Inês Meneses | Há uma arte de escutar?

Inês Meneses | Há uma arte de escutar?
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Viva 2023! Chegou o Ano Novo.

E merece ser celebrado.

Quem inventou esta coisa da passagem de ano, da renovação do ciclo das coisas, foi um génio.

Já imaginaram: alguém inventou um calendário, com um dia final de ano e outro, imediatamente a seguir, a que chamou primeiro dia do ano novo.

Como este simples passo de magia, tudo parece mudar.

Desejamos coisas para o novo ano. Juramos mudar comportamentos. Acreditamos que agora é que vai ser.

E isso funciona. Pelo menos na nossa cabeça.

É um sintoma muito parecido com o que me acontece quando ouço a voz de Inês Meneses. Não é só o timbre, nem as palavras alinhadas e esteticamente polidas.

É o resto. É uma espécie de pirilampo de energia existencial.

E exerce esse magnetismo escutando pessoas.

Que feitiço tem Inês?

Pede para que falem com ela e desconfio que muitos dos seus entrevistados se descobrem no meio das conversas.

A arte de escutar tem muitas regras escritas e outras tantas informais ou implícitas.

Desde logo estar calado para ouvir.

Mas imediatamente indagar para participar na troca que ideias.

O bom perguntador, neste caso a boa perguntadora, tem uma arte e uma regra rígida. A arte é movida pelo combustível da curiosidade insaciável. É isso que a faz querer saber tudo do outro. A regra postula que o importante na conversa que conduz são os entrevistados.

Ouvir é assim um ato de curiosidade humilde.

Só assim as conversas são um serviço aos outros. E cumprem-se sendo significativas.

Autora do programa “Fala com Ela”, agora em forma de livro, contraponto de Júlio Machado Vaz no “O amor é”, da nossa psicanálise coletiva.

Mas hoje é a Inês que fala comigo. E conversa é uma série de ‘matrioskas’, com dezenas de camadas.

Cintilante é uma forma perfeita de descrever esta conversa.

A arte da escuta implica empatia para compreender e aceitar o outro.

Mas também exige que ofereçamos aos outros o nosso sentido da vida.

No fundo, uma conversa é uma espécie de fusão das páginas dos diários de duas ou mais almas.

E por isso tem de ser cintilante. Tem de ser significativo. Ter de ser humano.

Há que cultivar essa generosidade porque ela é multiplicadora.

Falei com ela e ouvi tudo.

Está inaugurado o ano novo.

Bom ano de 2023

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