentais, há os músicos e os outros, mas nós, nessas tribos não há músicos, são todos músicos, todos cantam, todos dançam, todos tocam e nós vivemos afastados disso também.
00:18:10:16 – 00:18:24:12
MANUEL FARIA
São um ser para dançar e para encantar. Quase como, mas engraçado como a voz, a voz na cultura ocidental, em relação à música é só uma coisa para alguns.
00:18:25:15 – 00:18:28:11
JORGE CORREIA
Que estão treinados, que sabem fazer, que têm uma técnica.
00:18:28:11 – 00:18:32:13
MANUEL FARIA
Tem técnica, que tem talento, que têm boa voz.
00:18:32:24 – 00:18:54:12
JORGE CORREIA
E tudo o que é que faz de nós, europeus brancos, ter essa necessidade e esse desconforto que lá está, a do cantar ou dançar, não tendo técnica nuns não sendo encartados para fazer. E, todavia, em civilizações africanas, dançar e cantar ser uma coisa um tão natural como como respirar, perder, perdemos coisas nós neste perder.
00:18:54:18 – 00:19:21:11
MANUEL FARIA
Eu acho que há aqui duas coisas que funciona. Não é um o falar em público, por exemplo, porque é difícil para a maioria dos ocidentais. E há quem diga que isto vem do facto de nós, desde os tempos da pré história, ter nos crescido como animais e nenhum animal gosta de ficar fora da manada. Ou seja, um animal fora da manada é uma presa automática e portanto nós.
00:19:21:18 – 00:19:22:11
JORGE CORREIA
Ficamos expostos.
00:19:22:14 – 00:19:42:02
MANUEL FARIA
Ficamos expostos e nós temos grande grande dificuldade em nos sentirmos expostos e portanto, cantar, dançar e mesmo falar para um público é difícil para a maioria das pessoas, pois o vinho ajuda.
00:19:43:24 – 00:19:44:06
JORGE CORREIA
Insetos.
00:19:44:07 – 00:19:57:15
MANUEL FARIA
Os casamentos, todas as pessoas soltam se. Mas de facto, nós temos imensas inibições que nos vêm da sociedade moderna. Não tenho dúvida nenhuma disso.
00:19:57:15 – 00:20:26:01
JORGE CORREIA
Estou a gostar da pergunta simples. Estou a gostar deste episódio. Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que gesta isso? Subscrever na base da pergunta, sempre pronto. Como tem lá toda a informação de como pode subscrever. Pode ser por email, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel, através de aplicações gratuitas como o Spotify, o APL ou o Google Podcasts.
00:20:26:11 – 00:20:45:17
JORGE CORREIA
Assim, cada vez que houver um novo episódio que aparece de forma mágica no seu telefone, é a melhor forma de escutar a pergunta simples. E já vamos voltar à questão da voz, mas não resisto. Eu estou à frente de um homem de palco, um homem que que subiu ao palco, que.
00:20:45:19 – 00:20:47:10
MANUEL FARIA
Que fez suspense, mas não foi para cantar.
00:20:48:03 – 00:21:05:04
JORGE CORREIA
Serve, mas estava lá. E é essa essa ideia de ir para um palco, de enfrentar uma multidão. Sente se essa barreira, sente se os nervos ou é uma coisa que com certeza pós concerto nos esquecemos que estamos a fazer aquilo.
00:21:06:18 – 00:21:19:23
MANUEL FARIA
Ao princípio é terrível. A princípio é terrível, porque nós passamos, damos o salto de estarmos na sala de ensaios que os nossos amigos e as namoradas para nos tocar. Para pessoas que não conhece.
00:21:20:12 – 00:21:22:12
JORGE CORREIA
É um salto de fé. Quase vamos conseguir.
00:21:22:15 – 00:21:34:08
MANUEL FARIA
É um salto terrível, é um salto de medo, de medo. Eles não vão gostar, de certeza que eles não vão gostar. E ai, o que é que vai acontecer? E eles vão perceber que eu estou nervoso e vão perceber que eu me enganei.
00:21:34:18 – 00:21:36:11
JORGE CORREIA
Para alguém que tocando piano e.
00:21:36:11 – 00:21:58:08
MANUEL FARIA
Sim ao piano, guitarra ou voz, inclui, esqueci se das letras. Muitas vezes dava lhe uma branca enorme, mas isso é coisa pouca, é pouco. Eu acho que à medida que se vai ganhando experiência, a gente vai se percebendo uma coisa que, infelizmente, só nos apercebemos muito mais tarde é que o público é um monstro fácil de dominar.
00:21:59:03 – 00:22:02:15
JORGE CORREIA
Aprende se a saber o que é que o público e como é que ele sofre.
00:22:03:00 – 00:22:34:08
MANUEL FARIA
Aquilo é um monstrinho e nós sabemos que qualquer musical, alguma experiência, sabe as técnicas todas. Deplora aquele grupo de pessoas a fazer e fazer o que nós queremos e passa por um paradigma diferente que é. Quanto mais melhor. É muito mais fácil dominar um público de 50.000 pessoas do que 15, porque as pessoas tendem a funcionar por imitação, tendem a funcionar em conjunto.
00:22:34:17 – 00:22:42:02
JORGE CORREIA
Portanto, basta, no fundo, criar um rastilho, carregar no traça um bocadinho para conseguir ali um efeito de contágio de contágio.
00:22:42:19 – 00:23:09:06
MANUEL FARIA
Por exemplo. Não quer dizer que espetáculos não tenham que ser espontâneos. Não quer dizer que isso seja tudo uma manipulação. Mas o encadeamento das músicas é o sítio onde se fala aquilo que se diz. O alinhamento que deve conhecer em todos os espetáculos, o solo de bateria, só de bateria, ter sempre palmas seja muito mau. Funciona sempre que seja o tipo fica ali sozinha, a tocar três ou quatro minutos.
00:23:09:06 – 00:23:12:20
MANUEL FARIA
E essa voz falante é daquelas coisas que a gente sabe que o efeito é garantido.
00:23:12:21 – 00:23:13:23
JORGE CORREIA
E por que é que acontece isso?
00:23:14:15 – 00:23:21:09
MANUEL FARIA
Porque eu acho que por duas razões. Primeiro, porque o público é normalmente generoso.
00:23:21:14 – 00:23:24:00
JORGE CORREIA
E é da casa. Portanto, vai ver nos o.
00:23:24:00 – 00:23:58:11
MANUEL FARIA
Público já vem a gostar, já vem para gostar. E depois porque não há vocabulário suficiente na maioria das pessoas para poder aferir se aquilo que está a ser feito é bom ou mau certo. E portanto, se aquilo é o momento para ler. Bater nos pneus pode não ser nada de especial, mas a malta gosta, a malta gosta e eu vi uma vez um espetáculo de um bom pianista, que era o ato principal de um filme que era de Shine, que era sobre a vida dele.
00:23:58:11 – 00:24:17:05
MANUEL FARIA
O móvel esgota e ele vai a Lisboa. O filme teve muito sucesso e era algum pai que não os deixava tocar. O que ele queria ele queria era tocar em nove. O pai, obrigado. E ele de facto era um homem com talento, mas não era um grande pianista.
00:24:17:16 – 00:24:25:04
JORGE CORREIA
Já agora, para quem não está menos a dizer que a questão da música a uma das peças de Rachmaninov, que é considerada uma das mais difíceis de.
00:24:25:04 – 00:24:27:15
MANUEL FARIA
Três, o terceiro concerto é.
00:24:28:00 – 00:24:30:20
JORGE CORREIA
Essa peça está está no filme, ele dá a ele, discutem a série.
00:24:30:22 – 00:24:59:06
MANUEL FARIA
É uma farsa terrível tocar com ele. Ele é o que é, mas ele não é um grande pianista. Portanto, ele encheu o CCB e eu estava com uma data de amigos a ver e ele tocou. Mas nada de Beethoven, que eu adoro, que é Waldstein, e que foi um sofrimento a mais. Porque o que é que eu quero?
00:24:59:06 – 00:25:06:04
MANUEL FARIA
Mas a malta no fim, bravo! Que é que o público não está aqui? Não é o público da música clássica.
00:25:06:05 – 00:25:07:21
JORGE CORREIA
Nós não temos cultura para isso, não é assim.
00:25:07:21 – 00:25:10:06
MANUEL FARIA
Que não é o público da música clássica, que é o público que se.
00:25:10:06 – 00:25:10:21
JORGE CORREIA
Candidata a ouvir.
00:25:10:21 – 00:25:19:23
MANUEL FARIA
Tudo aquilo pela primeira vez. E é por um lado, a gente pode dizer assim não são os ignorantes. Por outro lado, escolheu boa Belphegor serviu de ponte.
00:25:20:24 – 00:25:21:20
JORGE CORREIA
Uma porta de entrada.
00:25:22:00 – 00:25:29:00
MANUEL FARIA
Para que aquela malta se interessasse mais tarde, por música clássica. Às vezes funciona muito assim. Eu lembro.
00:25:29:02 – 00:25:32:14
JORGE CORREIA
Eu vi um filme logo olha isto, afinal, é bom gosto e bela.
00:25:32:14 – 00:25:33:24
MANUEL FARIA
A segunda vez que for ouvir.
00:25:34:17 – 00:25:37:08
JORGE CORREIA
Ela começa a perceber qualquer coisa, porque ela está a acontecer.
00:25:37:10 – 00:25:54:21
MANUEL FARIA
E isto acontece muito com os outros estilos de música. Por exemplo, fado, o fado tradicional e Depois do Fado, cantado pela Sónia Tavares e naquelas coisas do fado. Eu que trabalhei com a conhecia mal, gosto mais. Não gosto muito daquelas versões.
00:25:54:24 – 00:25:57:15
JORGE CORREIA
Mas isso também é um standard muito difícil de chegar lá.
00:25:57:24 – 00:26:06:24
MANUEL FARIA
Mas eu não gosto muito que se ponha a bateria. Acho que uma das coisas boas que fazem é que ela para quando quer. Eles metem aquilo por baixo, portanto, que.
00:26:07:05 – 00:26:09:16
JORGE CORREIA
Dominam o tempo da entrada e a saída.
00:26:10:05 – 00:26:11:00
MANUEL FARIA
Ela é cubana.
00:26:11:17 – 00:26:12:03
JORGE CORREIA
A sério.
00:26:12:03 – 00:26:37:13
MANUEL FARIA
Ela é cubanas. Guitarristas vão atrás dela e ela manda naquilo tudo. O comando da voz da Amália era uma coisa e ela depois tinha um guitarrista, que era o Carlos Gonçalves, que era pessoa melhor. Entendia quando é que ela ia parar. Eu acho que o Luís, que já ficamos juntos há muito tempo, nós fomos tocar os dois piano e voz essa exactamente com aquele que é, para que ele sabe quando é que ele quer parar.
00:26:37:14 – 00:26:42:23
MANUEL FARIA
Espera por mim e se a gente puseram um lapso, bateria por baixo, disse. Vai tudo à vida.
00:26:43:13 – 00:26:46:21
JORGE CORREIA
Claro, porque? Porque é um ritmo que está lá para casa e, portanto, tem que respeitar aquilo.
00:26:47:15 – 00:27:01:01
MANUEL FARIA
Que é que acontece. Apesar de eu não simpatizar muito com essas versões, eu compreendo que para muitas gente, aquilo é uma ponte para se interessarem por outro tipo de música.
00:27:01:05 – 00:27:04:00
JORGE CORREIA
E, portanto, para virem e para se juntarem. E vamos hoje.
00:27:04:08 – 00:27:22:19
MANUEL FARIA
Intervirem. E eu acho que as pontes na música popular são muito importantes. Essas coisas que estão a meio do caminho, que não são bem aquilo, mas que podiam ser muitas vezes são aquilo que faz com que a gente não conhecia, não conhecia e não conhecia. Gostei, aproximei, exige. Se calhar tenho mais facilidade em prestar.
00:27:22:21 – 00:27:29:09
JORGE CORREIA
A mais um adepto. Não resisto a perguntar a Manuela e os Quim Barreiros como é que é? O que é que? O que é que.
00:27:29:13 – 00:27:30:09
MANUEL FARIA
Eu gosto imenso.
00:27:30:24 – 00:27:35:12
JORGE CORREIA
O que é que aquilo tem de fascinante, o que é que Quim Barreiros tem de fazer para termos e não eles não.
00:27:35:12 – 00:27:45:09
MANUEL FARIA
E ao que eu? O que ele vai buscar não é uma herança da música brejeira, especialmente minhota, dessas frases com duplos sentidos.
00:27:45:24 – 00:27:52:21
JORGE CORREIA
Mas são pormenores. Agora sou um alto minhoto, por isso é que estou perguntar é verdade? Eu sou de Viana a Goa.
00:27:54:13 – 00:28:11:09
MANUEL FARIA
Eu acho que esses duplos sentidos e os empresários da Graça. Sempre gostei muito dessa maneira brejeira de compor as palavras. Há algumas, como em inteligência e refrões que levados da breca e.
00:28:11:09 – 00:28:18:23
JORGE CORREIA
Que eles escreve. Mas na realidade, nós, no nosso cérebro, estamos a escrever outra parte regular. Isso é que é mágico.
00:28:18:23 – 00:28:44:22
MANUEL FARIA
E maravilhoso, não é? E eu acho que o Quim Barreiros faz aquilo com uma simplicidade e faz aquilo há tantos anos. E foi sempre o mesmo. E eu acho que ele leva que artistas que eu não tenho como apreciar, porque nunca vi o Quim Barreiros tentar fazer, já nem sou, nem nem nem outra coisa é aquilo. E eu e eu acho que faz parte da cultura portuguesa e tem piada.
00:28:46:04 – 00:28:53:17
MANUEL FARIA
E nós precisamos disso. Eu acho que a música portuguesa passou por uma fase muito piroso, éramos muito sérios, era tudo muito sério.
00:28:53:24 – 00:28:56:01
JORGE CORREIA
Dizia se que não era, que era impossível cantar em português.
00:28:56:01 – 00:29:16:13
MANUEL FARIA
Se eram bons e não se podia brincar com nada. Era tudo muito sério. E eu acho que pessoas como o Quim Barreiros eu concordo com muita coisa que ele faz e aliás, eu acho que a música feita no momento eu acho que a música não é feita para ficar na história. Não concordo nada com dois colegas meus dizerem as minhas músicas vão ficar na história.
00:29:16:13 – 00:29:21:18
MANUEL FARIA
Acho que isso não tem interesse nenhum. Música é feita para ser consumida no momento e depois o tempo é que se encarrega.
00:29:22:06 – 00:29:24:03
JORGE CORREIA
De dizer o que é que é bom e o que é bom.
00:29:24:03 – 00:29:25:04
MANUEL FARIA
Então somos nós.
00:29:25:15 – 00:29:26:17
JORGE CORREIA
Que é que é para ficar e que.
00:29:26:18 – 00:29:37:06
MANUEL FARIA
O que é que vai ficar? O que é que não vai ficar esse ano até nós. Nós nem devíamos ter interesse nisso. Eu acho que não devia ser uma preocupação. Agora vou fazer uma música para ficar na história, mas.
00:29:37:06 – 00:29:44:00
JORGE CORREIA
Isso é aquela ideia de novo. Ao que eu vou fazer, vai perdurar para além de mim próprio que todos gostávamos.
00:29:44:07 – 00:29:55:13
MANUEL FARIA
Mas mas é então os nossos empregados das finanças e os fiéis de tribunal, coitados, que eles vão pensar da vida e.
00:29:57:03 – 00:29:58:20
JORGE CORREIA
A vou cobrar mais estes impostos.
00:29:59:02 – 00:30:15:03
MANUEL FARIA
Não é difícil. A nossa vida acaba quando acaba o as coisas positivas que nós fizemos logo se vê eu, às vezes os meus colegas meus dizer dizerem isso, porque as músicas estão na memória coletiva dos portugueses, algumas.
00:30:15:03 – 00:30:16:13
JORGE CORREIA
Já o Trovante é um bom exemplo, mas eu.
00:30:16:13 – 00:30:18:22
MANUEL FARIA
Não posso ser sem mim próprio, acho. Acho uma.
00:30:18:22 – 00:30:19:14
JORGE CORREIA
Estupidez.
00:30:20:20 – 00:30:50:01
MANUEL FARIA
Aliás, vou dizer uma coisa, Jorge Jesus estou com amigos que têm filhos e os meus amigos, por simpatia, dizem Sim, sabe quem é este senhor? Esse senhor era o pianista do Trovante e as minhas olham e ele tem de dizer pai três vezes o nome. Que truque? E às tantas ele que sempre esqueci, não vale a pena porque as coisas algumas ficam na cabeça de algumas pessoas ou noutras não.
00:30:51:06 – 00:30:52:23
MANUEL FARIA
Isto faz parte, embora todos.
00:30:54:01 – 00:31:05:07
JORGE CORREIA
Essa questão de geracional é interessante. Quando nós olhamos para compositores e cantautores, estou a pensar em dois o Sérgio Godinho, que conhece bem o Jorge Palma, por exemplo.
00:31:05:09 – 00:31:06:02
MANUEL FARIA
Também em Espanha.
00:31:07:06 – 00:31:25:03
JORGE CORREIA
Eles mantêm e eles vão ultrapassando gerações. Quer dizer, há sempre uma nova geração que chega e que descobre que eles existem e faz uma nova instalação. E que também também é especial que que que este? Que é que os autores tem de especial esta longevidade? No Rio?
00:31:25:03 – 00:31:48:23
MANUEL FARIA
Acho que são fenómenos muito diferentes, embora quase que se possa pôr em pé de igualdade. Acho que são fenómenos motivante. Acho que o Sérgio, que eu conheci melhor e com quem trabalhei, no entanto, o Sérgio teve sempre a capacidade de não alterando a sua maneira de compor, ir alterando as pessoas com que as rodeava. O Sérgio foi substituindo músicos por músicos mais novos.
00:31:49:10 – 00:32:12:14
MANUEL FARIA
A gente, na brincadeira, chamava aquilo à transfusão de sangue. Mas e o que o Caetano Veloso tinha feito? Que será outros exemplos? Portanto, os músicos do Sérgio são 30 anos mais novos que eu. Tenho uma linguagem muito diferente dele e eu lembro me eu quando produziu O Domingo no Mundo. Foi, na minha opinião, o disco de rutura com o Sérgio Antigo.
00:32:12:18 – 00:32:27:00
MANUEL FARIA
O Sérgio mais atual está entre o Kalu, entre o Nuno Rafael, dos Despe se entrou muita gente com o Nani Teixeira, muita gente que nunca tinha tocado aquele tipo de música.
00:32:27:12 – 00:32:28:14
JORGE CORREIA
E refrescou aquilo que.
00:32:28:14 – 00:33:03:00
MANUEL FARIA
Fez com aquilo antes de mim também o Sérgio tinha trabalhado com a malta do João Paulo Esteves da Silva, que também refrescou o sangue e o voltar à minha, que são as pontes. E o Sérgio é uma pessoa que tem muita facilidade em ir fora até repescar informação, mas a malta que não é capaz. Há muitos compositores que só se usariam do seu núcleo duro, que são no fundo os seus apaniguados, a malta, a.
00:33:03:17 – 00:33:04:10
JORGE CORREIA
Malta da malta.
00:33:04:18 – 00:33:14:05
MANUEL FARIA
A malta que gosta que é indiscutivelmente sempre que vai crescendo com eles. Ai essa malta pouco a pouco vai ficar encurralada num beco sem saída.
00:33:14:19 – 00:33:17:16
JORGE CORREIA
E aos outros está como Sérgio que se reinventou.
00:33:17:24 – 00:33:43:16
MANUEL FARIA
Acho que o Palma Palma é diferente porque eu acho que o Palma João Palma tem um muito rock and roll na cabeça, muito mais que seja, ou seja, é um samurai de música popular. O Palma é um bloco Angola, portanto, Obama tem uma ligação umbilical ao Flak, que é a malta dos Palmas Gang não é a malta do Xutos.
00:33:45:24 – 00:33:46:01
JORGE CORREIA
E.
00:33:46:02 – 00:34:05:19
MANUEL FARIA
Depois as pessoas vão descobrindo que tudo o que eles fizeram é tão bom que que vai ficando isso e que vai ficando é como o e o rei nunca mais compôs nada, mas tudo o que o rei compôs tem tanta força que de vez em quando é agora, sábado que vem vai tocar ao Coliseu.
00:34:05:19 – 00:34:06:21
JORGE CORREIA
Apetece me e vou fazer.
00:34:07:15 – 00:34:10:12
MANUEL FARIA
E eu vou ver que já vi 300 vezes e vou ver.
00:34:10:16 – 00:34:23:16
JORGE CORREIA
O que é que tem uma voz e podemos definir o que é uma voz de qualidade. Agora estou a pensar nessas vozes e essas vozes são completamente de que o que é uma grande voz.
00:34:26:07 – 00:34:27:20
MANUEL FARIA
É uma pergunta terrível.
00:34:27:24 – 00:34:28:16
JORGE CORREIA
Porque quando quem.
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MANUEL FARIA
Come é o mesmo que lhe perguntar ao George o que quer para si. Um grande veículo de quatro rodas.
00:34:37:22 – 00:34:41:13
JORGE CORREIA
É uma pergunta legítima e vai tentar por tentativa, Rodrigo.
00:34:41:15 – 00:35:06:21
MANUEL FARIA
Perguntar pois o Jorge vai dar assim? Mas para andar depressa. Eu vi um Ferrari para levar 100 pessoas. Eu tenho que falar não a tocar. Para levar 30 toneladas de pedra e às vozes é a mesma coisa. O que é uma grande voz, uma grande voz, uma grande voz, que é um grande instrumento e que não é mais nada.
00:35:08:06 – 00:35:10:07
MANUEL FARIA
E eu acho que serve para quase nada.
00:35:11:13 – 00:35:12:02
JORGE CORREIA
Como é que isso?
00:35:12:17 – 00:35:34:20
MANUEL FARIA
O nosso ter um grande instrumento? Usaram um vozeirão e não ter música nenhuma na cabeça, não ter personalidade musical, não saber o que é, o que é que essa pessoa vai fazer, vai acabar a cantar ou nos bares ou a imitar os outros, ou vai ter aquelas carreiras que a gente vê agora muito nestes concursos de voz que.
00:35:35:10 – 00:35:36:13
JORGE CORREIA
Fazem os belos covers.
00:35:36:18 – 00:36:12:05
MANUEL FARIA
Mas são muito populares. Mas aqueles miúdos não vão a lado nenhum. Ninguém ali vai lá porque? Porque não é disso que se trata. A música não é aquilo. Aquilo é uma espécie de aviário em que cada um dos aviários dava um nitro nitrofurano aos frangos para os crescerem mais depressa e os ali penteia. Nos pintam, nos, ensinam nos uns truques, eliminam nos, metemos um público à frente, metem aquele júri de figuras públicas que eu tenho muitas dúvidas.
00:36:12:09 – 00:36:15:21
MANUEL FARIA
Percebo alguma coisa de boas a série.
00:36:15:24 – 00:36:18:16
JORGE CORREIA
Percebem de televisão? No fundo e são.
00:36:18:16 – 00:36:25:05
MANUEL FARIA
Conhecidos e são simpáticos e carregam no botão e choras muito. Todo este espetáculo nada disso tem a ver com música.
00:36:25:08 – 00:36:26:19
JORGE CORREIA
Alma, mise en scène no fundo, e.
00:36:26:19 – 00:36:38:12
MANUEL FARIA
Nada disto tem a ver com a música e depois quase a que ficaram ficou a Carolina Deslandes, ficou a Sara Tavares, ficou João Pedro Pais. Mas é tudo, sobretudo devido ao trabalho que eles fizeram seguir.
00:36:39:07 – 00:36:40:23
JORGE CORREIA
Não, até lá não.
00:36:41:00 – 00:36:41:20
MANUEL FARIA
E não durante.
00:36:41:23 – 00:36:45:15
JORGE CORREIA
Um. Qual é o fator X? O que é? O que é que uma voz tem que ter além.
00:36:45:15 – 00:36:57:15
MANUEL FARIA
De uma voz? Eu acho que qualquer músico tem que ter dos dois lados importantíssimos. Tem que ter técnica, porque senão toda a música que tem na cabeça ele não consegue expressar.
00:36:57:20 – 00:37:00:19
JORGE CORREIA
Pode consegue imaginá la, mas não consegue executá la, realizá la.
00:37:00:21 – 00:37:07:14
MANUEL FARIA
Para além da técnica, tem que ter música na cabeça, porque a música só tem técnica só 30.
00:37:07:22 – 00:37:08:20
JORGE CORREIA
E são que um chatos.
00:37:09:11 – 00:37:16:05
MANUEL FARIA
São chatos, são uns chatos, vazios e tudo o que eles cantam ou tocam não emociona ninguém.
00:37:16:23 – 00:37:18:01
JORGE CORREIA
É aí que está o fator X.
00:37:18:09 – 00:37:50:01
MANUEL FARIA
Eu acho que o fator x x ser está como está num pintor e eu tenho uma necessidade enorme de por cá fora, coisas tenho cá dentro e por acaso, felizmente, tenho uma voz que me permite fazer isso. Eu, por exemplo, não tenho. A minha voz não permite fazer nada. Mas eu e eu sinto aquela necessidade de criar música, de criar, de criar, que caminhos por onde os outros não tenham ido?
00:37:50:06 – 00:37:53:01
JORGE CORREIA
E então vai à procura de vozes como instrumentos. Vai procurar.
00:37:53:02 – 00:37:54:04
MANUEL FARIA
Se comprometer a.
00:37:54:06 – 00:37:54:19
JORGE CORREIA
Interpretar e.
00:37:54:20 – 00:37:58:14
MANUEL FARIA
Procurar que tem que ir à procura de voz?
00:37:58:16 – 00:38:09:17
JORGE CORREIA
Sim, que quando nós, quando nós ouvimos na publicidade, é que aquelas vozes que nós não, que esquecemos voz, assinatura, voz de veludo, como é que podemos fazer.
00:38:09:24 – 00:38:12:14
MANUEL FARIA
A voz falada? Estamos a falar de voz se fosse falada?
00:38:12:15 – 00:38:25:24
JORGE CORREIA
Sim, se não, seja só para cantar, que é aquela que nos diga o que nos dizem. E este é o caso da sua vida. Ou venha ao supermercado e hoje temos uma promoção. Essas vozes estão na nossa e estão no nosso imaginário coletivo. Nós ouvimos.
00:38:25:24 – 00:38:56:19
MANUEL FARIA
Sim, mas lá está a voz. E esse tipo de voz tem três características três grupos de características muito importantes. Um são as características físicas, ou seja, avós e bisavós. E a espera, se é oca, se é forte, se é aguda, se é grave, são as características físicas. Pois é, agora começa aqui o treino e os características de formas.
00:38:57:19 – 00:38:58:22
MANUEL FARIA
Se tem boa dicção.
00:38:58:22 – 00:38:59:21
JORGE CORREIA
O que é que fazemos com ela?
00:39:00:09 – 00:39:08:07
MANUEL FARIA
Se tem boa dicção, sua voz e mostrar o que elas dizem? O nosso Primeiro-Ministro é uma delas.
00:39:08:12 – 00:39:09:24
JORGE CORREIA
Quando fala rápido, então acho.
00:39:09:24 – 00:39:11:04
MANUEL FARIA
Que ele tem grande dicção.
00:39:11:11 – 00:39:14:11
JORGE CORREIA
Complica se a comunicação.
00:39:14:11 – 00:39:31:02
MANUEL FARIA
Não é só a dicção, é a capacidade de aumentar e não de baixar o volume. A capacidade de prosódia não é um bom orador, tem capacidade de reter a atenção das pessoas. Portanto, não é uma pessoa monocórdico, é um harmónio.
00:39:31:02 – 00:39:35:19
JORGE CORREIA
Portanto, tem que conseguir e ir lá cima, depois falar um bocadinho mais, mas sim jogar.
00:39:35:19 – 00:39:37:13
MANUEL FARIA
E de sublinhar o que é importante.
00:39:38:00 – 00:39:39:02
JORGE CORREIA
Encantar nos no fundo.
00:39:39:13 – 00:40:04:05
MANUEL FARIA
E não é despertar. Eles, entretanto, podem. Para aí o encantamento já é outra coisa. Mas há uma coisa engraçada é que falta aqui uma coisa muito importante, que é a personalidade e todos nós temos a nossa personalidade. E os especialistas em personalidade dividem os grupos de personalidade em cinco e chamam aquilo modelo ao CHAN, que é a OPA.
00:40:04:06 – 00:40:41:04
MANUEL FARIA
Nesse que é uma pessoa aberta, ou seja, são as pessoas mais criativas, mais curiosas, pois o ser Conches, ou seja, pessoas mais conscientes, mais pés na terra, mais prudentes, mais organizadas. Pois o que se trovejani no fundo são pessoas extrovertidas, o que cria bonés, alegria, bonés e empatia? Preocupar se com o próximo ou fazer coisas pelos outros ou sentir as dores dos outros e o neuroticismo.
00:40:41:07 – 00:40:57:00
MANUEL FARIA
É engraçado que gente, por exemplo, se vai escolher avós, por exemplo, um banco ou a voz de um banco é sobretudo uma voz que tem consciências forte e tem um grilo forte.
00:40:58:07 – 00:40:59:20
JORGE CORREIA
E como é que e como é que se consegue?
00:41:00:11 – 00:41:16:09
MANUEL FARIA
E é mais vale isso ir procurar um ator que tem uma personalidade que assenta bem na na personalidade da marca, por exemplo, porque ele faz isso com uma perna nas costas.
00:41:16:14 – 00:41:17:16
JORGE CORREIA
Fá lo naturalmente.
00:41:17:21 – 00:41:27:22
MANUEL FARIA
Enquanto com um ator que não tenha essas características, tem que ir buscar muita energia à sua experiência de ator para fingir que é o que não é.
00:41:27:24 – 00:41:34:24
JORGE CORREIA
Essa é a palavra a fingir e nós e nós detestamos ter a sensação de que alguém está a fingir que se for.
00:41:34:24 – 00:41:45:03
MANUEL FARIA
Um anúncio e telecomunicações e vou buscar normalmente um jovem extrovertido e é aberto, curioso e extrovertido.
00:41:45:21 – 00:41:49:21
JORGE CORREIA
A natureza da sua personalidade é essa ou a natureza das da personalidade?
00:41:49:23 – 00:41:55:19
MANUEL FARIA
E aquela é uma voz, não a voz, pois a voz, se eu lhe der um texto, ele vai à personalidade dele, vai se.
00:41:55:19 – 00:41:59:19
JORGE CORREIA
Vai ficar para fora e vamos ajudá lo a interpretar aquele texto e a chegar ao ponto que.
00:42:00:02 – 00:42:09:16
MANUEL FARIA
É errado. Mas isto se nós estamos a escolher uma voz de companhia, que é uma relação muito e já estamos a falar de branding, é uma relação muito continuada com a marca.
00:42:09:16 – 00:42:10:22
JORGE CORREIA
O que que é o Audio Branding?
00:42:11:10 – 00:42:29:07
MANUEL FARIA
O Audi Branding é a escolha ou a pesquisa da escolha dos tipos de som? O que a marca deve fazer adequadas à sua personalidade e o gosto do target para o qual está a comunicar.
00:42:29:09 – 00:42:35:08
JORGE CORREIA
E aquilo que nos permite. Mal ouvimos 3/2 daquela voz dizer Olha, esta é a voz da marca X.
00:42:35:12 – 00:42:46:08
MANUEL FARIA
E isso é a fidelidade que a marca tem ao seu lado e branding. Eu nas minhas aulas passo um su da música do James One, um segundo, um segundo Santana e chega.
00:42:46:08 – 00:42:46:20
JORGE CORREIA
Toda a gente.
00:42:46:20 – 00:42:47:08
MANUEL FARIA
Sabe que a gente.
00:42:47:08 – 00:42:47:19
JORGE CORREIA
Leal.
00:42:49:02 – 00:43:00:22
MANUEL FARIA
Porque? Porque é. Não só foi um Audi Branding muito bem feito, mas é a fidelidade e depois a consistência com que ela marca os aquilo. Já lá vai 60 anos.
00:43:02:02 – 00:43:04:20
JORGE CORREIA
E, portanto, faz parte de nós. No fundo, já ouvimos aqui o lema.
00:43:04:20 – 00:43:11:16
MANUEL FARIA
Das marcas em Portugal, especialmente, e que estão sempre mudar. Fazer uma campanha usa uma música e usa uma voz. Fazer outra campanha usa outra.
00:43:11:22 – 00:43:12:07
JORGE CORREIA
Porquê?
00:43:13:02 – 00:43:19:12
MANUEL FARIA
Porque muitas vezes acham que o que as campanhas são coisas isoladas. O pensamento é tão estático.
00:43:20:00 – 00:43:21:16
JORGE CORREIA
E não é estratégico no futuro.
00:43:21:17 – 00:43:38:12
MANUEL FARIA
Estratégico. Porque não? A este tempo tem que ter esta música e este filme temos que qualquer é o que é que essas marcas muitas vezes fazem. A razão são de logo que é um feixe que é sempre o mesmo e que nós nos vamos habituando a ouvir.
00:43:38:13 – 00:43:40:01
JORGE CORREIA
E acham que isto é suficiente.
00:43:40:14 – 00:43:59:07
MANUEL FARIA
Nalgumas, por exemplo, no continente e nalgumas marcas e marcas comunicam muito que têm um grande volume de comunicação. É muito importante ter este este, este gancho, que é esse gancho que faz com que os consumidores se lembrem que aquela marca comunicou.
00:43:59:21 – 00:44:16:21
JORGE CORREIA
Todavia, quando nós nos lembramos ou quando ouvimos publicidade do supermercado sobre as promoções e temos associado uma voz que já sabemos que é da que aquela marca é mais familiar, não é o rótulo mais disponível para ouvir aquela voz de para e para acolher. Faz parte de mim.
00:44:17:05 – 00:44:31:05
MANUEL FARIA
E depende como ela falou. Porque é que as grandes marcas faziam? Pegava nos spots de rádio e mandavam os produtos para as lojas por economia de meios. O que é que acontecer?
00:44:31:05 – 00:44:31:20
JORGE CORREIA
Já está feito.
00:44:32:10 – 00:44:39:12
MANUEL FARIA
Já está feito. Agora vamos pensar em conjunto. O spot rádio está em 20/2 porque o tempo errado é caro.
00:44:39:21 – 00:44:41:20
JORGE CORREIA
E, portanto, vão repetir aquilo ad nauseam.
00:44:42:16 – 00:44:48:09
MANUEL FARIA
Então, para que num supermercado eu ter, eu tenho algumas restrições de tempo e email?
00:44:48:11 – 00:44:48:21
JORGE CORREIA
Nenhuma.
00:44:49:11 – 00:44:53:24
MANUEL FARIA
Então eu, ele, em vez de ter 15, 20/2, diz aquilo em 40, calmamente.
00:44:54:20 – 00:44:58:10
JORGE CORREIA
Eu até gostava de ter um narrador que me acompanhasse das minhas compras de supermercado.
00:44:58:20 – 00:45:23:13
MANUEL FARIA
Ele tem que usar essa voz para se mostrar menos vendedora, mais próxima. E a outra coisa que a gente faz é tirar música por baixo, porque nem todos os supermercados têm alta fidelidade e muito pouco mais. E tem muito ruído tanto quanto mais ruído, pior. Portanto, nós, por exemplo, no continente, tirámos a música e pusemos o locutor da marca, a voz da marca a fazer os spots muito mais devagar.
00:45:24:09 – 00:45:27:03
JORGE CORREIA
E já viu que ali no Peixe há 50%.
00:45:27:15 – 00:45:33:18
MANUEL FARIA
Nesse tom e isso para mim é uma evidência, é um fio.
00:45:33:18 – 00:45:52:01
JORGE CORREIA
Porque lá está que cria uma trilha sonora, um ambiente sonoro que me permite estar lá e ter aquela voz de companhia quase como a voz da dos comboios a dizer atenção na plataforma número um. E eu digo Okay, está a informar e é algo que não invasivo e que é útil.
00:45:52:01 – 00:46:06:23
MANUEL FARIA
É a mesma coisa. Por exemplo, nos concertos, a maioria dos concertos são fora das marcas. São outsorcing. E então o Jorge deve ter essa experiência. Liga para call center de uma coisa qualquer.
00:46:06:23 – 00:46:07:20
JORGE CORREIA
Xarope de música.
00:46:07:20 – 00:46:17:14
MANUEL FARIA
E aparece com um grupo de música de 10/2. Ridículo e vozes prima. Um primo, cinco primas, sete primas, seis primeiro, coisas materiais.
00:46:17:22 – 00:46:23:07
JORGE CORREIA
A gente nunca acerta naquilo, depois volta para casa, depois atende a pessoa e diz que afinal a linha não é esta. Que é que deve acontecer?
00:46:24:02 – 00:46:33:19
MANUEL FARIA
Quando eu ligo, eu tenho que ouvir uma gravação com a voz da marca a dizer Bem vindo ao que eu tinha agora há muito que foi.
00:46:33:23 – 00:46:35:11
JORGE CORREIA
Peço desculpa, não tem problema nenhum.
00:46:36:13 – 00:46:37:19
MANUEL FARIA
Bem vindo ao Continente.
00:46:37:19 – 00:46:39:02
JORGE CORREIA
Sinto me em casa logo pronto.
00:46:39:04 – 00:46:49:12
MANUEL FARIA
E eu sei que estou a ligar ao Continente. Pode ser em Cabo Verde. Concentre se, mas eu estou a ligar para o Continente Esponja aparecer uma outra voz a dizer olha, se quer falar em português.
00:46:49:20 – 00:46:52:06
JORGE CORREIA
Eu já já desculpo tudo.
00:46:53:01 – 00:46:58:02
MANUEL FARIA
Mas estes pormenores, porque é que isto não acontece? Normalmente, porque não há ninguém a tratar disto.
00:46:59:10 – 00:47:00:21
JORGE CORREIA
Temos pouco cuidado com o som.
00:47:01:21 – 00:47:29:17
MANUEL FARIA
Nenhum, nenhum. Eu, há dois anos, numa reunião em Sintra promovida por uma revista de publicidade, estávamos a mais 30 pessoas e estavam os diretores de marketing. Pelo -15 marcas gigantes e todos com a minha versão salário. Em vez de falar disso, eu gostava de fazer uma pergunta e perguntei aos 15 diretores de marketing como é que era o call center deles.
00:47:30:08 – 00:47:43:03
MANUEL FARIA
Nenhum deles sabia tanto. O marketing não tem nenhuma influência numa coisa que é fundamental, que normalmente é no call center, que o cliente fala, embora.
00:47:44:01 – 00:47:50:19
JORGE CORREIA
Em nosso ponto de ligação, no ponto onde podemos fica e tem problema. Normalmente, quando ligamos para a Liga, vamos tentar aflito.
00:47:51:06 – 00:48:22:05
MANUEL FARIA
Não é? E se começa a ouvir estupidez, dá um exemplo ridículo. O Agora há muita coisa no contacto do nosso assistente virtual. Então o assistente virtual eu não vou dizer mais nada para não criar aqui, mas falante eu tenho um operador de telecomunicações em casa e caiu uma árvore, caiu uma árvore com o vento e árvore. Partiu o cabo e ficámos sem telecomunicações e contacto.
00:48:22:05 – 00:48:23:14
MANUEL FARIA
O nosso operador ouvir.
00:48:23:18 – 00:48:25:14
JORGE CORREIA
Que é uma sessão louco falar para o boneco não é?
00:48:26:13 – 00:48:43:04
MANUEL FARIA
Tomara eu que fosse um boneco e eu disse Bom dia! Caiu uma árvore na rua e arrancou o cabo da vossa marca. Resposta Vá para junto do seu router.
00:48:44:13 – 00:48:44:22
JORGE CORREIA
Passar.
00:48:45:23 – 00:48:56:09
MANUEL FARIA
E eu volto a ver. Volte a referir que o Voz capta a partir no meio do chão. Caiu uma árvore. Resposta Desligue e volte a ligar o Celta.
00:48:57:05 – 00:48:58:21
JORGE CORREIA
E chamando estúpidos. Não, mas.
00:48:58:21 – 00:49:14:23
MANUEL FARIA
É que isto é sempre naquele ponto em que alguma coisa falha e o marketing devia ter. Devia ter voz ativa sobre os conceitos. É uma ferramenta de marketing fundamental, onde se ganham e perdem clientes e estão totalmente ao abandono.
00:49:15:19 – 00:49:33:20
JORGE CORREIA
E estamos a falar ouvidos também não é? Está a maneira como nos falam e é logo uma maneira como como nos. Como eu sei, ouve dizer que há por aí um livro. O Caminho Que Tenho, um curioso título que é o livro do mosquito e do Vulcão.
00:49:34:06 – 00:49:35:24
MANUEL FARIA
Assim é o mosquito. E voltamos porque.
00:49:36:06 – 00:49:43:16
JORGE CORREIA
Como é que o homem do Som que dedicou se agora a fazer expedições? O que é que o mosquito voar?
00:49:44:15 – 00:50:09:21
MANUEL FARIA
Aquilo é daquelas situações em que a gente acaba de escrever um livro que tinha um título provisório e eu não estava muito satisfeito com o título provisório. Que é que é de chamar a isto? Mas de repente lembrei o mosquito. O nosso limiar mínimo de audição é que o que se está convencionado chamar os zero decibéis é o mínimo que um ouvido humano consegue ouvir e equivale a um som de mosquito a três metros.
00:50:11:09 – 00:50:26:03
MANUEL FARIA
Portanto, abaixo desse limiar nós não conseguimos afinar tanto o mosquito. Para a malta do som é um bocado de um referencial. O mínimo som que a gente consegue ouvir não é juntar à nossa orelha o fato de haver já aí algum ouvido entre nós. Mas eu sei muito bem.
00:50:26:11 – 00:50:28:22
JORGE CORREIA
Ouve quando ele não está chateado antes de nos picar.
00:50:30:03 – 00:50:36:24
MANUEL FARIA
Mas até está uma coisa engraçada. O mosquito faz aquele som de propósito para ver se nós estamos acordados ou não.
00:50:39:03 – 00:51:05:09
MANUEL FARIA
Ele abana as asas de uma maneira diferente. É esperto e espera dar cabo da noite a qualquer um. O vulcão eu, ao contrário do mosquito, é o que corresponde ao limiar máximo da dor da nossa audição, que é a erupção de um vulcão que são 200.000 anos antes. Isto vai de 0 a 200 e todos os sons do mundo estão.
00:51:05:09 – 00:51:08:19
JORGE CORREIA
Eles sabem lá. É o que cabe no livro.
00:51:09:15 – 00:51:32:02
MANUEL FARIA
No livro cabe muita coisa. O livro é para toda a gente, mas muita gente fala decibéis sem saber o que são decibéis. Portanto, é uma parte de explicar o que é que são os decibéis e porque é que. Porque é que nós falamos de som em decibéis? Como é que o som se comporta? O que é que é o eco que é reverberação?
00:51:32:06 – 00:51:48:16
MANUEL FARIA
Tem essas coisas primeiro para ficarmos todos na mesma página e depois falamos de música de som na comunidade, todos os vizinhos que incomodam os outros. Os hospitais estão cada vez mais ruidosos.
00:51:48:22 – 00:51:50:07
JORGE CORREIA
Há muito ruído à nossa volta no ar.
00:51:51:06 – 00:52:13:11
MANUEL FARIA
O mundo está estupidamente ruidoso que é verdade. Acho que é uma coisa. Eu acho que o mundo já está tão ruidoso que nós já ficamos nesse ruído e já não conseguimos estar em silêncio. Por isso é que há muita gente. Eu conheço vários que chegam a casa, ligam a televisão com os com som, porque faz companhia.
00:52:13:22 – 00:52:14:14
JORGE CORREIA
Só porque está lá.
00:52:15:03 – 00:52:38:17
MANUEL FARIA
Pois exatamente. É o grande objetivo do meu livro. Para além de ser partilhar ideias de som com quem queira ler e chamar a atenção para isto, nós temos que começar a criar estratégias para termos menos ruído, porque o ruído afeta nos interiormente, pois não conseguimos estar em silêncio.
00:52:39:02 – 00:52:41:08
JORGE CORREIA
Precisamos de estratégias para limpar e.
00:52:41:22 – 00:52:43:12
MANUEL FARIA
Limpar as orelhas, como dizia o amor.
00:52:44:19 – 00:53:05:21
JORGE CORREIA
Porque o silêncio tem essa coisa engraçada? Porque se ficarmos agora calados 3/2, as pessoas passam de lado metade delas se calhar acordou. Agora, o que é que aconteceu nesta conversa? Por que é que isto parou? Que é um cão de quem não está? Quando? Quando há um não preenchimento, há ali um faz um grupo que aconteceu aqui.
00:53:07:00 – 00:53:14:21
MANUEL FARIA
Tal como do Aristóteles, e que a natureza tem horror ao vazio. A comunidade tem o silêncio, digamos assim.
00:53:14:24 – 00:53:23:04
JORGE CORREIA
E alguma coisa que a gente possa fazer para ir tentando aplainar e ir limpando esse ruído, nem que fosse de uma forma mais.
00:53:23:04 – 00:53:53:24
MANUEL FARIA
Eu acho que há um processo de validação. Acho que todos devíamos ser mais prudentes e mais cauteloso. E começa começa por cada um de nós evitar. Eu evito fazer ruído que possa provocar, prejudicar as pessoas. Sou muito sensível no ruído, sou muito sensível a querer militar e depois a uma coisa que é preciso perceber é que muitas das coisas que nos incomodam estão dentro da lei.
00:53:54:07 – 00:54:17:04
MANUEL FARIA
Ou seja, a lei portuguesa diz que não se pode fazer som acima de x decibéis, mas os decibéis é uma medida física de volume, não é mais nada. É uma das coisas que eu pergunto no livro. É o que é pior eu estar na cama e passa um avião por cima do meu prédio, que são 80 e tal decibéis.
00:54:17:22 – 00:54:26:14
MANUEL FARIA
O vizinho, dois, dois andares abaixo está a ouvir música e aquilo que são 30 decibéis.
00:54:26:21 – 00:54:28:12
JORGE CORREIA
Durante duas horas. O que é que é pior?
00:54:29:10 – 00:54:39:23
MANUEL FARIA
Não é? E o que é que é pior é porque é que é pior e pior por várias razões. Primeiro, porque eu sei que o avião tem que fazer barulho porque senão voa. Mas o vizinho não tem nada que.
00:54:40:18 – 00:54:41:14
JORGE CORREIA
Pensar que tudo isto.
00:54:41:15 – 00:55:05:18
MANUEL FARIA
Já não são horas, não é? Depois eu sei que o avião vai passar e que o som vai acabar do vizinho. Não sei e portanto como isso é tudo involuntário e o ruído para nós é involuntário. Eu estou refém daquilo e depois começa a fazer juízos morais que minerva ainda mais. Portanto, o mais importante do ruído nem é o ruído, é o significado que tem para nós o ruído.
00:55:05:20 – 00:55:08:07
JORGE CORREIA
Há um efeito dominó.
00:55:08:07 – 00:55:45:19
MANUEL FARIA
Há um efeito de escalada luminosos e chegou a um ponto que é insuportável e é um exemplo muito engraçado. Eu também falo no livro que é uma aldeia em Inglaterra, onde construíram uma linha férrea e consciente. Os ingleses, muito prudentes, foram perguntar na aldeia até que ponto o ruído do comboio os incomodava quando passavam um comboio verde, os aldeões, os aldeãos, diziam que o comboio é que mudava cerca de 15% menos do que o vermelho que fazia exactamente o mesmo som.
00:55:46:13 – 00:55:47:19
JORGE CORREIA
Em princípio, comboios iguais.
00:55:48:09 – 00:55:54:07
MANUEL FARIA
Não, não é, em princípio, rigorosamente iguais. Um é verde ou até vermelho e o vermelho incomoda mais.
00:55:54:12 – 00:55:55:06
JORGE CORREIA
A percepção.
00:55:55:20 – 00:56:03:19
MANUEL FARIA
Porque os nossos sentidos estão sempre a funcionar em conjunto e, portanto, a que o som do vermelho incomoda muito mais do que o som do verde.
00:56:03:24 – 00:56:05:20
JORGE CORREIA
Ele é intrusivo, mais intrusivo, pois.
00:56:05:20 – 00:56:10:20
MANUEL FARIA
Eu nem sei. Eu nem sei se consigo saber porque.
00:56:12:06 – 00:56:14:22
JORGE CORREIA
Me está lá e incomoda o que é perceptível por.
00:56:14:22 – 00:56:47:10
MANUEL FARIA
Ser vermelho. Não, não está enquadrado na paisagem e eu associo isso a um som mais alto. A outra experiência muito interessante, com som também, que é um puseram um grupo de estudantes num estúdio assim destes a comer batatas fritas com os contadores. Havia no meio um microfone que apanhava o som da sala e eles iam com batatas fritas, dois potes diferentes e eram Pringles, porque assim eles garantiam que o que som era as batatas são todas iguais.
00:56:48:07 – 00:57:22:01
MANUEL FARIA
E então, quando eles tiravam as batatas de um pote, o técnico de som subia aos agudos do que após os contadores dos alunos e os diziam que aquelas batatas eram muito mais estaladiça que as outras e que eram melhores. E isso foi um amigo meu, o Charles Spence de Oxford, que fez este teste e entre eles reparamos que são alunos do secundário e eles então fizeram o mesmo teste com alunos finalistas da escola de cozinha de Londres.
00:57:22:23 – 00:57:25:20
JORGE CORREIA
Portanto, gente, mais gente mais sabedora da arte.
00:57:26:13 – 00:57:58:13
MANUEL FARIA
E o resultado foi igualzinho, igualzinho porque a nossa percepção sensorial é uma soma de sentidos, sempre sentidos de memórias e de raciocínios para os assuntos que me incomodam muito. Por exemplo, o som de uma Harley-Davidson provou que eu sou a coisa mais bonita do mundo. Ninguém pode dizer ao dono de uma mota, daquelas que o que eu sou não presta o som a tentar manter Tiago e tu nas provas em Deus, se calhar que eu sou horrível.
00:57:58:17 – 00:58:12:08
JORGE CORREIA
É uma assinatura de qualquer maneira e pode chatear nos muito. Estamos a fechar este pouco. Essa pergunta simples de respostas complicada. Em vez de eu quero ser primeiro a pergunta mais simples que é qual é o mais belo som do mundo.
00:58:13:07 – 00:58:48:18
MANUEL FARIA
E se é isso? E essa pergunta é muito interessante, porque eu há dez anos que faço essa pergunta e tenho 7000 respostas. É engraçado, eu faço. Vou só encontrar a pergunta. Eu pergunto o cheiro preferido, o tato preferido ou a cor preferida? O som preferido é o paladar preferido em todos os outros sentidos. As respostas, a palavra plus não há nenhuma, especialmente no cheiro.
00:58:48:18 – 00:59:26:00
MANUEL FARIA
Há muito relva acabada de cortar, terra molhada, pão acabado de sair do forno, mas muitos outros no som. 55 são sons da água, ondas do mar, água no ribeiro, chuva, fontes. Portanto, eu acho que nós somos programados para gostar dos sons relacionados com a água e depois os outros 45. A grande maioria é passas, vento e risos de crianças.
00:59:26:00 – 00:59:27:06
JORGE CORREIA
E temos os sons da nossa vida.
00:59:28:07 – 00:59:31:12
MANUEL FARIA
São o som, são os sons que quase toda a gente gosta.
00:59:33:00 – 00:59:34:11
JORGE CORREIA
Mas não faria muito obrigado.
00:59:35:10 – 00:59:36:01
MANUEL FARIA
A não responder.
00:59:36:04 – 00:59:39:05
JORGE CORREIA
Mas o ainda estamos a tempo.
00:59:39:14 – 00:59:45:21
MANUEL FARIA
Algo a laser, as ondas do mar para as ondas do mar não há nenhum som que substitua. Sou capaz de dar horas a ouvir.
00:59:46:02 – 01:00:17:19
JORGE CORREIA
Então, quais são os sons da sua vida? Quais são os que preenchem a banda sonora da sua existência? Há uma música especial, talvez aquela tocada no mais mágico dos momentos. Ou será o mergulhar das ondas do mar de verão ou a ventania da tempestade no inverno? E as vozes de quem é a voz que guardam? No momento em que vos disse precisamente há algo ao ouvido algo significativo, algo importante daquelas vozes que parecem carradas de eletricidade, que dizem palavras com o poder infinito de nos emocionar.
01:00:18:09 – 01:00:54:03
JORGE CORREIA
Pensem nisso. Liguem essa pessoa com a voz mais significativa do mundo e digam lhe que gostam dela, da voz e da pessoa. Se houver pequeno silêncio a seguir, surge no com lentidão e um silêncio dos bons. Até para a semana.