Hoje meto-me numa grande empreitada:
Descobrir os caminhos para a felicidade.
E não, não é um ‘podcast’ de autoajuda, não vende livros “seja feliz em 10 passos”, ou sequer arrisca dar algum conselho sobre o tema.
Prometo boa ciência, maneiras de ouvir as pessoas e uma suave mistura entre expectativas e resultados.
Encontrar a felicidade parece uma busca interminável.
Começando pela definição de felicidade.
O que é “ser-se feliz?”
A pergunta só tem uma resposta subjetiva. Cada um define para si próprio o que é ser feliz. E após definir o conceito há que contar com as expectativas.
Se formos uns perfecionistas encartados, a felicidade pode estar sempre num nível difícil de atingir.
Tal como a inveja da felicidade alheia pode afinal ter um efeito de ricochete.
Invejar é muito diferente de desejar.
Com Jorge Humberto Dias, filósofo, professor de ética e estudioso da felicidade, percorro os matizes da felicidade.
Por exemplo, a relação entre bem-estar e felicidade, explorando a ideia de que sem satisfação do bem-estar, a felicidade fica difícil de ser alcançada.
E sobre receitas infalíveis para se ser mais feliz. Por exemplo, o amor e a amizade como elementos universais e o direito humano à felicidade.
E viajamos até ao coração das organizações, das escolas e das empresas.
As mais avançadas avaliam o coeficiente de felicidade de líderes, trabalhadores, professores e alunos.
Mas não esquecemos os pais. Que ora exigem tudo das escolas.
Ora passam os fins de semana a insultar os árbitros em jogos de futebol juvenil.
A diferença entre felicidade e frustração é cada vez mais volátil.
O mal-estar na vida pessoal ou profissional passa uma fatura alta.
E nesta edição tenho em vista perceber causas e consequências.
Escolhendo alguém que se assume como feliz.
A ideia de felicidade pode ser mais simples do que parece.
Ainda que possa ser transitória.
Mas se fizermos o que gostamos, se gostarmos de quem gosta de nós e tivermos uma autoestima sem grandes remendos, então o caminho fica muito mais fácil.
(0:00:00) – Felicidade E Inveja
(0:06:39) – Bem-Estar, Felicidade E Trabalho Na Atualidade
(0:20:29) – Gestão E Desempenho Nas Organizações
(0:28:08) – Reciclagem De Traços Da Personalidade
(0:33:03) – Influência Negativa Dos Pais No Desporto Jovem
Em detalhe
(0:00:00) – Felicidade E Inveja
A consciência, avaliação, objeto da avaliação, expectativa e inveja como fatores da felicidade.
(0:06:39) – Bem-Estar, Felicidade E Trabalho Na Atualidade
Bem-estar, fatores infelizes, amor e amizade são discutidos como fundamentos da felicidade.
(0:20:29) – Gestão E Desempenho Nas Organizações
Gestão equilibrada, treino social, psicológico e mental, metodologia mista, cooperação, Seleção Nacional de Portugal e Real Madrid são discutidos para entrega de resultados.
(0:28:08) – Reciclagem De Traços Da Personalidade
Discutimos como equilibrar e melhorar a personalidade, a felicidade no trabalho, autonomia, ferramentas de agilidade e confiança.
(0:33:03) – Influência Negativa Dos Pais No Desporto Jovem
Missão, valores, códigos de ética e conduta afetam desempenho, produtividade e estabilidade emocional e psicológica no futebol juvenil, exigindo dos clubes soluções para auxiliar os pais.
LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO00:00:13:03 – 00:00:39:13
Jorge Correia
Ora vivam! bem vindos ao Pergunta sSimples a voz. Podcasts sobre comunicação. Hoje meto me numa grande empreitada descobrir os caminhos para a felicidade. E não, não é um caso de autoajuda. Não vende livros. Seja feliz para sempre. Dez passos ou sequer arrisca dar algum conselho sobre o tema? Prometo, sim, boa ciência, maneiras de ouvir as pessoas e uma suave mistura entre as expectativas e os resultados.
00:00:39:26 – 00:00:52:18
Jorge Correia
E conto com uma boa ajuda para isso. Vamos ao programa. Vamos a isso.
00:00:55:09 – 00:01:27:16
Jorge Correia
Encontrar a felicidade parece uma busca interminável. Começando pela definição de felicidade, o que é ser feliz? A pergunta só tenho uma resposta subjectiva cada um de nós define para si próprio o que é ser feliz. E depois de definir o conceito, há ainda que contar com as expectativas, com as nossas expectativas e com as expectativas dos outros. Se formos os perfeccionistas encartados, a felicidade pode estar sempre num nível difícil de atingir, tal como a inveja da felicidade alheia pode, afinal, ter um efeito de crescente.
00:01:28:04 – 00:01:52:07
Jorge Correia
Invejar é muito diferente de desejar. Com o Jorge Alberto Dias, filósofo, professor de ética e estudioso da felicidade, percorre os matizes desta coisa a que chamamos felicidade. Por exemplo, a relação entre bem estar e felicidade, explorando a ideia de que, sem satisfação do bem estar, a felicidade fica mais difícil de ser alcançada. E sobre as receitas infalíveis para ser mais feliz.
00:01:52:18 – 00:02:18:27
Jorge Correia
Por exemplo, o amor e a amizade são elementos universais e centrais do direito humano à felicidade. E viajamos até ao coração das organizações, das escolas e das empresas às mais avançadas. Avaliam o coeficiente de felicidade dos líderes, dos trabalhadores, dos professores e dos alunos. E não esqueçamos os pais que ora exigem as escolas, ora passam os fins de semana a insultar os árbitros em jogos de futebol juvenil.
00:02:19:16 – 00:02:38:22
Jorge Correia
A diferença entre felicidade e frustração é cada vez mais tênue e volátil. O mal estar na vida pessoal ou profissional passa uma fatura alta. E, nesta edição, procurou perceber causas e consequências, escolhendo alguém que se diz feliz.
00:02:39:04 – 00:02:42:12
Jorge Humberto Dias
Ora, sou fantasticamente feliz, eu diria 90%.
00:02:42:19 – 00:02:43:10
Jorge Correia
90%.
00:02:43:23 – 00:02:46:17
Jorge Humberto Dias
Gosto de deixar as ideias para o resto que me falta ainda de viver.
00:02:46:24 – 00:02:49:27
Jorge Correia
Como é que nós podemos definir a felicidade?
00:02:50:04 – 00:03:26:07
Jorge Humberto Dias
Eu tenho trabalhado essa definição e dá sempre um debate engraçado. Nos vários eventos onde participo, porque as pessoas questionam logo as palavra chave, então eu tenho três palavras chave. A primeira é a consciência, portanto, tudo acontece na consciência. A segunda é a avaliação e a terceira é o objeto da avaliação, que são os projetos. Portanto, eu tenho consciência de que estou a viver um conteúdo de uma determinada forma e vou avaliando se consigo ter uma concretização positiva ou não.
00:03:26:23 – 00:03:29:17
Jorge Correia
Então isso depende muito da expectativa.
00:03:30:12 – 00:03:37:26
Jorge Humberto Dias
Sim, a expectativa é muito importante para mim, principalmente para preparar o futuro. O futuro, que é decisivo.
00:03:38:25 – 00:03:58:20
Jorge Correia
Olhando quando, quando nós olhamos para lá, está para essa ideia de felicidade e a minha ideia é que nós, os portugueses, estamos sempre a recusar a tu. Como é que tu vais? Olha, nunca pior. Olha, dê cabo de um pé depois, ainda bem. E olhando a cabo não temos problemas. Mas podia ter sido a perna também.
00:04:00:21 – 00:04:09:06
Jorge Correia
Estamos calibrados para para não felicidade. Como é que é? Como é que é? Como é que? Como é que um filósofo olha nos, olha ao Espanha?
00:04:09:24 – 00:04:15:13
Jorge Humberto Dias
Bom, eu conseguiria a um filósofo arranjar argumentos para um lado e para o outro.
00:04:15:18 – 00:04:19:11
Jorge Correia
Então vamos lá que queremos começar para um todo negativo. Pelo positivo.
00:04:20:03 – 00:04:22:23
Jorge Humberto Dias
Temos e pelo planeta. E para acabarmos em bom.
00:04:23:14 – 00:04:27:20
Jorge Correia
Lá está mais uma vez a expectativa. Vamos de menor ou maior, já vamos ganhar qualquer coisa.
00:04:28:05 – 00:04:38:05
Jorge Humberto Dias
Parece uma boa estratégia. Então o negativo eu podia socorrer. Mantido por surgiu, tenho um livro que eu gosto imenso, que em Portugal hoje o medo de existir.
00:04:38:16 – 00:04:53:21
Jorge Correia
Seja ele um filósofo português. É verdade que ainda por cima é fácil, relativamente fácil de ler para um leigo, depois entender tudo o que lá está escrito. Vamos lá ver o que é que o que diz o professor José Gil sobre sobre esse nosso medo de existir? Somos nós que temos medo.
00:04:53:25 – 00:05:14:23
Jorge Humberto Dias
É verdade, é verdade ele. Ele diz que nós vivemos num contexto que proporciona precisamente esse negativo e um dos principais negativos que eu aquele salienta é a inveja. E, portanto, aqui podia talvez levar a nossa conversa para a inveja como um obstáculo ao processo. Felicidade.
00:05:14:25 – 00:05:15:21
Jorge Correia
A inveja do outro.
00:05:16:12 – 00:05:26:10
Jorge Humberto Dias
É exatamente a inveja daquilo que o outro é a inveja no sentido de aquilo que o outro é. Faz com que eu me sinta pior.
00:05:26:16 – 00:05:49:01
Jorge Correia
Mas isso não era suposto. Vamos pensar na inveja, numa lógica muito prosaica que é se o meu vizinho comprar um carro novo, extraordinário, a inveja deveria motivar me a dizer Bom, olha, eu também vou, vou esmifrar me aqui também. O que se valoriza? Um carro novo, um carro bonito é tentar conseguir também. A inveja pode funcionar ao contrário.
00:05:50:02 – 00:06:15:02
Jorge Humberto Dias
Pois esse aqui a que estão normalmente as pessoas que se entregam mais a este processo da inveja, provavelmente direi eu, não conseguiram esses objectivos e portanto não conseguirem seus objetivos, faz com que eu sinta talvez me inferiores a são relativamente aqueles que conseguem. No fundo, a inveja acaba por ser mais forte em situações de sucesso.
00:06:15:09 – 00:06:20:19
Jorge Correia
Claramente, e isso, parece me, é uma espiral de mediocridade.
00:06:22:01 – 00:06:38:20
Jorge Humberto Dias
Há também quem usa essa palavra engraçada. Eu estive no Coliseu Aver o Mar e Sergio Cortella é um filósofo também brasileiro. Que é que eu saiba? É capaz de ter sido o primeiro formato feito por um filósofo. Já é muito comum nos humoristas lerem e agora acho que o X também vai volta. E Serena é.
00:06:38:20 – 00:06:47:12
Jorge Correia
Uma espécie de stand up em que vai lá alguém falar e expirar e tentar motivar com o filósofo. Também funciona com os filósofos?
00:06:47:18 – 00:07:10:08
Jorge Humberto Dias
Parece que sim. Estavam um não. Não quero estar agora a errar. Umas duas 1000 pessoas no Coliseu ou mais logo, é verdade e parece que isso está a acontecer. Há uma turnê que ele está a fazer e que ele utilizou muitos autores. Era essa a minha curiosidade. Se de facto tinha feito o trabalho de casa, usou muitos autores portugueses Fernando Pessoa, Camões e Agostinho da Silva.
00:07:11:18 – 00:07:27:07
Jorge Humberto Dias
É então que ele usou muito esse conceito da mediocridade e para este facto que há aqui um conjunto de características que parecem ser próprias ao ser português e que já vêm de outros contextos. Também o famoso Fado e.
00:07:27:16 – 00:07:58:21
Jorge Correia
Camões praticamente descreveu as todas nesse magnífico poema, que termina precisamente com o palavra Inveja. Porque marcou logo, não é? Quer dizer eu, um século no século XIV, século que genericamente é só um desgraçado e esta a Valsassina. E então há a questão da inveja e a inveja como um fator limitante para para a nossa alegria de viver. Onde é que está aqui a fronteira entre felicidade e bem estar?
00:07:59:16 – 00:08:35:09
Jorge Humberto Dias
Essa é uma excelente questão que até há dez, 15 anos atrás, não havia diferença. Em todos os artigos que eu lia antes de 2004, diziam que o bem estar e a felicidade eram a mesma coisa. Mas depois, entre 2004 e 2008, começaram a surgir alguns autores a fazer essa distinção e hoje claramente são coisas diferentes, até por exemplo, podemos falar aqui da enorme questão que surgiu agora aqui em Portugal, que é um orgulho muito grande, faz essa distinção e, aliás, a norma chama se norma de bem estar e felicidade organizacional.
00:08:35:09 – 00:08:36:06
Jorge Correia
Tem as duas coisas.
00:08:36:10 – 00:08:36:22
Jorge Humberto Dias
Tem as duas.
00:08:36:22 – 00:08:42:20
Jorge Correia
Coisas. Então onde é que estão? Onde é que está a fronteira? Onde está o onde é que são os pontos que se tocam ou que se afastam?
00:08:43:05 – 00:09:07:14
Jorge Humberto Dias
Então o bem estar está lá. Está claramente relacionado com tudo, com as nossas emoções, com a nossa vida mais corporal, é mais mais terra a terra. Ou seja, eu tenho que estar a alimentar todos os dias o meu bem estar. Portanto, eu tenho que dormir, eu tenho que me alimentar, eu tenho que fazer a minha higiene. Eu tenho que fazer uma série de coisas que permitam estar sempre naquele nível desejável.
00:09:08:09 – 00:09:09:20
Jorge Correia
Em nossa manutenção.
00:09:09:20 – 00:09:10:25
Jorge Humberto Dias
Ora bem visto.
00:09:11:03 – 00:09:39:19
Jorge Correia
Como era comum, como ir mudar o carro e quais são as coisas que nos no fundo, o contrário do que quando nós temos sede, quando nós não dormimos, quando nós estamos, os bebés sentem isso, ficam logo rabugentos e ficam e portanto sentem um desassossego e um não bem estar. É a felicidade. É que eu e o otimismo é a aspiração máxima depois do bem estar, então sim, podemos pedir a felicidade.
00:09:41:01 – 00:10:05:10
Jorge Humberto Dias
Uma boa visão também. De facto, podemos ver aqui quase como numa pirâmide e o bem estar está na base que se não for satisfeito é muito difícil começar no aproximarmo da felicidade. A felicidade é mesmo o topo, o topo da vida, já dizia Aristóteles, e, portanto, a concretização dos principais projetos da minha vida, seja de trabalho, seja família, seja o que for, aquilo que tem mais sentido e propósito para mim.
00:10:05:15 – 00:10:08:04
Jorge Humberto Dias
Então, eu estou lá no cerne da questão.
00:10:08:09 – 00:10:26:07
Jorge Correia
Então vamos agora encher aqui duas caixinhas, uma caixinha com aquilo que podemos dizer genericamente o que é que nos torna infelizes e outra, o que é que tendencialmente nos torna felizes? O que é que nos torna infelizes? O que é? O que é que nos move o juízo?
00:10:27:00 – 00:10:53:01
Jorge Humberto Dias
Eu penso que a oposição podemos ver. Podemos ver dessa forma as mesmas coisas. Não é o que realmente move o ser humano em geral. E daí também podemos depois fazer aqui uma transferência para a questão da felicidade como algo universal, quase como um direito humano. Já se fala nisso com amor, com amor. E, de facto, aquilo que te mais move é que depois.
00:10:53:15 – 00:10:56:11
Jorge Correia
O amor que sentimos pelos outros, o amor que sentem por nós.
00:10:56:11 – 00:11:15:24
Jorge Humberto Dias
Em geral, em geral, sim, em geral. Depois a amizade também fortíssima. É também muito importante um aspeto. Há estudos que estão a dizer que nós estamos a perder esse espaço na nossa vida. Um em cada três amigos que nós tínhamos nos últimos dez anos passamos a ter só dois. Portanto, estamos a perder um terço de amizade.
00:11:16:04 – 00:11:21:20
Jorge Correia
Mas isso é estatística ou estamos menos disponíveis? Estamos menos disponíveis para trazer amigos.
00:11:22:17 – 00:11:34:19
Jorge Humberto Dias
Se virmos a essa disponibilidade relacionada com uma maior dedicação ao trabalho, mais stresse, mais burnout, mais enfim, etc. Sim, claramente.
00:11:35:05 – 00:11:56:10
Jorge Correia
E nós estamos a ficar assim, estamos a ficar com esse. E isto é esse número de três para duas em termos de espaço para os nossos amigos e nós conseguimos perceber a causa, o que é, o que é que nos está a retirar espaço se isso é uma aspiração da felicidade. Se nós gostamos da felicidade, portanto, em princípio vamos à procura dela, não é?
00:11:56:11 – 00:12:05:18
Jorge Correia
Acredito que nós não. Não nos temos exactamente para para sofrer, mas gostamos de testar bem o que? Que? Porque? Porque é que deixamos que nos roubem isso?
00:12:06:07 – 00:12:46:18
Jorge Humberto Dias
Bom, eu sou suspeito porque eu gosto muito de amizades, ri e faço um investimento muito grande nisso. Mas podemos tentar vir aos olhos de uma outra geração, mais jovem, que pode dizer coisas diferentes, como eu estou a investir noutras áreas da vida e gosto a fazer uma diversificação dessa amizades. Portanto, temos as redes sociais que faz com que essa vivência de amizades seja mais dinâmica e não tão centrada só numa pessoa ou duas, como dizem alguns autores que nós, o verdadeiro amigo, é aquilo que é único e portanto, eu não tenho tempo para mais.
00:12:47:07 – 00:13:20:01
Jorge Humberto Dias
E portanto, este diálogo é um diálogo interessante. Agora podemos também ter uma terceira visão, que é a maior valorização do trabalho e portanto as pessoas hoje já perceberam que, embora hoje tenhamos menos horas de trabalho do que tínhamos há uns anos atrás, mas ainda assim continua a ser um motivo de preocupação. Nós passamos muitas horas a trabalhar e parece que há uma grande maioria de pessoas que percebeu que essas horas não são passadas de modo feliz.
00:13:20:25 – 00:13:22:02
Jorge Humberto Dias
E é, então.
00:13:22:06 – 00:13:24:02
Jorge Correia
Antecipo problemas para as empresas? Não, e.
00:13:24:06 – 00:13:36:16
Jorge Humberto Dias
Claramente uma enorme rotatividade e uma grande dificuldade em conseguir reter e atrair talento. Portanto, esse é o ponto em que estamos, porque.
00:13:36:16 – 00:13:52:23
Jorge Correia
As pessoas, e em particular as gerações mais novas, não estão disponíveis para isso. Enfim, sacrifício de alguma maneira, que é gastar tantas horas no trabalho. E tem outras coisas, outras prioridades, outras felicidades, outras possibilidades.
00:13:53:08 – 00:14:13:25
Jorge Humberto Dias
Sim, é verdade. Outra outra forma de estar ainda. O ano passado eu estava a dar uma aula sobre esta matéria que um aluno com 20 e poucos anos estamos a falar de um estudo de caso que ele disse ao professor. Eu não sei como é que essa pessoa demorou tanto tempo a sair da empresa e depois eu partilhou a sua situação.
00:14:14:08 – 00:14:18:17
Jorge Humberto Dias
Eu este ano já em três empresas e não devia ter chegado um mês em cada uma.
00:14:19:00 – 00:14:22:03
Jorge Correia
Qual ele despediu três empresas no fundo, não é.
00:14:22:17 – 00:14:29:08
Jorge Humberto Dias
Exatamente porque eu disse e eu faço o meu diagnóstico. Aquela empresa tóxica eu sai louco. Nem sequer fico lá a perder tempo.
00:14:29:12 – 00:14:33:05
Jorge Correia
Nem nem a esperança, nem que será que as empresas já descobriram isso?
00:14:34:01 – 00:14:39:02
Jorge Humberto Dias
Algumas sim, já já temos muitas no mercado a trabalhar estes temas.
00:14:39:21 – 00:15:00:23
Jorge Correia
E portanto uma empresa se comporta decentemente. Ou empresa responde àquilo que são os quesitos e as expectativas desta geração altamente qualificada? Ou então a sua competitividade no mercado de trabalho. Já não adianta. Tens aqui uma carreira, um magnífico salário e deixa de estar sossegado. Se não houver outras coisas, eles não ficam.
00:15:01:04 – 00:15:02:05
Jorge Humberto Dias
Agora nem mais que outras.
00:15:02:05 – 00:15:03:03
Jorge Correia
Coisas são estas.
00:15:03:16 – 00:15:07:22
Jorge Humberto Dias
Quase poderia resumir numa palavra propósito, propósito, exatamente.
00:15:07:22 – 00:15:10:03
Jorge Correia
O que, o que é um propósito e.
00:15:10:14 – 00:15:30:20
Jorge Humberto Dias
Por exemplo, na área tecnológica, isto é muito comum quando há uma grande competitividade entre empresas. E sendo este jovem, vamos que vamos supor um grande talento. O que é que essa empresa pode fazer para conseguir ter esse jovem que não vai ser o salário, porque qualquer uma delas.
00:15:30:20 – 00:15:31:05
Jorge Correia
Vai pagar.
00:15:31:05 – 00:15:54:17
Jorge Humberto Dias
Bem e exatamente consegue chegar a níveis bastante interessantes para esse jovem. Portanto, não é por aí, é? Ou não vai conseguir diferenciar as empresas? Então isso vai ser o propósito da empresa. E por acaso, o estudo de caso que eu estava me a referir nessa aula que eu estava a falar, era um meio entre uma empresa da indústria tabaqueira e uma empresa da indústria da saúde.
00:15:54:17 – 00:15:55:26
Jorge Humberto Dias
E então, claramente.
00:15:55:26 – 00:16:00:26
Jorge Correia
Sem conhecer as empresas, diria que uma empresa da saúde está numa posição mais vantajosa.
00:16:00:26 – 00:16:08:26
Jorge Humberto Dias
Claramente, onde há mais propósito que eu posso ter projetos para salvar vidas de pessoas, para melhorar a vida das pessoas, da sua qualidade.
00:16:08:27 – 00:16:17:27
Jorge Correia
Logo, isso anima me logo e se faz mover logo. Clique em mim um sentimento de pertença a organização.
00:16:18:08 – 00:16:41:20
Jorge Humberto Dias
E mais equipa. Sentimento de equipa. Nós estamos todos a lutar para o mesmo e coisa que entretanto é possível. Hoje é possível e estamos a assistir a isso. A junção da saúde com a tecnologia. Portanto, a saúde hoje são as empresas da saúde, são clientes de muitas empresas tecnológicas. E é então isso acaba por fazer aqui um método bastante bastante interessante.
00:16:41:23 – 00:17:06:05
Jorge Correia
E se tornam os mais disponíveis para para lá estar. E eu sei que muito da sua vida, além de estar a ensinar, além de estar a discutir sobre estes temas e literalmente ir com um termómetro com um medidor de tensão arterial, entrando, por exemplo, nas empresas, ir avaliar o grau de felicidade do grau de bem estar daquelas pessoas.
00:17:06:05 – 00:17:21:10
Jorge Correia
Vamos começar pelos prismas. O patrão é um patrão. Patrão sujeita se a ser avaliado também nessa. Nessa régua, o contratou os serviços e depois foi um bocadinho à parte. Ou você está a responder a inquéritos de felicidade?
00:17:21:27 – 00:17:46:22
Jorge Humberto Dias
Nós temos de tudo. Um vai, apanhamos de tudo, apanhamos aqueles que querem ser até os primeiros para dar o exemplo. Então vamos lá, eu faço. Primeiro servem e depois as outras pessoas seguem a outros dizem faço, faça só eles. Eu não tenho tempo e depois falamos que há situações intermédias e, portanto, há aqui uma diversidade bastante, bastante significativa.
00:17:46:22 – 00:17:52:27
Jorge Humberto Dias
Agora, o número de pessoas e organizações interessadas nestes temas tem, de facto, também vindo a aumentar.
00:17:52:27 – 00:18:06:09
Jorge Correia
O que estamos procuram, que é que as estas organizações procuram ao saber, ao medir, no fundo porque medir e depois imagine que fazer coisas a seguir com essa medição? Quem procurou que? Porque é que elas sentem essa necessidade?
00:18:06:09 – 00:18:28:18
Jorge Humberto Dias
Eu encontro várias respostas. A primeira, que é dada pelas próprias pessoas e pelas próprias organizações, é a necessidade de competitividade. Ou seja, se os meus adversários diretos já estão a fazer, estão a aumentar os seus resultados e estão a ter mais valor acrescentado e mais ações e mais projetos, etc.
00:18:28:21 – 00:18:29:09
Jorge Correia
Isso fica para.
00:18:29:09 – 00:18:52:14
Jorge Humberto Dias
Trás, então nós também vamos ter que fazer, não é claro, a melhor razão para começar, mas é uma delas. Eu prefiro os primeiros, que são aqueles que, por sua iniciativa, o fazem e porque encontram uma mais valia neste processo. Às vezes acontece porque calhou aparecerem num workshop e esse tema foi lá falado.
00:18:52:16 – 00:19:09:10
Jorge Correia
Que descobriram que a felicidade é algo que lhe interessa. E estas organizações da sua experiência, elas preocupam se mesmo com o bem estar de seus trabalhadores ou na realidade, preocupam se com o bem estar, porque isso representa um aumento da produtividade e esse é que é o objetivo final.
00:19:09:21 – 00:19:34:05
Jorge Humberto Dias
Eu acho que a grande maioria, mais essa opção agora também tenha encontrado pessoas que se preocupam genuinamente e querem ter de facto uma cultura humanista e não querem que o seu projeto empresarial acabe amanhã e, portanto, conseguem ter uma visão de longo prazo. E percebem que se eu tiver aqui de facto uma equipa autêntica, genuína, etc, que eu vou ter ganhos.
00:19:34:16 – 00:19:57:08
Jorge Correia
E que eles vão naturalmente conseguir fazer mais, mais coisas e de uma forma mais mais ajustada. Lembrei me aguardando o velho anúncio de vacas felizes dão mais leite. Estamos a pensar bom, aqueles patrões que aceitam responder aos estudos da felicidade, então estão muito, muito, muito felizes. Assumem que há momentos de felicidade e momentos de dor, porque o que é que eles respondem?
00:19:57:08 – 00:20:19:09
Jorge Correia
Podem, podemos certificar isto. Vamos fazer o que os patrões, depois os os diretores gerais ou os líderes das empresas no topo, depois os os desgraçados da sanduiche que estão aqui no meio a chefias intermédias que levam com o chefe Zico e com a base da pirâmide e depois aqueles que muitas vezes são a base fundamental das empresas que levam a casa para a frente.
00:20:19:17 – 00:20:24:14
Jorge Correia
Que patrões, patrões, patrões, o que é que os deixa muito felizes? E o que é que acham que é? O que é que faz chorar?
00:20:25:15 – 00:20:47:24
Jorge Humberto Dias
Normalmente, os que estão lá no topo da pirâmide são considerados os mais felizes por uma questão muito simples é a questão da autonomia. A autonomia parece ter aqui um impacto. Tem vários outros indicadores bastante interessantes, como por exemplo, o stress. Não tem stress, não se chama stress. Podem ter preocupação? Claro que sim, mas não é bem stresse, não tem ninguém os pressiona, conseguem gerir.
00:20:48:07 – 00:20:49:26
Jorge Correia
Conseguem gerir o seu tempo.
00:20:49:26 – 00:20:51:03
Jorge Humberto Dias
Eles é que fazem a agenda.
00:20:51:03 – 00:21:03:13
Jorge Correia
Ninguém lhe está a perguntar olha lá o que ele está a fazer? No fundo, controlam um jogo de uma maneira mais tranquila e, portanto, isso faz com que os índices de felicidade sejam mais elevados.
00:21:03:20 – 00:21:04:27
Jorge Humberto Dias
Exatamente o que é isso mesmo.
00:21:05:02 – 00:21:17:02
Jorge Correia
E o que os torna felizes. Ou, pelo contrário, se eles têm essa autonomia sem isso, têm essa capacidade. Se eles mandam, se eles fazem a agenda, há alguma coisa que os torna infelizes, o que os leva a reclamar da vida.
00:21:17:19 – 00:21:26:02
Jorge Humberto Dias
Assim, se as estratégias que depois utilizam para executar aquilo que se pretende para a sua organização não tiveram os resultados que se pretendem e.
00:21:26:05 – 00:21:27:24
Jorge Correia
Portanto, é uma frustração consigo próprio.
00:21:28:02 – 00:21:29:00
Jorge Humberto Dias
Pode ser, pode.
00:21:29:00 – 00:21:46:02
Jorge Correia
Ser ou pelo contrário, não. A culpa não é minha culpa destes desgraçados que não estou a fazer nada pela minha empresa. É o aqui brilhante a repetir uma ideia extraordinária. A minha estratégia está apoiada por 30 e duas consultoras e eu sou, no fundo, um visionário que não percebem e não conseguem fazer aquilo que eu quer. Vou trocar toda a gente.
00:21:46:11 – 00:22:06:00
Jorge Humberto Dias
Pode acontecer também, sem dúvida. Eu aqui gosto muito de dar as metáforas do desporto. Toda a gente quer ganhar inevitavelmente. E agora também. Eu penso que as pessoas percebem que é uma má estratégia. E jogar no domingo, às 15h00 e no sábado à noite fazer um treino físico no ginásio.
00:22:06:00 – 00:22:07:01
Jorge Correia
É capaz ser cansativo.
00:22:07:05 – 00:22:08:24
Jorge Humberto Dias
É capaz de dar mau resultado.
00:22:08:26 – 00:22:11:26
Jorge Correia
Portanto, puxar demasiado pelos atletas pode ter um efeito catastrófico.
00:22:12:08 – 00:22:18:14
Jorge Humberto Dias
Claramente, e até por outra coisa, se eu tiver o 20, Cristiano Ronaldo no meu plantel.
00:22:19:04 – 00:22:20:03
Jorge Correia
Também não ajuda muito, não.
00:22:20:03 – 00:22:43:02
Jorge Humberto Dias
É. É difícil e não posso pôr sempre eles a jogar e isso pode nos fazer analisar aqui uma questão bastante interessante com esta metáfora que às vezes as metáforas são bastante ricas. Não é uma coisa que se começou a aprender na nossa seleção nacional. Foi Jesus. Cristiano Ronaldo pode ser dispensado? Um jogo amigável não é este tipo de pessoas nas organizações.
00:22:43:02 – 00:23:02:17
Jorge Humberto Dias
Estamos a falar dos talentos. Os talentos são tão utilizados e têm tão bons resultados que às vezes tenho essa tentação de usar mais vezes e mais vezes. Mas não podemos estragar o talento não é o da saúde ou da vida pessoal, etc. Tem que ser aqui uma gestão bastante equilibrada para que ele esteja sempre no seu melhor nível.
00:23:02:20 – 00:23:26:22
Jorge Correia
Então é um talento de uma empresa. Pode, perante essa expectativa e essa entrega de resultados praticamente permanente e a um nível de performance superior, pode tornar se infeliz porque sente que carrega ao chão os ombros aquilo que a empresa tem que fazer, porque estão sempre no fundo a pedir isto. Ou não.
00:23:27:14 – 00:23:53:16
Jorge Humberto Dias
Pode ser. Se a gestão não for bem feita, portanto, eu penso que que temos que ver os vários tipos de trabalho. Voltando à minha metáfora, não podemos só focar no aspecto técnico, tático, físico. Temos que olhar mais além e temos que ver que nalguns momentos faz sentido o treino social. Noutros momentos faz sentido o treino psicológico, mental, etc.
00:23:53:23 – 00:24:03:14
Jorge Correia
Tem que haver uma subjetividade. No fundo, na gestão desta deste. Desta flores que somos nós todos. Não temos até flor de estufa para não estragar o canteiro.
00:24:04:06 – 00:24:39:08
Jorge Humberto Dias
Claramente essa palavra. Gostei bastante subjectividade. Isto permite me dizer outra coisa muito importante que é nestes temas da felicidade, do fim do bem estar. É preciso ter uma dupla metodologia que é a parte quantitativa que já falámos no termómetro ao carinho. Mas também temos de ter a parte qualitativa e, portanto, esta metodologia mista é fundamental para nós. Conseguimos ter melhores resultados e depois temos que perceber o que é que encaixa na parte quantitativa, quais são os indicadores e depois o que é que encaixa na qualitativa e o que fazer com isso?
00:24:41:02 – 00:25:09:23
Jorge Correia
Estão a gostar da pergunta simples. Estão a gostar deste episódio? Sabia que um gesto seu pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que gesta isso subscrever? Na base da pergunta, sempre pronto, como tem lá toda a informação de como pode subscrever. Pode ser por email, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel, através de aplicações gratuitas como o Spotify, o APL ou o Google Podcasts.
00:25:10:07 – 00:25:18:26
Jorge Correia
Assim, cada vez que houver um novo episódio que aparece de forma mágica no seu telefone, é a melhor forma de escutar a pergunta simples.
00:25:21:19 – 00:25:57:09
Jorge Correia
Agora estamos a falar dos cretinos Ronaldos e em equipas com demasiados Cristiano Ronaldo, Cesc. Se assim a gente pode, pode definir as coisas. E em organizações motivadas para a performance e para os resultados. Isto esta organização pode arrisca tornar se demasiado competitiva e, portanto, esquecer um bocadinho a cooperação. E é exatamente essa massa, essa cola que liga as pessoas, que é a emoção, a solidariedade, a noção de a ser.
00:25:57:11 – 00:26:06:10
Jorge Correia
É um bom exemplo. Cristiano Ronaldo, que é bom, que marca ele que faça sozinho, não pode ter isso. Pode ter esse viés ou não pode.
00:26:07:10 – 00:26:34:27
Jorge Humberto Dias
E parece que estamos a assistir agora a duas seleções nacionais diferentes. Não é a seleção nacional de Roberto Martínez que ainda não sofreu nenhum golo e não não teve nenhuma derrota e a outra anterior, mas que utilizaria um outro exemplo que, sei lá, por exemplo, o Real Madrid, que bate estrelas, mas calhar o Real não é capaz no seu melhor exemplo.
00:26:35:04 – 00:26:36:22
Jorge Humberto Dias
Mas o Paris Saint-Germain é de certeza.
00:26:36:25 – 00:26:44:02
Jorge Correia
Vamos comprar. Vamos ao mercado, compramos aqui três toneladas de estrelas, misturamos muito bem e vendemos tudo. E não aconteceu.
00:26:44:02 – 00:26:52:02
Jorge Humberto Dias
E não acontece. Não tem acontecido. Mas se olharmos para o Manchester City, que fez um caminho muito diferente destes todos e.
00:26:52:08 – 00:26:57:08
Jorge Correia
Também contra alguns muito bons, é verdade. Mas depois aquilo funciona como uma equipa.
00:26:57:16 – 00:27:03:00
Jorge Humberto Dias
E qual é a diferença? A diferença é que nunca despediram o treinador quando as coisas corriam menos bem.
00:27:03:21 – 00:27:05:15
Jorge Correia
Que é uma tentação grande, não é agora.
00:27:05:15 – 00:27:05:27
Jorge Humberto Dias
Nem mais.
00:27:05:27 – 00:27:47:27
Jorge Correia
Se a organização é ligada à performance, se a performance não é boa, tu és uma besta, vai te embora daqui, é ele. E ele não o fez. É interessante falarmos o treinador Guardiola, a maneira como ele trata os seus recursos. Estou a pensar na fundação. Fala pública, praticamente nunca ouvi dizer mal de um jogador. Nunca ouvi dizer este jogador não funcionou ou não postou quando o dizer de uma forma muito, muito, muito suave, muito mitigada pelo contrário, ouvimos tantas vezes dizer sobre abordar do Silva várias vezes e de dizer nunca encontrei melhor do que ele, tão extraordinária que ele consegue resolver as coisas que eu não consegui ver.
00:27:48:17 – 00:27:54:18
Jorge Correia
E isso tem um efeito imediato. Está nessa dopamina da felicidade da equipa.
00:27:55:12 – 00:28:07:14
Jorge Humberto Dias
Claramente é isso mesmo. E agora até poderia dizer, arriscando enganar me. Espero que não. O tempo não tenha comissão, mas parece que com o Sporting está a acontecer a mesma coisa.
00:28:07:23 – 00:28:09:17
Jorge Correia
O treinador também também tem esse perfil.
00:28:09:17 – 00:28:22:07
Jorge Humberto Dias
Ele tem um perfil muito parecido e, portanto, neste momento que estamos aqui está em primeiro lugar. É interessante fazer essa análise. Não quer dizer que chegue ao final do campeonato e isto vai trazer.
00:28:22:14 – 00:28:26:05
Jorge Correia
Mas a receita, em princípio, é uma receita que tende ao sucesso?
00:28:26:14 – 00:28:47:16
Jorge Humberto Dias
Sim, sim, claramente. Portanto, nós temos que ter sempre uma abordagem pela positiva. E mesmo que eu tenha alguma questão negativa, eu nunca devo dizer em público. Eu ouço que se tiver um atleta não. Eu vou falar com o atleta em privado só entre nós. E normalmente isso funciona porque o atleta fica ali uma valorização. O respeito não é uma exposição.
00:28:47:22 – 00:28:50:23
Jorge Humberto Dias
Neste caso, não seria só pública, seria quase quase universal.
00:28:51:02 – 00:29:11:23
Jorge Correia
Em relação aos fãs, é a possibilidade de poder dizer. E é sempre numa lógica positiva que eu vou ajudar te a conseguir melhorar os teus altos índices de desempenho e a pressão dos futebolistas. Então já estamos a falar de futebol. É muito curioso. O treinador do Sporting, Ruben Amorim, lá está com esse perfil de treinador moderno, de condutor de homens.
00:29:12:10 – 00:29:41:18
Jorge Correia
O treinador do Benfica, Roger Schmidt, como ele me parece um alemão mais pragmático e mais completo. Tudo parece estar ali completamente organizado. E é o treinador do Porto. Sérgio Conceição, que é um vulcão, um vulcão à solta. Podemos olhar para estes por estes padrões e para e para tentar perceber como é que eles estão a promover a felicidade ou a odor dentro das duas tribos que lideram.
00:29:42:01 – 00:30:08:25
Jorge Humberto Dias
Sim, sim, sem dúvida. Até porque eu trabalho também com o desporto e então tem sido interessante. As minhas ferramentas são tentar perceber quais são os modelos mentais de cada um dos profissionais, seja atleta, seja seja treinador, seja outro tipo de agente desportivo e então, o que tem sido interessante com esses três exemplos? Eu penso que o mais estável, que é de facto o primeiro.
00:30:08:27 – 00:30:28:12
Jorge Humberto Dias
Ruben Amorim mantém se igual e o próprio há algum tempo. Os outros dois mudaram, mudaram completamente. O fundo, o Roger assumido, mudou da última época para esta última época. Era muito mais fixo nas suas decisões e era difícil mudar o 11.
00:30:28:15 – 00:30:41:18
Jorge Correia
Mas germânico nesse aspeto, é o estudo a isto. Eu sei isto, isto obviamente é isto. Ou está o futebol nove contra 11 no fim de ganha a Alemanha não é? E mudou, já está mais português que que aconteceu? Sim, aprendeu coisas.
00:30:41:27 – 00:31:01:19
Jorge Humberto Dias
E não sei. Se calhar a pressão dos resultados não é como entrou a perder no campeonato e agora na Liga dos Campeões, também não está a correr muito bem. Então se calhar é bom manter sempre o mesmo uns e tentar aqui outro, outros modelos e no terceiro caso a mesma coisa no.
00:31:01:19 – 00:31:03:14
Jorge Correia
Norte seja com são do Porto.
00:31:04:00 – 00:31:28:06
Jorge Humberto Dias
É verdade. Também se nota que nas últimas conferências de imprensa está muito mais controlado, não tão explosivo e a mostrar uma calma que não era conhecida. E eu penso que isso é muito interessante. Significa que o profissional quer chegar a um topo ainda mais longe que se continuasse com o mesmo modelo anterior. Se calhar não quer.
00:31:28:06 – 00:31:45:08
Jorge Correia
Dizer que é possível podermos nós na nossa vida de comuns mortais, reciclar nos aquilo que são traços da nossa personalidade e tornarmos equilibrarmos e melhorarmos sem ser a fingir. É possível fazer isto?
00:31:47:00 – 00:32:09:21
Jorge Humberto Dias
Eu acredito que sim, por princípio, mas na realidade o que eu vejo é que esse processo é muito lento. Mesmo que as pessoas queiram fazer essa mudança, nem sempre na prática nós vemos uma velocidade tão grande como seria desejável. Mas sim, eu vejo só que mais a médio longo prazo e não tanto a um curto prazo.
00:32:10:15 – 00:32:32:27
Jorge Correia
Nós já falamos dos patrões e dos chefes que têm autonomia e capacidade de formar e de fazer a sua agenda e, portanto, preocupações, mas não necessariamente stresse. Ninguém anda atrás deles. Vamos a um nível um bocadinho abaixo, onde temos chefias intermédias que por um lado têm que organizar as suas equipas e organizar as coisas que há para fazer.
00:32:33:13 – 00:32:41:13
Jorge Correia
E do outro lado tem os chefes que que marcam a agenda lá está. Como é que este se sentem, o que é que, o que é que lhes dói e o que é que os torna felizes?
00:32:42:24 – 00:32:56:20
Jorge Humberto Dias
Essa questão é muito interessante porque já que na pergunta entre duas ou três perguntas atrás eu estava a pensar pois se os que estão no topo são os mais felizes com os que estão na base, são os mais infelizes.
00:32:56:20 – 00:32:57:16
Jorge Correia
Tendencialmente.
00:32:57:18 – 00:33:24:13
Jorge Humberto Dias
Porque dependem sempre de todos na equipa. Às vezes até têm informações contraditórias que o pior que pode acontecer. Os intermédios eu diria que também será uma felicidade intermédia, mas por um lado podem ter alguma margem de liberdade e de gestão perante os outros que estão abaixo da hierarquia. Falando desta forma, mas depois tem que prestar contabilidade, não é fazer relatórios para os que estão acima.
00:33:25:22 – 00:33:38:03
Jorge Humberto Dias
Portanto, ele é nesse momento de prestação de contas que o stresse vem e que as preocupações vêm. E, portanto, esse talvez seja o momento de tentar ver a melhor forma de ganhar esse.
00:33:38:03 – 00:33:39:14
Jorge Correia
Processo de que eles se queixam.
00:33:40:19 – 00:33:41:11
Jorge Humberto Dias
Normalmente, que.
00:33:41:22 – 00:33:43:22
Jorge Correia
O que é que os torna infelizes? No fundo não é.
00:33:44:02 – 00:34:04:25
Jorge Humberto Dias
É a falta de autonomia, de autonomia, tem sido. Tem sido apontada como uma das principais razões no contexto organizacional, como um dos principais contributos para a felicidade do trabalho. Portanto, por isso é que se procura tanto o teletrabalho. Por isso é que se procura tanto o os horários flexíveis e muitas outras ferramentas de agilidade.
00:34:04:25 – 00:34:15:14
Jorge Correia
Se o não estiver na linha de vista. Logo para conseguir fazer as minhas coisas, com o meu tempo, com o meu ritmo e com a minha capacidade, sem ter que estar permanentemente na linha de fogo.
00:34:16:11 – 00:34:35:20
Jorge Humberto Dias
Porque todas as pessoas são diferentes. E se nós temos uma linha de montagem com o modelo igual para todos e vai dar problemas, não vai funcionar com todos. Não é isso que é ter bons resultados. Não posso agir desta forma. Se o permite o teletrabalho, então essas pessoas vão conseguir chegar lá doutra forma.
00:34:35:20 – 00:34:45:21
Jorge Correia
E isso não angustia aquilo que estão lá em cima e que olham à volta e dizem Mas onde é que estão as minhas tropas? Não estão aqui, estou em casa. O que é que é que está a acontecer ou não?
00:34:45:24 – 00:34:59:10
Jorge Humberto Dias
Porque eu acho que não pode angustiar determinado tipo de líderes, claro, mas mais assertivos, talvez ou menos, menos democráticos ou talvez mais materialistas possíveis, etc.
00:34:59:16 – 00:35:00:27
Jorge Correia
Ouviu menos nas suas equipas?
00:35:00:27 – 00:35:31:23
Jorge Humberto Dias
Sim, provavelmente crises de confiança onde depois proliferam ambientes mais tóxicos, etc. Mas o verdadeiro líder, não o verdadeiro líder, quer olha, daqui um mês quer estes resultados, como é que chega lá? É a autonomia. E aí que é fantástico ver que às vezes há pessoas que aproveitam para ir buscar o filho à escola, não poderiam fazê lo e depois pagam um preço por isso, mas que também podem recuperar facilmente que então o meu filho agora está a dormir às 21h00 e.
00:35:31:25 – 00:35:32:15
Jorge Correia
Eu vou trabalhar.
00:35:32:25 – 00:35:33:09
Jorge Humberto Dias
Seis meses.
00:35:33:15 – 00:35:58:14
Jorge Correia
E lá está é com uma maior felicidade, porque é uma recompensa para um lado familiar que cumpri a minha obrigação, meu desejo junto da minha família e, por outro lado, agora eu tenho que trabalhar e vamos sair. Vamos fazer coisas. Vamos então aqueles que fazem mexer a máquina e que estão na base da pirâmide, os testes de diagnóstico mostrando aqui o que, que, porque aquilo que eles querem, que estão felizes.
00:35:59:08 – 00:36:02:01
Jorge Humberto Dias
A mim não é. O número tem vindo a aumentar.
00:36:03:13 – 00:36:04:09
Jorge Correia
Isso é preocupante? Não?
00:36:04:17 – 00:36:28:09
Jorge Humberto Dias
É claro que sim. Claro que sim. Preocupante a todos os níveis e muitas vezes o que se fala é a instabilidade na organização e aquilo que nós poderíamos considerar. A âncora da organização, que em muitos casos está apenas no website. Quando falamos da missão dos valores, dos códigos de ética e de conduta.
00:36:28:21 – 00:36:34:20
Jorge Correia
Que estamos a perder a cultura nas empresas, claro.
00:36:34:21 – 00:36:39:04
Jorge Humberto Dias
A cultura como estratégia. Porque no almoço é isso mesmo. Famosa frase do Peter Drucker.
00:36:39:21 – 00:36:46:09
Jorge Correia
E o que é que acontece se se essa cultura se for esvaindo, se começar a haver um deslocamento.
00:36:47:12 – 00:36:52:17
Jorge Humberto Dias
Bom, pode reduzir a performance, a produtividade.
00:36:53:18 – 00:36:54:11
Jorge Correia
Eu quero lá saber.
00:36:54:20 – 00:37:14:19
Jorge Humberto Dias
Claro, pode. Pode acontecer a maior instabilidade. Todas que quando um líder diz hoje para fazer isto esta semana, o nosso objetivo é este para a semana seguinte. Afinal já não é isso e outra coisa é isto constantemente gera depois as instabilidades emocionais e psicológicas habituais e eventualmente, burnout, etc.
00:37:14:25 – 00:37:40:10
Jorge Correia
Portanto, no fundo, quase vi um catavento virar se para o lado em que o vento está. E é ninguém saber que o que conta na missão pode acontecer. Uma equipa de futebol pode acontecer numa, pode ser um, pode acontecer. Eu quero falar da escola, mas não quero deixar fugir o tema do tema do desporto, porque a mim me interessa e é na correlação com a ética do desporto.
00:37:40:21 – 00:38:20:14
Jorge Correia
Não estou a falar. Já não quero falar do desporto profissional, do futebol profissional, porque seria um caminho, se calhar demasiado, com mazelas, pedras. Mas quero falar no futebol juvenil, nos miúdos de dez anos, de 12 anos que jogam futebol, campos por onde eu também passo muitas vezes o que é que está a acontecer quando um grupo de pais de crianças estão a ver as suas crianças de dez anos, 12 anos, 13, 14 anos a jogar futebol e se transformam em selvagens numa numa bancada selvagem.
00:38:20:19 – 00:38:21:06
Jorge Humberto Dias
Os próprios pais.
00:38:21:06 – 00:38:38:24
Jorge Correia
Os pais, os pais não são as crianças, não os pais, na maneira como insultam um árbitro, na maneira como gritam, de como gritam exigências com os seus filhos, na maneira como cobram, sobre o desempenho de crianças muito pequenas que estão no fundo apenas a praticar desporto.
00:38:39:18 – 00:39:01:15
Jorge Humberto Dias
Pois isso vai de encontro aos resultados que nós temos. De facto, nós somos mais chamados para intervir nesses nesses temas e nesse sentido, temos estado a dar formação a pais. Só que o desafio depois é fazer com que eles apareçam e às vezes os próprios clubes nos dizem que bom tiveram que em 20, 30 pais, mas aqueles que deveriam realmente.
00:39:01:16 – 00:39:02:15
Jorge Correia
Devia ouvir.
00:39:02:26 – 00:39:31:26
Jorge Humberto Dias
E fazer este workshop não vieram exatamente, portanto, mas é um caminho, não é o que eu acredito que é. Já tive várias crianças nesse sentido que eu acredito que alguns pais que participam depois acabam, mais cedo ou mais tarde, influenciar indiretamente os outros que realmente precisam. Agora, o que acontece é que nós estamos aqui num fenómeno social bastante interessante, sinalizado que para já há pressão dos pais para que todos sejam Cristiano Ronaldo.
00:39:32:07 – 00:39:36:11
Jorge Correia
Coisa que obviamente já todos devemos saber. Não é que não acontecerá.
00:39:37:04 – 00:40:05:13
Jorge Humberto Dias
Pois é muito difícil, depois das dificuldades que as próprias famílias têm, os baixos salários, alguns desempregados, etc. Que seja bola, acabam por transferir o que é um momento terapêutico e acabam por transferir para para essa realidade. Portanto, as pessoas estão explosivas, portanto, basta o árbitro fazer uma má gestão de um determinado lance para os pais visitarem aos gritos e, a crer, ressaltar a vedação.
00:40:05:27 – 00:40:31:25
Jorge Humberto Dias
Aliás, agora já nem há vedações, praticamente, o que é muito mais fácil saltar para o relvado e portanto, as suas estão com as emoções à flor da pele e normalmente o que nos pedem. Mas depois também não há o orçamento nos clubes e nós temos trabalhado essencialmente aqui, via um programa do Governo que se chama o Plano Nacional de Ética no Desporto e essa é a forma que temos de ajudar os clubes de forma quase grátis.
00:40:31:25 – 00:40:42:01
Jorge Humberto Dias
Não é fazendo aqui alguma gestão. Temos que tentar de alguma forma responder àquilo que se pretende, que é o que eles pedem, que é a formação para a gestão e controlo emocional.
00:40:43:12 – 00:40:46:09
Jorge Correia
Qual é o impacto que isto tem nas crianças?
00:40:46:27 – 00:40:55:06
Jorge Humberto Dias
É bastante negativo. Nós temos um folheto exactamente sobre este tema e lá temos um teste onde apresentamos cinco ou seis tipos de pais.
00:40:56:12 – 00:41:00:10
Jorge Correia
Então, quais? Porque é esse tipo de pais?
00:41:00:10 – 00:41:14:13
Jorge Humberto Dias
Então temos aquele pai que até é relativamente tranquilo, que vai deixar o seu filho, a sua filha ao treino e então treina a 07h00, às 08h30. Então o pai está casa 8,5. É um.
00:41:14:13 – 00:41:15:23
Jorge Correia
Pai, é desligado, pai.
00:41:15:23 – 00:41:16:27
Jorge Humberto Dias
Apartamento completamente.
00:41:17:11 – 00:41:18:15
Jorge Correia
Pai lá não tenho nada a ver com isso.
00:41:18:26 – 00:41:40:10
Jorge Humberto Dias
Pois vai dar uma volta, vai fazer qualquer coisa e regressa. Depois temos aquele pai que é pai, pode ser pai ou pode ser assim que está a ver. O treino fica ali, de facto, mas de repente diz a míster isso não é bem assim. Se você puser aquele jogador ali na direita, o resultado a ser melhor.
00:41:40:11 – 00:41:41:16
Jorge Correia
Eu, pai, bitaites.
00:41:41:16 – 00:41:42:21
Jorge Humberto Dias
Treinador que exatamente.
00:41:43:27 – 00:41:49:26
Jorge Correia
Criou um problema a criança criou um problema ao treinador. Exatamente, adquiriu dois problemas à mesma altura.
00:41:50:05 – 00:42:06:06
Jorge Humberto Dias
E mais um depois. O terceiro tipo é aquele que fala diretamente com o seu filho e que diz não sei quantos. Então tu não marcar este golo porque não fizeste desta forma? Então, quando chegamos a casa vamos treinar isto melhor e é uma pressão imensa para os miúdos.
00:42:07:14 – 00:42:29:18
Jorge Correia
Constante por um lado, lembrar lhe que ele errou o que é a coisa mais normal do mundo numa idade juvenil e por outro lado, dizer está aqui o teu pai treinador que obviamente vai corrigir essa tua profunda imperfeição. Dizendo isto, claro, enfrenta as suas. As outras crianças enfrentam o seu treinador e portanto temos aqui o terceiro ou terceiro, o terceiro pai ou mãe não interessa exatamente.
00:42:31:12 – 00:42:44:03
Jorge Humberto Dias
Depois há um outro que se revela mais que os árbitros. Portanto, temos o pai o intervir no trabalho, o interferir no trabalho do treinador, outro com o qual a criança é outro com o co-arguido.
00:42:44:06 – 00:42:44:25
Jorge Correia
A culpa é do árbitro.
00:42:44:25 – 00:43:04:10
Jorge Humberto Dias
Sempre exato. Portanto, este durante a semana não faz grande coisa. Mas quando chega ao sábado, ao domingo, o dia do jogo não é. Então o alvo é sempre o árbitro e sempre com uma linguagem mesmo muito negativa, não é? E portanto, a desculpa é exatamente essa imprensa. Há que criticar o árbitro para justificar o que for.
00:43:04:15 – 00:43:09:21
Jorge Correia
Qualquer coisa e, portanto, cá está. Existe um modelo de familiar perfeito.
00:43:10:13 – 00:43:30:04
Jorge Humberto Dias
Depois, o último tipo de pai é aquele. Depois tem lá uma série de tópicos e nós aconselhamos os pais e não não criticar o árbitro porque o árbitro é humano e mesmo que falhe, temos que estar preparados para isso. Não é porque houve essa arma. Tem de se piorar. Às vezes até exploramos isso. Gostam quando os árbitros não vêm ai não.
00:43:30:11 – 00:43:39:05
Jorge Humberto Dias
O jogo não tem o mesmo interesse e por aí fora. Até porque, pois às vezes tem que ser uma pessoa que está na bancada, que vai arbitrar e ainda pode ser pior, que fica.
00:43:39:05 – 00:43:42:05
Jorge Correia
Com a batata quente na mão.
00:43:43:00 – 00:43:57:08
Jorge Humberto Dias
Depois a questão da gestão emocional, então só sei que ele quer criticar o seu filho. Faça o só individualmente e de forma calma e objetiva e prefira. É importante gostar. É um programa quase de formação para pais no desporto.
00:43:58:10 – 00:44:02:21
Jorge Correia
Vamos para a escola e é possível aprender esta coisa da felicidade.
00:44:03:13 – 00:44:10:27
Jorge Humberto Dias
Sim, e tem. Se temos tido um impacto bastante interessante. O programa Repescou vai agora para a sexta edição.
00:44:12:11 – 00:44:13:04
Jorge Correia
Do programa e isso.
00:44:13:27 – 00:44:35:26
Jorge Humberto Dias
É um programa do governo, do Ministério da Educação, começou. Penso que em 2019, se não falha a memória com o pequeno Palestra, fomos convidados para ir lá que gostaram tanto do nosso projeto de investigação que disseram vocês estão mais um bocadinho virados para as organizações. Então é aplicar isto na educação.
00:44:36:23 – 00:44:38:23
Jorge Correia
Numa grande organização muito grande.
00:44:38:27 – 00:45:00:18
Jorge Humberto Dias
É verdade que a verdade é dos ministérios maiores, sem dúvida mais complexo, mas desafiante. Nós não olhamos para trás as dificuldades e aceitamos. Então vamos lá construir um programa. Construímos e em muito já estamos a fazer a primeira edição e pelos vistos está a funcionar porque nós não obrigamos as pessoas a participar. Já vai para a sexta edição, vão à escola?
00:45:00:18 – 00:45:19:03
Jorge Correia
Pergunta um. Podemos seguir a mesma regra de que se queixam os alunos? Vamos, no fundo, porque estes é que são os princípios principais destinatários. Nós, de vez em quando, esquecemo nos que tentar o principal da escola são os alunos dos hospitais, são os doentes, a começar pelos alunos. O que nos dizem as crianças? O que dizem as crianças desses estudos de avaliação da felicidade?
00:45:19:17 – 00:45:25:07
Jorge Humberto Dias
Bom, os jovens querem um ensino interessante. É o princípio, o principal tópico.
00:45:26:12 – 00:45:33:10
Jorge Correia
Com essa declaração quero quero quase adivinhar que alguns dizem que há momentos em que a coisa não é assim.
00:45:34:09 – 00:45:51:05
Jorge Humberto Dias
Pois provavelmente queixam se do excesso de trabalho também. Portanto, aqui, quando nós falamos em vários tipos de modelos, vêm vem a cidade a que gostamos, do modelo daquele país que só tem aulas de manhã e atividades extra curriculares à tarde.
00:45:51:16 – 00:46:06:24
Jorge Correia
Porque nós temos horários praticamente absurdos, alguns completamente cheios, e o resultado disso é mesmo catastrófico para o processo de aprendizagem a partir das duas às 16h00. Provavelmente ninguém vai reter nada na cabeça.
00:46:07:08 – 00:46:32:02
Jorge Humberto Dias
Sim, e temos um sistema bastante pesado. É um facto quer para alunos, quer para profissionais docentes e não docentes. E portanto estamos a passar a mensagem de que a vida é para trabalhar, que do ponto de vista quantitativo está a faltar aqui a parte qualitativa. Não é o que nós tentamos oferecer no nosso programa, é mostrar. O nosso programa tem como principal alvo os diretores escolares.
00:46:32:07 – 00:46:40:11
Jorge Humberto Dias
Nós temos 812 Kings por aí em Portugal, portanto, seis edições 150. O que é que.
00:46:40:11 – 00:46:41:26
Jorge Correia
Eles dizem os diretores?
00:46:42:16 – 00:47:02:20
Jorge Humberto Dias
Eles não. Eles reconhecem que têm autonomia, têm ali uma certa autonomia para poder intervir e melhorar. E o nosso programa vai nesse sentido. O primeiro desafio que fazemos é estar alinhado com o propósito da felicidade. Os que dizem que sim, porque Miguelito não é um famoso, mas alguns ficam calados.
00:47:02:20 – 00:47:03:10
Jorge Correia
Alguns duvidam.
00:47:04:10 – 00:47:07:27
Jorge Humberto Dias
E a gente fica a pensar esses uns ficam calados. Não sabemos muito bem. Lá está.
00:47:07:27 – 00:47:16:09
Jorge Correia
O propósito. Lá está a motivação como crítica para que? Para que qualquer programa possa ter e que se possa passar a funcionar exatamente entre os professores.
00:47:16:25 – 00:47:22:11
Jorge Humberto Dias
Com os professores, são os principais interessados, porque São os que estão pior nessa situação.
00:47:23:16 – 00:47:24:22
Jorge Correia
Estão na linha da frente.
00:47:24:22 – 00:47:25:08
Jorge Humberto Dias
Estão na linha.
00:47:25:08 – 00:47:39:04
Jorge Correia
Da frente. Por um lado, com excesso de alunos com horários completamente loucos, com não saber se não têm aulas, não têm uma vida desgraçada. De alguma maneira, os salários também são baixos. Isso aparece tudo, tudo está felicidade.
00:47:39:15 – 00:48:05:12
Jorge Humberto Dias
Sim, nós no nosso survey, uma das perguntas que é sobre o salário. É interessante que depois perguntamos a todos da mesma pergunta. Perguntamos encarregados de educação que o nosso modelo tem quatro níveis para o pessoal docente, pessoal, não docente, alunos e encarregados de educação. Depois cruzamos toda essa informação e perguntamos em casa porque se acha que o professor tem um bom salário, um salario adequado e tal é também opinião negativa.
00:48:06:00 – 00:48:12:01
Jorge Correia
Portanto, há uma consciência de que de que esta gente está a paga abaixo daquilo que que devia estar a ser paga?
00:48:12:08 – 00:48:12:23
Jorge Humberto Dias
Sim, e.
00:48:13:00 – 00:48:14:07
Jorge Correia
Porque é que isso tem um impacto?
00:48:14:12 – 00:48:36:09
Jorge Humberto Dias
Sem dúvida. Sem dúvida, a fatura é a uma ou já. Se calhar há 20 anos atrás nós ligamos o telejornal e não se falava de educação. Era muito raro. Agora parece que está a ser alvo de atenção por parte da comunicação social e é uma constante. E isso também acaba por informar a sociedade que o que é ser professor e o que é que as pessoas veem ser professora e andar a percorrer o país.
00:48:36:27 – 00:48:46:24
Jorge Humberto Dias
Por exemplo, no caso de Lisboa, Porto e Algarve, com 1.000 € por pagar um quarto, se calhar por 400 € ou 508 a ser simpático. Um absurdo, portanto, não funciona.
00:48:46:24 – 00:48:48:01
Jorge Correia
Não há ninguém que seja feliz assim.
00:48:48:06 – 00:48:50:10
Jorge Humberto Dias
Ninguém quer ser professor. Plante esta imagem e.
00:48:50:10 – 00:48:58:02
Jorge Correia
Mesmo quem quem está está obviamente sempre em processo de dor e torna muito difícil, por mais educação que tenha para fazer um bom trabalho.
00:48:58:10 – 00:49:13:15
Jorge Humberto Dias
Sim, e as informações que estamos a receber agora neste ano letivo é que estão a aparecer muitos jovens professores nas escolas e até o pessoal docente até diz, em tom de brincadeira, que eu pensava que era aluno.
00:49:13:25 – 00:49:14:06
Jorge Correia
Enfim.
00:49:15:06 – 00:49:21:15
Jorge Humberto Dias
Houve uma senhora um dia que disse a que estava a dizer aquele jovem você não votaria em esperar pelo professor feliz, mas eu sou o professor.
00:49:23:21 – 00:49:38:20
Jorge Correia
E tu e as famílias, as famílias que estão aqui por um lado, com as suas crianças. Por outro lado, na relação com a escola, como é que elas estão? Como é que é que que se que sinais fumam e que as famílias não estão a.
00:49:38:20 – 00:50:05:12
Jorge Humberto Dias
Dar às famílias razão alguma preocupação porque têm receio que os seus jovens não tenham emprego e, portanto, aqueles pais mais participativos e que revelam um maior interesse que dão aqui um contributo muito interessante, que é como é que a escola poderia melhorar no sentido de facilitar o processo de integração no mercado de trabalho por parte dos mais jovens.
00:50:07:01 – 00:50:25:21
Jorge Humberto Dias
E, portanto, isso aí faz me pensar, se calhar que poderíamos ter algumas alterações e não ter disciplinas com conteúdos iguais. Não quero estar a exagerar, mas há quase 100 anos não é? E sabemos que depois, quando for para o mercado de trabalho, não vão usar estes conteúdos e estão.
00:50:25:21 – 00:50:26:24
Jorge Correia
Lá quase por tradição.
00:50:27:01 – 00:50:27:22
Jorge Humberto Dias
E exatamente.
00:50:28:00 – 00:50:35:19
Jorge Correia
E a escola ouve, ouve. A comunidade está aberta, disponível para fazer essas alterações. Enfim, por.
00:50:35:19 – 00:51:02:24
Jorge Humberto Dias
Princípio, sim. Mas também o que nós ouvimos na prática é que nem sempre isso acontece e, portanto, há aqui um trabalho que é necessário fazer de relacionamento, de talvez melhorar os sistemas de comunicação e depois dar a possibilidade de as sugestões que são feitas realmente integrá las. Na realidade, e me parece que que esses procedimentos ainda não estão muito agilizados.
00:51:03:10 – 00:51:36:07
Jorge Correia
E nós estamos praticamente a fechar a nossa conversa. Há bocadinho falávamos dos filósofos que sobem ao palco como estrelas para fazer palestras. Não resisto a perguntar lhe como é que como é que o filósofo vê o crescimento e a multiplicação dos vendedores de banha da cobra, influência dos vários que propalam a felicidade como um automatismo? E como lê este livro de autoajuda e serás feliz fazendo esta regra dos dez Passo dos Cinco Passos.
00:51:37:25 – 00:51:40:16
Jorge Humberto Dias
Bem, eu acho que nunca conheci uma pessoa dessas.
00:51:41:16 – 00:51:42:16
Jorge Correia
Que quer crescer e.
00:51:43:16 – 00:51:44:18
Jorge Humberto Dias
Eu acho que na minha.
00:51:44:26 – 00:52:07:06
Jorge Correia
Vida basta olhar para a praia, para filhos das redes sociais, para encontrar pessoas que que nós percebemos rapidamente, que que são muito boas a vender uma determinada ideia, mas que suspeitamos que depois a substância é um livro e um livro ou um ou um post que na verdade se auto ajuda ao próprio. Imaginem não é nenhuma comunidade.
00:52:07:26 – 00:52:19:22
Jorge Humberto Dias
Pois eu penso que é um bocadinho a lei do mercado. Se não é, e eu acho que todos seus têm o direito de vender o que acharem interessante, se vendem bem, mas depois o produto não tem qualidade.
00:52:19:25 – 00:52:21:03
Jorge Correia
Podem estar a vender uma ilusão?
00:52:21:22 – 00:52:47:21
Jorge Humberto Dias
Claro que sim, não é? Mas eu nas minhas aulas, gosto da sempre o exemplo da Uber. A Uber no fundo, vende um serviço, mas não faz o serviço. Ou seja, não fale mais aos gritos. Portanto, a Uber não cozinha, não faz a comida, mas vende todo o processo. E eu próprio já experimentei e já reclamei algumas vezes. Claro que a culpa não é do Uber e da outra empresa que faz a comida, não é?
00:52:47:24 – 00:53:05:11
Jorge Humberto Dias
É que em vez de trazer duas pizas, traz só uma. E eu reclamo. E o que é que normalmente a Uber faz? Devolve no dia todo? Interessante, por princípio isto já aconteceu várias vezes e eu já já apresentei caso do mal e os alunos todos, senão a mesma coisa a mim também devolveram Jaime também. Toda a gente diz o mesmo.
00:53:06:00 – 00:53:15:17
Jorge Humberto Dias
Portanto, há aqui um princípio que nós queremos conquistar o cliente, mas sabemos que corremos um grande risco, porque isto acontece, pelos vistos, a várias pessoas.
00:53:15:19 – 00:53:25:20
Jorge Correia
Até porque não controlamos o processo de ponta a ponta e alguma coisa que pode falhar. E então assumem essa perda. No fundo, para garantir que o mercado se mantém a flutuar e.
00:53:26:00 – 00:53:55:04
Jorge Humberto Dias
Portanto, as pessoas acabam. Eu, por exemplo, eu não fui embora e parece que a maioria das pessoas também não vai embora por causa disso. E, portanto, eu penso que o mercado vai se encarregar se algum profissional que está a vender um produto que não tem qualidade. Mais cedo ou mais tarde vai deixar de vender. Não é porque as pessoas não vão uma segunda vez e, portanto, mas também tentar e estivermos a falar, eu penso que a analisar caso a caso e ver se de facto sim ou não.
00:53:55:10 – 00:53:57:05
Jorge Correia
Já são verdadeiras. O que é um dia bom é.
00:53:58:02 – 00:54:10:08
Jorge Humberto Dias
Um dia bom, é um dia em que eu consigo fazer. O que eu mais gosto, por exemplo, é treinar, ir ver o pôr do sol, estar com a família e receber boas notícias sobre os meus projetos profissionais.
00:54:10:15 – 00:54:53:13
Jorge Correia
A ideia de felicidade pode ser mais simples do que parece, ainda que possa ser transitória. Mas se fizermos o que gostamos e gostarmos de quem gosta de nós e tivermos uma autoestima sem grandes remendos, então o caminho fica bem mais fácil até para a semana. E, como dizia outro, façam favor de ser felizes.