Meio de agosto já lá vai e setembro está à porta.
Não tarda nada e começamos o novo ciclo anual de trabalho.
Reabrem as escolas, regressam os adultos também ao trabalho.
E por isso lembrei-me desta conversa com Catarina Furtado que reedito hoje.
A razão da conversa era outra, mas calhou termos gravado no dia em que o governo decidiu mandar fechar as escolas devido à COVID-19. Para tentar suster a famosa onda epidémica.
O planeta parece viver em círculo. E em novo ano escolar parece que a COVID dá alguns sinais de aparecer neste inverno também. Afinal, como acontece com a gripe ou outras doenças respiratórias.
Com a Catarina falei de empatia, essa receita mágica da comunicação.
Olhar o mundo pelos olhos dos outros ou calçar os seus sapatos, como diz o povo. Sentir pelo outro, compreender, aceitar, ter compaixão e demonstrar um genuíno e desinteressado amor pelas pessoas.
E os temas cruzam-se, o fecho das escolas, como de outros serviços públicos, foram mais sentidos pelos menos favorecidos. A rede de suporte social é crítica para apoiar quem tem menos.
Tal como nessa altura os movimentos populistas mantêm-se a borbulhar.
A canalização das notícias falsas pelas redes sociais parecem ter vindo para ficar. Não é muito diferente dos boatos das aldeias, mas tem um potencial infetante maior.
É um risco que não devemos perder de vista.
Volto a Catarina Furtado. Nesta conversa vem ao de cima a sua fórmula existencial e de trabalho. Sim, é simpática, todos vemos isso, mas é outra coisa. É alguém capaz de sentir e gerar empatia. E isso é um toque distintivo da comunicação humana.
Catarina Furtado, de viva voz, a 26 de janeiro de 2021.
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0:00:13 – JORGE CORREIA
Ora Vivam. Bem-vindo-os ao Pergunta Simples, o vosso podcast sobre comunicação. Meio de agosto já lá vai e setembro está à porta. Não tarde nada. Começamos o novo ciclo-inual de trabalho, reabrem as escolas, regressam os adultos também ao trabalho. Por isso me lembrei desta conversa com o Catarina Furtado que ri dito hoje. A razão da conversa era outra, mas calhou termos gravado no dia em que o governo decidiu fechar as escolas por causa da Covid-19. Lembram-se, para tentar suster a famosa onda epidémica. O planeta parece viver em círculo e, em novo ano escolar, parece que a Covid há alguns sinais de querer apreciar este inverno também. Pode ser normal, afinal, como acontece com a gripo ou com as outras doenças respiratórias que aparecem no inverno e vão de férias no verão. Com a Catarina falei de empatia, essa receita mágica de comunicação Olhar o mundo pelos olhos dos outros ou calçar os seus sapatos, como diz o povo De sentir pelo outro, compreender, aceitar, ter compaixão e demonstrar um genuíno e desinteressado amor pelas pessoas. E os temas cruzam-se. O Fecha de Escolas como de outros serviços públicos foram definitivamente mais sentidos pelos menos favorecidos. A rede de suporte social é crítica para apoiar quem tem menos E provavelmente só agora estamos a ver alguns dos impactos da pandemia de Covid-19.
Tal como nessa altura, os movimentos populistas mantêm saborebollar A canalização das notícias falsas pelas redes sociais, parecem ter vindo para ficar. Não é muito diferente dos boatos nas aldeias, mas tem um potencial infetante bastante maior. É um risco que não devemos perder. A devista Volto a Catarina Fortado nesta conversa, venha ao de cima à sua fórmula essencial e de trabalho. Sim, ela é simpática, todos sabemos, mas é também outra coisa. E alguém capaz de gerar e sentir empatia, E isso é um toque distintivo da comunicação humana. Catarina Fortado de Viva Voz, 26 de janeiro de 2021.
0:02:24 – CATARINA FURTADO
Vamos assumir a verdade total do horário em que estamos a fazer esta conversa. O Primeiro-Ministro acabou de anunciar que as escolas vão ser todas fechadas E aquilo que te posso dizer, em primeiro lugar, porque tenho a minha adolescente ali no quarto ao lado, é que entendo perfeitamente, faz parte de um esforço coletivo e era invitável a que acontecesse. E isto agora só porque acho que o tema também merece isso. a pensar também na parte psicológica destes adolescentes, não só a acessão de conhecimentos, que obviamente vai ficar hipertocada, mas isso é geral, mas também a parte psicológica que vai ser muito afetada porque de facto estes adolescentes não estão a viver aquilo que são as burbulhas do crescimento, da adolescência. Isto vai entrar mais nesta facetária, porque acho que é de facto aquela facetária onde se constrói o espírito crítico, onde se constrói em identidade, onde se anda oscilando muito com as questões da autoestima E portanto essa parte se preocupa muito.
Perocupa-me também as desigualdades que vão ser ainda mais acentuadas no que diz respeito ao acesso à educação, porque na verdade serão sempre aqueles que têm menos acesso à educação formal e informal aqueles que serão mais prejudicados.
Portanto, obviamente que neste momento estou muito preocupada e muito solidária com todas as pessoas que estão na linha da frente, e aqui incluo enfermares, médicos, mas também os auxiliares de saúde que muitas vezes são esquecidos e fazem um trabalho exemplar, que tem que estar ali, ele desinfectar, limpar, enfim incansáveis com os mais velhos, a população mais velha que está a ser permanentemente amadrontada com o facto de estar sempre exposta na televisão e nos mais de comunicação social em geral, e depois com o nosso sistema nacional de saúde, obviamente, que está a enfraquecer e que leva por arrasto, obviamente, todo o outro tipo de patologias que estão a ficar em segundo, em terceiro lugar na ordem das prioridades nos hospitais e nas saúde.
portanto eu sou e acaba assim esta resposta eu sou obviamente uma privilegiada no meio disso tudo. do ponto de vista das saúde as coisas estão passando bastante bem até ao momento, mas do ponto de vista do impacto que este confinamento e esta pandemia até na minha vida pessoal e financeira, pronto a cá por ser uma privilegiada, mas não consigo deixar de pensar, até porque tu, com a minha coração, concrua diariamente para tentar atunular este impacto em muitas famílias, nomeadamente famílias de mães que estão sozinhas sem companheiros.
0:05:09 – JORGE CORREIA
Vamos falar dos corações que concrua obviamente tu, como receptor de informação. Como é que tu te estás a sentir neste caldo que estamos todos a viver? apesar de és uma privilegiada na verdade somos uns privilegiados, temos meios para estar bem no meio desta turbulência como é que tu recebes, como receptor de comunicação? abrises um tela jornal, ves um jornal e recebes que são 10 mil casos, 15 mil casos, 100 mortos, 200 mortos.
0:05:42 – CATARINA FURTADO
Bem, aqui várias pontas por onde eu poderia pegar. Sendo eu da comunicação social, eu percebo que tem que dar as verdades, as notícias que são verdadeiras, até porque nós estamos a viver uma época em que as falsas notícias estão a ocupar muito espaço da antena. Pregozamente, estamos em época de eleições. Eu não vou utilizar o teu podcast para fazer nenhum tipo de pressão, mas não resisto a deixar aqui um pensamento, uma reflexão, uma preocupação que é, por favor, que as pessoas tenham atenção quando consomem notícias falsas.
0:06:16 – JORGE CORREIA
Você está assustada com os movimentos populistas. Eu ouvi-te pela primeira vez tomar uma posição política que tenha a ver exatamente com o que eles estão defendam-se dos movimentos populistas, das falsas informações e, no fundo, das manipulações do nosso pensamento, usando a informação que não é verdadeira.
0:06:34 – CATARINA FURTADO
Exatamente, eu não faço aqui a pela nenhuma candidata, em particular não com o FIS, não tem nenhum candidato. Para ser muito sincero aqui contigo, tenho uma convicção de que não é o fascismo, não é o regresso do fascismo, não são os movimentos populistas que vão salvar de tudo. E tenho esta convicção não só que tenho um passado obviamente, sua filha do 20 de Abril mas sobretudo sinto que tenho autoridade para falar sobre estas questões porque eu trabalho no terreno no dia a dia, não só enquanto comunicadora falo com as pessoas do norte, do Sul do país, estou em contacto próximo as pessoas mas sobretudo enquanto ativista, enquanto é alguém que se faz da sua vida também o voluntariado e portanto, mais uma vez, com a minha coração esconcorou. Eu falo diariamente com as pessoas e falo também com pessoas migrantes, falo também com refugiados e portanto e falo também com a comunidade cigana, com a Romani, falo com os portugueses, os de bem, falo com toda a gente e na verdade tenho muito bem noção de que a demagogia é aquilo que provoca, semeia o medo, ao ponto de as pessoas pensar em ah meu Deus, há aqui um salvador. Mas na verdade nós até temos um, somos privilegiados no sentido em que já vimos como é que este despeceu da Salvador se comportaram noutros países e o desastre que foi só criar aqui.
Alertar, por favor, é fácil, é muito fácil, e compreendo que estejam indignadas, as gostadas, porque a situação não é de facto boa. Não é de facto boa no país inteiro, mas também no mundo inteiro, e não são essas respostas aparentemente salvadoras que nos vão aturnoar as almas. Posto isto, eu, sinceramente eu gostava que também houvessem, existissem mais notícias positivas. Sabe, jorge, gostava também que se referissem mais vezes o número de pessoas que foram recuperadas, que recuperaram do Covid, casos mais isolados, pessoas até bastante mais velhas, e há e estas notícias normalmente vêm só nos fidezinhos tipo curiosidade, ou nos Instagram, se partilhamos uns com os outros, mas podem abrir um telejornal.
Acho que é importante perceber que, enquanto houver esperança, há sempre capacidade de nós, recuperarmos a união porque senão este pânico faz com que as pessoas se dispersem, inclusive dispersem nos seus comportamentos, ficam menos unidas e ficam mais chaves que empoderam. E tu veias uma imagem, uma caricatura que tu imaginas, ou o que eu imagino é de repente há uma bomba e as pessoas que cada um fóspe o seu lado e cada um se preocupa com o seu umbigo e com a sua despensa se ela não está repleta dos seus penses essenciais.
0:09:12 – JORGE CORREIA
Tivemos a corrida aos roles de papel higiênico na primeira onda, que é quase um fenómeno inexplicável, mas exatamente de egoísmo e de medo ao mesmo tempo.
0:09:23 – CATARINA FURTADO
É de espírito de sobrevivência, mas muito pouco informada. Não é, é um espírito de sobrevivência mesmo, quase inconsciente, quase irracional, diria Prontinho. Aquilo que me preocupa sinceramente, que mais me preocupa no meio disto tudo, é se de facto nós aprendemos ou não uma grande lição em relação ao humanismo a capacidade que nós temos de estender a mão verdadeiramente, não para pedir, mas tudo prevale Para dar o apoio, porque isso já está a acontecer, infelizmente, essa capa da nossa dignidade, que é aquilo que nos define, está a caírem. Muitas pessoas e isso é muito aflitivo.
0:10:07 – JORGE CORREIA
As pessoas deixam que a sua capa da dignidade para estender a mão e pedir um prato de sopa, por exemplo, e temos que nos unir mais, cada um com os seus recursos, com aquilo que pode, mas para ter essa corrente de solidariedade que possa de alguma forma salvar essa situação, tu, como editora, já percebi que escolherias umas notícias mais positivas para temperar no fundo um ambiente profundamente negro nas perspectivas nesta terceira onda e portanto que pudesse canalizar alguma esperança, a espelha de um jornalista que ainda por cima, é a voz do aqui e posto de comando das forças armadas, o aqui em Fortado, e portanto tem-se uma matriz genética e educacional que por aí vai.
Tens falado com os teus pais sobre este tema? porque nós olhamos obviamente para os nossos filhos, mas enfim, mas a pandemia no caso deles não é uma coisa muito preocupante em tempos de saúde, porque os casos são geralmente benigmos nas gerações como a nossa. As coisas também são genericamente tranquilas, não é garantido, mas são mais tranquilas. Mas quando olhas para os teus pais, para os avós de Portugal que nós todos estamos a ver, como é que são essas conversas?
0:11:29 – CATARINA FURTADO
Essa é uma pergunta muito pertinente, jorge, porque na verdade eles fazem o papel de pais, ou seja reportam todas as notícias porque infelizmente tem a mais tempo para ver mais notícias, estão mais atentos, estão em casa. Minha mãe está sempre em casa. Minha mãe praticamente não sai de casa. Agora não sai mesmo de casa. O meu pai, como faz a sua caminhada e mantém o seu espírito mais ativo através também do exercício físico. Sai mais vezes, mas eles estão muito atentos e portanto eles fazem o papel de pais.
0:12:03 – JORGE CORREIA
Então, e a Catarina Fortado é uma espécie de mãe dos pais neste momento.
0:12:08 – CATARINA FURTADO
E essa é a questão que eu tinha agora a responder. É curioso porque eu não vejo meu pai neste momento como o jornalista, aquela pessoa com quem eu sempre falei das temáticas, todas as faraturantes as menos, e sempre falamos de tudo. Neste momento eu faço uma espécie de equilíbrio ou tente fazer que é não falar muito sobre estas questões, estar lá para ir no outro confinamento. Eu fui entregar muitas vezes comida, mesmo que eles dissersem que não era preciso, porque me sentia bem em fazê-lo, mas não consigo falar muito porque na verdade eles estão dentro da facetária considerada de maior risco, ainda que agora, com a mutação do vírus britânico, que esteja a ser a facetária dos mais novos a mais afetada.
Mas é curioso porque eu não consigo. Não é porque na verdade ele não é o jornalista que está ali com quem eu posso falar sobre como é que eles estão a conduzir a informação, a informação da pandemia. Não é o meu pai, que tem 72 anos e que, apesar de estar maravilhosamente bem, minha mãe não está assim de saúde, não está tão bem. Eu não posso ainda me derontar mais os fantasmas que, de certeza absoluta, adormecem com eles todos os dias e acordam com eles todos os dias, mais até do que acho eu, do que comigo. Eu penso mais nos outros neste momento e eles devem pensar mais em si próprios, ainda que sejam pessoas muito solidárias. Percebes o que eu quero dizer.
0:13:37 – JORGE CORREIA
Catarina, já que tu falaste do teu pai, e eu quero tocar um aquilo que pode ser o fator X, catarina fortado, que eu posso chamar a empatia. Quando nós marcamos esta conversa, eu partilhei com duas gerações, partilhei com meu pai e partilhei com meu filho de 11 anos, e quer um quer outro disseram uau, catarina fortado, que bom. Bom, eu estou a contar esta história. Já tem teu pai Jair. O meu pai tem também o de estar ao alvo dos seus 75 anos. O meu filho tem 11 e agora pergunta para ti qual é o teu segredo para conseguir tocar o coração dos avós e dos netos? Porque se tem um segredo, catarina, temos que saber qual é o teu segredo.
0:14:30 – CATARINA FURTADO
Oi Jair, já é como um sentimento de evidente orgulho que constato que tanto o teu pai como o teu filho ficaram contentes e na verdade eu tenho esses sinais no meu dia a dia. Tenho das pessoas mais velhas. De facto, brincar a brincar são 30 anos, 30, neste momento já são 30 anos a fazer televisão.
0:14:57 – JORGE CORREIA
São só 3,. Eu posso confirmar que são 3 anos de carreira.
0:15:01 – CATARINA FURTADO
Porque é inacreditável. O olho de patras Jorge. Não sinto que foram 30 anos a fazer televisão, mas há muitos problemas que ficaram muito marcados nas gerações mais velhas, nomeadamente o caça de surcas. As pessoas rezavam. Eu tenho relatos de pessoas que rezavam para que eu não quei isso. O helicóptero, porque é uma coisa absolutamente entrenecedora é com o movimento E depois com os mais novos que eu faço a mais nova, onde o teu pré-adulgente também está. Eu acho que o segredo, segredo é eu gostar de pessoas. Eu gosto mesmo de pessoas e fico tão, tão, tão triste, profundamente triste, que é difícil por mim, profundamente triste. Eu fico muitas vezes indignada. A tristeza é mais difícil, a indignação é mais fácil por tudo aquilo que eu tenho vivido ao longo dos tempos e tenho assistido e tenho documentado até para ter televisão. Mas fico profundamente triste quando desiludo com alguém, quando achava que os valores das pessoas que eu defendo enfim o que vale, baixam, os meus estavam semeados naquela pessoa e aquela pessoa desiludiu-me. São poucas as vezes ao longo da minha existência enquanto cidadã, enquanto adulta, né Que eu tive essas desilusões.
Também te posso dizer, e talvez por isso eu acredite tanto nas pessoas já vi coisas terríveis. Não dico que não, já vi o lado pior das pessoas e nós temos todos um lado menos bom. Há pessoas que têm mesmo o lado mal, mas na verdade eu gosto imenso de pessoas e portanto, como gosto de pessoas, tenho a mesma curiosidade de uma pessoa de 75 anos que tenho para uma pessoa de 11 anos. E se calhar, é o meu olhar, é o olhar de quem quero ouvir. Eu quero muito ouvir, muito, mais, muito mais. Quero ouvir do que quero falar, Apesar de ser eu a que conduz os programas, é que veem falar, mas eu gosto mesmo de ouvir. Acho que é sucesso.
0:16:48 – JORGE CORREIA
Tu agora tens no ar o Voice Kids, já tives tu de Voice. É muito interessante o concurso. Primeiro porque o concurso é divertido e apaixonado. Estou fascinado sempre com aquele júri, com as várias dinâmicas que o júri cria, Mentors mentors.
0:17:08 – CATARINA FURTADO
Não pode ser mais júri.
0:17:09 – JORGE CORREIA
Mentors. portanto o júri julga e os mentors ajudam. É este. vamos ser rigorosos na linguagem. Como é que tu lidas com as expectativas dos concorrentes? Olhando para os concorrentes adultos, ou adolescentes, muitos deles E as crianças que agora também lá estão no concurso?
0:17:28 – CATARINA FURTADO
Olha, são muitos anos já a fazer o de Voice, muitos anos mesmo, e no fundo, na verdade são muitos anos a fazer talent shows. São muitos anos a lidar com as expectativas. Portanto eu fiz o Super Distrela há praticamente 30 anos E depois fiz também a operação triunfo Enfim. Fiz muitos programas onde eu tenho que lidar com as expectativas dos concorrentes. Posto isto, o de Voice, em concreto, afirme sempre com adultos E portanto as expectativas que eu tenho são sempre as que as pessoas sejam bem tratadas pela minha equipe. Eu exijo isso das minhas equipas Até nem tenho que exigir, porque na verdade estamos a falar da Shine, que é uma produtora internacional e que tem certo Mas estas pessoas têm um sonho.
0:18:11 – JORGE CORREIA
Quando lá aparecem, sonham ser lançadas para a primeira carreira.
0:18:17 – CATARINA FURTADO
Aquilo que eu faço. Eu não sei como são os outros comunicadores, os outros apresentadores. Eu sempre fiz isto ao longo de toda a minha vida. E mal eu estou a entrevistar, mal chega algum concorrente ao pé de mim E Off the Records, quer dizer sem estarmos a gravar, sem estar a câmera a gravar. Eu chamo a pessoa, digo olha, eu sou catarina e tal, já sei, vamos estar aqui um bocado e tal, vou fazer-te umas perguntas conforme a idade que acho que respeitinha. Muito bonito. E digo olha, são muitos anos a apresentar estes formatos. A única coisa que eu acho que tu tens de perceber mesmo é que daqui não sai uma carreira, aqui pode sair uma carreira.
0:18:53 – JORGE CORREIA
Wow, isso é uma conversa difícil.
0:18:56 – CATARINA FURTADO
É difícil, mas faço sempre isto, sempre, sempre. Os meus produtores já sabem que eu dou-me uma forma de tirar aqui um bocadinho os pozinhos mágicos.
0:19:03 – JORGE CORREIA
Então e agora deixem-me perguntar de catarina e o que é que acontece quando tu falas com alguém ou quando tu ouvisas pela primeira vez alguém cantar e tu, catarina, dentro da tua neutralidade, pensares assim wow, esta ou este é que é.
0:19:19 – CATARINA FURTADO
O que eu faço também, e há muitas provas disso. Muito deus tem esse segredo no ouvido que eu fiz questão de dizer foi normalmente tu tens qualquer coisa de especial. De facto, tu tens qualquer coisa. Tu, por favor, tens de ser temoso, tens de querer bater à porta certa, tens de compor, tens de ouvir mais música, tens de perceber que referência já é que tu realmente gostas de ter uma identidade, porque aqui não há cópias, aqui, ao contrário dos superdestreleiros, não há cópias E portanto é isso que eu digo, é há uma percentagem gigante de sorte, há uma percentagem ainda maior de trabalho e depois há uma percentagem mais pequena de talento. Isso eu sei desde sempre Nas expectativas das crianças. Aí é que é muito diferente, Jorge, porque eu nunca aceitei conseguir ter esse privilégio até então, fazer um programa com crianças, que fosse um concurso, que alguém ganhasse.
Sim, fiz muitos formatos de crianças. É das coisas que mais gosto de fazer na vida, são formatos de crianças, mas nunca tinha feito um concurso ou seja, nunca tinha lidado com aquela coisa que é o miúdo não passou. Minha miúdo agora vai para o colinho dos papás, mas antes de chegar para o colinho dos papás tem que passar aqui pela Tia Catarina. E o que é que eu vou dizer? Eu aceitei fazer. A RTP pediu, e obviamente eu não iria dizer que não, e porque também tinha a experiência daquilo que tinha visto na anterior edição, em que a forma como a produtora gêro tudo, a forma como os mentores escolhem as palavras, a forma como desde que o miúdo saia de sua casa até entrar no estúdio eletratado, do ponto de vista da logística de produção, a forma como depois é editado o programa, a edição, e tu sabes, é a comunicação, é das coisas mais preciosas que pode dizer. Tu podes pôr uma pessoa boa a ser um bandido.
0:21:08 – JORGE CORREIA
Ou podes valorizar a participação de uma determinada pessoa.
0:21:11 – CATARINA FURTADO
Ela é uma coisa mágica, é quase Luiz de Marcos Alito. Podes manipular de facto Ou podes basicamente fazer a transcrição absoluta daquilo que se passou. É o que nós fazemos. Nos após Podemos pôr uns posinhos mágicos de edição que normalmente têm a ver com o olhar dos mentores, com o meu olhar. Agora não temos público, portanto nem a parte da componente do público, mas na verdade aquilo é o que está ali E eu fui surpreendida passados 30 anos de carreira, ainda me surpreendo com o facto de não sentir minimamente triste quando alguma criança não passa. E por quê? Porque são elas que nos estão a ensinar que se tudo for assim tão bem feito desde o momento em que saia de casa até o momento em que saia de Upaul, é justo que as crianças vão com uma mensagem e sobretudo com uma experiência única que vão partilhar com os amigos e que é para sempre. Tem sido sempre assim. Eles próprios dizem foi tão bom estar aqui, foi mágico. Então os pais mais tristes têm uma outra consciência, mas também eles ficam surpreendidos, porque afinal a criança não nos atoa a chorar, mas que choram, claro, há hora. Até muito têm a ver com a descompressão.
Sabe, subindo àquele palco e a Marisa Alito está sempre a dizer isso é próscurajoso Cantar um original, como cantou a última miúda. Quem não viu, por favor os teus seguidores do podcast, que veja que vão ver, porque o programa está mesmo extraordinário e nós temos miúdos de 10 anos, 11 anos a comporem, porque tocam instrumentos, tocam piano, tocam guitarra, tocam accordion incrível, e já compõem os seus próprios originais. No meio desta pandemia negativa, há esperança. Sabe, esse programa passa muito isso. Há esperança. Há outra coisa muito bonita que acontece, que é o amor entre irmãos.
Os pais estão lá sempre para apoiar os avós também. Isso já vimos sempre, né Faz parte, faz parte. Mas aquilo que me surpreendeu nesta edição, jorge, verdadeiramente é o como faz chorar todos os meninos. As pessoas já mandam mensagens privadas no Instagram a dizer ai, caterina, está tão chorona, eu choro consigo, eu choro, consigo dizer as pessoas e eu digo, ainda bem que estou a assinar, que ainda toca cá alguma coisa. Aquilo que mais me comove são os irmãos. Impressionante, os mais reis atreceram pelos mais pequenos e depois os mais pequenos ainda do que aqueles atreceram por eles. É maravilhoso.
0:23:34 – JORGE CORREIA
Olha, é fascinante, o não posso chamar a Júria. já aprendi os mentores. É para mim fascinante. vou discriminar desde já. lamento para os outros mentores. Marisa Lich é um boneco de comunicação Ficindo Notável, não é?
0:23:52 – CATARINA FURTADO
É notável O que é que ela tem. Ela tem verdade mesmo, ela tem verdade para já, pronto, e isso aí tem uma sorte. Tem nasceu com uma cara muito bonita e com uma voz incrível e portanto é muito carismática, e ela não teve nenhuma influência para os papazinhos dela depois. Pronto, foi assim.
0:24:12 – JORGE CORREIA
Mas depois dá uma energia ali de comunicação.
0:24:14 – CATARINA FURTADO
Ela tem verdade, nela. Ela é verdadeira, ela é empática, ela preocupa-se com os adultos, com as crianças. Ela é uma miúda muito especial. É alguém que eu adoro profundamente porque é uma guerreira. Ela é uma guerreira, é uma lutadora. Nunca foi uma privilegiada. Tudo aquilo que ela conseguiu foi fruto de uma servant, né De uma temosia, de uma resiliência, de uma resistência, inclusivemente naquele meio, meio tac de pessoa, e isso é admirável e merece todas as os aplaus e merece ficar eternamente. Diria-lhe que não sou programadora, nem tenho missões da RTP. É ficar naquela cadeira Porque ela dá dicas, preocupa-se verdadeiramente com os seus candidatos e nasceu para comunicar. É impressionante.
0:25:03 – JORGE CORREIA
E luta por eles. Porque se vê, olha como é a experiência de quando você trabalha para um público. Há aquilo que nós podemos chamar um público frio, porque está na televisão, está a Algures. Tu podes captá-lo a seguir depois nas tuas redes sociais, nos comentários, no que se escreve. Mas tu habito, acho-te agora a trabalhar com grandes públicos, festival da canção, um pavilhão gigantesco cheio um voice, com dezenas de pessoas a assistir. Como é que é agora trabalhar num estúdio frio onde não há pessoas? Estão apenas os que estão a trabalhar no fundo?
0:25:37 – CATARINA FURTADO
É um aborrecimento, mas é também um exercício de adaptação e eu estou capaz de desafios, eu sou bastante. eu acho que eu sou bastante adaptável, tenho essa consciência de Tu lembraste do primeiro dia em que fizeste o primeiro programa sem público?
Sim, lembro, eu estava com o Vas Palmeirinho e foi muito estranho, nós cheguei a enganar. Como é que dizia agora é um grande aplauso para e olhe e rimo, pô Vas, que fizemos nós e pronto, e acaba por ser um trabalho de equipa muito mais forte do ponto de vista energético. Eu acredito muito. Não sou nada exotérica, mas acredito muito nas nossas energias e isso não é de acreditar ou não elas são influenciadas.
0:26:18 – JORGE CORREIA
Energia da própria equipa.
0:26:19 – CATARINA FURTADO
Da própria equipa e é muito estranho, mas eu sou uma pessoa que eu arregasse muitas mangas quando eu tenho o obstáculos pela frente. Sempre há alguém que dentro da equipa diz tá, mas vamos olhar isso agora por outro ângulo e vamos tentar reagir. Reagir é sempre a minha reação, mas não tem nada a ver. O público é necessário. O público é necessário até mesmo por causa dessa energia que falo. Percebemos porque é mais necessário. Para ser completamente sincera, é mais necessário até para os candidatos do que para nós, porque nós estamos. Quando eu estou sozinha, estou sozinha, enfim. O de voz que sou, eu, o único apresentador no de voz de Sado Odo de Covasco, quer dizer até nós podemos mimar um ou outro, e até com os coismentores, os miúdos é que precisam do público e nesse sentido é bastante mais pobre. É mais uma vez uma oportunidade para nós. Valorizarmos as pessoas, porque cada pessoa conta e é importante que elas sejam valorizadas.
0:27:17 – JORGE CORREIA
Olha, saltamos de um palco para outro palco. Tu tens experiência de teatro, ao contrário da televisão, em que tudo está muito à distância e mais frio. No teatro Catarina está a cinco metros de nós. Podes olhá-las nos olhos e dar-os as coisas, mas ao mesmo tempo receber coisas. A tua experiência de palco de teatro é diferente da televisão.
0:27:41 – CATARINA FURTADO
É bastante diferente, porque não sou eu né E aquilo que acontece é demoro sempre há algum tempo até fazer esse exercício que é Espera. agora as pessoas e acho que sou eu a fazer e acredito, parece que eu e o público a fazer também esse exercício que é, de repente não estão ali a ver a Catarina Fortale, né Estão a ver a atriz, estão a ver a personagem X e por isso, que leva sempre um bocadinho de tempo, porque é fruto da minha profissão, dar muito mais oportunidade a área da apresentação do que a área da atriz e portanto ela está em atraso, a minha vocação de atriz está bastante atrasada em relação a.
0:28:26 – JORGE CORREIA
E como é que tu te programas, como é que tu despesa a pele de Catarina? Enfim, há a Catarina, a pessoa verdadeira, e depois há a Catarina que nós vimos na televisão, que é capaz de ser um bocadinho diferente. Mas como é que tu te programas para assumir um papel de teatro, jogando esse jogo com o público para que eles não vejam a Catarina a fazer de Catarina com uma voz de um outro personagem? mas vendo como uma personagem.
0:28:54 – CATARINA FURTADO
Eu, no início, para ser muito franca, eu, no início, quando comecei a fazer teatro aliás, eu, só para fazer aqui um refresh da memória eu tirei dança, não é Conservatório, fui balarina, queria ser coreógrafa. Depois comecei a tirei jornalismo, sem jor, comecei a fazer jornalismo e comecei a apresentar programas. E quando comecei a apresentar programas, depois percebi a certa altura que estava muito sucesso, enfim muito mediatismo, pelo menos e eu percebi que havia coisas que eu queria aprender e que era muito cedo para estagnar E fui para Inglaterra estudar teatro e cinema, exatamente porque queria também seguir a carreira diatriz, porque no conservatório sempre me ficou essa vontade e foi isso que fui fazer. E portanto, depois, quando voltei de Inglaterra, comecei a fazer teatro, me adamento teatro aberto e fiz algumas peças de seguida. E lembro-me que nesse início, jorge, eu pensava muitas vezes nisso, ou seja, eu pensava muitas vezes. Será que as pessoas estão a acreditar em mim ou estão só a ver a apresentadora.
0:29:53 – JORGE CORREIA
Porque afinal, tu tens uma marca tão forte, tão presente e tão pública que depois conseguirmos ver o anonimado da personagem no teu corpo. É mais difícil.
0:30:04 – CATARINA FURTADO
A questão é que eu continuasse sempre a pensar nisso. Eu estagnava também a capacidade de evoluir, inclusive em Quanta Tris. Portanto, a certa altura do meu percurso em Quanta Tris não derei dizer quando, mas lembro-me precisamente quando fiz uma série que eu convido as pessoas a rever, em que se chamava Cidade de Espida, na RTP, eu aí tive uma tal transformação quase psicológica, física enfim, e aí durante quatro meses intensa, em que não fiz mais nada e prestada só a fazer a série porque era o dia todo a gravar, que na verdade eu veia um clique qualquer. Eu acho que foi precisamente aí que eu pensei assim não interessa, o que é que as pessoas pensam, não interessa, interessa. E é verdade que eu estou a dar a forma, como me dedique a forma, como eu sinto a personagem, porque eu vou sempre estar a pensar nisso e afinal não estou lá.
0:30:52 – JORGE CORREIA
E assim plica um risco para ti também no início.
0:30:54 – CATARINA FURTADO
Estou lá, estou a ouvir muito de fora, portanto não estou indo. Portanto, a partir dessa altura, eu liberto-me completamente. Quando te diz o como é que é que a Tarina em palco a que a Tarina em palco é aquela que entra e que não é ela, não é É a personagem E por isso não te posso dizer se sinto a mesma coisa que sinto quando, por exemplo, sai de um palco de televisão, estou ali com o público a dar autógrafos ou dar abraços. É completamente diferente, aquela é a mesma personagem. Diz que é muito libertador, extremamente libertador. Fazer teatro é extremamente libertador. Durante uns meses eu sou outra pessoa e vivo. Olha, eu mudo de perfume, por exemplo. Eu mudo roupa, me roupa no sentido em que mudo estilo para cada personagem. Eu sei que durante aqueles três meses é automático, eu começo a vestir-me da maneira como aquela personagem se veste fora do palco. É muito curioso e é libertador porque na verdade é muito rico tu poder ser várias pessoas. Né, Eu adorava ser muitas mais pessoas, não pessoas em concreto, mas ter várias profissões, por exemplo. Ainda mais eu gostava muito.
0:31:55 – JORGE CORREIA
Olha, um dos teus papéis principais na vida, no teatro da vida, mas porque são muito batidas. Mas eu vou vos alcanar mesmo, um dos papéis principais que tu cada vez mais apareces é como líder. Esse é o ponto. De resto, tu vê-se, este agora um prémio, o best public leader, mas um prémio, o que é Vale ou que vale. Mas a tua liderança e o teu discurso, nomeadamente na defesa de causas sociais, de equidade e do feminismo, é uma matriz que tu tens levado a cabo. Pergunto uma feminista de alma e coração, o discurso do feminismo sendo um discurso de equidade que devia ser basicamente natural e assumir toda a gente, por que que não está a ser colocado na prática, mesmo numa sociedade como a sociedade portuguesa, que é uma sociedade supostamente moderna e evoluída?
0:32:56 – CATARINA FURTADO
É evidente que existem várias correntes do feminismo ao longo da vida e a primeira ressalva que eu faço é que as pessoas devem estudar o conceito e as várias correntes do feminismo antes de darem uma opinião sobre o feminismo. Isto é um lapalice no fundo estudares antes de falar.
0:33:14 – JORGE CORREIA
Portanto, no fundo, estás a mandar-me estudar. Vai lá ler umas coisas e depois vamos falar sobre o tema.
0:33:19 – CATARINA FURTADO
Claro que não é a ti, Cris. Não é a ti, mas é as pessoas que muitas vezes reagem e na resposta à tua pergunta, reagem com alguma ervanária. Não é ervanária, que quer dizer como é que se chama Porticaria, Porticaria, ervanária também é que eu não aconselho as pessoas a irem a ervanária.
0:33:38 – JORGE CORREIA
Portanto ao mordicaria, quando há um termina de discurso feminista, como a terminada matriz, há uma contra-reação. Mas sobre isto não quero falar.
0:33:46 – CATARINA FURTADO
Sim, é contânea e irracional também. Isto porque lá está. eu acho que falta um bocadinho o estudo da origem do feminismo e das várias correntes enfim, estando no presente, que é essa a questão que tu colocas. eu acho que tem muito a ver com isso, com o facto de muitas pessoas não dominarem o assunto, não perceberem-se sobretudo uma coisa Não perceberem que o feminismo não é o contrário do machismo E ainda há pessoas que acham que o feminismo é feminismo e o contrário do feminismo é machismo.
Não, o feminismo não mata, o feminismo, não descrimina, o feminismo não impede os homens de todos de chegarem aos seus objetivos pessoais e profissionais. Ora, o machismo mata, o machismo descrimina, o machismo cala. o machismo inviabiliza e torna as mulheres invisíveis e não deixa que elas não só tenham, em muitos países até acesso a cuidados de saúde, de cuidados de educação e nos países desenvolvidos e evoluídos como nós, como estava a dizer, não terem acesso aos altos cargos que teriam se fosse apenas avaliado o mérito dessa pessoa e, neste caso, dessa mulher. E por quê? Porque o quê? Por que que não acontece, porque o feminismo não está.
0:35:12 – JORGE CORREIA
Sim, quer dizer, eu imagino que uma mulher como tu não veja vedada a possibilidade de ter acesso a apresentar candidatura ou querer ambicionar a qualquer cargo, lugar ou posição.
0:35:25 – CATARINA FURTADO
Mas eu não sou as mulheres todas, antes pelo contrário, eu sou uma ínfima parte, eu sou uma vírgula mínima e é por elas que eu luto também. É por elas e por mim, porque eu serei sempre bastante mais livre e realizada de se vir que as mulheres tenham o seu potencial concretizado. Isso tem o mesmo acesso, há mesmo a poupe position, porque o problema é essas as mulheres não têm, e eu sou uma parte muito pequenina. Sou uma parte muito pequenina o que pode falar, tem voz. A minha voz não é calada porque também sou temicadora, mas na verdade também te posso dizer que ao longo destes anos todos e são 30, também tive as minhas questões, que também tive que muitas vezes assobiar por ao lado, como faz a música do Carlão, fingir que não estava a perceber alguns movimentos machistas, algum assédio no trabalho. Todas essas questões que estão todas no mesmo bolo.
Eu também as vivi. A senhora, não sou uma vítima e acho que as pessoas, as mulheres que são vítimas não podem ser consideradas vítimas. Têm que ser, sim, empoderadas, empoderadas por homens e por mulheres Para do feminismo. É uma causa que deve dizer-nos a todos e a todas E deve ser vestida por todos e por todas, porque também está provado que para orientar o mundo do ponto de vista até económico. Temos que ter as mesmas oportunidades para os homens e para as mulheres e temos que investir seriamente e financeiramente na igualdade género E aí vamos ter um mundo bastante mais igualitário do ponto de vista da justiça e da ética e disso tudo, mas também financeiramente, porque quando uma mulher é apoiada, uma família é apoiada, uma comunidade é apoiada, um país é apoiado E nesses centros as mulheres, quando são apoiadas, também do ponto de vista do acesso à educação e à saúde, elas vão fazer exatamente o mesmo com os seus filhos, sejam eles homens ou mulheres, e vamos garantir que mais crianças vão à escola, mais crianças são assistidas medicamente e também será reduzido porque isso no país estou a falar dos países em desenvolvimento obviamente terá um menor número de crianças, o que quer dizer que essas crianças têm maior qualidade de vida, melhor qualidade de vida.
0:37:36 – JORGE CORREIA
Tu tens uma atividade importante nas tuas redes sociais Instagram, nomeadamente no Facebook, onde, por um lado, tens obviamente a promoção daquilo que é o teu trabalho, por outro lado, este discurso da questão da equidade e da equidade social. O teu projeto Curações com Coroa é um projeto de suporte e de apoio pessoas mais careciadas. Tu recebas Mulheres e raparigas, mulheres e raparigas. O que é que tu ouves destas mulheres e destas raparigas que escolhas está ativamente apoiar.
0:38:07 – CATARINA FURTADO
Oi-se muitas histórias terríveis que eu diria que faziam quase parte da ficção, né, nomeadamente do nosso país. Uma das coisas que eu não te disse, há bocado, é que está mais provado que há uma discrepancia salarial muito grande para as mesmas profissões. Para as mesmas funções, os homens ganham mais Pronto, o que oui-se. Oui-se muitos casos de violência doméstica, e não é que não exista nos homens, e sabemos todos isso, mas é que a comparação nem sequer pode ser aqui falada, se não faz sentido nenhum. Oui-se muitos casos de separações e diversos litigiosos que fazem com que as mulheres fiquem sempre sozinhas com os seus filhos. São elas que na maior parte dos casos ficam as cuidadoras e que obviamente não têm sequer apoio por esse trabalho informal, porque o trabalho de cuidadores é um trabalho inacreditável, que exige das mulheres, que é psicologicamente e é fisicamente muito e não é recompensado do ponto de vista financeiro.
Oui-se muitas histórias lá de machismo, de discriminação, de racismo também, porque também tem algumas mulheres imigrantes e é muito curioso porque esta desigualdade género também muitas vezes está desforçada. Eu tenho que nós damos bolsas de estudo com as jovens raparinhas. Já estamos na Acho que é o número 30, já que é incrível porque são 3 anos com nós, que elas ficam 3 anos com nós, que têm apoio biopsychosocial e têm o apoio financeiro. E mesmo aquelas que já estão a voar, que já têm as suas profissões algumas médicas, outras enfim, todo tipo de profissões ficam sempre com uma ligação muito grande da feta e vanose. Estão sempre à distância de um telefonema para resolver alguns problemas.
A Jéssica Silva, a grande jogadora de futebol, foi com nós que começou E, por exemplo, até mesmo quando acontece um caso dramático numa família, que os pais, por exemplo, perdem o emprego, normalmente em Portugal ainda são as raparias que desistem do seu curso superior para ir trabalhar e para dar o apoio aos pais. Não são os rapazes da maior parte das vezes. Eu não estou a dizer que eles não sejam solidários. O que eu estou a dizer é que é automático nas mulheres, da maior parte das vezes raparigas, serem elas a desistirem, que é mais normal. E quando há um irmão e uma irmã, é mais normal ter a irmã a desistir dos estudos superiores. E estamos a falar no nosso século e no nosso país.
0:40:39 – JORGE CORREIA
Olha, estamos a fechar esta nossa.
0:40:43 – CATARINA FURTADO
A eleita já foi.
0:40:45 – JORGE CORREIA
As boas conversas correm sempre a mil ao hora, o que é sempre um bom sinal. O que é que te falta a fazer? Na realidade? a pergunta que eu tenho na minha cabeça é a ter um bocadinho mais mais Arísca do que esta que é. não estás cansada de concursos de televisão e não te sente convontado de fazer outras coisas?
0:41:08 – CATARINA FURTADO
A segunda, pergunte-me. eu digo que sim, tenho vontade de fazer outras coisas. A primeira digo-te que não, eu não estou cansada de fazer aquilo que faz Uma coisa que tu gostas de fazer. Adoro fazer, adoro fazer. adoro Cada pessoa. é uma pessoa nova, não é Cada história E depois eu. as pessoas não sabem disso, mas eu conheço as pessoas depois que há fora, faço questão de falar com o meu, com o pai, quando são agora com as crianças.
0:41:29 – JORGE CORREIA
A tua final é-se uma relação espólica, ainda mais do que uma apresentadora.
0:41:34 – CATARINA FURTADO
Sim, falo com eles. Às vezes falo através do Instagram e ainda saber sempre o que é que se passa com eles E portanto é isso. A minha vida fora da televisão é muito ativa com o conteúdo da televisão Percebes, e portanto eu adoro o que faço. Agora é claro que eu gostaria de fazer mais coisas. Eu tive o privilégio de poder fazer mais uma série dos príncipes do nada com a temática dos refugiados no ano passado, e foi filmado há dois anos e edita aí e escrevi o ano passado, portanto há muito recente. Viajei muito, cansei muito, tive um impacto na minha vida muito grande com essa série, porque foi muito duro tudo o que eu vi E que continua a ver, porque lá está. Eu continuo a seguir as pessoas. Eu continuo a falar com as pessoas.
Uma das coisas mais terríveis que estão a acontecer, fruto também da pandemia, é que as pessoas estão ainda em pior situação do que aquelas que eu reportei e que depois na antena da RTP com os príncipes do nada, para além disso, há acrescentar a isto um frio terrível. As pessoas estão a morrer de frio nas tendas esboracadas em que se encontram. É a temática dos projeados. É terrível e todos os dias eu adormeço a pensar neles que podes ter a certeza Pronto. E depois fiz outras coisas que também gostei muito. Fiz mais um programa com crianças, fiz as idades das imocências, juntava os mais velhos e as crianças. Foi um projeto que também adorei fazer. Portanto eu vou fazendo. Agora tenho dois aí que estou a desenvolver e que também são da minha altura, portanto não me caixo o que é que me falta a fazer. Gostava de voltar ao teatro mais uma vez, ou duas vezes, ou três vezes, e gostava de fazer uma criografia um dia.
0:43:06 – JORGE CORREIA
Olha, queres mandar as pessoas para casa, porque parece que as pessoas precisam agora mesmo de ir para casa.
0:43:12 – CATARINA FURTADO
Sim, não consigo perceber. De facto, o ser humano continua a surpreender. Queria muito que as pessoas percebessem e se colocassem. Basicamente, é o exercício de todos os dias que eu acho que nós devíamos fazer. Assim que vamos nos dentes, fazermos duas coisas ao mesmo tempo. Os homens não conseguem do três, talvez, mas duas talvez consigam. Vá, vamos tentar. Então o exercício é vamos tentar, pegam nos covinhos dentes, não abrem a ternera, que é para não gastar. Ponhem pasta nas covinhas dentes.
Depois, sim, abrem a ternera, lavam, fecham a ternera e, ao mesmo tempo que estão a escovar os dentes, vão fazer um exercício que eu não quero. Armar-me aqui em presunçosa. Tem manique, não, mas tenho a autoridade daquilo que já vi, das pessoas que eu estive todos os dias e do que já reportei, filmei e conversei. Ponham na vossa cabeça a imagem de serem um deles um dos enfermeiros, um dos médicos, um dos doentes que estejam atuados, um dos auxiliares de saúde, um dos transportadores, motoristas da ambulância que não me, não sabe o que é que há de fazer e vê uma pessoa morrer na ambulância enfim. Ponham-se nos lugares dos outros.
Nos lugares dos outros, porque só quando nós fizemos esse exercício de imaginação, se os atores conseguem fingir que estão bêbados e drogados e mal despostos e conseguem fazê-lo bem. Não é só talento, é uma capacidade incrível de nos projetarmos no trabalho dos outros e nos sapatos dos outros né. Portanto, se fizermos isso, tenha certeza que há um comportamento que vai mudar e assim ficarmos em casa. Quem pode ficar em casa E acionar os planos de apoio?
obviamente, estar a perceber o que é que o governo tem para dar, mesmo que seja pouco, é acionar e acionar a nossa rede de solidariedade, que ela pode valer muito. Mas atentes a quem precisa que se leve lá comida, quem se precisa que se faça uma transferência de um pagamento, de uma luz, de uma água enfim, de uma forma bastante digna, sem que as pessoas tenham que pedir, que também é muito triste. Então, assim é, cabo, agradecendo-te esta oportunidade de falar mais uma vez em voz alta parece que eu nunca falo né, mas agradeça a tua simpatia e a tua curiosidade e portanto nós temos curiosidade em relação aos outros, acho que sejam eles anónimos ou figuras públicas. Até mais anónimos porque há mais coisas ainda para descobrir e quero te mandar um beijinho ao teu pai e ao teu filho.
0:45:36 – JORGE CORREIA
Talvez seja este o verdadeiro segredo de Catarina tratar cada um de nós como único e merecedor de uma atenção especial. Voltamos à empatia sentir no lugar do outro, perceber outra pessoa e ser parte dela. Aproveito para vos pedir que partilhinhas de podcast com os vossos amigos, podem visitar a página paraaguntasimbroscom para subscrever gratuitamente ou deixar um comentário. Assim se começa uma bela conversa.