Henrique Barros | O que aprendemos com a pandemia?

Henrique Barros | O que aprendemos com a pandemia?
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Hoje รฉ dia de falar da pandemia.
Uff! Dizem vocรชs.
Sim, Uff! Digo eu.
Jรก estamos todos mais do que fartos do bicho, da vida parada, dos mil cuidados.
Mas รฉ a vida.
E a nรณs calhou-nos na rifa existencial levar com um vรญrus que se espalhou pelo mundo, que atingiu pessoas, famรญlias e empresas.

Um vรญrus que mata. Que continua a matar.

Mas este รฉ um programa sobre comunicaรงรฃo.
Como falamos e entendemos a pandemia?
Como aceitamos ou protestamos contra as restriรงรตes?
Como somos mais prevenidos ou pelo contrรกrio mais avessos a medidas de proteรงรฃo da saรบde de todos nรณs.

Tudo isto รฉ comunicaรงรฃo.
E as sociedades criam diรกlogos internos que evoluem depois para consensos gerais.
Nesta ediรงรฃo falamos de epidemiologia, de regras e de liberdade.

As televisรตes, rรกdio e jornais encheram-se de especialistas, pseudoespecialistas, bons falantes ou simples oportunistas.
Todos seguiram a marรฉ da pandemia para aproveitar as luzes dos focos mediรกticos.

E este fenรณmeno fascina-me.
O simples facto de existir uma cรขmara ligada, um microfone apontado ou um ouvido atento de um jornalista gerou uma torrente de explicadores, opinadores ou, na pior das hipรณteses, de manipuladores da opiniรฃo pรบblica.

Deixe-me separar estas personalidade em dois grupos: aqueles que tem um saber prรณximo das รกreas sobre as quais dรฃo respostas pรบblicas e aqueles que tem exposiรงรฃo mediรกtica gratuita e permanente por isso aproveitam para falar da espuma dos dias.

Hรก ainda outra divisรฃo: os que apenas querem encher ego e vaidade pessoal com pรณs de maquilhagem e luzes fortes. E os outros, que usam o espaรงo para distorcer, manipular ou criar perceรงรตes falsas nos recetores da mensagem.

Excluo claro desde jรก os que sabem mesmo do que falam.
Porque estudaram. Porque pensaram.

Pensando nisto tudo decidi telefonar a um dos mais conhecidos, reputados e sabedores da arte da saรบde pรบblica.
Da defesa da saรบde pรบblica.
E como sabemos que estamos a falar com um sรกbio?
Alรฉm do reconhecimento dos pares, da produรงรฃo cientifica e do trabalho feito hรก mais uma caracterรญstica: dizerem muitas vezes a frase: โ€œnรฃo seiโ€.
O que me gera logo a vontade de perguntar โ€œEntรฃo quem รฉ que sabe?โ€
Falei com Henrique Barros. Ele dirige o Instituto de Saรบde Pรบblica da Universidade do Porto.
Passa a vida a explicar aos decisores pรบblicos como atuar em situaรงรตes com a atual pandemia.
E eu carreguei-me de optimismo na esperanรงa que para que a crise que vivemos pudesse ter algo para aproveitar

A pandemia pode afinal ainda durar mais do que tรญnhamos esperado.
O vรญrus mostra diariamente que รฉ global.
E mesmo em paรญses como o nosso, com uma cobertura vacinal praticamente total, com um mundo a descoberto hรก sempre novas variantes ร  espreita.
E na comunicaรงรฃo palavras como ameaรงa, medo e morte tem sempre uma forรงa grande.
Mas liberdade, democracia e vontade de viver na comunidade tambรฉm tem.
Haja esperanรงa.

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