Já ouviram a expressão “partir o elefante às postas?”
Sim, quando o problema é demasiado grande ou o objetivo demasiado longínquo.
Sim, partir os elefantes aos pedaços ajuda na sua digestão e assusta menos.
As organizações têm este problema todos os dias para resolver.
As grandes organizações têm este problema numa escala ainda maior.
E cada um de nós tem o nosso próprio jardim zoológico de questões para resolver.
Eduardo Zugaib tentou ajudar-nos a resolver a grande embrulhada da complexidade em que nos metemos.
Não só o tamanho dos problemas, mas também o conflito de personalidades e de agendas diversas, na sociedade, nas organizações e até, nas famílias.
Ele propõe criar pequenas rotinas, os tais pouquinhos, para criar dinâmicas positivas, simples e com resultados sustentados.
Contudo, não chega. É preciso que haja propósito firme, alinhamento e principalmente empatia.
Tudo baseado numa forma de comunicar que ele batiza de 5.0
E este é que é o verdadeiro segredo do Eduardo: a comunicação empática.
Que se centra no outro e não no seu umbigo.
O que nos leva ao seu principal mantra: a excelência é um hábito.
E dá para falar disso. E praticar muito.
TEMAS
Regularidade e sustentabilidade (00:02:36)
Eduardo Zugaib fala sobre a importância da regularidade e sustentabilidade na busca pela excelência, tanto em processos pessoais de transformação quanto no desenvolvimento das lideranças das organizações.
Aristóteles e a excelência como hábito (00:03:26)
Eduardo Zugaib cita Aristóteles e sua frase “a excelência não é um ato, é um hábito” para explicar a importância da regularidade e dos pequenos hábitos na busca pela excelência.
Valores e cultura organizacional (00:04:50)
Eduardo Zugaib discute a importância de perceber quais são as pequenas atitudes que ajudam a tornar os valores e a cultura organizacional em uma realidade percebida, e não apenas uma retórica que não é vivida no dia a dia.
Identificação de valores (00:07:27)
Eduardo Zugaib fala sobre a importância de identificar os valores da organização e confrontá-los com a realidade atual.
Liderança tóxica (00:11:27)
O impacto negativo da liderança tóxica na cultura da empresa e a importância do feedback e da correção de desvios de conduta.
Liderança empática (00:13:56)
A diferença entre liderança tóxica e empática, e como desenvolver uma liderança mais voltada para o bem-estar do grupo e menos para o sucesso individual.
Queda do líder (00:14:37)
Eduardo Zugaib fala sobre a inevitabilidade da queda de um líder e a importância de ter apoio da equipa para se reerguer.
Custo humano do resultado (00:15:55)
O custo humano de um resultado é discutido, incluindo absentismo, rotatividade e impacto no desenvolvimento da organização.
Liderança empática (00:17:29)
O que é uma liderança empática é discutido, incluindo a importância de ouvir, entender e construir uma equipa diversa e preparada para lidar com a complexidade do mundo.
Revolução do Pouquinho (00:21:45)
Eduardo Zugaib fala sobre o seu livro “Revolução do Pouquinho” e dá dicas sobre como fazer mudanças pouco a pouco.
Adaptabilidade e Inércia (00:22:27)
Eduardo Zugaib discute a importância da adaptabilidade e da resiliência para enfrentar desafios e evitar a inércia.
Conforto e Sustentabilidade (00:26:10)
Eduardo Zugaib critica o discurso de sair da zona de conforto e defende a importância da sustentabilidade para alcançar a excelência de forma confortável e sustentável.
Humor e Leveza (00:28:06)
Eduardo Zugaib fala sobre a importância do humor e da leveza, mas com conta, peso e medida, para lidar com as dificuldades e desafios da vida.
Importância do Humor na Educação do Adulto (00:29:37)
O humor e o riso permitem ao adulto ter um pensamento mais criativo e abstrato, competência cada vez mais exigida pelo mercado. Além disso, o humor torna o ambiente mais leve e dispara hormonas relacionados ao sentimento de satisfação e prazer.
Autoconhecimento e Bom Humor (00:33:49)
Conhecer-se a si mesmo é fundamental para desenvolver o bom humor e a capacidade de rir de si próprio, tornando o ambiente mais leve e as pessoas menos julgadoras. A auto exigência pode ser perigosa e a ressignificação é importante para evitar a culpa e o julgamento excessivo.
Importância da autoavaliação (00:35:03)
Eduardo Zugaib fala sobre a importância da autoavaliação e da coleta de perceções de outras pessoas para evitar pontos cegos e rigidez.
Relação com o erro (00:36:35)
Zugaib defende a importância de ter uma relação saudável com o erro para estimular a criatividade e evitar a síndrome do impostor.
O que motiva Eduardo Zugaib? (00:38:22)
Zoghaib fala sobre o que o motiva atualmente, que são coisas mais simples, como impactar pessoas e provocar questionamentos. Ele destaca a importância de ganhar dinheiro fazendo o que gosta.
Jorge (00:00:12) – Ora vivam, bem-vindos ao Pergunta Simples, o vosso podcast sobre comunicação. Convidara um provocador profissional, tem sempre o seu encanto e os seus riscos. Nunca sabemos por onde vai, nunca sabemos o caminho por onde nos leva e isso é surpreendente e faz-nos ficar a pensar. Nesta edição escutamos Eduardo Zogaibe, brasileiro, comunicador e provocador. Ele é um especialista em processos de mudança com forte vertente de comunicação.
Jorge (00:00:41) – É praticante da arte, devagar se vai ao longe, ou na sua linguagem própria, a Revolução do Pouquinho. Vamos lá saber tudo sobre estes métodos de fazer revoluções aos pedacinhos juntando liderança, comunicação e hábitos regulares. Vamos a isso? Vamos ao programa. Vamos ao programa.
Jorge (00:01:11) – Já ouviram a expressão partir o elefante às postas? Sim, quando o problema é demasiado grande, ou o objetivo demasiado longínquo, então sim partir o elefante aos pedaços ajuda na sua digestão e assusta menos. As organizações têm este problema todos os dias para resolver e as grandes organizações têm este problema numa escala ainda maior. Cada um de nós tem um seu próprio jardim zoológico de questões para resolver. Eduardo Zoghaib tentou ajudar-nos a resolver a grande embrulhada da complexidade em que nos metemos.
Jorge (00:01:44) – Não só o tamanho dos problemas, mas também o conflito de personalidades, de agendas diversas na sociedade, nas organizações e até nas famílias. E ele propõe-se criar rotinas, os tais pouquinho para criar dinâmicas positivas e simples com resultados sustentados. Só que não chega. É preciso que haja um propósito firme, que haja um alinhamento e, principalmente, que haja empatia. Tudo baseado numa forma de comunicar que ele batiza como 5.0.
Jorge (00:02:12) – E é este o verdadeiro segredo do Eduardo, a comunicação empática que se centra no outro e não no seu bico. O que nos leva ao seu principal mantra, a excelência é um hábito. E dá para falar disso e praticar muito. Não tem a ver com processos, tem mais a ver com o propósito, com a simplicidade e com a repetição.
Eduardo Zugaib (00:02:36) – A explicação para isso é algo chamado regularidade, regularidade, sustentabilidade. E Jorge, digo para vocês aí, para todos que estão nos acompanhando, Isso não é o Eduardo que inventou. Uma pessoa um pouco mais antiga que nós, um tal de Aristóteles, vocês já devem ter ouvido falar, ele já falava disso há mais de 2 mil anos. E tem até uma frase atribuída a ele, nós não sabemos até onde isso se distorceu ao longo do tempo, mas que há um pensamento relacionado a Aristóteles que atribui a vida virtuosa, como se falava aquela época, uma vida de excelência, aquela vida sustentada nos pequenos hábitos, nas pequenas atitudes, nas pequenas virtudes, numa vida que tinha uma regularidade de valores. Então, essa frase que se diz é mais ou menos assim, né?
Eduardo Zugaib (00:03:26) – A excelência não é um ato, é um hábito. Então, eu acredito muito nisso, até mesmo para os processos pessoais de transformação, de mudança, de obtenção de projetos, de construção de resultados, como também a observância que eu venho construindo junto, as organizações que eu tenho tido a oportunidade de treinar, de participar do desenvolvimento das suas lideranças. Porque muitas vezes, Jorge, há um imperativo de um sucesso imediato construído em um evento, construído assim um evento, né? Então, e aí outra coisa que eu trabalho muito forte dentro da Revolução do Pouquim, que é o nome que acaba sendo, o nome que batiza esse processo que você citou, acaba sendo ali justamente a capacidade da gente perceber quais são as pequenas atitudes que nos ajudam a tornar, no caso de uma organização, aqueles valores, aquelas práticas, aquilo que ela entende por cultura organizacional em uma realidade percebida? Porque Não adianta eu ter os meus valores estarem impressos num folheto, no meu site, em algum lugar e isso não ser percebido na forma de comportamento, principalmente pelas lideranças que são ali, que é ali o grupo que vai acabar inspirando todo o restante da organização.
Jorge (00:04:50) – Porque senão aquilo que está escrito nesses folhetos, que estão nos cartazes, que é nós somos assim, nós somos brilhantes, nós somos extraordinários, nós fazemos A, B e C, não passam no fundo de uma propaganda, de uma retórica que não é vivida no dia a dia e por tanto acaba por não acontecer.
Eduardo Zugaib (00:05:06) – Exato Jorge, eu entro exatamente nessa ferida dentro das organizações, exatamente nessa ferida que eu coloco o dedo, porque, e o que é curioso, eu até brinco, né? Eu venho da comunicação, trabalhei muito tempo em agência de propaganda, né? Sou redator publicitário, na essência, enfim, o lado escritor, de certa forma, foi estimulado em quase 18 anos aí de trabalho em agências, departamentos de marketing, produtoras de conteúdo, de vídeo. E assim, uma coisa que a gente percebe é que ainda existem organizações que quando vão discutir propósito e valores, contratam uma agência para definir isso, definir o texto disso, não é construído dentro da empresa. Ou seja, ele compra um produto que alguém vai criar e que de repente vai usar palavras da moda, vai usar, enfim, aqueles modismos corporativos para tentar criar uma categoria de valores que esteja relacionado ao que a empresa tem de aspiracional.
Eduardo Zugaib (00:06:07) – E aí começa o grande vale, o grande gap que existe entre o que nós desejamos ser e o que nós somos de verdade.
Jorge (00:06:17) – Então isso é uma mentira porque no fundo nós estamos a criar uma ilusão daquilo que nós gostávamos de ser, vamos encher-nos dessas palavras, não é uma coisa que nos sai do coração, que não saia daquilo que nós acreditamos mesmo, mas é alguém da propaganda que inventou estas frases bonitas e depois eu quero imaginar que um líder para convencer a sua tribo, as suas tropas a fazerem aquilo, a convencer a fazer aquilo que elas não sentem, temos um problema, não é?
Eduardo Zugaib (00:06:46) – Temos um problema, porque não é algo legítimo. Agora, ao mesmo tempo, isso, existem empresas assim, mas também existem empresas muito preocupadas em traduzir verdadeiramente quais são os seus valores, qual é a sua cultura, quais atitudes tornam esse valor percebido dentro e fora do balcão da organização.
Jorge (00:07:08) – E como é que elas fazem? Como é que estas empresas que fazem a coisa bem feita, que andam à procura do que são e de como funcionam, imagine com empresas e também com pessoas, como é que nós encontramos dentro de nós esses valores e como é que transformamos isto num processo honesto que começa pelo ser e depois é que vai para o parecer?
Eduardo Zugaib (00:07:27) – Isso tem que começar numa leitura muito humilde e muito honesta da própria história da organização. Quando a gente começa a pensar em valores, é inevitável irmos na nossa história. Os nossos valores nasceram na nossa história. Então, provavelmente ali, quando havia o fundador, a família que iniciou aquela empresa, a maior parte das empresas nasceu dentro de uma família, dentro de um movimento familiar, tanto que até uma ilusão, né, dizer, ah, a empresa é familiar. Quase todas as empresas nasceram familiares, então, né, e com o tempo vão crescendo, vão se profissionalizando, vai ganhando um quadro mais assim de executivos contratados no mercado.
Eduardo Zugaib (00:08:05) – Porém assim, é preciso ter muita honestidade quanto aquilo que nos trouxe até aqui para identificar quais são esses valores. No segundo momento, colocar isso em confronto com a realidade de hoje para perceber se aqueles valores lá daquela época conversam com o nosso propósito no dia de hoje, se aquilo vai validar aquilo que é a nossa intenção de nos posicionarmos enquanto um produto, um serviço, uma ideia, enfim, tudo aquilo que de certa forma torna a empresa uma razão social, uma razão de servir a sociedade. E aí começa um trabalho que envolve muitos rituais, principalmente com as lideranças, que vão desde rituais de compartilhamento, construção dessa realidade que tem que ser construída pelo time de lideranças, não é uma realidade que desce de cima para baixo, Ela pode ser inspirada de cima para baixo, mas há de se ter um monitoramento, principalmente da alta liderança, com aquela liderança intermediária que é onde muitas vezes tudo aquilo que é aspiracional ou que é desejado acaba se esvaiindo, acaba, enfim, encontrando diversos filtros que variam conforme o interesse dessas pessoas dentro da organização e que não necessariamente estão alinhados com o interesse da alta gestão.
Jorge (00:09:27) – Pode haver na liderança, nas lideranças das empresas, nesse dedo que põe na ferida, pode haver interesses diferentes, agendas diferentes que estão a combater uma contra a outra e que depois não encontram esse alinhamento?
Eduardo Zugaib (00:09:42) – Quando é agenda apenas diferente ainda não é tanto problema, o duro é agenda diferente e oculta. Aí começa o problema. Como
Jorge (00:09:50) – é que é isso? Como é que está a agenda oculta? A
Eduardo Zugaib (00:09:53) – agenda oculta é assim, na reunião da liderança eu pactuo, eu concordo com tudo aquilo que está sendo colocado ali, porém eu saio da sala de reunião e já vou fazer totalmente ao contrário daquilo que foi pactuado. Começo a criar agendas que apenas eu conheço as pessoas que fazem parte do meu grupo, do meu grupo de interesse, aqueles que eu quero beneficiar ou construir uma perspectiva de uma estruturinha de poder ali dentro da organização, o meu time vamos chamar assim, eu acabo trazendo apenas para eles e começo a fazer um jogo silencioso nos corretores. E naturalmente Isso acaba deteriorando o tecido social da empresa, até empresa é um tecido social. E quanto mais tivermos clarias dos nossos valores, valores claros declarados, praticados pela liderança e exigidos a sua prática da média de herança e percebidos no mundo lá fora, mas a cultura vai se fortalecer. Significa que uma empresa vai ser 100% aderente àquela cultura?
Eduardo Zugaib (00:10:58) – Não, isso é impossível, isso é ilusão. Mas se trabalha para construir o máximo de pessoas que tenham, primeiro, um alinhamento natural com aqueles valores da organização, que se percebam nos seus próprios valores pessoais em congruência com os valores da organização. E aí, quem não tem de repente essa congruência, trabalha-se para ampliar o campo de visão e perceber como ela pode contribuir dentro daquela estrutura.
Jorge (00:11:27) – Há algo que eu já ouvi falar e que é muito interessante, que é este confronto entre liderança tóxica e de um no outro pólo a liderança empática. Quero acreditar naquilo que estou a ouvir, até no processo de comunicação interna e de alinhamento, que um líder tóxico pode destruir completamente este caminho? Pode, pode, pode e vou te falar uma coisa Jorge,
Eduardo Zugaib (00:11:55) – quando nós falamos liderança tóxica nós pensamos muitas vezes naquela pessoa que tem um comportamento assediador, um comportamento constrangedor, um comportamento que deixa o ambiente pesado. Mas não necessariamente. Uma liderança pode ser extremamente afável com os seus colaboradores, porém tem um nível de permissividade com aquilo que está indo contra as práticas, os rituais, aquilo que é desejado pela organização e, literalmente, essa permissividade vai corrompendo também toda a base. Então, e não dá um feedback, não dá um retorno para a pessoa, não retroalimenta a pessoa de informação para poder corrigir processos ou desvios de conduta, ou situações que são conscientes ou não desse desvio de conduta, né? Porque há de se dar oportunidade para que as pessoas possam se corrigir e atender ao chamado que a organização como um todo tem.
Eduardo Zugaib (00:12:50) – Se ela tem esse chamado, é dado uma devolutiva, é dado um treinamento, é dado uma mentoria, é dado um acompanhamento, é feita uma reunião de alinhamento, realinhamento, aí começa a vir o lado crítico, né? É dado uma advertência, é dado uma suspensão, é dado uma… Chega uma hora que o final é, o final termina com a letra D, demissão, né? Não tem o que fazer. E não significa que a pessoa é errada ou a empresa é errada.
Eduardo Zugaib (00:13:17) – Significa que nós temos duas cadeias de valores diferentes, que naquele conflito dentro daquele espaço, só apenas vão causar dor para ambos os lados, para a organização, porque está apostando em um profissional que já está claro e declarado que não quer fazer parte do negócio e também para pessoa que não está no seu habitat, não está no seu natural, não está conseguindo agir no melhor nível de espontaneidade dela na construção de resultado. Então, quando se chega nessa clareza e percebe-se, poxa, não temos nada a ver a empresa com você ou vice-versa, eu acho que é uma grande bênção na vida de ambos. Nós
Jorge (00:13:56) – temos aqui o líder tóxico por um lado, por outro lado o líder empático, já percebi essa toxicidade pode ser por ação no fundo, quase esmagando os outros, ou pode ser por omissão. Do outro lado, o líder empático é aquele que tem um ego um pouco mais pequeno, mais contido, que pensa mais no todo do que em si próprio. Para alguém que trabalha, que trabalhou muito com líderes de topo, como é que é isso? Como é que os ensina a dominar esse ego e a tornar-se no fundo mais pelos outros, mais pelo grupo e menos pelo seu interesse de que já iria ter sucesso?
Eduardo Zugaib (00:14:37) – Eu tenho um jeitinho um tanto quanto peculiar, um tanto quanto assim só meu de conversar com lideranças. Então quando eu inicio um programa de liderança, tem alguns para iniciar em breve com grandes organizações aqui do Brasil. Uma das coisas que eu falo inicialmente é o seguinte, para liderança, e aí você já caiu, em algum momento você já caiu do seu lugar de líder? Ah, não caí porque eu não, eu sou invulnerável. Então deixa eu te contar uma coisa, senhor líder, se você não caiu ainda, você vai cair.
Eduardo Zugaib (00:15:09) – É apenas uma questão de tempo e de oportunidade, você vai cair. E aí quando você cair, quem estará lá para te apoiar? Quem estará lá para te reerguer? Se você perceber que a sua queda está uma queda livre, ninguém da organização, ninguém da sua equipe, então significa que você está gerindo as pessoas pelo seu próprio ego, apenas para agradar o seu prazer de mandar e desmandar nas pessoas, porém isso não está sendo ou então você pode até estar construindo algum resultado, mas a que custo, que custo sustentável esse resultado está sendo construído? Quantos cadáveres existem pelos corredores da organização para que se consiga, com cada vez mais esforço, mais trabalho, manter aquele resultado.
Eduardo Zugaib (00:15:55) – Então fazer essa equação de o custo que nós estamos tendo, o custo humano, que vai se revelar em índices de absenteísmo, da falta do funcionário, da rotatividade, a quantidade de gente que se demite, que se contrata, o quanto que isso acaba impactando os processos de desenvolvimento
Jorge (00:16:17) – da
Eduardo Zugaib (00:16:19) – organização, porque vamos combinar, é muito melhor você trabalhar alguém que já está imerso na cultura e desenvolver novas competências do que você trazer uma pessoa de fora completamente ainda ali aquela cultura e começar a desenvolver do zero naquela cultura. Então, essas variáveis, esses indicadores acabam aparecendo em algum momento e hoje, Jorge, nós vivemos um momento muito diferente do que se viveu nos anos 80, ali anos 90, né, quando tinha aquela cultura yuppie do resultado obtido, né, de um jeito muito assim impressionado aquela coisa, passava-se o trator em cima das pessoas pra conseguir resultado, coração na gaveta, não quero saber de gente humana que somos todos máquinas, apenas máquinas movidas a resultado. Hoje o mundo tá diferente, hoje qualquer funcionário que enfrenta uma situação de assédio, ele tem uma arminha junto com ele aqui que resolve muito fácil, né? Que cria muitas vezes aquilo que não se conseguia criar para poder levar a cabo uma denúncia sobre assédio moral, sobre assédio sexual, sobre todos os tipos de assédio que existem dentro da organização.
Jorge (00:17:29) – Então, e olhando para o lado bom deste jogo, que é esse líder empático e seguramente já trabalhas-te com líderes que têm essas características por natureza, ou que desenvolveram ao longo do tempo, como é que são eles? Como é que são, como é que, o que é que eles têm de fascinante? Qual é o segredo?
Eduardo Zugaib (00:17:48) – O que ele tem de diferente é que ele se preocupa com as pessoas além do crachá, além do número de registro. Então ele se aproxima e outra, ele não se aproxima apenas, e isso é uma tentação de muitas lideranças. Se aproxima e constrói uma zona de contato, uma zona de conversa ou um ambiente de confiança apenas com as pessoas com as quais ele tem afinidade natural. Vamos combinar, é muito mais fácil amar quem os ama, vamos combinar. Agora, amar, entender, compreender, ouvir, Jorge.
Eduardo Zugaib (00:18:23) – Acho que a principal competência de uma liderança, muito mais do que falar, é ouvir, interpretar, entender, trazer a alma e os desejos, as motivações das pessoas que são singulares na essência para um terreno comum onde possa se combinar aqueles desejos, necessidades e motivações com os objetivos que a organização tem em relação àquela função que ela exerce. Então essa pessoa mais ouve do que fala. Ela ouve, ela ouve, ela investiga, ela abre espaço para que haja opinião, ela não quer ter uma opinião linear dentro do setor que ela lidera. Ela quer ouvir outras opiniões, ela constrói a inteligência do grupo, a inteligência que vai ajudar ela mesma a tomar melhores decisões a partir da diversidade presente no grupo. Ao passo que o líder que não é empático, o que ele faz?
Eduardo Zugaib (00:19:16) – Ele vai liderar apenas para aqueles que lhe agradam, aqueles que simplesmente ou bajulam ou então tentam se modelar e serem algumas cópias, algumas sherox da liderança em termos de comportamento. Então, quando se constrói esse terreno, é um terreno mais complexo? Claro que é, mas a questão é, o mundo lá fora é um mundo cada vez mais complexo. O mundo é pontuado por diversidade e complexidade dos mais diferentes matizes e gêneros. E a gente precisa ter uma equipe que esteja preparada para lidar com essa diversidade e toda essa construção de complexidade que a tecnologia nos traz, que os movimentos econômicos nos trazem, que a experiência do cliente cada vez mais desejosa de novidades nos trazem também a todo instante.
Eduardo Zugaib (00:20:06) – Então, quanto mais diversidade houver numa equipe e o líder conseguir, através de uma gestão empática, perceber cada pessoa que está ali, ouvir, se aproximar, permitir espaço criativo para o erro, permitir transformar erros em processos de aprendizado, é óbvio, um erro quando é novo precisa se transformar em aprendizado. Agora, se há uma insistência, uma recorrência no erro, ele precisa ativar o lado gestor dele, gestor de resultados e tentar minimizar aquilo com processos, com conversas, com alinhamentos, realinhamentos e o que for necessário para fazer com que esse erro se torne algo do passado na empresa. Então o líder empático
Jorge (00:20:50) – consegue
Eduardo Zugaib (00:20:50) – fazer essa geleia, consegue mexer nesse caldeirão de forma que a equipe floresça, cada qual na sua singularidade compondo algo maior para poder atender a complexidade do mundo lá
Jorge (00:21:01) – fora. Estão a gostar do Pergunta Simples? Estão a gostar deste episódio? Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa? Que gesto é esse?
Jorge (00:21:18) – Subscrever. Na página perguntasimples.com tem lá toda a informação de como pode subscrever. Pode ser por e-mail, mas pode ser, ainda mais fácil, subscrevendo no seu telemóvel através de aplicações gratuitas como Spotify, o Apple ou o Google Podcasts. Assim, cada vez que houver um novo episódio ele aparece de forma mágica no seu telefone. É a melhor forma de escutar a pergunta simples.
Jorge (00:21:45) – Há um livro que escreve que é de resto um best seller, tem um curioso nome que é Revolução do Pouquinho, em português de Portugal podemos dizer que passinho a passinho, pouquinho a pouquinho iamos fazer um bocadinho como os jogadores de futebol, no fundo treina muito sempre o mesmo gesto e alguma coisa vai acontecer. Tem dezenas de dicas lá sobre como é que nós podemos fazer essa revolução pouco a pouco e eu escolhi algumas que me interessa ouvir a opinião, por exemplo, um pouquinho mais de adaptabilidade. Quer dizer que se nós conseguimos aqui encolher aqui um bocadinho a barriga, encolher para a esquerda aqui para a direita, que nos conseguimos ajustar é justamente o que estamos a falar. É disso ou é outra coisa?
Eduardo Zugaib (00:22:27) – Sim, adaptabilidade, bom nós somos seres adaptáveis porque se não não estaríamos nem aqui conversando online entre dois continentes. Fala a verdade. Nós somos naturalmente o homem, o homem enquanto humanidade é um ser adaptável, né? Porque senão a gente já havia sido extinto há muito tempo. Então porém trazer isso para processos de cotidiano é o que talvez nos permita sair, muitas vezes, eu não vou chamar de zona de conforto, porque eu adoro conforto, mas eu vou chamar de zona de inércia, que é quando nós simplesmente estancamos diante da evolução que o mundo vai trazendo e ficamos acreditando que está tudo bem, que eu não preciso me preocupar, que eu não preciso aprender mais, que eu não preciso trazer um conhecimento novo, uma competência nova e com isso vamos nos tornando assim, obsoletos em excelência ou excelentemente obsoletos, né?
Eduardo Zugaib (00:23:22) – Eu tenho um nível de performance muito bom, porém eu seguro esse nível de performance por um ano, dois anos, três anos, quatro anos, e o mundo continua subindo as suas curvas, continua subindo a exigência da economia, da tecnologia, da experiência do cliente, de todos os processos que vão nos tornando, nos desafiando a toda a estate. Então, ser confrontado com adaptabilidade, eu acho que talvez seja assim um exercício natural da vida, né? E quando a gente consegue enxergar isso de um jeito que nos possibilita, por exemplo, sobreviver a uma pandemia, né? Com todas as limitações que nós, que somos contemporâneos a esse problema que ainda tá aí, né, num passado muito recente, né, ainda tem um pouquinho de cheiro de pandemia por aí ainda. Descompreendesse dentro desse processo e, principalmente, desse processo de adaptabilidade, que também envolve muita resiliência, conseguir superar aquele desafio ao ponto de crescer com o desafio, eu acho que aí nós chegamos no ponto da adaptabilidade.
Eduardo Zugaib (00:24:28) – E autoconhecimento nessa hora é o que te permite caminhar aquele pouquinho do dia que você precisa para aquele dia para se tornar uma pessoa diferente já um pouco mais adaptada no dia seguinte.
Jorge (00:24:40) – Falou desta questão da zona de conforto, ouvimos sempre os gurus dizer sai da tua zona de conforto, vai embora, arrisca tudo e eu digo sim eu quero aprender mais coisas, eu quero saber mais coisas, está muito ligado a esta questão da aprendizagem, mas isto de sair da zona de conforto à abruta não me parece uma coisa que me fascine especialmente, quero aprender um bocadinho, quero estar confortável noutras coisas, agora sair assim,
Eduardo Zugaib (00:25:06) – ah maluca? Isso é um discurso fácil na boca de muito guru digital, né? Muitos gurus digitais têm esse discurso fácil, esse imperativo, vamos chamar assim, um imperativo instagramico de sucesso, né? Olha, saia da sua zona de conforto, pule fora, porque é aqui fora que as coisas acontecem, aí onde você está não acontece nada. Então eu costumo derrubar um pouco essa crença também quando eu vou conversar com plateias, com palestras, com treinamentos, e digo o seguinte, olha, para pra pensar, a sua melhor performance, aquilo que você faz de melhor, está no limite da sua zona de conforto, né?
Eduardo Zugaib (00:25:45) – Não é lá no meio, é no limite. Imagina que ela é um círculo e aqui no meio você tem até uma zona de complacência, uma zona frouxa, vamos chamar assim, onde está as suas performances antídoticas. Aquilo que hoje você sabe como é que faz, mas não faz mais sentido fazer daquele jeito. Só que a sua alta performance, aquilo que você faz de melhor, tá aqui no limite. E aí o que que esse pessoal fala?
Eduardo Zugaib (00:26:10) – Ah, pula daqui onde você trabalha muito bem e vai lá pra bem longe, né? E você vai cair numa zona de desespero, uma zona de pânico, uma zona de tragédia, de desgraça, porque você não vai ter lastro nenhum, incompetência nenhuma, você até pode vir a aprender algo de uma forma muito dolorosa e olha Jorge, eu não sei você, eu não sei quem nos acompanha, mas eu trabalho muito para ter conforto. Eu não quero largar a mão do meu conforto. Eu trabalho muito, eu me desenvolvo cotidianamente para ter conforto na vida. Eu acho que o homem trabalha para ter conforto.
Eduardo Zugaib (00:26:46) – Então, quando as pessoas demonizam a palavra conforto, eu acho um tanto quanto perigoso, porque você vê muitas vezes pessoas que têm uma carreira inteira construída e aí chega um guru com um discurso um pouco enviesado e convence aquela pessoa a deixar tudo para trás, investe o seu dinheiro aqui no meu curso, que eu vou te ensinar o segredo do sucesso. E o sucesso é bem lá fora, aí o cara não encontra nem sucesso e nem mais o dinheiro dele. Acaba que se perde tudo, em muitos casos assim. Então assim, agora qual que é a revolução do Pouco? Vamos identificar o que nós fazemos de melhor e vamos começar a ampliar a nossa zona de conforto?
Eduardo Zugaib (00:27:25) – Não sair, ampliar, até com que essa performance Chegue naquele que é o seu objetivo, seu desejo, de uma forma sustentável. Eu acho que a palavra que falta pra muito guru por aí é sustentabilidade. E ninguém se perpetua nessa vida sem sustentabilidade. Muita gente tem aquele discurso do foguete não dá ré. No Brasil fala-se muito né, foguete não dá ré.
Eduardo Zugaib (00:27:52) – Eu concordo, foguete não dá ré, mas se ele não for sustentável ele explode. As pessoas se esquecem desse detalhe, o foguete que não é sustentável, ele explode. E nessa explosão muita coisa se perde.
Jorge (00:28:06) – Olha, tu és alguém com um grande sentido humor, com muita leveza. O humor é uma das coisas que tu abordas também. Aqui em Portugal diz-se uma coisa que é muito riso, pouco siso. Entenda-se, se te rires muito é porque não és muito sério, não é para levar muito a sério. E tu dizes, não, esta questão do bom humor, de praticar esta leveza, é também um bom hábito, mas com conta, peso e medida.
Jorge (00:28:31) – Então onde é que estão aqui os gangues e as perdas de uma boa leveza, de uma boa risada, de uma boa gargalhada, de uma leveza? Vamos lá.
Eduardo Zugaib (00:28:41) – Bom, eu acredito que o humor, a gente não precisa ficar rindo de tudo, de todos, de todas as situações, de todas as circunstâncias, a toda hora e todo instante sem qualquer noção do contexto, né? Isso aí não é ser bem humorado, isso é ser maluco, é ser desconectado da realidade, é ser desesperado até, é uma pessoa desesperada, quem ri muito, muito, é muito mais desesperado do que veio morado. Eu conheço pessoas que têm uma aparência, assim, de certa forma formal, que não têm uma risada fácil, mas são pessoas com bom humor, porque têm um estado de leveza dentro de si. Consegue lidar com as dificuldades, com os desafios, com os problemas, com um estado ampliado de leveza que lhes permite o quê? Até ter uma visão um pouco mais amplificada dos problemas que tem e ter muito mais um olhar criativo para lidar, abraçar e conectar a solução para aqueles problemas.
Eduardo Zugaib (00:29:37) – Então, humor e riso talvez sejam coisas que podem caminhar juntas, podem, mas não necessariamente um significa a presença do outro. Porém, aquela coisa, o humor, aí o humor mesmo, o humor do riso, o humor daquela observação espirituosa, aquela observação que dá aquele plot twist, né? Você dá uma invertida no raciocínio que você está sendo, que você está construindo e você inverte a lógica, aí nasce o humor, aí nasce o riso, né. Isso é muito importante porque, principalmente quando nós tratamos da educação do adulto, a tal da andragogia, né? O adulto, ele já muitas vezes caminha por trilhas que já são muito consolidadas, muito rígidas, e isso não os permite abrir a cabeça, abrir a mente de um jeito mais criativo.
Eduardo Zugaib (00:30:34) – Não se permite um pensamento, como é que se diz, um pensamento abstrato, que é uma das competências hoje cada vez mais exigidas pelos indicadores econômicos do Futura, Fórum Econômico Global, aponta aí o pensamento, a capacidade de abstração como uma das principais competências para se sobreviver em um mundo cada vez mais complexo, porque é o que vai te permitir observar os problemas de um jeito mais criativo e menos linear. Nós não vivemos mais uma sociedade linear, não existe isso mais. Isso acabou antes da internet. Com a internet, com todo esse advento que nós temos de informação, o mundo é muito mais hiperlinkado, é muito mais em rede, não só o conhecimento, como as relações, como o trabalho, tudo funciona mais em rede, o problema é mais complexo e também por si só tem uma estrutura de rede. Então o humor nos permite, Jorge, sair um pouco da rigidez do pensamento.
Eduardo Zugaib (00:31:36) – Então, sim, às vezes é preciso rir muito porque você já deve ter tido a experiência de estar com amigos e começa a se contar piadas. E aí ri-se muito. Você percebe um nível de conexão emocional com as pessoas diferentes? Você percebe a criatividade florescendo? Você percebe um estado de receptividade, de leitura do ambiente muito maior quando nós estamos bem humorados?
Jorge (00:32:02) – Então o que acontece no fundo é que, com esse sentido de humor, de boa disposição, nós conseguimos ao mesmo tempo recriar uma criatividade, novos caminhos para resolver vários problemas e, por outro lado, ativar o nosso coração, a nossa generosidade para receber os outros.
Eduardo Zugaib (00:32:21) – Sim, e também uma capacidade de receber a si próprio, porque muitas vezes a gente vive numa rigidez e seguimos padrões de autoexigência que nós mesmo vamos nos empondo, que nos tornam pessoas extremamente rígidas conosco mesmo. Então eu acredito que o principal indicativo de humor de uma pessoa é a capacidade dela de rir das próprias bobagens que ela faz, dos próprios erros, de ela entender que aquele riso representa uma tomada de consciência maior do que aquela que ela tinha quando aquele problema, aquele erro, aquela situação acabou sendo colocada ali em prática. Então, quando a gente aprende, quando a gente ou aprende ou não perde a capacidade de rirmos de nós próprios, eu acho que isso já é um grande indicador de bom humor, Isso torna o ambiente mais leve, as pessoas menos julgadoras, e também acaba proporcionando até mesmo saúde física. Vamos combinar. Pessoas que riem bastante, tem o abdômen mais definido, tem o coração mais oxigenado, criam um ambiente melhor, disparam hormônios aí, serotonina, endorfina, hormônios relacionados ao nosso sentimento de satisfação, de realização, de prazer, de acolhimento, né, então olha quanta coisa boa existe com uma pessoa que tem bom humor.
Eduardo Zugaib (00:33:49) – E não necessariamente é pra você rir de tudo. Ter leveza. Ter leveza pra se interpretar como uma pessoa, como um ser em contínua evolução, um ser que erra, um ser que também tem suas vulnerabilidades e precisa ter uma consciência grande de quem é. Então é aquela história, conhece-te a ti mesmo, vamos lá no passado de novo, conhece-te a ti mesmo e a partir daí você se torna uma pessoa mais capaz de se auto desenvolver. Porque você tentar desenvolver uma pessoa que sequer conhece a si própria pode ser perigoso Jorge, pode ser perigoso.
Jorge (00:34:29) – Nessa luta que às vezes não existe porque no fundo essa autoexigência em relação a nós próprios, e estou a pensar nas pessoas de alta performance, podem ser jogadores de futebol, podem ser líderes de topo, fazem com que haja um alto julgamento muito forte e quase uma incapacidade de se perdoar. Lique que uma das coisas que fala muito tem a ver com a ressignificação no fundo, o que é que isto significa, logo é quase um chibatar-me a mim próprio, culpar-me das coisas.
Eduardo Zugaib (00:35:03) – A inflagelação, né? Bom, eu acho que nós temos sim que exigirmos de nós uma melhoria contínua. Agora, quando isso se torna um processo de tortura, um processo de auto flagelação ou um processo de não aceitação, eu acredito que a gente começa a encorrer por caminhos perigosos, por caminhos assim, onde em algum momento nós vamos recair sobre aquilo que de uns anos para cá vem sendo falado de um jeito muito forte que é a tal da síndrome do impostor até, né? Fala-se muito da síndrome do impostor, né? É tudo relacionado à saúde mental, como nós nos percebemos, que resultados nós vamos criando e como que a gente consegue validar isso lá fora.
Eduardo Zugaib (00:35:49) – Então, é importante ter uma auto percepção, sim, mas não deixe de ter também a coleta de percepções de pessoas que você impacta com o seu trabalho. A coleta de pessoas que trabalham com você e observam pontos que pra você podem se tornar pontos cegos. Então é muito comum às vezes em pesquisas assim autoavaliações, né, de uma pessoa, ela fazer uma autoavaliação dela no desempenho do trabalho, ela se atribui uma nota inferior a nota que outras pessoas que deveriam julgá-la porque não têm compromisso nenhum com aquilo, atribuem a ela na média. Em avaliações 360 graus acontece muito isso. Então mostra uma rigidez que pode estar acontecendo o que?
Eduardo Zugaib (00:36:35) – Impedindo processos criativos. Com o desejo de não errar nunca, nós matamos a nossa criatividade. A criatividade implica em erro. Não sei se as pessoas explicaram isso nesses cursos milagrosos que tem por aí, mas a criatividade pura implica em erro. Erro acerto, erro correção, erro teste, erro prototypagem, erro, bota o projeto pra andar, ah, corrige mais um pouco, aperfeiçoa, daqui a pouco tá tudo errado, e bota pra desenvolver…
Eduardo Zugaib (00:37:07) – Ou seja, há de se ter uma relação com o erro, que não é aquela relação traumática que nós aprendemos, nossa geração principalmente aprendeu, lá quando fomos educados anos 80, 90, né? Que era… Não se podia errar e só havia uma resposta certa. Olha o perigo disso, olha o perigo disso. Só uma resposta certa e não pode errar.
Eduardo Zugaib (00:37:30) – Nossa, né? Então você cria, você mata a diversidade, você mata o olhar múltiplo, você mata a capacidade humana de se adaptar, quando você estabelece que existe apenas uma resposta certa. E as pessoas que embarcam nessa tendem a ficar nesse comportamento do julgamento, né? Enquanto ela não atingir aquela resposta certa, que ela nem sabe se é dela, pode ser de outra pessoa, ela vai atender a sofrer bastante na vida, nas relações, né? A vida é permeada de relações no trabalho ou em casa, com amigos na sociedade, relações sociais.
Eduardo Zugaib (00:38:03) – E quando você entra nessa auto rigidez muito dura, muito forte sobre si mesmo e não se permite errar e muito menos ri de si próprio, nossa, eu acredito que é um caminho, é uma avenida muito bem pavimentada para um belo de um infarto do meu cardio logo mais a frente.
Jorge (00:38:22) – Então… Eduardo, estamos a fechar… Gostava de saber, exatamente para fechar, o que é que o motiva a si? O que é que o faz andar para a frente? A mim, é
Eduardo Zugaib (00:38:34) – uma pergunta dirigida para mim, no caso. Pessoal. Eu acho, Jorge, que eu estou prestes a completar 50 anos, né? Completo 50 anos aí no mês de julho. E assim, passadas cinco décadas de vida de muitos acertos, muitos erros, eu acho que o que hoje o que me motiva são coisas bem mais simples do que coisas que eu perseguia no passado, né?
Eduardo Zugaib (00:38:58) – Modelos que eu perseguia, ideais que eu perseguia, então hoje a vida se tornou muito mais simples. Ontem, por exemplo, eu estive atendendo, fazendo uma convenção de vendas com uma rede de joalherias aqui do Brasil, presente no Brasil inteiro, E não tem nem coisa melhor do que você abrir o microfone e conversar uma hora com as pessoas, todas virem junto com você naquilo que você está passando, depois vem conversar com você, vem tirar foto com você, vem querer… Então esse é o tipo de coisa que hoje me deixa muito feliz. E o que é mais legal, ganhar dinheiro fazendo isso, é mais motivador ainda. É mais motivador.
Eduardo Zugaib (00:39:41) – Eu vou até plagiar aqui o grande Washington, o Levento, que lá nos anos 80, publicitar os mais famosos aqui no Brasil, e assim, ele nos anos 80 dizia que não havia coisa mais prazerosa pra se… Como é que ele falava assim? Publicidade é A melhor coisa que alguém possa fazer vestido é propaganda. Porque depois que você está no, cara, eu acho que hoje, o que eu posso até plagiar o Oliveto, né, plagiar com toda homenagem, com toda referência, é que o que eu faço hoje, impactar pessoas, provocar uma incomodação, provocar um questionamento, provocar, às vezes, dar um ponto de inflexão na vida das pessoas, né, E ali em uma hora de um trabalho que é muito planejado, muito concentrado, muito ensaiado, muito testado, com os mais variados perfis de grupo, dos mais críticos aos mais receptivos, né? E você conseguir chegar nesse clima que eu cheguei ontem com essa empresa.
Eduardo Zugaib (00:40:46) – Olha, o que eu faço hoje é a coisa mais legal que se possa fazer vestido.
Jorge (00:40:52) – A provocação é sempre uma boa ferramenta para abrir as mentas, a par do humor e da ativação do juízo crítico. As revoluções acontecem quando um grupo de pessoas toma consciência de que quer mudar de rumo. E essa fórmula aplica-se a países, a organizações ou a pessoas. Não é um processo de cima para baixo, é de baixo para cima. É feito aos pouquinhos.
Jorge (00:41:14) – Embora só o notemos ao fim de algum tempo. Até para a semana.