Por que acreditamos nas falácias? José Palma

Por que acreditamos nas falácias? José Palma
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Impaciência. Já repararam que há cada vez mais impaciência?

Os sintomas são visíveis.

Parece haver sempre um rastilho cada vez mais curto.

Como se todos estivéssemos numa panela de pressão.

Vê-se na agressividade da fala. Ou a pouca capacidade, ou sequer, vontade de ouvir.

Sente-se na velocidade vertiginosa que o digital nos impõe.

As ciências sociais, tal como outras ciências, dedicam-se a estudar os fenómenos e a fazer previsões.

Por exemplo, com que regularidade acontecem as grandes crises sociais.

Aquelas que nos impõe uma alteração radical na nossa forma de viver.

E, talvez, possamos estar no limiar, se não já a viver, um deles momentos de fartura.

A pandemia que deixou cicatrizes, as guerras e tensões entre povos, a crise económica com os preços a subir e a assustadora crise ambiental que suspeito ser já só mitigável.

Mas mantenho a esperança porque, provavelmente, pela primeira vez na história, temos conhecimento e consciência do que está a acontecer.

Pode não resolver tudo, mas avisados, estamos.


TÓPICOS DE CONVERSA (& tempos)

A impaciência crescente na sociedade (00:00:12) Discussão sobre os sintomas visíveis de impaciência na sociedade e a sensação de estar numa panela de pressão.

A teoria da necessidade do caos (00:01:36) Explicação da teoria que sugere que pessoas ou grupos usam desinformação para enfraquecer instituições, alimentada por sentimentos de alienação e desconfiança.

A aplicação da ciência na compreensão do mundo (00:02:52) Exploração da importância da ciência na compreensão da realidade, da perceção e da influência de fatores psicológicos e sociais em conflitos e decisões.

A dificuldade na aplicação da ciência (00:04:08) Discussão sobre a dificuldade das pessoas em aplicar a ciência de forma sistemática e a importância de separar o relevante do acessório na aplicação da ciência.

A influência da psicologia nas decisões e conflitos (00:07:00) Abordagem sobre a psicologia como uma ciência que faz previsões e a sua influência nas decisões individuais e coletivas, incluindo a falácia do planeamento.

A perceção e a realidade (00:11:16) Exploração da relação entre perceção e realidade, incluindo a influência das perceções na tomada de decisões e a importância dos placebos na demonstração dessa relação.

A psicologia e a convicção pessoal (00:14:08) Discussão sobre como as pessoas se convencem a si mesmas e a dificuldade em convencer os outros, incluindo exemplos relacionados à campanha eleitoral.

Conversa e perceção (00:15:04) Discussão sobre como diferentes pessoas ouvem e processam uma conversa de maneiras distintas.

Influência dos argumentos (00:16:11) Exploração da importância dos argumentos e como influenciam a mudança de opinião.

Discordância e grupos (00:18:11) Abordagem sobre como a discordância é esperada dentro e entre grupos sociais.

Populismo e linguagem política (00:22:17) Análise do populismo na política e o seu impacto na linguagem e comportamento.

Processos e ruptura (00:26:49) Explicação de como certos fatores levam a processos de ruptura na sociedade.

Conservadorismo intrínseco (00:28:35) Discussão sobre como as pessoas tendem a confirmar ativamente a sua visão de mundo, independentemente da sua posição política.

A importância da ciência na compreensão do mundo (00:29:15) Discussão sobre a aplicação da ciência na perceção da realidade e da influência da psicologia nas decisões individuais e coletivas.

A falácia da distorção da perceção (00:29:54) Exemplo da tendência confirmatória e como influencia a perceção, com base na experiência da avó do orador.

A polarização social e a influência da psicologia nas decisões e conflitos (00:32:16) Abordagem sobre a razão psicológica por trás da xenofobia e da construção de identidades e ideologias.

As razões psicológicas e sociais por trás da guerra (00:33:45) Exploração das razões psicológicas e sociais que levam à guerra e à desumanização do outro grupo.

A influência dos líderes e a perceção de ameaça (00:36:25) Discussão sobre como os líderes influenciam a perceção de ameaça e a justificação da violência pelo grupo.

A perspetiva da ciência sobre o comportamento humano (00:41:33) Abordagem da ciência sobre os estereótipos, discriminação e tendências confirmatórias presentes no comportamento humano.

A dualidade do comportamento humano (00:42:08) Exploração da dualidade do comportamento humano, que oscila entre a bondade e a maldade, dependendo do grupo em questão.

A busca por identidades inclusivas (00:43:20) Reflexão sobre a importância de encontrar identidades mais inclusivas para promover o sentimento de pertença e organização de um povo.

O impacto da polarização social (00:44:11) Discussão sobre a tensão resultante da polarização social e a necessidade de compreender as razões por trás desse fenómeno.

A impaciência na sociedade (00:44:13) Discussão sobre a crescente impaciência na sociedade, exemplificada pelo aumento da agressividade no trânsito.

Polarização social e influência das redes sociais (00:45:28) Exploração da polarização social, influenciada pelas redes sociais e algoritmos que confirmam visões conservadoras.

A teoria da necessidade do caos (00:47:30) Abordagem da teoria “need for caos”, que explica a propagação de fake news e a feroz oposição ao sistema.

Desigualdade económica e crises (00:58:12) Discussão sobre a relação entre a desigualdade econômica, a percepção dessa desigualdade e a ocorrência de crises.

O fenómeno das mudanças climáticas (01:00:12) Discussão sobre a percepção e impacto das mudanças climáticas na vida quotidiana, com ênfase na falta de mudança de hábitos.

Políticas ambientais e comportamento humano (01:02:59) Análise das políticas e estruturas de reforço de comportamentos positivos em relação ao meio ambiente, com exemplos práticos.

Desafios na implementação de políticas ambientais (01:04:15) Experiências passadas na tentativa de influenciar líderes políticos e a dificuldade atual na implementação de políticas ambientais.

Consciência e adaptação às mudanças climáticas (01:10:03) Importância da consciência e adaptação como solução para lidar com as mudanças climáticas e a degradação ambiental.


Já ouviram falar da teoria “Necessidade do caos”?

É uma teoria ajuda a explicar as razões pelas quais pessoas ou grupos tendem a usar a desinformação deliberadamente para enfraquecer as instituições que nos dão suporte ou regulam.

Essa necessidade de caos é muitas vezes alimentada por sentimentos de alienação, descontentamento ou desconfiança nas instituições estabelecidas e na ordem social existente.

De acordo com essa teoria, indivíduos que se sentem desempoderados ou marginalizados pela sociedade podem desenvolver um desejo de desestabilizar o sistema atual.

Assim, a “Necessidade de Caos” não é apenas um reflexo de crenças políticas, mas também uma manifestação de sentimentos subjacentes de frustração e alienação. Isso pode levar a um círculo vicioso, onde a desinformação e os rumores alimentam mais divisão e desconfiança, perpetuando uma atmosfera de instabilidade e conflito.

É um fenómeno para observar atentamente.

Este tipo radical de tensão foi o motivo que me levou a falar com José Palma.

Ele dedica-se a estudar a maneira como nos comportamos e como comunicamos, em particular em situações de crise.

Num mundo onde a ciência aposta tudo em demonstrar e provar a diferença entre o relevante e o acessório, aparecem cada vez mais fenómenos que insistem em desmentir as evidências.

Os fenómenos da falácia, da distorção da perceção ou da polarização ganham terreno.

E mais assustador deles todos é o radical avento de grupos que professam a fé do “quanto pior, melhor”, o tal caos.

Em busca de perceber os porquês exploramos temas como a perceção e aplicação da ciência, a relação entre perceção e realidade, e a influência de fatores psicológicos e sociais em conflitos e decisões.

Como nos queremos ou deixamos enganar com a chamada falácia do planeamento, devido à natureza conservadora da mente humana e a tendência de confirmar crenças preexistentes.

José Palma examina o impacto das redes sociais e a polarização social, usando exemplos históricos e contemporâneos para ilustrar como a perceção de ameaça e diferenças grupais podem levar a conflitos e violência.

Neste episódio do podcast com José Palma, aprendemos sobre:

Aplicação Prática da Ciência: Como a ciência pode ser aplicada em contextos reais e a importância de identificar o que é relevante.

Percepção vs. Realidade: A relação entre como percebemos o mundo e a realidade objetiva.

Influência Psicológica e Social: O papel de fatores psicológicos e sociais em conflitos e decisões.

Falácia do Planeamento e Conservadorismo Mental: Como tendemos a confirmar nossas crenças e resistimos a mudanças.

Impacto das Redes Sociais e Polarização: O efeito das redes sociais na polarização social e no comportamento.

Percepção de Ameaça e Diferenças Grupais: Como esses fatores podem levar a conflitos e violência.


Se tiver curiosidade sobre o tema deste episódio pode ler alguns artigos científicos abaixo:

  1. Influência das Mídias Sociais nas Percepções Individuais: ScienceDaily – “People are more persuaded by the actual messages contained in social media posts than they are by how many others viewed the posts, a new study suggests.”
  2. Identidade e Efeitos nas Redes Sociais: Nature Human Behaviour – “Creating social contagion through viral product design: a randomized trial of peer influence in networks” e outros estudos relacionados.
  3. Mídia e Mudança de Normas Sociais: Political Science Research and Methods – “How Does Media Influence Social Norms? Experimental Evidence on the Role of Common Knowledge”.
  4. Percepção da Realidade e Mídias Sociais: The Chicago School – “How Social Media Changes Our Perception of Reality”.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

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