Hoje é dia de ir ao psiquiatra.
Revisitámos uma conversa com José Gameiro, a meados de setembro de 2021.
E lembrei-me deste episódio por causa do último livro que escreveu, o “Ser Psiquiatra” com um retrato subjetivo dos seus 40 anos de profissão.
José Gameiro ouve, todos os dias, pessoas que sofrem.
Pessoas que lhe entram no consultório com pedidos de ajuda.
Com demandas para ser guia de um certo regresso à felicidade.
Ou pelo menos a alguma harmonia.
A ideia romântica do que somos ou queremos ser persegue-nos sempre. E o choque com a realidade acorda-nos.
O dia em que gravámos coincidiu com a semana em que deixamos de usar as máscaras cirúrgicas populares na pandemia. E as máscaras foram um bom mote
No jogo das máscaras que todos jogamos uns com os outros há terrenos férteis para imaginários, felicidades e dores.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIOTRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA
0:00:00 – JORGE CORREIA
Houve o quê, o que que é que a gente quer dizer que houve Coiso de tudo. Por que que o procuram?
0:00:06 – JOSÉ GAMEIRO
Porque estão a se fornecer, ou seja. O seforimento pode ser uma doença psiquiátrica com o rótulo, com o diagnóstico, ou pode ser um seforimento de relação com alguém, um seforimento interior que não tem relação direta com ninguém, mas que é interno. As pessoas só vão. A ideia é que havia que as pessoas vão ao psiquiátra, ao psiquiátra sobretudo por lá, cá, aquela pália, um pequeno luxo, é mentira. É mentira A psiquiátrica quando estão a se fornecer, quando estão a se fornecer, quando acham que não conseguem ultrapassar porque às vezes já exageram o tempo que deixam estar sem procurar ajuda E aquilo vai inquistando, que tudo vai inquistando, não é? E portanto a ideia é que isso não é verdade. As pessoas procuram, quando estão a se fornecer, e querem, querem, por um lado, alviar o seforimento e, por outro lado, que o seforimento faça algum sentido na sua história, ou seja perceber um bocadinho o que é que está a passar. Não é Perceber um bocadinho o que está a passar porque às vezes é possível.
Às vezes é mais difícil.
0:01:00 – JORGE CORREIA
E consegue se tipificar o tipo de sofrimentos ou Nem psiquiatria ou os diagnósticos.
0:01:06 – JOSÉ GAMEIRO
Seja bem. Seja bem, pois é. Boa parte da clínica não será de diagnósticos, provavelmente ditos. Não posso pôr um conto nas pessoas, mas consegue se perceber o que é, que é uma pessoa que está ansiosa, que é uma pessoa que está triste, uma pessoa que está deprimida, uma pessoa que prefere num caso extremo psicótico e atreverante, etc. Eu trabalho muito com casais, portanto as coisas são um pouquinho diferentes. Que é o sofrimento da relação e o programa da relação, mas é sempre o sofrimento. Em casos raros não há sofrimento. A pessoa vai ao psiquiatra porque é pressionada para ir por coisas comportamentais e não há sofrimento. E um bocado, ao contrário. Temos que levar a pessoa até ao sofrimento. É um bocadinho às vezes.
0:01:42 – JORGE CORREIA
Terá de ter uma autoconsciência do que é que aconteceu, do que é que causou, outro É o que é que causou outro, e ir até ao sofrimento e provocar.
0:01:49 – JOSÉ GAMEIRO
Se é possível dizer a palavra na própria pessoa, alguma pessoa de sofrimento está a provocar nos outros, que às vezes não existe.
0:01:54 – JORGE CORREIA
Como é que se escutam as pessoas? Tem uma caixinha com empatia, com o tempo para ouvir.
0:02:01 – JOSÉ GAMEIRO
Tempo. Tenho Primeiro consulto. Eu sou muito rigido com as horas. Sou um bocado germânico.
0:02:07 – JORGE CORREIA
Comece a hora certa acaba a hora certa. Posso te perguntar porquê?
0:02:12 – JOSÉ GAMEIRO
Não sei, sempre fui assim. Aquilo que eu encontro mais próximo a minha mãe era uma pessoa muito rigorosa. Elas são as horas, por exemplo. A minha família era muito rigorosa, meu pai não, mas o lado da minha mãe sobretudo deve ter ficado daí, mas não sei porquê, porque a minha irmã, por exemplo, faleceu há um ano e tal, e que era também psiquiatra. Não era nada rigorosa com as horas E eu sou completamente a minha mulher, que costuma dizer tu é o gajo menos interessante do mundo porque chega às acaso e repara uma hora.
Se não der sá assim vão tirar a engrafada. Eu sei que elas tu vais chegar, é previsível. Agora já não faço até às 10,. Agora a pandemia de Ruzi. Eu não faço até às 10, mas eu fazia consultórios até às 10 para às 8. O quarto para às 8, acho que a última se consultará cheia de ter noite. Eu faço, se é uma primeira, uma hora, se é uma segunda é uma dizinha de minuto E portanto eu acabo sem mamão. Agora é como a noite de moto a toda a vida. Eu chegava à casa 20 minutos depois.
0:03:03 – JORGE CORREIA
Rápido e só um minuto 45 dessa segunda consulta estiverem a pessoa.
0:03:10 – JOSÉ GAMEIRO
Eu sei que essa pergunta faz todo sentido. As pessoas são avisadas quando marcam uma consulta. Se não me conhecem, são avisadas para secretar e que eu sou super pontual. Primeira coisa E, ao contrário do que se pensa, quando as pessoas, quando os médicos são claros, têm a tradição de se atrasar muito e eu acho que isso é inacreditável. Mas enfim, está a mudar. Mas está a mudar de fagherinho. Quando os clientes são avisados com médica é pontual, as pessoas também são pontuais, eu não sei em caso de assinamento.
0:03:35 – JORGE CORREIA
A consulta começa a hora.
0:03:36 – JOSÉ GAMEIRO
A consulta começa a hora E depois eu digo-lhes na primeira vez quanto tempo aquelas têm para falar. E quando a pessoa sabe quanto tempo vai falar, ou seja aquela vai acabar, o pensamento molda-se um pouco em sempre. Como é que Ajusta-se, ajusta-se isso? Um dos problemas das reuniões em Portugal é o problema de não saber a hora de fim e começarem sempre atrasadas E vão andando, e vão andando e as pessoas não se calam, são um pouco sintétricas.
0:03:59 – JORGE CORREIA
Querem falar, querem se ouvir.
0:04:00 – JOSÉ GAMEIRO
E portanto aqui nunca mais acabem As reuniões. quando era chefe de serviço no hospital, as pessoas já sabiam que começava a hora e acabavam de trabalhar a hora, e aquilo funcionava.
0:04:07 – JORGE CORREIA
Então, em que vai que se resolve o síndrome do último minuto, o último minuto resolve-se.
0:04:11 – JOSÉ GAMEIRO
obviamente, se a pessoa tiver alguma coisa, alguma coisa, eu já vou atrás de cinco minutos para a consulta seguinte, mas é pouco frequente, porque cinco minutos antes digo vamos ter que acabar, Temos cinco minutos. Está dá um sinal de que Está dá um sinal de que É para mexer E depois, à medida que as pessoas já me conhecem e vão lá mais vezes, já sabem E portanto são as próprias pessoas às vezes que dizem ”Ah, temos que acabar, não temos”. Pronto.
0:04:32 – JORGE CORREIA
Está dá uma disciplina na fala, está dá uma disciplina E não é um problema.
0:04:36 – JOSÉ GAMEIRO
O contrário, acho que ajuda as pessoas a serem mais sintéticas, e eu sou muito ativo nas consultas. Não sou nada daqueles estilos que me consta a ouvir.
Não fala, não, não, não Falo. ponho questões, provoco, sou um bocado provocador. Portanto provocou-te um incentivo de pôr as pessoas a pensar e tal Como é que se fazem perguntas. A primeira pergunta que eu faço a primeira vez é o que é que o traz cá, a pergunta clássica, e a pessoa começa a falar e eu começo a interagir com a pessoa E depois o processo vai andando se mostrar assim como é que é um processo terapêutico, a varia de tanta pessoa para pessoa, de uma situação que é muito difícil de dizer como é que é um processo terapêutico. A imagem que eu tenho é que eu é uma bocada, imagem da cirurgia. Eu sou um nostalgia que na medicina que estava a ter que eu sou uma medicina e não sou sobruxo, enfim.
0:05:25 – JORGE CORREIA
Porque os psiquiatras não sentem-se médico? Não, eu sou de medicina.
0:05:28 – JOSÉ GAMEIRO
Estou brincando, mas eu gostava muito de medicina interna, de medicina de urgência, exitei muito.
0:05:33 – JORGE CORREIA
De mexer nas entranhas de ver o sangue.
0:05:35 – JOSÉ GAMEIRO
Cirogia também firma. não, Não era mais de medicina de urgência sem armazém. A medicina de urgência, A medicina de banco, são os Zé.
0:05:42 – JORGE CORREIA
O super-herói que vai salvar alguém no último minuto.
0:05:44 – JOSÉ GAMEIRO
Essa ideia é um bocadinho da juventude médica. não é Da minha juventude médica. Depois acabei quase com o escuto. ninguém nem foi extensão, nem face nada, nem toco nos doentes. Depois acabei nisto Toca por dentro. Não toco, mas a imagem que me vê muito à cabeça é uma imagem de cirurgia, que é quando você abre a barriga a alguém, você abre por planos e não se pode esquecer de fechar por planos também. não é Tanta capas, há capas. Quer dizer, eu aprendi com o meu colega, o meu chão Roud, que eu gostei muito e acho que fiz um filme sobre ele com o João dos Santos, que era psiquiátrico infantil e psicanalista. Eu aprendi muito que é preciso respeitar os tempos para as pessoas falarem. quer dizer, a pessoa não pode falar logo tudo na pré-consoluta Se estão sentindo-se no e depois não me quero continuar.
0:06:28 – JORGE CORREIA
Já disse tudo ou posso ter vergonha na próxima vez que vier cá? Posso ter vergonha sobretudo a promedas de vergonha. Porque não se criou uma?
0:06:33 – JOSÉ GAMEIRO
confiança Porque falei demais com uma pessoa que não conhece lá nenhum, com um estranho, com um estranho em quem confio, em quem tem referências, em quem sabe. Eu sei que não vai falar com ninguém, mas há um timing para as coisas. Iriam acontecendo. Há uma imagem curiosa eu tinha vários doentes mulheres na altura da história da Maddie, que não continuam falando de o José Fentyu E me falaram a partir daí, tiveram de tunador, tiveram de tunador e conseguiram falar de coisas dos pais, dos tibos, dos primos que tinham abusado, etc. De 23 ou 24 casas E portanto nunca meiam falado E está bom comigo há um tempo já não é. Nunca meiam falado disso.
0:07:08 – JORGE CORREIA
Portanto, é quase que deslindaram o enigma, encontrando o caminho d’água.
0:07:12 – JOSÉ GAMEIRO
Não é bem, é isso sim, mas é também o vergonha que as pessoas têm de falar de algumas coisas.
0:07:16 – JORGE CORREIA
Percebe que É tudo, que é que se criam condições nesse ambiente.
0:07:19 – JOSÉ GAMEIRO
Criam-se confiança As pessoas. O tempo cria confiança, o tempo cria confiança E como uma relação, sendo uma relação profissional. Você não teve confiança com a sua mulher quando aconheceu. No dia em que aconheceu Foi tendo confiança, foi conseguindo perceber que aquilo que você dizia não se faltava contra si, por exemplo, que é uma coisa fundamental, adovado aos casais, os casais.
E vamos falar dos casais, por que As vezes têm pedas no bolso de coisas que foram ditas há um ano, todo outro Uma memória, e depois, na primeira hipótese que vai disto né E o efeito. Então houve a confiança que não foi. quando eu confio a HNQ, porque é minha mulher, eu tenho que ter a confiança que coisas que eu decoro da minha vida, que não tem nada a ver com ela da minha vida, não me são atiradas depois de passar de um tempo a longa altura. Tu és meu bem, isto, tu és isto, tu és aquilo. A confiança numa relação profissional é fundamental que eu não vou criticar a pessoa ou a pessoa me estar a contar uma coisa má Percebe. Eu vou tentar ajudar ela a viver com aquilo e a perceber aquilo Na profissão de psiquiatra.
Imagino que a aceitação ou a neutralidade saísam uma coisa É uma palavra fundamental à neutralidade E com o tempo eu acho que consegui ser quase 100% meu.
0:08:26 – JORGE CORREIA
E agora há a pergunta difícil. E quando aparece alguém em particular que parecia profundamente irritante ou não suportável? As duas coisas são. Eu tenho que E mesmo se não souber de porquê.
0:08:39 – JOSÉ GAMEIRO
Não pode acontecer isso com uma pessoa com irritos ou com uma pessoa que eu gosto de amaziado e não estou a falar de irotismo, amaziado a proximidade. Eu tenho que ter cuidado com algumas coisas que me irritam e eu sei quais são as coisas que me irritam e as coisas que eu gosto muito de falar e as pessoas. Quando eu começo a perceber que estou a falar, ainda em consultora, com uma pessoa que gostava de estar a jantar com ela, tenho que ter cuidado.
Esta pessoa poderia ser meu amigo e investir, e não é meu amigo E não é meu amigo, nem vai ser meu amigo nunca, nem que pode ser muitos anos depois. nunca me aconteceu. Mas há coisas. por exemplo, eu sou piloto, já não sei se sabe, eu vejo muita gente dos aviões porque sou piloto e psiquiata. Eu tenho que ter cuidado para não começar a falar Na paixão do avião.
Eu tenho um acomandante antes que eu o dava ao visto de tantas jogais, porque são gais com 10 mil horas, 15 mil horas, eu tenho imedital horas. São gais profissionais. Eu tenho que ter cuidado para não estar apagado para falar do que é que se passa nas portas, mas pode usar essa porta.
0:09:36 – JORGE CORREIA
Posso usar essa porta, claro, e a pessoa que o procura eventualmente saber da paixão dos aviões achar que ali é um campo comum.
0:09:43 – JOSÉ GAMEIRO
Procuram. Por isso procuram a moto dos aviões. Procuram porque acha muitas vezes o que se passa quando a gente tem a ver com os aviões também e por consticulares da vida dos aviões, dos profissionais da aviação. E procuram porque eu posso perceber isso melhor que os outros e por isso é lá, porque eu sou piloto também, e portanto há ali uma linguagem comum.
Eu tenho que ter cuidado com isso porque se não, eu passo metade da consulta a falar dos aviões e alimentar a coisse dos aviões com isso, e é isso que a pessoa lá está.
0:10:07 – JORGE CORREIA
Já que estamos a falar dos aviões e falamos um pouquinho da confiança, eu viajei recentemente dos açores. Fizemos três voos e nos três voos o capitão, o comandante, fez sempre aquela conversa o lafala aqui, o comandante, já, já, já, já vamos para aqui e o tempo está ótimo, estou normal. Num dos voos não aconteceu isso e o meu filho diz este não disse nada, claro é.
0:10:29 – JOSÉ GAMEIRO
Que é uma coisa que eles devem dizer sempre Que inspirem essa confiança nas pessoas.
0:10:33 – JORGE CORREIA
Lá está, mas por que é que este não disse nada. Não é Não?
0:10:36 – JOSÉ GAMEIRO
ele não disse nada porque estava exposto. Porque alguns não dizem nada? muito poucos, mas alguns não dizem nada E isso gerou um anseio, não sei porque o discurso, o que se chama o discurso do comandante, e o copo, o copo ele também faz faz um É um discurso apasiguador, como por exemplo quando há uma turbulência ou quando há qualquer coisa desse tipo.
0:10:56 – JORGE CORREIA
E ele avisa.
0:10:57 – JOSÉ GAMEIRO
Ele avisa que vai haver ou se não sabe. Às vezes é que o Lerter, o Tarulense, ele tem a Rlimpo, ele não sabe qual é a ver a turbulência. Ele tem que falar em meiatamente Porque isso apasiga o as pessoas. Está tudo bem eu estou a controlar isto, isto está controlado, isto pode ter turbulências dez vezes mais que isto não parte e tal. Diz o que digo ao que disser. Mas percebe, e isso é apasiguador, é fundamental isso.
0:11:18 – JORGE CORREIA
E portanto nós dizemos ok, está ali alguém que sabe o que é que está a fazer e portanto usamos lá ao princípio da confiança. Então, e no caso, lá está dos irritantes, daqueles curos em que a empatia não é neutralidade.
0:11:31 – JOSÉ GAMEIRO
Eu também aprendi com o tempo uma coisa com o mesmo colega que já amou com os hondos rachantes, que eles diziam-nos uma coisa não se midarem com o mais novos. Diziam-me uma coisa quando vocês tiverem um duento, toma duento a vossa frente que vos irrita muito. Vocês procurem nele a infância, porque é muito mais fácil de empatizar com a criança do que o adulto irrita. É uma boa, uma excelente regra. E a gente começa a falar com a pessoa. E a minha experiência é engraçada Se eu tivesse visto aquela pessoa na rua num jantar ou seja, não quer saber de ti irrita.
Às vezes é um estúpido, é um parvo. Ao fim de um tempo, estar com a pessoa, a gente se empatiza com a pessoa Empatiza. Pode ser a pessoa mais desagradável do mundo. Não chama o que aconteceu, não quer ser uma vez a outra.
Nunca achei empatizar muito, Atolarar pelo menos numa fase inicial e depois devolver Não descobre coisas positivas na pessoa e sobretudo é uma coisa que é empática, que é o sofrimento. Quer dizer nós empatizamos com o sofrimento. sempre o estado me leva de vida Se eu não tivesse a capacidade de empatizar com a sofrimento das pessoas e de viver um bocado de sofrimento delas, com a distância que preciso ter, naturalmente as situações que a gente traz para casa.
0:12:32 – JORGE CORREIA
Entende depois como é que lida com esses desposos dos vários sofrimentos com que.
0:12:37 – JOSÉ GAMEIRO
Lido bem, acho que o tempo que ao princípio lhe dava pior tinha mais. Certezas Era mais. Há uma coisa que mudou muito com o tempo da experiência, que é o dar tempo às pessoas para ir melhorando. Eu tinha muita prece ao princípio prensiedade. Queria que as pessoas mirassem de prece.
0:12:55 – JORGE CORREIA
Abrir as camadas todas de prece resolveu o problema e fechava tudo. E vamos embora.
0:12:58 – JOSÉ GAMEIRO
Não era para me ir embora, é para a ansiedade que eu não era capaz de ajudar aquela pessoa. Hoje em dia, por ser pouco tempo, é fundamental, essas coisas.
0:13:05 – JORGE CORREIA
É preciso esperar, dar tempo para que as pessoas possam Dar tempo para que o tempo faça só o seu trabalho. Eu imagino que a maioria das pessoas que lhe bate à porta seja honesta. pode não falar das coisas porque não as conseguiu entender ou porque está mais desbloqueada, e a percepção de alguém que aparece e que deliberadamente está a enganar ou a manipular também acontece.
0:13:29 – JOSÉ GAMEIRO
Acontece acontece, acontece. Acontece quando há um interesse naquilo que eu só percebo às vezes depois. A psiquiatria é muito usada, é muito usada é usada para manipular a primeira situação jurídicas, por exemplo. Até porque é difícil de questionar. É difícil de questionar para baixas, para reformas. Hoje em dia as coisas estão mais controladas, mas antigamente era relativamente fácil reformar pessoas para a psiquiatria e hoje em dia é muito mais complicado E para coisas jurídicas, por exemplo Para o tribunal, para uma declaração para o tribunal.
0:14:02 – JORGE CORREIA
Mas imagino que isso seja também Pode de força se os penses e tipo de coisas.
0:14:05 – JOSÉ GAMEIRO
Percebem A pessoa o quanto tempo vai percebendo, vai percebendo que quando é que está a tentar sempre manipular lá E se irrita muito Se isso se gera uma condição alguma vez.
0:14:16 – JORGE CORREIA
E aí a interven fala sobre isso.
0:14:18 – JOSÉ GAMEIRO
Sim, sim. Aí digo olha, acabou, não faço isto.
0:14:21 – JORGE CORREIA
Por que não nos custa tanto. Não quero dizer se errou dos ou ser brutos ou ser diretos, mas dizer com clareza, com transparência, ou nos tirados aos outros toda a verdade que nós pensamos.
0:14:33 – JOSÉ GAMEIRO
A mim, não me custa nada, mas eu acho que a cultura portuguesa é essa, de facto.
0:14:37 – JORGE CORREIA
Nós somos a cultura do Ní Apleinada quase.
0:14:39 – JOSÉ GAMEIRO
É o Ní, não é o Ní, é que nem é assim, nem é, não É, não, nem é assim, é para faz-me mais isto e não sei o que, não sei o que ajuda-me a dar nesta coisa. E você depois não tem uma resposta nunca. Se é assim, dizem que sim, ou então vamos ver.
Se é não, se é não, normalmente é mais lindo que não. Você fica à espera, não lhe dizem nada, você te fala, você não pude, não sei o que o não é muito difícil de dizer às pessoas na nossa cultura, a cultura americana, como sabe. Sim é muito mais direta. Eu trabalho em Estados Unidos há uns tempos e é pé, pé, pé.
E eu sou muito mais do ponto de vista, do ponto de vista da minha cultura, ser francesa, porque andando em seu francês é disto, é disto pequenino. Mas eu tenho muito mais facilidade em dizer-me as coisas logo Não é, não é, não é, não é, não. Não é sempre assim, como é evidente. Não sou 100% assim, mas sou bastante mais assim do que a média. Penso que é.
0:15:25 – JORGE CORREIA
Vamos para o palco mais formidável da existência humana, que é o das relações e daquelas que têm que ajudar a curar ou quebrar, que são entre um casal e entre um homem e uma mulher ou dois homens e dois mulheres também. Sim, não quero Eu já tive uns casais.
0:15:42 – JOSÉ GAMEIRO
Uma vez que eu já tive muitos, comparado, tive menos e os problemas são iguais ou são diferentes.
0:15:46 – JORGE CORREIA
Iguais é Exatamente iguais. É uma coisa, é uma coisa. Portanto não há um padrão diferente, apesar de serem do mesmo género.
0:15:54 – JOSÉ GAMEIRO
Pode-se dizer não, não acho que há princípio. Eu achava que os casais homossexuais, sobretudo os masculinos, eram mais chiumos, tinham mais chiumo, havia mais chiumo, mais posse, mais posse, mais chiumo, e depois, mas não, hoje em dia não acho isso, acho que é igual, tudo igual.
0:16:09 – JORGE CORREIA
Vamos ao clássico. Vamos ao clássico com a minha mulher. Aparecem lá porque os casais são.
0:16:15 – JOSÉ GAMEIRO
Eu costumo dividir em dois tipos, assim por questão de esquema, os crises agudas, algo corromal Já lá vamos ao corromal e aqueles casais que são os piores prognós dizem que são os casais que não há bulha há 20 anos.
0:16:28 – JORGE CORREIA
Há 20 anos, há pancada.
0:16:29 – JOSÉ GAMEIRO
Há 10, ó quando digo bulha não é pancada física. Estão se achatearam ou outros. Não se entendem há muitos anos, e às vezes até são os filhos que os precisam para ir.
0:16:39 – JORGE CORREIA
Então e por que esses são os piores de prognós. Tem que ser, tem uma relação mais longa.
0:16:44 – JOSÉ GAMEIRO
Tem que estar aqui, está muito organizado. Nós temos, nós temos dinâmicas racionais que se Criam raízes, Que criam raízes que são rondudantes, que são automáticas. Quer dizer que toda a gente, uma relação de próxima, uma relação de casal tem coisas automáticas que até às vezes passam pelo tom de voz, pela forma, como diz bom dia, como diz bom noite.
0:17:04 – JORGE CORREIA
Conhece isso demasiado bem Um demasiado bem E há umas raízes ali profundos.
0:17:08 – JOSÉ GAMEIRO
Há umas raízes muito difíceis de trabalhar. Nesse sentido, as crises agudas são muito melhores, por que é que há uma crise aguda Pode ser uma infidelidade às mais focantes, são os maiores focantes, são os maiores prognós. O que eu vou dar é tratar infidelidades, porque eu faço sempre bem. Ou se para, ou fica um novo casamento, ótimo, diferente, ou vai ao racha, literalmente, e quando vai, aquilo fica diferente, fica melhor, Fica outro tipo de relação.
Fica uma relação, mais não é que eu ia dizer mais animada, mais viva. As pessoas percebem sem caso uma relação de causa e efeito. Percebem que a infidelidade foi no terreno muitas vezes, mas no terreno já há um bocadinho seco o casamento.
0:17:48 – JORGE CORREIA
Não é que sempre foi em pé assim.
0:17:50 – JOSÉ GAMEIRO
Pode haver infidelidades em casamentos com o seu mouto-beia. Não há uma relação de causa e efeito, não por causa de outra. Se as pessoas querem que a infidelidade, a descoberta da infidelidade, muitas vezes é aliviente para a pessoa que está a ser infiel, ao contrário do que se possa pensar, às vezes é aliviano porque a pessoa já não sabe o que é, que é basicamente aquilo E já que falta o ar no jairo, caiu o cabelo, já faz não sei o que já não há, porque é uma vida dupla difícil, não é? E hoje em dia as pessoas são apanhadas muito rapidamente.
Tinhamento era mais por causa das redes sociais, os digitais, os whatsapp, desta vida Toda a gente vai do fono, mesmo quando diz que não vai, vai Quando está Ver o telefone do outro. Assim, quando está ameaçado, vai, vai, vai, vai. Todo a gente vai Lá, se vai a confiança.
0:18:29 – JORGE CORREIA
Quando está apertado é imediente.
0:18:31 – JOSÉ GAMEIRO
Não é agora que está tudo bem. Não há alguns, do que Alguns voeimas. Não, e às vezes verdes e apagamentos e há uma série de coisas digitais. Todos deixamos um rastro. Deixamos um rastro digital que é fácil, relativamente fácil. Depois, os jairos só não apagam as mensagens porque esquecem-se de apagar às vezes enfim, ou não apagam para atorlar a pagada.
0:18:48 – JORGE CORREIA
As pessoas estão muito doidas, é bom, bom ego.
0:18:50 – JOSÉ GAMEIRO
Os homens são mais tontos, nisso que as minhas minhas são mais cuidadosas. Os homens são mais tontos E portanto são apanhados. E quando são apanhados e querem continuar juntos o que acontece às vezes fazem um trabalho. Às vezes fazem um trabalho sozinho, às vezes fazem um trabalho com ajuda.
0:19:02 – JORGE CORREIA
E quando um casal aparece normalmente para si, é mais ou menos claro que eles querem resolver que eles não estavam ali no caso.
0:19:09 – JOSÉ GAMEIRO
Eu também falo individualmente com cada um deles. ao princípio sempre É para perceber se é um querer, mesmo se há um que vai, porque o outro está a persionar para ir e de facto já não quer que aconteça nenhum mas tanto, então é muito difícil de ir igual sempre para, e aí já não faz sentido fazer muito de trabalho, mas naquele momento já não faz sentido. Você pode ser que mais tarde possa fazer isso, mas naquele momento já não faz sentido.
0:19:29 – JORGE CORREIA
Eu preciso dos dois para fazer o trabalho E no momento em que estão os dois já depois desse 100. Quem é que se queixa mais?
0:19:36 – JOSÉ GAMEIRO
Quem não voa mais na cabeça, quem por um mal Às vezes se queixam dos dois muito na infidelidade, é óbvio quem é que se queixa mais Quem foi vítima de. Nos casais com outros tipos de problemas mais crónicos. Normalmente são os dois que se queixam Ela não me entende, ela não me percebe, ele não me entende, ele não sabe as minhas necessidades. As coisas desse tipo não é São que dão muito equistada já.
0:20:00 – JORGE CORREIA
E quer dizer que não foi possível fazer aquele diálogo sem um árbitro.
0:20:06 – JOSÉ GAMEIRO
Sabe que uma das coisas, um dos geridos entre aspas que um casal funcional tem que ter é desde cedo de negociar as suas duas individualidades. O que isso quer dizer Cada um deles, cada um deles Há coisas que nós não cedemos. Um exemplo que é ridículo que eu sou do bem-fico, eu não vou ser do sport porque a minha mulher é do sport.
0:20:28 – JORGE CORREIA
Isto é um exemplo com o da Hícola, mas é um exemplo que faz a minha das pessoas E eu gosto de fazer este desporto ou de ver uma determinada coisa e tu não gosta desta parte, eu tenho que negociar.
0:20:39 – JOSÉ GAMEIRO
Quer dizer porque o amor entre duas pessoas? o amor é uma coisa, o viver em conjunto é outra. São sobroponíveis uma parte das vezes, felizmente, mas o amor é mais fácil do que o ver em conjunto. Viver em conjunto é mais complicado É fazer cada um o família do origem, que é um.
0:20:53 – JORGE CORREIA
Nós não casamos com uma pessoa, casamos com uma família. Tem, tem.
0:20:56 – JOSÉ GAMEIRO
Uma família. Casamos com uma família.
0:20:57 – JORGE CORREIA
Casamos com uma pessoa, drumimos com uma pessoa com a sogra, com a tia, com o pai. Depois se cumpõe-se com o nosso dormo depois cumpõe-se com o seu irmão e tal dorme-se só com a pessoa. Mande-mos esta regga clássica.
0:21:07 – JOSÉ GAMEIRO
Mas há um padrão familiar, obviamente, que nos é, que entra na nossa vida, não é? E as famílias do origem podem ser um problema. E há um dos problemas, aliás o único, não é o maior, mas é um dos problemas. Depois há negociação de cada um de nós, de uma de nós, de outro de nós, de outro de nós, e a gente se cede ou tem que ficar com as coisas que possedam. outras não se cede, umas negociem, outras não negociem. E essa negociação quanto mais tardia for, portanto, quanto mais tempo houver de bolha por causa dessa não negociação.
0:21:30 – JORGE CORREIA
o mais complicado é Sendo que no início o amor é cego e provavelmente essa negociação não acontece no início.
0:21:37 – JOSÉ GAMEIRO
Ao princípio, não porque ao princípio nós estamos conhecendo a pessoa ao fim de uns largos meses é que conhecemos a. Comecemos a Ao princípio. Ah, isso depois dá de mudar, depois não sei o que para. Já começa a entender uma coisa ou outra que não gosta ou que lida mal. Eu costumo usar uma imagem há muitos anos, que é o Escasamento, chama Espeço de Cabagem Natal que é o. Uso isto muito porque acho que é uma boa imagem. Passe a uma modestia. Há frente tem o champagne, o caviar e as trufas, o que é o que a gente vê.
Atrás tem o atum a sardinha lá tem não sei o que, e a gente está, à medida que vai conhecendo a outra pessoa, vai descobrir nela, como ela vai descobrir nós. o sardinha lá tem o atum e Faz parte do pacote. Bem, você, se quiser a mandar setas às coisas, mais Coisa, mais fácil do mundo, não é, e se tivesse sempre a mandar setas. Lixa aquilo tudo. Ninguém aguenta. Que aguenta, na sua individualidade, na sua autoestima, estar a levar setas todos os dias. Ninguém aguenta.
0:22:32 – JORGE CORREIA
E essas setas são o que São críticas São críticas.
0:22:36 – JOSÉ GAMEIRO
O pior prognóstico, o pior Está muito chutado. O pior índice prognóstico de um casamento e é crítica sistemática Todos os dias, a desvalorização sistemática de outra pessoa. Todos nós fazemos críticas com quem viveu a pessoa com quem viveu, mas naturalmente.
0:22:52 – JORGE CORREIA
Mas você quer lembrar o outro dos seus defeitos.
0:22:54 – JOSÉ GAMEIRO
Pode nem esquecer isso. Pode ser a nossa visão do outro. Pode até nem corresponder. As visões são relacionais, é a minha relação com o outro. O outro não tem que ser assim fessozamente, porque há outra pessoa que pode achar há. Porque temos que ver uma coisa chamada polifonia emocional. Há um tipo que pode achar que sou uma besta e outro tipo que acha que sou o melhor do mundo.
Há uma construção, uma, imagem Há uma construção de uma relação é feita em relação nos casais. Isso é muito forte porque nós temos com outra pessoa uma forma muito íntima e muito forte e portanto é muito fácil, se nós queríamos criticar outra pessoa, descobrir coisas para criticar.
0:23:32 – JORGE CORREIA
E usar exatamente aquilo que nos cites, o que dói.
0:23:34 – JOSÉ GAMEIRO
Nos cites o que dói, obviamente, e isso não é inagruentável. Ou há uma pessoa submissa no casamento que é um polifico, uma não pessoa, mas também não funcionamos bem, ou hoje é dia que eu desámenos isso comendo trolo e portanto apaga aquilo para os que passam a uma guerra não é.
0:23:51 – JORGE CORREIA
Nós nunca perguntamos se alguém por que é que gostas de alguém ou por que é que te casaste com alguém. Quando num grupo de amigos, eles se param a primeira pergunta que fazemos é, mas por que?
0:24:02 – JOSÉ GAMEIRO
01.35.2020, 07.36.2021? Porque é que separar era um casal perfeito, mas não era um casal perfeito. Provavelmente não era, não sei o que tivesse havido.
0:24:10 – JORGE CORREIA
Porque nós não vemos. Nós não vemos, estamos de lado de fora e não Os casais reservam muito da sua intimidade.
0:24:17 – JOSÉ GAMEIRO
Muitas meninas falam mais das vezes com as amigas. Os homens falam muito pouco de sua vida com o Jogal. Falam muito menos, falam mais De qualquer forma falavam, mas falam menos E portanto é aquela história que quase é que ah, é que separarmos, ah parecia o casal perfeito.
0:24:30 – JORGE CORREIA
E depois aos amigos que ok, eu posso intervir ou não posso, Deve intervir ou não devo?
0:24:35 – JOSÉ GAMEIRO
Se o marido e a mulher não metam a colher, porque senão saias mal, não aumenta isso. Mas há uns que intervêm mais, outros intervêm menos. Pois, há uma situação complicada aqui dos amigos. Quando há uma separação, que é. Eu vou ficar amigo dos dois, como é que é. Mas se o seu amigo de um ou outro vai ficar chateado porque o sua amiga ainda dele se parou, se perceba.
0:24:51 – JORGE CORREIA
Lá voltamos à neutralidade.
0:24:52 – JOSÉ GAMEIRO
Há aqui um jogo, pois há um jogo com as minhas sozinhas também. Não é fácil muitas vezes com os casais amigos Que é o marido. Isso está a uma rábola que é verdadeira. Não é Que é o marido. Telefona para a mulher que é uma separada. Se precisais de um homem e tal. Isso acontece Isso cria uma Gente isso, mas isso acontece E portanto isso cria para, mas isso não é algo mais estatísticamente significativo, não é?
Mas há os amigos quando há uma separação por um lado. não dizem que há um efeito de contagem. Não existe um efeito de contagem, mas há um efeito de. As pessoas pensarem que eu sou casamento quando tenho uma separação próxima D’amigos.
Há um efeito de Espanho Há um efeito de algum espelho das pessoas pensarem um bocadinho mais na sua relação. Ok, às vezes não se faz mal nenhum, só ele faz bem, mas há esse efeito um bocadinho. E depois há a questão da separação. com quem é? como vou dar? consigo mudar com os dois lá em Monsiga É ter amigo divorciado. já que não quis suar.
0:25:46 – JORGE CORREIA
Então, e quando as coisas complicam-se?
0:25:48 – JOSÉ GAMEIRO
obviamente quando há filhos, sim nem sempre felizmente, mas muitas vezes complicam-se.
0:25:54 – JORGE CORREIA
Um passo atrás, que é quando as pessoas se casam. uma coisa é um homem-mulher, dois homens, dois milhão que for se juntam, É uma coisa. Quando nasce uma criança, a quia regra muda. O primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela.
0:26:13 – JOSÉ GAMEIRO
A vida muda, como é evidente não é, e um casal com filhos demora muito mais tempo, no caso de separação, a separar-se Um casal sem filhos. não sei se seria isso que ia ficar.
0:26:23 – JORGE CORREIA
Está a tentar, no fundo, suster aquela harmonia.
0:26:27 – JOSÉ GAMEIRO
Está a tentar aguentar porque tem um filho ou vários filhos, e percebe que, Dito isto, também é verdade, que quase ninguém deixa de separar por causa dos filhos, enquanto antigamente, como sabe, E uma coisa é ser um casal que está economicamente estável, outra coisa é alguém que está mais pendente.
Uma das casas em Portugal é um problema complicado. Agora está a mudar-se suizmente porque havia o programa da Casa Comprada e isso já levava sempre problemas patrimoniales complicados de visão do património. Hoje em dia depois já arrenou mas é mais fácil, mas portanto quando há filhos é mais complicado. Dito isto, eu acho que é uma parte das vezes as coisas correm bem na gestão dos filhos depois de futuro na guarda. Seja ela guarda para atilhar.
0:27:05 – JORGE CORREIA
Sim, até porque há um afeto maior que garante-se.
0:27:08 – JOSÉ GAMEIRO
Sim, e às vezes até os filhos ganham mais um do pai. Não é Mais o pai quando?
0:27:12 – JORGE CORREIA
há-se-para, a menos que eles sejam usados como arma da remessa.
0:27:14 – JOSÉ GAMEIRO
Às vezes são sobretudo quando há dinheiro, muito dinheiro envolvido, bem muito usado dos filhos, como armazém.
0:27:19 – JORGE CORREIA
Quase contra-producento, não é É?
0:27:21 – JOSÉ GAMEIRO
mas usam porque é, assim, porque é.
0:27:23 – JORGE CORREIA
Se há mais a bastança, devia ser mais tranquilo.
0:27:26 – JOSÉ GAMEIRO
Não se há mais a bastança, há mais para tentar sacar a quem é. A bastada não é, e portanto os seus filhos para tentar.
0:27:32 – JORGE CORREIA
Mas para causar dor ou por.
0:27:34 – JOSÉ GAMEIRO
Não para causar dor às vezes, mas aí por outros motivos, porque há outra pessoa envolvida que apareceu e tal para satiar, mas também porque eu resolvi isto com os dos filhos do M10X, ou seja isto, se a esperança for feita desta maneira.
0:27:47 – JORGE CORREIA
Dito isto, eu só apanho a precaria de patas de sábio Sim, sim, o que não corrou bem, O que não corrou bem. Portanto, não estou a falar da precaria que eu apanho, O que corrou bem. O advogado fez bem o seu trabalho.
0:27:55 – JOSÉ GAMEIRO
Os advogados às vezes não fazem bem o seu trabalho porque se erram.
0:27:59 – JORGE CORREIA
Sim, não olham para o todo ou olham para a sua parte, a parte que defende, Defende a sua sobretudo quando há dinheiro.
0:28:04 – JOSÉ GAMEIRO
Os divorces com dinheiro estão sempre nos complicados. Foi uma vez fui fazer uma mediação fora do país, mediação de divorcio fora do país, em que se discutiam 40 milhões ou 50 milhões Uau, e foi o cabo dos trabalhos. E foi o cabo dos trabalhos. Mediação não era jurídica, era a mediação que eu conheci. Os pediram então É para eu.
0:28:24 – JORGE CORREIA
Como é que se mediam uma coisa dessas?
0:28:28 – JOSÉ GAMEIRO
Tentando, tentando a mediação familiar. Não é provavelmente a minha especialidade. Neste caso eu fiz, mas uma vez, porque eu acho que tinham sido meus clientes antes.
0:28:37 – JORGE CORREIA
Tentava que havia uma relação de confiança dos dois.
0:28:38 – JOSÉ GAMEIRO
Uma relação de confiança enquanto casal, depois acabaram para separar, e foi depois de a separação. A mediação é feita de maneira a que os dois sintam que não estão a aprender muito No fundo. É isso, não é. Mas estava a aprender alguma coisa, não só os filhos porque eles não estavam a aprender É aceitar uma verdadeira.
Isto era num contexto jurídico diferente do nosso sem que a mulher tenha direita, fica de direita coisas que em Portugal já não têm E portanto ele não queria largar tanto. Portanto é feita de modo a que cada um dos dois sintam que têm que perder, mas que não perdem muito.
0:29:11 – JORGE CORREIA
É o mal menor. No fundo É o mal menor, É uma perda a cita.
0:29:14 – JOSÉ GAMEIRO
É o mesmo tempo que se liberta um bocadinho, porque cada um conhecia a sua vida e tera a sua vida. Um deles, neste caso, já tinha uma pessoa e está portanto já Ele se libertava aquilo.
0:29:22 – JORGE CORREIA
Estamos praticamente a fechar a nossa conversa. Nos últimos, no último ano e meio, abraçamos menos, beijamos menos Os nossos próximos. Ainda por cima, a nossa empresa ficou mais longe. Agora vemos aos quadradinhos a fazer teleconferências Os nossos velhos, muito velhos, que estão nos lares. Estão. Isso foi a coisa mais terrível, disto Mais perdidos.
0:29:46 – JOSÉ GAMEIRO
Então então, mais longe, mais longe e mais orientados, porque, deixando ter muito, uma pessoa que está no lar pode estar muito bem, mas algumas das pessoas que estão no lar já estão meias bem E portanto a desorientação aumentou, como é evidente.
0:30:02 – JORGE CORREIA
E não percebe o que está a acontecer.
0:30:03 – JOSÉ GAMEIRO
Algumas percebe, outros não percebe, mas o que é facto é que deixam de estar com os familiares, deixam de ter abraços.
0:30:08 – JORGE CORREIA
Deixam de ter abraços, deixam de ter a visita se fosse ela semanal uma vez semanal E mesmo dizer-nos ok, há um vírus que é perigoso para alguém que tem 90 anos, escalhar.
0:30:16 – JOSÉ GAMEIRO
Alguns perceberam outros não perceberam, mas o que é facto é que a vida de eles mudou. Os velhos foram os mais, não só em tempos mortos, como é evidente, como em termos de ferimento psicológico foi feita o rival. Nós aguentamos, nós estamos aqui. Eu deixei dar abraços aos meus filhos. Dei á uns, me disto de á uns, mas quer dizer, mas sempre um bocado. Eles é que não queriam O meu filho ao princípio, este conheceu, agora fez-me uma perceição cerrada. Cerrada, o que é que eu fazia, o que é que eu não fazia.
0:30:44 – JORGE CORREIA
Quando ela te agra.
0:30:45 – JOSÉ GAMEIRO
Não, coisa Coisa terrível. O que é que eu, ao princípio, onde é que eu ia? Aquelas é que eu ia e eu, como ele estava a acabar o urso, estava cá em casa. Ainda agora já não está cá em casa, mas estava cá em casa. Eu saia comecei muito cedo. Quando eu acordava às vezes de tal da manhã estava aqui sentadinho com a ame de uma competição. Já tinha andado não sei a madrugada toda.
Eu nunca deixei. eu andei sempre na rua madrugada a passear. Gosto de fazer caminhadas, eu andava sempre. Depois eu toco a café com a destina e tal ia comprar o pago a moço para a minha mulher, não sei o lindo, o sobelaragem e o pão fresco, e depois vinha para casa e eu ia ler, a suga de escrever Ai o pai está aqui e tal Está tudo bem.
0:31:23 – JORGE CORREIA
Está tudo bem E para a geração dele, dos miúdos, para eles então Foi mal, foi mal.
0:31:30 – JOSÉ GAMEIRO
Não beijas, não tocas, não estás, não falas. Eu não sei o que é que se passava fora de casa. Não perguntei muito, mas suponho que se passava nada, quase nada.
0:31:39 – JORGE CORREIA
Que é terrível. Não é Quer dizer uma blindagem.
0:31:42 – JOSÉ GAMEIRO
Isso foi terrível, jovem sentiu Foram os velhos e os jovens.
0:31:45 – JORGE CORREIA
E agora voltamos à perceção. É que voltamos ao normal.
0:31:49 – JOSÉ GAMEIRO
Eu acho que sim, eu acho que isto vai voltar ao normal. Já está a voltar ao normal e eu acho que vai voltar ao normal, tirando aquilo que lhe disse logo ao princípio, que há pessoas que ficaram conferidas nisto. Quer de saúde, algumas, como sabe não é, quer de um menos número, quer económicas e sociais, como vai, é besta disso.
0:32:06 – JORGE CORREIA
Olha o problema.
0:32:07 – JOSÉ GAMEIRO
Mesmo Olhando, para Isso não é o país de meravias que nos querem fazer acreditar em termos económicos e sociais, acho que já todos desconfiamos um bocadinho disso não é. Nós desconfiamos. Depois não fazemos nada, mas voltamos à.
0:32:17 – JORGE CORREIA
Mas isso é, voltamos ao norte do início, voltamos ao início. Precisamos de cuidar-nos para sempre os tempos no nosso diálogo íntimo com os nossos próprios e com os nossos amigos de cariara, com os nossos próximos.
0:32:26 – JOSÉ GAMEIRO
Eu acho que os nossos amigos, os nossos próximos, nos simbremos com os amigos de tudo, percebemos de lá encontrar-nos, de conversar, de ver um escopo, de dizer disparar-te. Eu já comecei isso, já se pode fazer, isso não é? Eu acho que é que cada pessoa se podia fazer um pequeno aflação sobre como é que viveu isto e qual foi o seu, para conhecer melhor os seus limites e a sua capacidade de ver coisas deste tipo. Mas a minha geração teve duas coisas na vida que foram o 25 de abril e a pandemia. São coisas que comem a ter frases para o outro.
Eu acho que a pandemia é uma experiência vista do ponto de vista positivo, uma experiência de cuidar o teu conhecimento de relação com os outros. Bestial quer dizer ótima para a pessoa se conhecer, e acho que faz sentido pensar sobre isso e já gente escreveu sobre isso, já escreveu muito sobre isso e isso pode O prazer que eu tive não sei se posso dizer mais sobre o que eu tive O prazer que eu tinha a andar de madrugada, sozinho, nas ruas de vários títulos do país onde eu ia, porque eu não ficava em Cascar. Eu fui a máfrio, fui a cintre, fui a aliceira, fui a Almada, fui a Oand, sem ninguém na rua. Acho que em meio da manhã nem um carro não havia nada lembra-se do confinamento inicial, Foi o primeiro de março, Com os outros cotidões na cabeça, houve música e houve sistematicamente o sound of silence.
o Simon Garfankl, conheço com a cintura de.
Simon Garfankl. O prazer era enorme. Isto era contraditório, é contraditório, mas tinha um prazer. tinha a cidade para mim. Eu subi uma vez à VE de Liberdade no meio da estrada, no ano que passei. dos restauradores, uma queijo de pombal de madrugada sozinho, aproveitaram o vazio da cidade, aproveitaram o vazio, o que os outros cotidões na cabeça. Houve música. Eu não vou fazer isso mais. Perceba E fazia uma impressão. Como é que as pessoas não iam para a rua fazer coisas de cheno? Algumas iam, não sei, não se via ninguém. As pessoas tinham tão de medo que não saíam de casa.
0:34:17 – JORGE CORREIA
O trabalho e o cabo dos trabalhos, seja no trabalho, seja nas relações, nas famílias, nos casamentos, nos amores e dos amores. Tudo questões para discutir, para falar, para não calar, porque afinal dos não ditos não são uma boa solução, mas vale dizer aquilo que vai na sua alma e pelo menos alivia E então, sim, pode procurar a felicidade de ser. Aquela existe para os mais estéticos, mas não para os outros. Talvez sim, volta em pra semana no Pregunta Simples, na segunda edição.