Este é um programa cheio de histórias e narrativas cruzadas.
Não fora a convidada uma jornalista, escritora e investigadora do jornalismo que se faz.
Isabel Nery escreveu, por exemplo, a biografia de Sophia de Mello Breyner e como doente, súbita e urgente, descreveu o que sentiu deitada numa maca, sem ninguém acertar com o diagnóstico.
Durante vários anos escreveu na Visão.
E escreveu num modo que junta factos, dos quais os jornalistas são escravos, com uma escrita praticamente literária.
Estes rios de experiências, formas de ver e contar o mundo, redundaram na tese de doutoramento que defendeu recentemente.
A tese avalia o impacto que os textos jornalísticos têm em nós.
Comparando textos escritos da forma mais comum, das notícias do dia-a-dia, com textos do chamado jornalismo literário.
São, por exemplo, as crónicas escritas em grandes reportagens.
Se leram Ernest Hemingwey está lá tudo.
Todavia não são romances. São descrições de factos e emoções reais.
Neste caso usando uma das mais belas descrições de um dos mais terríveis acontecimentos da humanidade: o retrato da vida dos sobreviventes (e vítimas) da bomba atómica em Hiroxima, no Japão.
Este é um programa sobre a honestidade subjetiva da fórmula jornalística moderna.
A foto de Isabel Nery foi tirada por Marcos Borga