Uma apresentação com impacto começa com uma narrativa que envolva e que capte a atenção do público desde o início.
TEMAS DE CONVERSA NESTE EPISÓDIO
Compreendendo o público (00:03:46) Dicas sobre como compreender o público-alvo de uma apresentação e adaptar o conteúdo para atender às suas necessidades e expectativas.
Contando uma história cativante (00:04:46) A importância de começar uma apresentação com uma história interessante que envolva emocionalmente a audiência e crie empatia.
Tendo um objetivo claro na comunicação (00:05:04) A importância de definir um objetivo claro para a apresentação e comunicar de forma persuasiva, informativa ou inspiradora, dependendo do objetivo desejado.
Linguagem acessível e tempo de apresentação (00:07:27) Dicas sobre como utilizar uma linguagem simples e evitar termos técnicos em apresentações, além de gerir o tempo de forma adequada.
Enfatizar benefícios e quebra de expectativas (00:08:45) A importância de enfatizar os benefícios do que está a ser apresentado e utilizar a quebra de expectativas para surpreender a audiência positivamente.
Chamada à ação (00:09:53) A importância de encerrar a apresentação com uma instrução clara sobre o que a audiência deve fazer a seguir, como visitar um site, comprar um produto ou refletir sobre um tópico.
Estruture o seu conteúdo de forma clara, dividindo-o em partes distintas com uma introdução cativante, desenvolvimento coerente e uma conclusão memorável.
Utilize recursos visuais, como diapositivos ou gráficos, para ilustrar pontos-chave e tornar a apresentação mais visualmente atrativa.
Alguns de nós somos mais auditivos, outros mais visuais.
Mas todos, sem exceção, gostamos de variedade.
Depois há a linguagem.
Mantenha uma linguagem acessível e evite jargões excessivos, garantindo que a sua mensagem seja compreendida por todos.
Se falam com linguagem técnica ou encriptada está a criar uma barreira à comunicação. Está a excluir os outros da conversa.
Finalmente há o treino.
E treine. Treinar. Treinar. Treinar.
Pratique a sua dicção e os seus gestos, para transmitir confiança, e esteja preparado para responder perguntas.
Finalmente, encerre com uma chamada à ação, incentivando a participação e a adesão do público.
Vamos por partes:
A pergunta é: COMO FAZER UMA APRESENTAÇÃO CATIVANTE?
Compreensão do Público
Entender o seu público significa conhecer quem está na audiência, quais são as suas necessidades e expectativas. Isso ajuda a personalizar a sua apresentação para ser mais relevante.
Compreender o público é saber que problemas tem ou o que desejam. No fundo, falar para um público é responder às necessidades daquele público.
E todos os públicos têm necessidades diferentes.
Antes de lhes falar tente compreendê-los.
Se não conhece o seu público, pergunte a quem conhece.
Conte Uma História Cativante
Começar com uma história interessante envolve emocionalmente a audiência, criando um vínculo e tornando a sua apresentação mais memorável.
Uma história real. Com pessoas reais. Em sítios reais.
Pessoas com dores, problemas e desejos.
E isso gerará empatia no público.
Exemplo: Se está apresentar sobre inovação, pode sempre contar a história de uma startup de garagem que se tornou um gigante da tecnologia, como a Apple.
Já agora: quanto mais próxima for a história da sua audiência, melhor ela funciona.
Se ela for portuguesa, já ganhou uns pontos extra.
E se for uma história pessoal: UAU, é um bingo!
Tenha Um Objetivo Claro
Ter um objetivo claro significa que deve saber exatamente o que deseja alcançar com a sua apresentação,
Só conheço três tipos de objetivo: persuadir, informar ou inspirar.
No fundo, comunicar para que alguém seja convencido, se sinta informado ou inspirado pelas suas palavras.
Exemplo: Se o objetivo da sua apresentação é persuadir investidores a financiar o seu projeto, deixe isso claro desde o início.
Vale para negociar o empréstimo da casa, renegociar os juros ou convencer o patrão a aumentar-lhe o salário.
Diga ao que vem. E isso permite uma conversa honesta e direta.
Estrutura Lógica
Organizar a sua apresentação de forma lógica ajuda a manter a clareza e a compreensão para a audiência, seguindo uma sequência natural.
Pelo menos nas sua primeiras apresentações, use este método. Consegue sentir-se mais seguro e garantir um fio lógico para a conversa.
O exemplo típico de uma estrutura de apresentação é o clássico: introdução, desenvolvimento (com tópicos principais) e conclusão,
Mas há outras estruturas lógicas que funcionam também bem.
Incluindo a que usam os jornalistas: primeiro a conclusão ou facto mais relevante e só depois o contexto. Podem escolher. E eu deixo um conselho: experimentem coisas diferentes e vejam o que funciona melhor convosco.
Apresentem com recursos Visualmente Atraentes
Recursos visuais, como gráficos e imagens, ajudam a ilustrar os seus pontos de forma mais impactante e mantêm a atenção da audiência. Os seus ouvintes mais visuais vão adorar.
O exemplo mais básico e direto são os gráficos. Se está a apresentar dados de crescimento de vendas, mostre um gráfico de barras que destaque o aumento nas vendas ao longo do tempo.
Mas imagens ou fotografias intrigantes, ou belas funcionam sempre bem.
Convém que elas tenham sentido na lógica da sua comunicação.
Um dos tópicos mais importantes é o da linguagem:
Regra: simples, simples, simples
Linguagem Acessível
Use uma linguagem simples e evite jargões técnicos para que todos na audiência possam entender a sua mensagem.
Se é médico e está a falar sobre medicina, evite termos complexos e explique conceitos de maneira simples para pacientes leigos. Isto partindo do princípio de que não está a falar para os seus pares. Se for uma conversa aberta, há que evitar palavras ou conceitos que nos impeçam de compreender o que diz.
Ou, se for inevitável falar de algo complexo, tem que explicar o que quer dizer.
As analogias e simplificações são sempre boas portas de entrada para que nos entendam.
Além da linguagem, há o tempo.
Nem demasiado curto, nem demasiado longo.
Gerir Tempo
Respeitar o tempo designado para a sua apresentação mostra consideração pela audiência e evita a exaustão. Quem nunca levou com um palestrante daqueles que adoram ouvir-se e falam 3 dias 3 noites sem parar.
Eu fico desesperado..
O contrário também não funciona.
Imagine ter 20 minutos para falar e decidir resumir tudo em 2 minutos.
Uma catástrofe. Em tempos muito curtos não temos o chamado tempo de instalação. E verdadeiramente estarmos a ouvir e a entender.
Mesmo resumos ou declarações fortes podem não ter um bom efeito se forem ditas de forma rápida e demasiado sucinta.
Já agora, tempo, também quer dizer ritmo.
Um bom ritmo é meio caminho andado para boa comunicação.
Enfatize Benefícios
Em vez de apenas listar características, destaque como o seu produto ou ideia beneficia a vida, ou trabalho da audiência. No fundo: para que raio serve o que está a dizer.
Se tiver dúvidas, pergunte a si mesmo: Isto resolve um problema da audiência?
Se a resposta for negativa, mude de ramo.
Quebre de Expectativas:
Isso! Surpreender a audiência mantém positivamente o interesse e a atenção.
Imagine que fala de um dos temas da moda: a sustentabilidade ambiental.
Se mostrar o exemplo uma empresa que poluía muito antes, mostrando como se conseguiu tornar mais limpa, pode garantir esse efeito,
No fundo, explorando uma aparente contradição e alimentando o ceticismo inicial do seu público. Funciona quase sempre bem.
Chamada à Ação
Termine a sua apresentação com uma instrução clara sobre o que a audiência deve fazer a seguir, seja visitar um site, comprar um produto ou refletir sobre um tópico.
Aproveitando o exemplo do ambiente:
Se está apresentar uma campanha de consciencialização sobre reciclagem, feche com um apelo: “A partir de hoje, comece a reciclar na sua casa e influencie os seus amigos a fazerem o mesmo.”
Espero que estas dicas tenham sido úteis e que as possa usar nas suas comunicações futuras.
TRANSCRIÇÃO AUTOMÁTICA COM TODAS AS VANTAGENS E IMPERFEIÇÕES DAS MÁQUINAS QUE SE DIZEM INTELIGENTES.
JORGE CORREIA (00:00:12) – Ora vivam! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicação. Estamos a caminho dos 200 episódios e, como sabem os ouvintes mais regulares, tenho privilegiado gravar conversas com pessoas, ora comunicadores profissionais, ora profissionais que têm de comunicar no seu dia a dia. E as conversas são sobre comunicação, mas também são e muitas vezes, sobre a vida e sobre a maneira como cada um de nós se vai desenrascando. A poucos dias do novo ano de 2024 e depois de alguns pedidos da comunidade, decidi enriquecer e diversificar o conteúdo. Pergunta simples como? Gravando alguns episódios com dicas de comunicação, além dos episódios que gravo com outras pessoas. Estas dicas podem ajudar, principalmente quem não é profissional de comunicação a pensar, a fazer e a melhorar a sua forma de comunicar e por isso, um conteúdo simples e útil, mas despretensioso não é nem pretende ser um curso avançado de comunicação nem um tratado académico. São episódios em que mistura alguma pesquisa, dicas e exemplos pessoais de como resolvi alguns dos meus dilemas de comunicação ao longo dos anos.
JORGE CORREIA (00:01:21) – Espero que gostem e aguardo as vossas respostas ou pedidos específicos. Têm necessidades, dúvidas ou precisam de ajuda? Estou mais do que disponível para ouvir e para poder ajudar a comunidade. Basta ir ao site. Pergunta simples como tem lá todas as maneiras de me contactar Telemóvel, WhatsApp, email, redes sociais, Todas, praticamente todas. Até sinais de fumo, se for caso disso. Para começar bem este novo tipo de conteúdo, decidi escolher um tema fascinante e tão vasto que daria para fazer dez programas a saber como fazer uma apresentação cativante. Todos queremos fazer grandes apresentações, daquelas de encher o olho, de sermos aplaudidos de pé ou simplesmente recebermos os parabéns de amigos ou colegas de trabalho. Por isso, encontrei dez dicas para que possa melhorar as suas próximas apresentações para um público. Uma apresentação com impacto começa sempre com uma narrativa que envolva e que capta a atenção do público desde o início. Estruture o seu conteúdo de forma clara, dividindo o em partes distintas com uma introdução cativante, um desenvolvimento coerente e uma conclusão memorável.
JORGE CORREIA (00:02:34) – Utilize recursos visuais como slides ou gráficos para ilustrar os pontos chave e tornar a apresentação visualmente mais atrativa. Alguns de nós somos mais auditivos, outros mais visuais, mas todos, sem exceção, gostamos de variedade. Depois, a linguagem. Mantenha uma linguagem acessível e evite jargões excessivos, garantindo que a sua mensagem seja compreendida por todos. Se falam com uma linguagem técnica ou encriptada, então estão a criar uma barreira à comunicação. Estão a excluir os outros da conversa. Finalmente, o treino é treinar, treinar, treinar é a boa regra para se atingir a perfeição. Pratique a dicção, pratique os gestos para que consiga transmitir confiança à autoridade e esteja preparado para responder a perguntas. Finalmente, encerre com uma chamada de atenção, incentivando a participação e a adesão do público. Vamos por partes. A pergunta é como fazer uma apresentação cativante? Ora, para começar, há que compreender o público. Entender o público significa conhecer quem é que está na audiência, quais são as suas necessidades e as suas expectativas. Isso ajuda a personalizar a sua apresentação para ser mais relevante.
JORGE CORREIA (00:03:46) – Por exemplo, se estiver a apresentar um produto para uma audiência de idosos, então adapte a sua apresentação, destacando os benefícios mais importantes para essa faixa etária, Por exemplo, a facilidade de uso ou então a segurança. Compreender o público e saber que problemas têm ou o que desejam. No fundo, falar para um público e responder às necessidades daquele público específico. E todos os públicos têm necessidades diferentes. Antes de falar, tente compreendê las. E se não conhece o público, pergunte a quem conhece. Segundo, conte uma história cativante. Começar com uma história interessante que envolve emocionalmente a audiência, cria um vínculo e torna a sua apresentação mais memorável. Uma história real, com pessoas reais em sítios reais, pessoas com dores, com problemas, com desejos. E isso vai gerar empatia No público, por exemplo, está a apresentar uma inovação. Pode sempre contar aquela velha história de uma startup que começou numa garagem e se tornou no gigante da tecnologia. Estou a falar da Apple, mas se não quiser ir para estas histórias, enfim, mais do mundo lá fora ou da tecnologia, quanto mais próxima for a história que tiver para contar, mais próxima da sua audiência melhor ela funciona.
JORGE CORREIA (00:05:04) – Se ela for portuguesa, já ganhou os pontos extra. Se for uma história pessoal e intransmissível, uau! É um bingo! Terceiro, tenha um objetivo claro na sua comunicação. Ter um objetivo claro significa que deve saber exatamente o que deseja alcançar com a sua apresentação. O que acontece no fim, quando acabar de falar o que é que quer que aconteça? Só conheço três tipos de objetivos persuadir, informar ou inspirar. No fundo, comunicar para convencer alguém, para que essa pessoa se sinta informada ou se sinta inspirada pelas suas palavras. Por exemplo, se o seu objectivo de apresentação é persuadir, convencer os investidores a financiar o seu projeto, então deixe isso claro desde o início. Vale para negociar um empréstimo da casa, para renegociar os juros ou convencer o patrão a aumentar o salário. Diga ao que vem e isso permite uma conversa honesta e direta desde o início. Quarto crie uma estrutura lógica. Organizar a sua apresentação de uma forma lógica pode ajudar a manter a clareza e a compreensão para a audiência, seguindo uma sequência natural, pelo menos nas suas primeiras apresentações.
JORGE CORREIA (00:06:17) – Use este método Consegue sentir se mais seguro e garantir um fio lógico para a conversa. O exemplo típico é uma estrutura de apresentação clássica, introdução, desenvolvimento e conclusão. Mas há outras estruturas lógicas que funcionam também muito bem, incluindo a que usam os jornalistas. Eles primeiro contam a conclusão ou o facto mais relevante e só depois o contexto. Vocês escolhem, Mas eu deixo um conselho experimentem coisas diferentes e vejam a que funciona melhor convosco. Quinto apresentem com recursos visualmente atraentes, recursos visuais como gráficos e imagens ajudam a ilustrar os seus pontos de vista de uma forma mais impactante e mantêm a atenção da audiência. E os seus ouvintes mais visuais vão adorar. O exemplo mais básico e direto são os gráficos. Estiver a apresentar dados de crescimento de vendas, usar um gráfico de barras que destaque desde logo, o aumento das vendas ao longo do tempo funciona sempre bem. Mas não só os gráficos, imagens ou fotografias intrigantes ou belas também funcionam bem. Convém que elas tenham de qualquer forma, sentido dentro da lógica da sua comunicação.
JORGE CORREIA (00:07:27) – Um dos tópicos mais importantes que existe é o da linguagem. A regra é simples, simples, simples. Sexto Linguagem acessível Use uma linguagem simples e evite jargões técnicos para que todos na audiência possam entender a sua mensagem. Por exemplo, se for médico e estiver a falar sobre medicina, evite termos complexos e explique os conceitos de maneira simples para pessoas leigas na matéria. Isto partindo do princípio de que não está a falar para os seus pares. Para outros médicos, se for uma conversa aberta, há que evitar palavras ou conceitos que nos impeçam de compreender o que diz o. Se for inevitável falar de algo complexo, então há que explicar o que quer dizer. As analogias e as simplificações dão sempre boas portas de entrada para que nos entendam. Além da linguagem, há o tempo, nem demasiado curto nem demasiado longo A que. Sétimo gerir o tempo, respeitar o tempo designado para a sua apresentação mostra consideração pela audiência e evita a exaustão. Quem é que nunca levou? Quando aqueles palestrantes que adoram ouvir se falar e estão ali três dias e três noites sem parar, sempre a falar? Eu fico desesperado.
JORGE CORREIA (00:08:45) – Mas o contrário também não funciona. Imagine que tem 20 minutos para falar e decidiu resumir tudo a dois minutos. Isto pode dar uma catástrofe porque a audiência nem sequer tem tempo de instalação. Mesmo resumos ou declarações muito fortes podem não ter um bom efeito se forem ditas de forma rápida ou demasiado sucinta. Já agora, tempo quer dizer também ritmo. Um bom ritmo é meio caminho andado para uma boa comunicação. Estamos a entrar nas três últimas dicas. Oitavo, enfatize os benefícios. Isto quer dizer que, em vez de fazer apenas uma lista das características, é melhor destacar na sua ideia o produto, aquilo em que beneficia a vida, o trabalho da audiência. No fundo, para que raio serve? O que está a dizer? Se estiver com dúvidas, pergunte a si mesmo Isto resolve um problema da minha audiência? Se a resposta for negativa, mude de ramo ou arranje uma outra estratégia. Nono a quebra de expectativas. Isso aproveita esta tática para surpreender a audiência de forma positiva e manter o interesse e a atenção.
JORGE CORREIA (00:09:53) – Imagine que está a falar de um dos temas da moda a sustentabilidade ambiental. Um tema importante para se mostrar o exemplo de uma empresa que antes poluía muito e depois se conseguiu reconverter e passar a tornar se mais limpa, pode garantir este efeito, no fundo explorando uma aparente contradição e alimentando o cepticismo inicial do seu público. E depois uma resposta que vai de encontro àquilo que quer dizer. Esta tática funciona quase sempre bem, porque cria um efeito de surpresa e depois a confirmação da mensagem principal. Para fechar, garanta uma décimo chamada à ação. Termine a sua apresentação com uma instrução clara sobre aquilo que a audiência deve fazer a seguir, seja visitar um site, comprar um produto ou refletir sobre um tópico, aproveitando o exemplo do ambiente. Se está a apresentar uma campanha de consciência pública sobre a reciclagem, feche com um apelo dizendo A partir de hoje, comece a reciclar em sua casa e influencie os seus amigos a fazerem o mesmo. No fundo, queremos que a audiência faça alguma coisa e este é um bom fecho.
JORGE CORREIA (00:11:01) – Espero que estas dicas tenham sido úteis e que as possa usar em comunicações futuras. Deixe um comentário, Partilhe a sua experiência ou faça perguntas em perguntas simples como Pode subscrever gratuitamente, partilhar com algum amigo interessado em comunicação ou dizer qualquer coisa? Volte para a semana. Nós voltamos também.
Da formação em assistência social ao trabalho diário nos bairros onde é mais difícil viver.
Ele assume-se como um narrador das vidas que por lá se vivem. Ou sobrevivem.
No seu trabalho, ele escuta as comunidades, observa os seus gestos, compreende as suas dores e, mediante narrativas genuínas, auxilia-as a ressignificar as suas realidades. É alguém que acredita que toda a história merece ser contada — principalmente aquelas que ainda não saltaram os “muros” das periferias e que, por isso, permanecem invisíveis para grande parte da sociedade.
Como urbanista e investigador, António tem estado na linha da frente da reflexão sobre como as cidades são desenhadas, quem nelas vive e como podemos construir espaços mais justos e inclusivos. Ele trabalha nos “pontos de dor”, como ele próprio descreve, onde as contradições do nosso sistema ficam expostas: bairros marginalizados, escolas com altas taxas de retenção, espaços urbanos negligenciados e vidas empurradas para o silêncio.
Durante a conversa, exploramos como as desigualdades estruturais perpetuadas pelo urbanismo, pelas políticas públicas e pela comunicação.
Falámos muito sobre Importância das Narrativas:
Como as histórias das periferias são frequentemente limitadas a narrativas de crime ou tragédia nos ‘media’ tradicionais, ou nas redes sociais.
As mesmas redes socais que abrem caminhos para exemplos de resistência narrativa, como movimentos culturais que emergem desses bairros, desafiando preconceitos e estigmas.
Músicos que nem sabíamos existirem até terem milhões de ouvintes, poetas escondidos que fazem as letras para a cantiga de protesto, artistas plásticos que mais depressa ganham um prémio internacional do que aparecem na televisão portuguesa.
Quão surdos estamos para não querer ouvir estas vozes?
Quão alto é o muro criado pelo urbanismo do betão feio?
Do Urbanismo como ferramenta de exclusão ou emancipação:
Falámos da forma como a arquitetura pode ser usada para segregar comunidades e criar “gaiolas” em vez de trampolins sociais.
Da forma como a educação pode ajudar ou deixar que se repita o ciclo da Pobreza:
Mas não desistimos por aqui. Porque navegamos na cultura como Forma de resistência:
A ascensão de artistas periféricos, como rappers e criadores culturais, que usam a arte para reescrever as narrativas dos seus territórios.
Proponho que viajemos aos bairros. Ouvir. Simplesmente, ouvir.
00:00:12:24 – 00:00:44:07 JORGE CORREIA Uma dádiva. Um Bem vindos ao. Pergunta simples O vosso pecado sobre a comunicação. A maneira como narramos as histórias conta como contamos o que vemos, como ignoramos o que não queremos ver. Neste episódio vamos ao bairro, ao bairro que insistimos em não ver o bairro. São muitos bairros, mas todos, sem exceção, são chamados de periféricos ou de intervenção social, num lugar onde tudo é mais difícil da vida e das histórias que se contam dele.
00:00:44:13 – 00:01:01:00 JORGE CORREIA Do bairro veio a pergunta simples e simples é tudo aquilo que o bairro não é?
00:01:01:02 – 00:01:30:16 JORGE CORREIA António Guterres é um alquimista dos estudos urbanos, da formação em essência social, ao trabalho diário nos bairros onde é mais difícil viver e assume se como um narrador das vidas que por lá se vivem ou sobrevivem. No seu trabalho, ele escuta as comunidades, observa os seus gestos, compreende as suas dores e, através de narrativas narrativas genuínas, ajuda a ressignificar, a criar novos significados para as suas realidades.
00:01:30:18 – 00:01:56:04 JORGE CORREIA É alguém que acredita que toda a história merece ser contada, principalmente aquelas histórias que ainda não saltaram os muros das periferias e que, por isso, permanecem invisíveis para grande parte da sociedade. Como urbanista e investigador, António tem estado na linha da frente da reflexão sobre como é que as cidades são desenhadas, quem nelas vive, como podemos construir espaços mais justos e inclusivos?
00:01:56:06 – 00:02:27:00 JORGE CORREIA Ele trabalha nos chamados pontos de dor, como ele próprio o descreve, onde as contradições do nosso sistema ficam expostas. Bairros marginalizados, escolas com altas taxas de retenção com alunos chumbar logo nos primeiros anos, espaços urbanos negligenciados e vidas empurradas para o silêncio. Durante esta conversa, exploramos como as desigualdades estruturais que são perpetuadas com a ajuda do urbanismo, pelas políticas públicas e pela comunicação pela tal narrativa.
00:02:27:02 – 00:02:53:09 JORGE CORREIA Falamos, de resto, muito sobre a importância das narrativas, não fosse este um caso sobre comunicação, como as histórias das periferias são frequentemente limitadas a narrativas de crime ou tragédia nos media tradicionais ou nas redes sociais, as mesmas redes sociais onde se abrem caminhos de esperança para exemplos de resistência narrativa, como movimentos culturais que emergem destes bairros, desafiando preconceitos e estigmas.
00:02:53:11 – 00:03:19:13 JORGE CORREIA Músicos que nem sabíamos existirem até eles terem milhões de ouvintes, poetas escondidos que fazem letras para cantigas de protesto ou artistas plásticos que mais depressa ganham um prémio internacional lá fora do que aparecem na televisão portuguesa. Com surdos estamos nós para não querer ouvir estas vozes com auto e o muro criado pelo urbanismo do betão fácil do urbanismo como ferramenta de exclusão ou de emancipação.
00:03:19:17 – 00:03:47:24 JORGE CORREIA Falamos da forma como a arquitetura pode ser usada para segregar comunidades e criar gaiolas ao invés de criar trampolins sociais. Da forma como a educação pode ajudar ou deixar que se repita o ciclo da pobreza. Mas não desistimos por aqui porque navegamos na cultura como forma de resistência à ascensão de artistas periféricos, primeiro periféricos, agora mundiais, como rappers e criadores culturais que usam a arte para reescrever as tais narrativas dos seus territórios.
00:03:48:01 – 00:04:21:06 JORGE CORREIA Proponho que viajemos até aos bairros. Ouvir, simplesmente ouvir a uma história que precisa de ser recontada. António Brito Guterres é um contador dessas histórias que nos lembram o poder das narrativas, o poder transformador das narrativas. Este episódio de pergunta simples é mais do que uma simples conversa, é um convite a olhar para o mundo de uma maneira diferente, a escutar as vozes que muitas vezes são silenciadas e a reconhecer o valor de cada história humana.
00:04:21:08 – 00:04:24:07 JORGE CORREIA Quem és tu? António Brito Guterres.
00:04:24:09 – 00:04:51:20 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Depende do ponto de partida e onde o túnel eventualmente contou na televisão ou na rádio. Isso parte de mim determinada e, contudo, outros locais sou outra parte de mim. Somos todos um caso. Não deixe fantasiar, pelo menos de fantasiar pelo que vêem, porque às vezes essa é uma parte recortada. É evidente que eu tento unir as pontas todas por resultar o mais genuíno possível, porque, imagino em nós estamos mais à vontade, estamos também e isso é importante.
00:04:51:22 – 00:05:07:14 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas agradeço sua essencial, sua investigação. Investigador em Estudos Urbanos, Doutorando em Estudos Urbanos e jornalista. E, na verdade, eu acho que o trabalho não é muito diferente, porque meu trabalho é contar histórias.
00:05:07:14 – 00:05:09:13 JORGE CORREIA É uma espécie de etnografia.
00:05:09:15 – 00:05:10:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não é bem isso.
00:05:10:20 – 00:05:11:21 JORGE CORREIA O que faz a procura.
00:05:11:21 – 00:05:40:13 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Até porque não gosto de muito observar e de aprender com a tradição oral dentro dos gestos, das pessoas. Mas quando digo que meu trabalho muitas vezes não é longe, não está longe de um jornalista, é porque eu estou numa posição de trabalho que lida com as inconformidades do mundo em que vivemos. Por exemplo, contrato social. Estou exposto num sítio que denuncia as desigualdades, denuncia as inconformidades, trabalha as contradições do nosso mundo.
00:05:40:14 – 00:05:42:00 JORGE CORREIA Trabalha nos pontos de dor.
00:05:42:03 – 00:05:51:22 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Exatamente. No entanto, quando eu digo que são histórias e eu ouço as pessoas e tento tecnicamente apoiá las para lhes pedir, emancipar e ser livre de determinarem.
00:05:51:24 – 00:05:54:02 JORGE CORREIA Como é que suas obras.
00:05:54:04 – 00:06:07:03 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Ouvindo mesmo ouvindo e depois respondendo de acordo com outra, não é o que o Antonio acha que deve ser. É ouvir percebê las no seu contexto e responder de acordo com as suas necessidades. E isso.
00:06:07:03 – 00:06:09:00 JORGE CORREIA Implica uma técnica.
00:06:09:02 – 00:06:36:19 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Ou apenas uma vontade que implica em entregar algumas, mas algumas, sinceramente, são de caráter. Às vezes o digo o profissional pode nos dar algumas ferramentas. Mas é fácil. Também esquecemos delas na prática e de tradição, contando histórias e a partir dessa questão mais técnica de ajudar as suas a mover as suas vidas afastadas de uma certa codificação que nos é acessível e que talvez, no dizer acima, de propósito.
00:06:36:21 – 00:06:38:18 JORGE CORREIA Não se sentem que se encaixam no mundo.
00:06:38:20 – 00:07:01:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Então, quando digo que parte da outra parte é contar histórias, é para criar que essas pessoas tenham. Elas têm, obviamente narrativas, mas muitas vezes essas narrativas não saltam o muro e eu não sou nem o muro. Essas estruturas de existir para os outros não deixam de existir efetivamente, mas deixam de existir porque não tem nenhuma história na história contada sobre essas pessoas.
00:07:01:02 – 00:07:02:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Só de uma efetiva começamos.
00:07:03:01 – 00:07:13:08 JORGE CORREIA Mas isso significa que se alguém contar uma história dentro de um aquário e ninguém o ouve, não se veem sequer um espelho, não se sentem representados, não se sentem.
00:07:16:22 – 00:07:19:12 JORGE CORREIA Como é que se resolve isso no WhatsApp?
00:07:19:14 – 00:07:42:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Exemplo Eu digo que minha posição está no lugar da contradição, não é? Na verdade, é um lugar que põe a nu a fragilidade, a fragilidade do sistema. Nós estamos sendo operamos e pondo a nu, também tenho, sinto eu que tenho a obrigação de ajudar a ocultar, a fazer pontes e acabar o mais possível, dentro da possibilidade do meu tempo de vida, dos meus limites de competências, com essas contradições.
00:07:42:09 – 00:07:58:21 ANTÓNIO BRITO GUTERRES É, mas parte disso é que o texto, ou seja, uma parte técnica das obras, por exemplo. Mas as pessoas ajudar nisso. Mas é uma parte de narrativa que para criar empatia, para criar imaginários, por de fato só sair do aquário com tudo de direito a imaginar e com direito a imaginar, já pode decidir.
00:07:58:23 – 00:08:04:23 JORGE CORREIA Então tens que sonhar que tu podes ser outra coisa qualquer vida e que não se resume aquele problema ou aquela situação.
00:08:04:23 – 00:08:24:11 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tu estás exatamente, por exemplo, quando e noutro dia vi um Will daqueles do Instagram que era dos azulejos. Não é o preto, quanto mais era designa tipo de função artística. E perguntava, nessa contradição de ele dizer eu sou do gueto.
00:08:24:13 – 00:08:25:19 JORGE CORREIA E assim, com as letras.
00:08:25:21 – 00:08:45:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Em todos eles e subir afincadamente nas suas músicas e juntos, eu perguntava de maneira um pouco estranho Tu estás a afirmar de uma coisa que supostamente é o sítio onde puseram, não é? E ele respondia Bem, esse não é o firme do gueto. Quer ter termos noção da construção social que criaram para nós? De onde expuseram a nós?
00:08:45:08 – 00:09:00:14 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Nós vem para combater a triste consciência do qual é evidente que muitas vezes uma técnica é alisar e é para quem não sabe, nós estamos aqui em Chelas, que é um descer da RTP em Lisboa. Isso aconteceu com Chelas. Era uma coisa má.
00:09:00:16 – 00:09:01:16 JORGE CORREIA O bairro J, a.
00:09:01:16 – 00:09:22:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Zona J, etc. E foi curioso quando o pessoal lá perturbou se, Mixou isso a pessoa que causou isto. Entretanto, há pouco tempo, a freguesia de Marvila quis acabar com a nomenclatura de Chelas, fazendo que fosse tudo Marvila e a Sociedade Civil de Chelas mobilizou ou não isto é, Chelas. Isso deu origem até a um movimento de uma sessão chamada Chaos.
00:09:22:02 – 00:09:39:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E o sítio é que tu chegas a quer, Tipo tu vês uma pedra feita pelo Vhils. Chelas é o sítio dos Z. Uma maneira também de agora eu vou usar o sítio onde tu querias pôr em crise, apontar o dedo. Eu era viver nesse sítio que esse senhor quer assumir o sítio e quer mostrar que existe outra narrativa que não é só aquela de castanha.
00:09:39:15 – 00:09:45:02 JORGE CORREIA É uma espécie de movimento identitário ou é uma reacção.
00:09:45:04 – 00:10:12:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES A uma entidade que é alguma identitário identitária, como é evidente, maturada há muitos anos. Também é relativamente classista, porque tem consciência que estar naquele sítio e estarem também num sítio mais frágil, com menos posses, com discurso classista, muito mais identitário, no sentido de que também é narrativa. Eu quero contar a narrativa de mim. Nós somos aqui como nós fomos feitos aqui, que quer ser daqui e que não é exclusivo aquilo que nos apontam também outras coisas.
00:10:12:16 – 00:10:14:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E quantas outras coisas também.
00:10:14:17 – 00:10:37:12 JORGE CORREIA Olha, quando tu estás no bairro e eu estou a usar de propósito a expressão o bairro e não os bairros, passou a dizer um em particular. O que é que tu ouves das pessoas? O que elas te dizem, de facto? Que problemas é que elas acumulam e que vêm? Vêm ter contigo em busca de um, de uma palavra ou de um socorro, ou de uma forma de olhar o mundo?
00:10:37:14 – 00:10:55:23 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Bem, normalmente aqui tu, em vários layers, há um encanto no bairro. Enquanto profissional, imagino à tua frente o de acordar um projecto para jovens ou um projecto de desenvolvimento comunitário. Imagina a visão profissional do jovem como fizeram.
00:10:56:00 – 00:10:58:16 JORGE CORREIA Que faz as coisas, mobiliza, desorganiza.
00:10:58:16 – 00:11:10:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Ajuda, organizar e tem que ser uma atitude de querer fazer nada ou fazer. Outros querem fazer porque. E não acho que nenhum saber, nenhum recurso de ficar sequestrado no profissional.
00:11:10:08 – 00:11:12:08 JORGE CORREIA Então quer dizer, tu não libera.
00:11:12:10 – 00:11:12:21 ANTÓNIO BRITO GUTERRES As pessoas.
00:11:13:02 – 00:11:14:08 JORGE CORREIA É a inércia.
00:11:14:10 – 00:11:20:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não é assim. As pessoas querem fazer coisas, não têm acesso a pessoas, querem fazer coisas porque quem está na sua vida.
00:11:20:08 – 00:11:21:12 JORGE CORREIA Querem fazer o quê, Por exemplo.
00:11:21:18 – 00:11:43:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Querem ter espaço de encontro, Querem ter espaço, expressão cultural, querem ter a sua vida habitacional resolvida, querem ter uma creche onde possa deixar os miúdos para poderem ir trabalhar, por exemplo, mais cedo. E querem, às vezes sonhos. Querem ter uma oficina no bairro? Não. Coisa de gente que não tem dinheiro para uma junta oficina e que o sítio para ter não vai.
00:11:43:19 – 00:12:06:13 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas ultrapassar o constrangimento de ir à praia se passar a ser rápido e eficaz, não é Tanto pessoas têm. Acho que é importante que elas tenham acesso para se organizarem e para fazerem as coisas. Isso é um modo mais profissional de ver o outro. É um lado porque o outro porque não tenho essa distinção entre o desejo de ir ao bairro.
00:12:06:15 – 00:12:15:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas tu, no bairro como tu, no bairro eu, tu no bairro das hoje, com tu numa grande cólera. Não é que não tenha sido bem por defeito de fabrico, se calhar.
00:12:15:02 – 00:12:16:16 JORGE CORREIA É. Cada bairro é um bairro, cada um tem.
00:12:16:16 – 00:12:31:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Por defeito de fábrica. Não tenho esse limite. Eu sei. Sociologicamente. E tu disseste precaução de o plural e singular de bairro. Os seus últimos bairros você já sabem que não é Arroios. Alvalade é ajuda. Sabem que é rolar. Já elas.
00:12:31:09 – 00:12:39:10 JORGE CORREIA Os bairros Malchut, os bairros periféricos, os bairros dos quais nada queremos saber nem daquelas pessoas. E está tudo lá ao longe.
00:12:39:13 – 00:12:40:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tiveste esse cuidado?
00:12:40:12 – 00:12:42:23 JORGE CORREIA O que é que sabemos tão pouco desta realidade?
00:12:43:00 – 00:12:44:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque as coisas estão feitas? Por que não.
00:12:44:15 – 00:12:55:03 JORGE CORREIA Sabemos nós que não somos do bairro, Nós que temos uma vida boa? Porque é que não sabemos nada sobre quase nada sobre isso? Ou quanto sabemos, Sabemos porque alguma coisa correu mal.
00:12:55:05 – 00:13:21:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não porque estás para ver essa ignorância a ver, essa distância, mas nós não. Cada vez mais. Lembra te que, por exemplo, se calhar há uns tempos, há umas décadas atrás, tu não saberias onde eram esses sítios no simbolismo a ir. Saberias talvez ao fim de algum tempo, que o em tua casa vem desses sítios e saberias na escola, mas a perguntar duas coisas mais misturadas do que agora.
00:13:21:10 – 00:13:25:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Agora são mais segregadas e há muito ensino privado. E há uma grande clivagem, separação das pessoas.
00:13:26:02 – 00:13:35:22 JORGE CORREIA E lá está o estigma. A pessoa que trabalha lá em casa que nos ajuda em frente porque é boa e nós conhecemos pessoalmente, sabemos o nome, sabemos o que é que faz, não os maus, os outros que lá estão.
00:13:35:24 – 00:13:39:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Exacto. Mas nós, como nós, eventualmente nós temos essa dissonância.
00:13:39:04 – 00:13:40:09 JORGE CORREIA É uma segregação?
00:13:40:11 – 00:13:59:11 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sim, sem dúvida. E nós temos essa dissonância intenso, capaz de empatizar com o estar em casa e de toda esta expressão do ponto de vista preconceituoso, porque não necessariamente faz lembrar aqueles projetos de dizer eu vou investir nesse bairro, pois garanto que vou contratar um segurança e uma secretária é do bairro. Não é de ficar tipo, mas porque não?
00:13:59:11 – 00:14:07:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES O técnico não é do bairro? Claro que eu sei. Também sujo com os recursos formais naquele bairro, realmente licenciados para sindical prisão.
00:14:07:11 – 00:14:10:06 JORGE CORREIA Mas há um sabor, mas há um saber informal.
00:14:10:08 – 00:14:30:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Acompanhamento e isso é uma das. É um dos problemas do ponto inicial. Tem que ser eu estou um pouco, etc. Tem a ver que tu, quando segregadas e depois de um sítio tipo pessoas, porque nós pusemos no sítio e assustei muito isso mal invocadas o cabeça que pessoas acham imagina, Imagina tu e eu que somos mais velhos a precisar tudo isto.
00:14:30:09 – 00:14:42:13 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Agora o importante estou até aos 30. Imagina, Nunca viram, por exemplo, Lisboa, um Porto com o bairro do coração? Ninguém viu isso. Nós vimos, veremos no fim de cada avenida e se existia.
00:14:42:15 – 00:15:03:09 JORGE CORREIA E quando tu e vimos os bairros de construção ilegal, as construções ilegais, coisas anárquicas, um pouco o pós 25 Abril, como é evidente, as pessoas precisavam de sítios para viver. Algumas organização. Depois, a seguir a um plano de tentativa, lá está, de erradicar o fim do bairro das barracas. Era muito mais. Falava muito, mas a geração mais nova não tem 20.
00:15:03:10 – 00:15:23:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E seis anos. Quer dizer, se acontece nos é porque nós, no nosso tempo não havia o pessoal dos bairros e os dos bairros e também pessoas que moravam nesse bairro estão construídos e que nós pensávamos e configuramos se Jesus como alguém que eles querem estar ali. E essa não é verdade. Porque se tu falas com as pessoas, é óbvio que não é verdade.
00:15:23:07 – 00:15:36:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas tu falas que pessoas de iniciais tu percebes claramente o percurso. Essas pessoas que moram nos bairros estão construídos e depois foram morar nos bairros de realojamento. É quase tudo exclusivo. Pessoas com processos migratórios.
00:15:37:15 – 00:16:04:21 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Estas pessoas são pessoas com processos migratórios, portanto, vieram antes de Portugal, vieram dos países europeus, não são de etnia cigana. Não é? Pessoas vão para ali porque imagina uma mulher que veio do campo com 18 anos, em 1950, com três filhos. Onde é que ela ia arranjar emprego e pagar se um apartamento? Não havia? Imagine uma mulher negra que veio de São Tomé em 1936, com três filhos.
00:16:04:23 – 00:16:26:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Foram obrigados a ir para ali e outro construir porque não havia nenhuma solução. Depois e várias perguntas de jornalista, que é a questão dessas, engravidamos? Sim, completamente. E é o facto de não sermos nós os passa aí faz com que a maioria das pessoas pensem. Nós mudamos de casa e simplesmente e.
00:16:26:11 – 00:16:30:08 JORGE CORREIA Ainda por cima tratamo los bem e esses ingratos agora ainda estão nesta.
00:16:30:18 – 00:16:33:00 JORGE CORREIA E que é uma ideia completamente absurda.
00:16:33:01 – 00:16:59:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Nesse todas as pessoas não viram esse processo, não sabe o que aconteceu, mas acham que isso aconteceu. É evidente que isso aconteceu agora comigo aconteceu nas pessoas. Não escolheram o recenseamento foi feito muitas vezes, dez, 15 anos antes do realojamento. Isso quer dizer quer dizer que eu fiz o recenseamento numa casa e estavam lá três pessoas. E como foi falecimentos de três pessoas, eram cinco ou seis, mas eu dei lhes uma casa para três pessoas.
00:16:59:20 – 00:17:01:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Já foram realojadas em sobrelotação.
00:17:02:01 – 00:17:13:06 JORGE CORREIA E depois alguém diz Não, mas eles foram uns malandros porque eles mentiram e disseram que eram três e afinal são cinco porque chamaram outros e assim não é quase uma história que nunca mais.
00:17:13:06 – 00:17:34:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Acaba. Mas são simplesmente cinco. Passaram dez anos e as crianças estavam nessa casa. Juntaram se filho, estão em casa ainda. Evidentemente não conseguiram ter ainda um salário que os pudesse autonomizar. Então, de repente, quando já são para a casa nova, já vão sobrelotação, pois os bairros não têm espaço público, não têm espaço. Estar muitas vezes não têm ringue desportivo, não tem parque infantil, não é.
00:17:34:11 – 00:17:36:14 JORGE CORREIA Urbanismo, conta. Nesta conversa, é outra.
00:17:36:14 – 00:17:43:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Completamente. É uma das ferramentas de de desigualdades. Não é.
00:17:43:09 – 00:17:44:01 JORGE CORREIA Que é, mas.
00:17:44:01 – 00:18:06:03 ANTÓNIO BRITO GUTERRES É. Às vezes pode ser só simbólico, mas podia muito real. Por exemplo. Aqui me imolar lá no cemitério de São João, temos um bairro lá, a Quinta do Lavradio, que fica escondido entre o cemitério. Está dentro do cemitério. Uma ETAR ao ar livre, de céu aberto. A taxa de mosquitos é uma sondagem. Ninguém quer morar, obviamente, com esse cerco.
00:18:06:03 – 00:18:26:14 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Um beco sem saída, ainda por cima. Mas as pessoas que vão a Paiva Couceiro, que é zona da cidade com o qual elas se ligam historicamente, dizem que é uma cidade, mas elas moram bem no centro da cidade, não é patrimonialmente. Repare, elas moram ali, num beco sem saída e dá para ver com seriedade das cidades os não funcionam.
00:18:26:16 – 00:18:39:05 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tem pessoas de 70 anos, 60, 50, no sétimo andar, oitavo andar, não saem de casa. Tanto se imagina e chega o ponto dois. Não funcionam, portanto, há todo um sistema de ficar e não sair daí. Isso é um sitio a parte.
00:18:39:07 – 00:18:42:05 JORGE CORREIA E ninguém quer saber.
00:18:42:07 – 00:18:51:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não depende só de querer muito saber, mas não para melhorar a vida social, mas por capturar politicamente essas pessoas.
00:18:51:12 – 00:19:17:05 JORGE CORREIA Olha, há bocadinho tu estavas a falar de uma coisa que que é a questão das famílias. As famílias crescem, obviamente, os filhos, os netos por aí fora e não é só nos bairros, é no geral. Mas imagino que isso possa sentir de uma forma mais forte o problema dos mais jovens que não tem emprego, que não há trabalho, que não não há, não existe, não existe oferta.
00:19:17:07 – 00:19:19:12 JORGE CORREIA Perpetua se um ciclo de pobreza.
00:19:19:14 – 00:19:43:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Se em vários níveis. Por exemplo, se tu vires outro exemplo agora no convento falou se muito disso. Falou se sempre das chagas. Um bocado melhor do que não. Mas tolerarmos, por exemplo, a estrutura de produção não é por acaso. Muito porque não havia trabalhadores, fábricas, porque não havia transportes. Então você é de produção, de vir de lá, vem da ausência de computador.
00:19:43:05 – 00:19:50:12 JORGE CORREIA É uma das razões do aumento da inflação. Já agora, que a gente hoje fala, tem a ver exatamente com essa quebra dos circuitos normais de distribuição.
00:19:50:14 – 00:20:11:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E falou se duma coisa na altura que era habitual pensar a nossa economia, porque de facto, se assim não dá, então a estrutura a que se falou muito chega de discursos, não é de clássico, discurso de comida, de proximidade, etc, sendo que já esquecemos disso tudo. E quando tu vês um homem, ou para jovens já com jovens que ficam três, um homem neste território de 50 anos que dá para parede.
00:20:11:14 – 00:20:12:06 JORGE CORREIA Sem emprego.
00:20:12:06 – 00:20:27:13 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Desemprego em que eventualmente conseguiu talvez o RS, que é aquela fortuna que nós sabemos fazer, tem a ver com isso, porque tu agregados, agregar, desagregar um modelo produtivo que é transformador ou primário mesmo e transformador de proximidade.
00:20:27:18 – 00:20:30:11 JORGE CORREIA Retirar este economia, retirar este dinheiro que não resta possibilidade.
00:20:30:17 – 00:20:59:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E retirar te de uma coisa produtiva na nossa economia. Hoje somente aqui em Portugal é muito uma base produtiva mesmo quando se fala do turismo, não é ter uma sede de sete quilómetros que não são produtivas e portanto, o homem está ali no bairro que lá para ele, que está desempregado, imagina, ele nem consegue ir para Leiria porque na hotelaria já exigem um conhecimento de software e uma literacia digital que ele não tem.
00:20:59:17 – 00:21:00:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Daí se contesta.
00:21:01:01 – 00:21:05:12 JORGE CORREIA E diz não tem emprego e portanto não se consegue formar e portanto, não tem futuro.
00:21:05:12 – 00:21:32:23 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não, não tem emprego nem aspiração de fala. Pessoa, 50 anos que eventualmente tenha 20 ou 30 e tal nas obras ou na fábrica, etc. Os mais jovens têm outro problema que aqui na escola nós estamos aqui perto. Escolas Olaias tem cerca de 36% de retenção. No sexto ano de escola de alta de Lisboa, tem 52. Olha, portanto os jovens vão ficar todos assim.
00:21:33:00 – 00:21:46:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Agora diz que temos 12 anos obrigatórios de ensino que, em tese geral, 12.º ano e terminal não é. Mas a verdade é que as pessoas vão renovando matrículas nesse mesmo ano e podem cumprir os 12 anos, mas não vão chegar ao 12.º ano.
00:21:46:09 – 00:21:51:10 JORGE CORREIA E quanto mais insucesso tem aquele aluno, mais uma vez é ostracizado por ter.
00:21:51:12 – 00:21:52:16 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Menos facilidades tem.
00:21:52:18 – 00:21:55:21 JORGE CORREIA Aquele aquela. O aluno que não vale a pena investir por ele nunca vai aprender.
00:21:55:21 – 00:21:59:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas para em tese nem pode tirar a carta nisto.
00:21:59:04 – 00:22:05:07 JORGE CORREIA Portanto está a está se a alimentar de facto um circuito em que o amanhã é pior do que o hoje.
00:22:05:09 – 00:22:26:16 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Eu acho que nós temos um processo de democratização que permitiu uma série de excessos dos mesmos. Agora, eu acho realmente que o que esta economia mais especulativa, mais no financeiro, tudo cria um conjunto de desigualdades, vai criar um afastamento outra vez, ou seja, vai ter menos pessoas a ir para faculdade, por exemplo. Vai acontecer e pensa de movimento normal.
00:22:26:16 – 00:22:37:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Quer dizer, imagina como é que hoje em dia tu conseguires tomar que possível, matricular um miúdo numa faculdade em Lisboa. O custo habitação, por.
00:22:37:01 – 00:22:38:16 JORGE CORREIA Exemplo, em 500 € por quarto.
00:22:38:19 – 00:22:38:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Estás a.
00:22:39:00 – 00:22:42:16 JORGE CORREIA Ver com o salário mínimo 800? É uma bizarria de um.
00:22:42:18 – 00:23:01:16 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Esse percurso, esse de horário dentro de Lisboa, é reduzir A desigualdade é tanta que tens os sítios que são mais jovens na cidade, porque nós temos aqui Marvila, Marvila é muito mais jovem, muito mais do que Leiras e local. Alvalade é de carros.
00:23:01:19 – 00:23:03:21 JORGE CORREIA Portanto pessoas que a sociedade precisa delas.
00:23:03:24 – 00:23:38:19 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E essas. Contam os mais novos nesses territórios e eles não ficam para trás na escola. Não é discutirmos, é ter uma situação que alargue o exemplo prático. Lisboa tem 40% licenciados. É a cidade do país com o maior número, talvez com 40%. Só que esse. Aqui em Marvila, em alguns bairros Marvila Percentagem zero 1% e alguns bairros de Lisboa com 100% dos 40% do sentido de Lisboa, mas que com esta décalage se dá 1% a quase 100%.
00:23:38:22 – 00:23:39:21 JORGE CORREIA Estamos a cavar.
00:23:39:21 – 00:24:04:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Um fosso, tu vais a Telheiras e a 100% são licenciados, mas aqui Chelas se calhar é um ou 2% que se cria um fosso que vai aumentar e vai fazer com isso Aconteceu em França e foi interessante no pós guerra também. Eles realizaram isso. Não tem esse exagero. Portugal quer a dependência económica das novas gerações. Faz o fato de serem herdeiros de.
00:24:04:04 – 00:24:14:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E é interessante que no pós guerra essa diferença era muito maior, ou seja, tu não precisavas de ser herdeiro para conseguirmos ter igualdade.
00:24:15:13 – 00:24:17:09 JORGE CORREIA Vida, apanhar o elevador social.
00:24:17:11 – 00:24:43:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E agora é agora. Cada vez mais o fator herdeiro define mais essa capacidade. O que entretanto confundimos com peça social. Exatamente o pensar neste ponto de partida diferente. Mas nós vamos dar um conjunto instrumentos para que eles não tenham e, portanto, voltando à escola, quando eu olha que para o Filipa, para os alunos tem 0% de retenção do que de sexto ano, verifica se que a escola tem três tipo de recursos.
00:24:43:17 – 00:25:02:03 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sei que os pais podem estar na escola e atentos. É lá que se passa com os professores e com os alunos. Sei que depois os pais têm a capacidade académica de explicar aos filhos as questões. Têm uma casa em condições para ter uma intimidade e espaço de trabalho e tem capacidade, Não precisa de ficar explicações. O miúdo terá escolas, Olaias de Lisboa tem.
00:25:02:03 – 00:25:26:20 ANTÓNIO BRITO GUTERRES A mãe chega às 22h00 por fazer transportes precários, fica na rua das 16h00. Até essa hora não tem ninguém em casa, não tem sítio que eu apoie academicamente e quando tiver casa tem seis pessoas. Num T2 não há espaço que é para ter um espaço de trabalho e os pais não têm capacidade de ensinar. Portanto, se para o ponto de partida nunca entra aqui nem um elemento equitativo para equilibrar este ponto de partida.
00:25:26:22 – 00:25:43:08 JORGE CORREIA Como é que tu geras a tua própria frustração quando tu estás a trabalhar? É exatamente com pessoas como tu acabaste de tipificar. É quando o nível de respostas que tu consegues. Imagino que seja infinitamente mais pequeno do que do que a necessidade de ir com vontade de ajudar.
00:25:43:10 – 00:25:52:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Então eu não tenho que ser o senhor das razões para já, porque sou privilegiado, ministro e tem consciência disso. E tu também, sabendo disso.
00:25:52:04 – 00:26:18:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E, portanto, como tu, eu tenho um pensamento relativamente aberto para discutir mais, mas relativamente estratégico o que é preciso fazer? Eu vou continuar a atuar? Posso atuar, pois, na parte mais pública, por afetar a política pública, mas eu vou sempre no terreno usar os cursos que existem. Então amplifica o mais possível. Não tenho obstrução, Claro, há um desânimo.
00:26:18:01 – 00:26:31:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES O estado em que chegamos e é um problema que as pessoas têm um pensamento. Vou dar o exemplo como é que uma pessoa, por exemplo, 2% de pessoas com tudo, Dizes me com pessoas que moram na Expo?
00:26:31:20 – 00:26:32:24 JORGE CORREIA Eu gosto, pessoas não.
00:26:32:24 – 00:27:00:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas um exemplo para pessoas visualizar uma pessoa que mora na Expo e que tem eventualmente uma pessoa trabalha em casa chamada empregada doméstica, que foi num desses territórios e tinha um bom emprego. E como é que eu olho para a via que está à minha frente? É que é uma chatice, porque obriga me ali a ter uma faixa de rodagem e é isso que me faz, por exemplo, escolher onde eu vou votar e não no paradigma onde eu estou.
00:27:00:10 – 00:27:03:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Como é que a pessoa que leva em casa para sobre os seus filhos, preocupados com.
00:27:03:12 – 00:27:06:15 JORGE CORREIA Os problemas dos ricos e não com quem com geral.
00:27:06:17 – 00:27:13:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES É individuais, invisuais, é uma comunicação onde me ajuda muito a isso. A pessoa fica mais irritada. É uma.
00:27:13:04 – 00:27:14:02 JORGE CORREIA Forma egoísta de.
00:27:14:03 – 00:27:36:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Dizer. E assustam também pela questão comunicacional, como tu próprio sabes. Até porque a inteligência social do algoritmo privilegia os conteúdos que façam esse tipo de decisões. Portanto, eu comecei uma série de conteúdos, uma ciclovia que me chateia quem foi? E o meu expertise vai além das obras que eu já li. Então foi mais ou menos de a ciclovia não ter sido feita assim.
00:27:36:12 – 00:27:38:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E fica todo o resto com aquilo é que vai definir o teu.
00:27:38:17 – 00:27:40:15 JORGE CORREIA Voto, que é um pequeno problema menor.
00:27:40:17 – 00:27:56:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vai ser o teu voto e não um pensamento sobre coesão da cidade como consciência sozinha voto. Qual é a consequência na segurança, por exemplo, eu faço muito durante esta semana. Como é que as questões da segurança de facto, se as pessoas se sentirem empoderadas, emancipadas, se tiverem emprego, se não tiverem de fazer ninguém fazer esse raciocínio?
00:27:56:07 – 00:28:09:09 JORGE CORREIA Olha, eu gostava de ouvir todas as áreas da segurança que é o que que está a falhar e falhar. A palavra é minha na relação entre as forças de segurança e estas comunidades mais periféricas.
00:28:09:11 – 00:28:39:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Então seu lar. Falamos de urbanismo, já falámos da escola e falamos de uma série de. E de coisas, mas que são instrumentos de exploração, de subversão. Isso aconteceu o mesmo. Aquela escola é pior que quando outros miúdos. A tua casa é pior. Quando é mais pobre, aquele bairro é mais longe, tem menos autocarro e a polícia é igual em tudo e por isso vão fazer o quê?
00:28:39:10 – 00:28:59:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vão pôr os mais novos, os mais inexperientes profissionalmente. Qualificação. No entanto, eu consegui ir para ali e, juntamente com isso também há, tal como na educação, na habitação, nos estudos, transporte, uma direção de serviço, que é o que o povo, os mais novos todos juntos e vamos tipo olha para os teus sonhos como um rebanho e não como pessoas importantes.
00:28:59:08 – 00:29:08:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Em vez de ser polícias em carros patrulha a pé, são carrinhas.
00:29:08:11 – 00:29:31:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tu só vejo essas imagens quando eu vejo exposto no último dia todas as imagens da polícia lá. Tu vês quando há uma grande rusga. E a rusga pode ser no bar, em campo, na casa do ministro, ou pode ser aqui na no bairro Chelas encontras uma rusga pela opção Todos os policias todos a seguir isto vês que é um grande aparato e que só aparece nas notícias assim uma grande crise de segurança.
00:29:31:08 – 00:29:39:21 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Há um grande momento e o quotidiano do policiamento desses sítios. Eu digo tu vês a emergência que carrinhas de vidros fumados, de.
00:29:41:04 – 00:30:06:05 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Polícias com cara tapada e o quotidiano do policiamento nesses bairros. Portanto, até há uma cena interessante que é o riso. Mas uma vez fiz uma coisa que foi agarrar no Correio da Manhã, diz. Na publicidade de um sítio pela manhã e por todas as notícias emanadas pela polícia, evidentemente gritadas pelo jornal, porque as puseram lá.
00:30:06:07 – 00:30:07:02 JORGE CORREIA Mas a fonte vem daí.
00:30:07:08 – 00:30:13:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas a fonte, o endereço, a polícia disse em comunicado de imprensa à PSP, PJ e Janeiro. Mas também.
00:30:13:08 – 00:30:14:21 JORGE CORREIA Foi criada uma narrativa e.
00:30:14:21 – 00:30:26:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Posto no mapa onde entra no mapa e é o ritmo e portanto, fica mais colorido ou menos colorido, consoante mais incidentes.
00:30:26:04 – 00:30:31:19 JORGE CORREIA Onde é que está a geolocalização do determinado incidente que promoveu um determinado comentário? Há uma eternidade com relação.
00:30:31:19 – 00:30:45:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, está quase tudo. Imagina, Sente Lisboa e tudo. Intendente Mouraria. Mas Dinis, Historicamente, os sítios com maior taxa culinária de Lisboa são a freguesia de Encarnação, que é o Bairro Alto e Santa Justa. Tanto nesse caso corresponde tanto.
00:30:45:16 – 00:30:56:14 JORGE CORREIA Temos uma distorção de notícias e as narrativas apontam nos para pensar que há um sítio. E, de facto, a discussão é essa que a utilização de argumento certamente não. Na prática e na.
00:30:56:14 – 00:31:02:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Prática, a nível de taxa a nível absoluto, por exemplo, é Olivais, mas não parece de uma narrativa. Somos olivais no fim da manhã nunca.
00:31:02:04 – 00:31:02:17 JORGE CORREIA Se ouve falar.
00:31:02:17 – 00:31:31:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas é o sítio com mais crimes em absoluto. Amadora Tu vês Cova seis Mais Não existe mancha vermelhinha. Onde é que a taxa, a maior taxa é na mina? Que operação de comboio não tem nada a ver com essa zona? O que quer dizer com isso? Quer dizer, olhe para esse mapa que cheguei a Lisboa entre uma série de mapas e pensei Ok, se é um enviesamento narrativo, tem de haver um enviesamento na categoria de crimes.
00:31:31:02 – 00:31:38:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Pergunto eu que temos crimes contra pessoas, crimes contra o património, crimes contra o Estado, legislação avulsa, etc.
00:31:38:07 – 00:31:39:12 JORGE CORREIA Mais graves? Menos graves?
00:31:39:15 – 00:32:03:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sim, mas temos uma tipologia de crimes entre viver a média da tipologia. Tínhamos Portugal e era os 4%, normalmente crimes contra o património de roubos. Nesses 20 e tal crimes contra pessoas, 6% legislação avulsa e os outros 1%. Então a narrativa policial é preencher o mapa do crime por tipologia e ele é muito interessante. Que tipologia mudava? O que é que mudava socialmente?
00:32:03:09 – 00:32:07:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Legislação avulsa a nível nacional a 6%?
00:32:07:14 – 00:32:08:03 JORGE CORREIA O que aqueles que.
00:32:08:03 – 00:32:20:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES São acusados a nível nacional? 16% na altura que eu fiz difícil a nível das narrativas da polícia, é de 20 e tal por cento que aqueles roubos é basicamente droga. Tanta polícia evidenciava, mas aquilo estamos.
00:32:20:10 – 00:32:21:21 JORGE CORREIA A falar de que é do grande tráfico.
00:32:21:23 – 00:32:39:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES No tráfico de rua em geral, das coisas pequeninas. Porque se tu reparares e isto é interessante, olha, tiveste nisso sempre. Tu vês um grande aparato de tráfico de droga. Nunca é no bairro, é sempre no Porto, no aeroporto de zonas de chegada, nunca é no meio de um bairro.
00:32:39:09 – 00:32:54:03 JORGE CORREIA Eu estou a pensar nisso porque uma coisa é nós estamos a falar do grande tráfico, do grande tráfico de estupefacientes, de toneladas. Como se assim quando acontece outra coisa é a ter apanhado três ou quatro miúdos que estão na rua com doses de consumo.
00:32:54:05 – 00:33:28:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Basicamente é isso. Sentes isso? Oh, de que pequeno tráfico? Mas além de setembro, tanta polícia ou mudar o local onde narra do local onde realmente a maior taxa de prevalência dos crimes tráfico, sendo que tráfico menor. Com tudo certo, pronto. E depois há a questão estamos a falar aqui da polícia também. Mais interessante que crimes contra o estado da média nacional e 1% a média do Canadá para 2015, 11% de quem de santo crimes contra e, por exemplo, desobediência à polícia.
00:33:28:20 – 00:33:46:14 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Então tu percebes nessas se de facto, o aparato policial nestes meios é aquele que só passa montanhas de fumados como você não tem noção disso, nem com com bancos rotativos que estás sempre com guerra. Não é.
00:33:46:14 – 00:33:47:10 JORGE CORREIA Intimidador, é.
00:33:47:10 – 00:33:50:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Intimidador e obviamente que há mais fricção. Portanto, se os crimes contra o.
00:33:50:07 – 00:33:51:19 JORGE CORREIA Estado para reacção, depois também.
00:33:51:22 – 00:34:00:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Se mais vezes não é porque repara nestes territórios e usando o Código Civil que diz em que circunstância perfeita é preciso ter noção disso.
00:34:00:10 – 00:34:01:08 JORGE CORREIA Tu és mais suspeito.
00:34:01:13 – 00:34:13:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tu mais um tanto. Imagina o está na rua algures a andar que nos de que na Alameda e a polícia chega, saem dez polícias, encosta a parede, pois tudo o que se passa tem.
00:34:13:15 – 00:34:15:04 JORGE CORREIA Esse efeito logo à partida.
00:34:15:06 – 00:34:37:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Ali não há ninguém que se passe de suspeita. Não é porque o Código Civil diz que só pode ser abordado por polícias se for suspeito e ou se for suspeito em território nacional são ilegal. Então imagina isso é uma diferença brutal, porque os polícias defendem com a questão das suas serem negras e tanto poderem à partida serem imigrantes.
00:34:37:08 – 00:34:56:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tás a ver? É brutal. É um ato racista? À partida, não é? Então, de facto a fricção é muito maior e precisa se muito mais tu tiveres num sítio e já não acreditam nisso. Mas talvez um sítio que é cercado e tu vais para escola e as revistado e vais trabalhar. És uma senhora de 57 anos revistado. Isto acontece tantas vezes por semana.
00:34:56:14 – 00:35:03:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES É uma revolta. Pode ser duas vezes por dia, o que é fácil de acontecer e de coisas. Não é fácil.
00:35:03:04 – 00:35:28:00 JORGE CORREIA Estamos a falar agora dos media e ouvi pela primeira vez, não é? Nos acontecimentos recentes no bairro do Zambujal e essa fricção entre a população e as autoridades. Mas. Mas vi também, pela primeira vez, de uma forma muito marcada, uma revolta contra os media tradicionais, contra os jornalistas que supostamente estão lá para cobrir e para contar aquilo.
00:35:28:02 – 00:35:54:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque acho que já falámos um pouco sobre isso. Mas imagino o seguinte eu faço parte do conselho editorial do jornal A Mensagem Jornalismo e fizemos um trabalho o ano passado, há um ano e meio, que era chamado Narrativas e Costi redacções, polpa que nós localizamos a redacção da mensagem. Por isso, territórios juntávamos com pessoas locais que sabem narrar, que têm ferramentas, narrativas.
00:35:54:17 – 00:36:33:05 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tanto o miúdo faz videozinhos que escreve, o miúdo que faz banda desenhada e eu também seria um autor e faríamos brainstorming para fazer notícias e a partir da redação, nesse local, antes de fazermos, eu fui investigar a coisa. Já sabia, mas voltaria ao dirão É Martins. Adriano Martins é a melhor freguesia do país. Já fui e é feliz em Portugal com meus números de jovens até que tomem nota das coisas a falar de periferia, bairros e jovens num ano inteiro, num ano inteiro do jornal tablete, no Correio da Manhã ou no jornal tipo referência com o público num ano inteiro.
00:36:33:07 – 00:37:03:20 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Só há duas categorias de SEO categorizar notícias. Só há duas categorias aí. Então é o velhinho que cai e tropeçou em mágoas ou crime? É a maior freguesia da área metropolitana, Lisboa e só tem essas duas categorias. Se eu for procurar nas redes sociais de geolocalização, não é? Martins As categorias nem aparecem só para as coisas de subcultura, coisas, empreendorismo, economia local, coisas boas?
00:37:03:22 – 00:37:04:02 JORGE CORREIA Não.
00:37:04:02 – 00:37:42:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, interessante. Nessa categoria exclusão aqui juntamos células igual o ano inteiro, só criam piores e quase crime castigo quando no livro Crime e Acidente E este é um bom exemplo, o único momento de categoria na cultura e envolvia alguém cá deste território foi sempre quando uma grande instituição entrou neste território e apoiou, por exemplo, na montagem do Rock in Rio tocando Era aqui, portanto aparece neste mapa, mas não por ser uma coisa aqui.
00:37:42:13 – 00:37:43:22 JORGE CORREIA Mas é como se fosse um implante.
00:37:43:24 – 00:38:03:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Com os implantes das tantas. Assim, para. Ou seja, as células têm uma taxa de cultura que ocorre no Rio e eu fazer Rock in Rio, eles fazem parceria com o sítio, por isso aparece essa associação, que é daqui, mas associada ao Rio ou, por exemplo, a Gulbenkian. O centro contemporâneo fez uns contentores que eram apropriados pelo sul dos bairros e fizeram aqui.
00:38:03:19 – 00:38:16:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, o outro ponto de cultura foi porque estou certo disso. Foi o cão da Gulbenkian, veio a Chelas e interagiu com o criativo, com o espaço. Também curti tanto esse espaço, parecia tão interessante. Não parece por si.
00:38:16:19 – 00:38:19:14 JORGE CORREIA Mas sim, mas esse contágio não faço não, não ajuda.
00:38:19:15 – 00:38:23:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Esta ajuda Ajuda, claro, mas não é suficiente. Muito bom.
00:38:23:10 – 00:38:24:23 JORGE CORREIA E cria uma economia também de agora.
00:38:24:23 – 00:38:25:23 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sim, mas é muito fofo.
00:38:25:23 – 00:38:26:23 JORGE CORREIA Festivais de música.
00:38:26:23 – 00:38:43:14 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Muito poucos, tanto tem um cara de resposta que as pessoas que moram nesses territórios. Nunca têm. Imagina. Nunca vão ter gente normal só naquelas duas categorias. É dos indígenas e basicamente de outras categorias.
00:38:43:14 – 00:38:44:18 JORGE CORREIA E essa é a razão pela qual a.
00:38:44:18 – 00:38:45:22 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Revolta é anos e anos.
00:38:45:22 – 00:38:50:18 JORGE CORREIA Diz totalmente, Mas um sentimento de injustiça também em relação aos média, em relação às milícias, em relação a.
00:38:50:22 – 00:38:53:19 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Também porque só parece, como disse agora, toda a gente.
00:38:53:22 – 00:38:54:23 JORGE CORREIA Só para ter coisas negativas.
00:38:55:02 – 00:39:07:19 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E dar 30 exemplos que já fez, existe. É muito bom. Eu faço assim. Preciso de como olhar para o lugar que se quis com tudo aqui. O que é que se fala? Porque é que se contou, o que é que se fala diferente, que se contou e que contou? É sempre que algumas categorias incidente do crime e tu ficas.
00:39:07:24 – 00:39:11:20 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas aqui tanta gente que faz coisas e coisas interessantes e as boas de.
00:39:11:20 – 00:39:18:22 JORGE CORREIA Vida que elas estão não estão. E as redes sociais estão a ajudar muito, atrapalhar bastante.
00:39:18:24 – 00:39:24:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES É que perante um de uma pessoa eu vou dar o exemplo de música, até porque nem falamos disso.
00:39:24:12 – 00:39:26:17 JORGE CORREIA Nem queremos falar das coisas boas do rap, do.
00:39:26:19 – 00:39:40:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sobre isso e aquilo. Talvez ser sucinta não é suficiente. Por exemplo, nós já temos e tu tinhas razão por comentar comigo, que o reconhecimento tem o plutónio, quer no básico. Os gajos falam.
00:39:40:02 – 00:39:40:16 JORGE CORREIA Do plutónio.
00:39:40:19 – 00:39:41:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Pelo bairro os, mas.
00:39:41:12 – 00:39:42:12 JORGE CORREIA Para quem nem sabe quem é.
00:39:42:12 – 00:40:10:11 ANTÓNIO BRITO GUTERRES O que é um puto, então o Plutónio é um rapper mais ou menos da minha geração, tanto no princípio de 80. Eh rapper, vem do bairro Cruz, Manecas Cascade, com os bairros, que foi outro construído também com os retornados dos Imigrante. Depois de com os milhares de realojamento em estudo, o plutónio acabou de pôr e encheu o MEO Arena e já abriu outra data.
00:40:10:13 – 00:40:36:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tanto já esgotou o concerto de abertura. O Plutónio tem centenas de milhões, centenas de milhões que iniciou centenas de milhões de visualizações na página do YouTube. Mais idem no Spotify. O Tony vive daquilo? Espero que sim. Não vive aquilo. Tem imensos shows e músicas com 20 milhões, 15 milhões, Portanto, o público.
00:40:36:15 – 00:40:38:14 JORGE CORREIA De que fala o Plutónio.
00:40:38:16 – 00:41:09:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vida de Bairro, basicamente é por isso que se está falando por interesse, pois o bispo não tem nada, não é mortis, tem de digital, é no Vale da Mouraria. Já não é bem rap, é uma coisa mais debatida, mas também inclui essas vivências. Esse pessoal eu vou levar a parte de redes sociais a parte, se isso não tem efeito, é só chegou um ponto que tinham dez músicas com milhões de utilizadores e não tinham de cantar.
00:41:09:02 – 00:41:10:13 JORGE CORREIA Não haviam espaços, não havia uma porta.
00:41:10:14 – 00:41:35:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Eles tocavam nas teclas acima, mas a periferia de Lisboa. Mas era escandaloso, mesmo que se com pessoal de música de ok, nós sabíamos trabalhos e se mostrava uma música que eu fazia ao vivo, quero mostrar num visualizações que só tinha comparado com visualizações que tinham o single do top desde a Fnac nacional e eles batiam tudo e não tinham sítio que aquilo acontecer.
00:41:35:04 – 00:41:58:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES As agências através de pessoas, através das festas académicas, os jovens que estão atualizados academicamente não têm grandes procedimentos. Começaram a convidar o pessoal que nos concertos e até os colegas aqui da Antena um, o cidadão dirige locução quando diz que eles iam lá e não percebíamos do caminhar, estudos e ver este tipo que não conheço nenhum. Nós somos da música de fundo.
00:41:58:08 – 00:42:03:05 JORGE CORREIA Tudo está como contar um mundo que na realidade se move quase em duas espécies.
00:42:03:07 – 00:42:05:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas foi, penetrou, depois, penetrou, depois a estratégia.
00:42:05:13 – 00:42:07:00 JORGE CORREIA Nós conseguimos ouvir, quer dizer.
00:42:07:02 – 00:42:37:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não, pois penetrou completamente. E vão os meios e as artes e vão completamente espacialidades. Que eu quero dizer é o facto de ter uma pessoa putona muda de tela e com o bispo e outros que têm milhões de pessoas que lêem aquilo e que não são só dos bairros, que são classe média, que não quer dizer, apesar de não ter empatia, porque há uma grande diferença lado mostra como as raciais pode ter certas pessoas foi aconteceu neste caso.
00:42:37:06 – 00:42:40:13 JORGE CORREIA Mas eles não foram adotados pela sociedade.
00:42:40:15 – 00:42:53:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas temos uma opção. Muitos deles vivem no bairro porque preferem ter um. Sentem bem o bairro espacialmente, como nós falamos aqui, muito em segregação e é uma concha, não é um espaço, resistência, solidariedade.
00:42:53:20 – 00:42:56:20 JORGE CORREIA E a resistência faz parte também da tal narrativa.
00:42:56:22 – 00:43:21:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Faz se, claro, mas é uma consciência imposta, tais como a vida tomar que tu tens que restituição, criar esquemas de solidariedade das cooperativas de partilha. Isso é um fardo que tu sentes Também é em parte do perguntas porque gosta Lá, depois de me afastar, é emocionalmente olhar para a situação e também porque não sejam ouve isso então eles se dão bem com isso acompanhado Não é esse tipo de Mas pronto, então.
00:43:21:03 – 00:43:22:06 JORGE CORREIA Tu tens questão de.
00:43:22:08 – 00:43:55:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Elogios todos ainda hoje, mas reparam tu dizer o fato de eu ir no metro e o meu ar era verão com certo plutônio em consigo. Sempre ficou escrito que poderia ser música num espaço, num tempo, numa narrativa, no Spotify e nos do concerto em si. Mas enquanto o elemento dos negros à minha volta 1.000% negro, estás a ver tanto a parte do consumir cultura e apropriação pela cultura e até ganhar alguma ginga sobre isso não quer dizer que tu fiques mais empático.
00:43:55:23 – 00:44:01:23 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, algumas coisas podem ficar, mas no geral não tenham com isso que fica mais empáticas, deixem de ser racistas, etc.
00:44:02:03 – 00:44:13:01 JORGE CORREIA Tanto gostam da música que gostam daquela cultura e se calhar está nos topos ou está nos trends. Mas apesar de tudo tu vais lá não te querendo misturar e aquela colmeia é uma zona temporária.
00:44:13:01 – 00:44:36:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Eu estou lá na aquelas horas, faz parte deste universo ali, mas quando sai novamente para fora já não faz parte daquilo, não é? E é. Até posso achar que faz parte, mas que sou racista sim. Estranho, mas a cultura já tinha essa questão que. É de todas as indústrias, a que formou mais baixo e promove mais conexões, ligações.
00:44:36:06 – 00:44:56:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Mas do ponto de vista de consumo, a maneira como nós vemos a cultura hoje em dia, numa lógica consumista, etc, não significa nada que possa gerar esse tipo de apatia, esse consumo, aquilo. Como continuam pobres, as pessoas consomem aquilo, mas depois não se ficam sensibilizadas para voltarem ao B media transferência que ouviram daquilo.
00:44:56:16 – 00:45:06:00 JORGE CORREIA Olha estes miúdos que cantam rap, o hip hop e por aí fora, são na realidade poetas. E assim é verdade O que eles te dizem?
00:45:06:00 – 00:45:07:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Escritores? Um pouco.
00:45:07:04 – 00:45:08:23 JORGE CORREIA Porque o que eles te dizem? Tantas coisas.
00:45:09:00 – 00:45:10:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES São intelectuais.
00:45:10:02 – 00:45:13:20 JORGE CORREIA E esse é o ponto, não é? E não os vemos como tal. Quer dizer, eu.
00:45:13:20 – 00:45:15:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vejo, mas vejo. Hoje mesmo.
00:45:15:10 – 00:45:16:15 JORGE CORREIA Eu estou a generalizar, mas.
00:45:16:21 – 00:45:44:13 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tal sim, o que é que eles dizem? Olha, olha uma coisa, nós pensam um caminho e pode pensar em todo tipo de jornais, de mídia, etc. Nós iniciamos o estudo do gueto. Pessoas de periferia, pessoas não brancas, questões físicas ou formativas. Acho que para o atleta e o músico e o bailarino é isso. O ponto de vista individual dos seus coleguinhas de percurso é bom para.
00:45:44:13 – 00:45:48:24 JORGE CORREIA Elas, não ao poeta, ao escritor, ao músico de música clássica.
00:45:49:03 – 00:45:52:20 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Uma vez que todos os escritores do gueto, da periferia falam.
00:45:52:23 – 00:45:53:19 JORGE CORREIA Falam lá das suas coisas.
00:45:53:19 – 00:46:15:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vão passar para a categoria instrumental. Além disso, há escritores e isso me diz muito. E e tu tens presente tu, esses homens da escola e do urbanismo, etc. Também conheço muitos numa faculdade em Portugal e tu vais ver muitos alunos, por exemplo negros, mas são maioria. São bolseiros que vêm directamente de Cabo Verde que nem são daqui. Mas isso é impressionante.
00:46:15:09 – 00:46:36:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES E tu falas com parte das pessoas que escrevem e pensaram sobre isso e conseguiram fazer esse processo. Elas não contar sempre mais. Cheguei ao sexto ano. Eram os maioria. Chegam ao nono. Eu era um João quatro. Cheguei ao secundário. Era único. Não há sempre essa. E é a música, Estás a ver mesmo? Estamos a falar. Foi de pé na porta.
00:46:36:06 – 00:46:43:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Todos fizeram as coisas. O número de pessoas nesses bairros é tão grande na área metropolitana.
00:46:43:05 – 00:46:45:22 JORGE CORREIA Que criaram 1.000.001 mercado, uma audiência para o programa.
00:46:45:22 – 00:47:06:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Nesse próprio. Depois se ligou para outros músicos na porta de conseguiram fazer isso pelas redes sociais. Não foi? Não houve nenhum esforço de vanguarda de uma editora a dizer neles. Acharam que por eles eles eram todos até organizados, por vezes relativos e quase tudo. O manager é um deles. O fazer por fazer batidas é um deles. O canto é um deles, claro, E faz.
00:47:06:13 – 00:47:33:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Viviam deles tantos fez um um um percurso à margem sobrevivência. Outra coisa engraçada é tinham entrevista com a mulher. E quando falamos de políticas públicas e pensas tipo como é que o pessoal vê com que essas áreas não se lembram? Que escola uma política pública em geral? Então, ele dizia ser engraçado, que é A melhor cena que me aconteceu foi o Magalhães.
00:47:33:09 – 00:47:35:22 JORGE CORREIA O Magalhães Magalhães é velhinho, o computador também.
00:47:35:23 – 00:47:42:12 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque proponho que seja o Magalhães na escola, com internet nas casas, o Magalhães e a Internet.
00:47:42:12 – 00:47:43:08 JORGE CORREIA Abriu lhe uma porta.
00:47:43:13 – 00:48:03:24 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Uma porta que até essa altura, nesses territórios você não tem um computador. Antigamente tinham às vezes um centro comunitário ou outro onde algum tesouro mora e de repente ele pode levar para casa o computador. De repente. Download de programas, software de música de repente montar as suas músicas, fazer o YouTube, expandir as suas músicas. Eles fizeram as processo por eles.
00:48:04:02 – 00:48:05:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não foi um processo que teve.
00:48:05:01 – 00:48:06:03 JORGE CORREIA Um efeito multiplicador.
00:48:06:17 – 00:48:10:02 JORGE CORREIA Alguém inventou o computador para estudar e eles submeteram de tal maneira.
00:48:10:02 – 00:48:12:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Que foi completamente não resolvido.
00:48:12:05 – 00:48:26:18 JORGE CORREIA O que é extraordinário. Ali nós estamos a determinar se fosse possível, estes, estes jovens, pôr o seu sonho numa cápsula do tempo para nós abrirmos daqui a 20 anos ou daqui a 30 anos O que teria de poderio lá está.
00:48:26:20 – 00:48:33:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Descrito no Face de Deus que lhes perguntar agora.
00:48:33:08 – 00:48:37:10 JORGE CORREIA Podemos também fazer esse jogo com a tua cápsula do tempo. O que é que tu punhas na cápsula do tempo?
00:48:37:11 – 00:48:59:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não achas que é muito difícil porque tu estás num ambiente? Este sistema de política pública que serve para em. E eu te disse na televisão onde não tinha, não sei bem como cria. Queria dizer quando nós entramos em democracia, parece que arrumamos a democracia. Vem tempo dos gregos. Não tem nada a ver a democracia que nós vivemos hoje no Rio de Janeiro, onde havia servos e escravos, onde só alguns votavam.
00:48:59:19 – 00:49:47:11 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não é igual. Nós temos tanta. É a revolução Americana, a força americana, que uma democracia é certo para os afortunados. Não é não. O modelo democrático hoje em dia, que permite pensar em cada pessoa, poderem emancipar se e depois ter uma constituição, tu lês, é moderna comparado com outros e tu percebes Sim, tem uma Constituição que fala de emancipação em todos os domínios, mas pois as políticas públicas para fazer e para fazerem usufruir essa constituição dos articulados como se fosse um cerco, não é aquele esquema que não explicarei porque imagina moras numa casa com 12 pessoas e um T3, porque as pessoas te olham e porque aquilo que tu fala de ocultação do conhecimento.
00:49:47:11 – 00:50:01:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque tanto se isto casa e emancipar te? Mas depois vem a troika escrever Voltamos para casa de base e chega lá uma social e diz As crianças não podem viver assim. Vou abrir um processo.
00:50:01:24 – 00:50:17:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Crianças de um processo. Agora imagina a seguir a pessoa vai. E ocupa uma casa de estar vazia. A casa agora é boa, tem um quarto, as crianças e um acordo para os pais, a casa ocupada. Esse é um preço. Vou tirar as.
00:50:17:18 – 00:50:18:22 JORGE CORREIA Crianças. Não pode ser.
00:50:18:24 – 00:50:44:01 ANTÓNIO BRITO GUTERRES A pessoa, pois é desalojada e pede apoio para na rua, pois tirar as crianças então é um sistema que domestica e tira os seus sonhos. Então eu lembro de estar com um miúdo muito bom, mas se olhar nos olhos deles muito, muito agredido e choramos com eles na escola, tem ideia aquilo que nós éramos? Só o distrito? Eu só para ir para a escola, tipo referência dentro da escola, perante os maus miúdos e toleramos.
00:50:44:01 – 00:51:08:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Então eu chamo por assim que os professores que têm vontade de o fazer, porque eles não têm é mesmo esse professor, ele tentar ir falar com o pai de um deles, que como disse, era muito querido e resolutamente sério e convicto. A professora dizer aos pais para ele se forçar um bocadinho, um dia pode vir a ser caixa, supermercado e tu ouves aquilo e é uma dor, tás ver?
00:51:08:00 – 00:51:16:02 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Ou seja, preciso dizer tu podes ter sonhos. Por exemplo, diga me miúdos que estão comigo e pedem me medicina muito brincar. Eu quero mesmo ter uma piscina.
00:51:16:08 – 00:51:17:15 JORGE CORREIA Vocês podem sonhar. Porque é que.
00:51:17:15 – 00:51:49:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sentes Depois saltas desse espaço de conforto, de espaço, de fala e tu estás à vontade no teu Geografia, no duro, criatura. E começa a rodar o sistema, ter um pedir que em vez de libertar, estagna. Tu deveria constrange te e portanto, diz mais pedindo aquela turma a professora prende a mãe ou pode vir caixas do mercado todo. Portanto, essas cápsulas de sonho eu trabalhei para se não tivesse a função necessidade.
00:51:49:07 – 00:52:22:17 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Como nunca houve síntese, exploração, mas quando trabalhei formalmente outra vez num num bairro e no calor, era muito estranho porque era um conjunto de miúdos que são todos meus amigos. Tanto já foi em 2000, foi muito tempo junto dos homens. Hoje em dia um deles é o cantor. O Ninho das Mães é. E tu vês um grupo de miúdos completamente vitimizado porque é, depois desse tempo, a gente de 90 foram duros neste bairro com o consumo de drogas e tantos vezes um grupo de miúdos Casal Ventoso.
00:52:22:19 – 00:52:24:10 JORGE CORREIA Estive lá muitas vezes a acompanhar aquilo.
00:52:24:12 – 00:52:54:18 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, um grupo de miúdos que cresceu em autogestão, que cresceu com os pais e, portanto, com o seu dia a dia todo virado país ou presos, ou muitos morreram de overdose de sida, etc. E eu cresci com os miúdos. A rua então era aquilo na rua e era incrível a sensação estranha e mista, espero que não paternalista, de estar com eles e pensar esses senhores aqui com a tragédia que aconteceu, são muito livres.
00:52:54:20 – 00:53:22:09 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque é que o projeto é um projeto de integração dos formais? Era uma coisa de programa, escolhas e eu sabia que aqueles miúdos como Domingos, dançavam e como eram divertidos, como eram criativos, Presidente que os esforço por aquilo que é suposto lhes oferecerem para se integrarem é um chato que precisa. Então, é muito estranho ter essa cena de saberes, quase utopicamente, que o espaço é um espaço melhor, incrível, mas simplesmente não bom estar cercados de quadrado.
00:53:22:10 – 00:53:33:04 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tem que se dali e vês os problemas. Quer miúdos que moram lá do metro que nunca andaram de metro, miúdos na altura só 2000 e tal, ainda não tinham cartão de cidadão nem bi.
00:53:33:06 – 00:53:37:14 JORGE CORREIA Deixa me interpretar te. Nós estamos a criar gaiolas ou em vez de criar trampolins.
00:53:45:16 – 00:53:48:10 JORGE CORREIA Que tem, tem o potencial, tem uma capacidade.
00:53:48:12 – 00:54:01:16 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Isso nós não estou a dizer que seja de mudar, mas eu vou te dizer por entre a gente, mas a trabalhar no princípio 2000, os miúdos ficavam pela quarta classe, ministravam a quarta classe e ficavam por aí. E o quinto ano chumbava. Ficavam no quinto ano e sempre aquela semana.
00:54:01:18 – 00:54:03:18 JORGE CORREIA Uma barreira, uma fronteira, tudo. E agora.
00:54:03:20 – 00:54:27:11 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Evoluiu muito. Eles só ficarem no sexto, oitavo, nono. Não é grande evolução. Em 20 anos continua a ter o mesmo grau. Aquele que era exigido há 30 anos ou 20 anos de escolaridade. Não é de hoje em dia. É apenas alguém que tem a quarta classe. É estranho, mas na altura não havia dois meses. Agora o pessoal oferece, só diz tenho estado no teu nome ou nunca dei o nome de torneira, Não usou nenhuma.
00:54:27:11 – 00:54:48:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Tu nunca tu queres digita de novo assim. Grande evolução. Trabalhar mais em espaços como esse, mas espaços como esse, um espaço de divulgação do que está a passar e vocês perceberem e perceberem que falamos no princípio que porque estes cursos foram os teus meritocrático, não é? Porque é que. E muitos também não olham para a nossa conversa muito distante?
00:54:48:10 – 00:55:11:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Porque para o mundo dentro do seu trampolim, que é sua caixa de Messenger e de Facebook, não é, não tem porque não quer. E pontos de partida são diferentes. É de facto questionamentos que existem para vir a uma equidade. Não existem? E depois só se reparar na política pública portuguesa tu agarras na pessoa que conseguiu, que foi destes lugares, conseguiu e tu promove, diz.
00:55:11:15 – 00:55:32:05 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Conseguiu. Conseguiu cursos, mas é um não, mas é um e vou pancada, um dito elevado de conseguir. Não é o teu dia, amigo meu, que seja boa, engraçada, não engraçada do ponto de vista de social, mas engraçado a nível de ironia que era eu estava sendo testado lá de baixo. Ele é um modelo. Encontram chama, escolhe o que o pessoal chama de ti Bunga.
00:55:32:07 – 00:55:56:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Teu modelo do Levitan tá todo, está sempre no estrangeiro, etc. Só que ele criou na Cova do Moreno e faz parte da sombra. Já tem pelo retrovisor um canal de colisão e ele falava. Tive que formatar o meu amigo que eu nem quis saber. Nós gostamos era de carros jovens que era e depois ele dizia ser engraçado não estar entre tal e depois entra naquela de números de pesquisa na internet.
00:55:56:07 – 00:56:10:15 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Se tu conseguiste ele diz Pois, mas é que está é que foi estilizado quando era pequenino e foi a professora da escola da Cova da Moura que mandou tu.
00:56:10:17 – 00:56:11:05 JORGE CORREIA Havia alguém que.
00:56:11:05 – 00:56:20:08 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Acreditou nela como adulto e portanto, quer dizer, eu cresci em dois mundos e fui no mundo dos brancos álcalis, porque tivemos a oportunidade, não foi no mundo em família.
00:56:20:10 – 00:56:21:10 JORGE CORREIA Senão aconteceria o mesmo que.
00:56:21:10 – 00:56:29:00 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Os outros de fazer e de ter repórter naquilo, mas de conseguir tê lo. Mas eu queria um mundo grande.
00:56:29:02 – 00:56:47:24 JORGE CORREIA E não desisto e quero saber de ti quando tu encontras um menino, uma menina de dois, de três anos, se o discurso também sofre destes mesmos males ou se há ali alguma coisa, já que que nos possam oferecer esperança.
00:56:48:01 – 00:57:21:22 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não, claro que possa ser esperança numa pessoa com essa idade, mas também digo eu, que chatear me e mudar o exemplo. Eu comecei a minha tese primeiro. Todos os anos 99 anos 90, eu trabalhei ali no realojamento da Pedreira dos Húngaros e parte desse nóis fomos alojados em Portugal e vi lá uma creche. Detestei as senhoras de creche de 14 anos que elas viam que as crianças de três anos e quatro anos, quando se viam que eu podia entrar no bairro, elas deixavam de conseguir fazer atividades com ela, tinham que fazer outra coisa, fazer, porque elas sentiam.
00:57:21:24 – 00:57:48:16 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Portanto, o que dizer? E a experiência? Claro que temos que para que isso aconteça é o sim de esperança. Eu vou dar o exemplo. Os mitos com que eu cresci, quando falei de cólera do grupo de miúdos verdadeiramente ou formalmente órfãos, por exemplo, esses miúdos todos, com exceção de um ou dois homens, vão buscar os filhos à escola, vão pô los no ATL, que eles pagam complicações, etc.
00:57:48:18 – 00:58:10:06 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Vamos casar, vamos para almoçar. Tantas coisas que não vão acontecer com eles. Está tudo aqui, uma reprodução de algo diferente, mas por exemplo, quer dizer de também que os putos cresceram num espaço ensino criado por eles para nós. Estávamos na rua e preparamos um espaço e quando arranjamos o espaço não foi tipo até já ali fazer o espaço já para vocês entrarem.
00:58:10:06 – 00:58:24:07 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Não? Ora vamos todos juntos para o espaço e mostramos maior espaço. É algo nosso, programado por nós. Nem todos tiveram a experiência de cuidar com os fomos criados, outros não. E continuamos, pois é normal muitas vezes experiência muito espaço formal em tu vais levar um.
00:58:25:17 – 00:58:50:10 ANTÓNIO BRITO GUTERRES Sim, mas quer para eles trazer. Não era tipo um espaço, uma criança bater à porta com essas regras e programações, não nos criar nós convívio, o que implica uma apropriação de espaço. Mas também acontecia de dividir se em três anos, cinco para sentar não ficava nervoso. E para perceberes como isto é mesmo uma coisa. Não é genético, evidentemente, mas tu captas o que se passa ao teu redor desde muito cedo.
00:58:50:10 – 00:59:13:18 JORGE CORREIA O ambiente molda nos. Se houver oportunidades, podemos florescer. Se a estrada acabar num beco sem saída, tudo se torna muito mais difícil. Cada bairro tem a sua identidade, a sua história e a sua narrativa. Mas se quisermos fazer uma fotografia gigante de Portugal, basta olhar para os números do Instituto Nacional de Estatística. Há 1.700.000 portugueses que estão em risco de pobreza.
00:59:13:24 – 00:59:24:24 JORGE CORREIA São pessoas que têm um rendimento de pouco mais de 600 € mensais. Como é que se conta esta história? Ou melhor, como é que se muda esta história? Até para a semana?