Os dias passam e a guerra continua.
Está a acontecer o que sempre nos acontece: cansado-nos da repetição das notícias.
Aconteceu com a COVID-19, acontece com a Ucrânia.
Os picos de atenção e reação descem com o tempo.
Até poderia ser uma coisa boa, se a guerra estivesse a um passo da paz.
Todas as guerras terminam em paz.
Releio a frase e, se fosse completamente rigoroso, diria: todas as guerras passadas terminaram num acordo de paz.
Olhando a história as guerras extinguiam-se ou, porque uma das partes capitulava, ou de alguma maneira o agressor desistia.
Na maneira mais clássica a guerra começava precisamente por uma declaração de guerra de um país a outro.
E terminava num armistício.
Contudo, esta guerra tem grandes diferenças e múltiplas incertezas.
Em primeiro lugar ninguém declarou a guerra.
A retórica do lado de Putin informa-nos que é uma operação militar.
A segunda diferença é que ao contrário de todas as previsões iniciais o lado mais forte não está a ganhar facilmente.
O que significa o arrastar do conflito. Com mais destruição. Mais vítimas. Mais sofrimento.
Busco em José Pedro Teixeira Fernandes, Professor e especialista em Ciência Política e Relações Internacionais pistas para encontrar uma saída para a guerra.
Esta conversa fala de combates, de palavras, de energia e de recursos.
E a pergunta de sempre: como se pára isto?
Olhando os movimentos geopolíticos em confronto na Ucrânia é mais ou menos óbvio que o tabuleiro é muito mais largo.
Os valores da liberdade, democracia e modo de viver estão em choque.
Mas a energia, com a transição energética e as energias limpas e renováveis versus o petróleo, carvão e gás estão também na mesa.
E longe, mas perto, os gigantes Estados Unidos e China estarão a desenhar os planos de controlo geoestratégico do planeta nas próximas décadas.