Isabel Galriça Neto | Quem tem medo de morrer?

Isabel Galriça Neto | Quem tem medo de morrer?
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Esta edição é sobre um tema tabu.

Um tema de que não se fala. Que não se pensa.

Que se reprime nos pensamentos.

Que se foge enquanto se pode.

Hoje falamos da morte. Do prazo de validade.

E por isso falámos da vida.

Da vida vivida intensamente.

Da vida vivida com propósito.

Vivida com sentido.

Afinal, quem tem medo de morrer?

E quem fala disso?

Quem tem fome de viver?

E que cumpre o que promete na resposta a esta pergunta.

A condição humana impõe-nos um prazo.

Essa espada de Damocles permanece sempre sob a nossa cabeça durante toda a vida.

Mas raramente olhamos para cima. Fingindo que não existe. Que é uma fantasia longínqua.

Se calhar é um esquecimento necessário para continuar a viver.

Este episódio tem tudo a ver com isto. E nada a ver com isto.

Gravei esta conversa com a médica Isabel Galriça Neto em busca de saber as vozes que ouviu ao longo de anos da boca de pessoas no limiar do fim de vida.

De mais de 8 mil pessoas. De mais de 8 mil famílias.

Todos a precisar de cuidados paliativos. De conforto. De humanização. De comunicação. De paz.

Em Portugal vive-se em fulgurante desenrascar e morre-se em chocante desumanidade.

Os hospitais inventados para tratar doentes agudos ou crónicos em movimento tem pouca vocação para paliar o sofrimento.

As famílias encolheram, sobrevivem sem condições de suporte social próximo.

E as unidades de acolhimento, cuidados continuados ou paliativos são escassas. Muito escassas.

Mas este programa — o mais duro e difícil de gravar — é sobre a condição humana.

Sobre os remorsos e arrependimentos do fim de vida, mas, principalmente, sobre os grandes feitos e afetos que deram sentido à nossa vida.

Uma vida bem vivida é uma sucessão de dias bons.

Mas todos sabemos que esta viagem inclui momentos difíceis, derrotas ou sentimentos de vazio.

E nesse ondular existencial a comunicação tem um papel.

Chamo-lhe modelar as expectativas..

O simples repetir dentro da nossa cabeça uma série de frases ora de optimismo, ora de resistência pode ter grandes efeitos.

Comigo funciona.

Não muda nada na realidade, mas muda tudo na perspetiva.

E como sabemos, quase tudo é subjetivo, mesmo a mais objetiva das realidades.

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