Fazer uma marca รฉ mergulhar fundo na organizaรงรฃo que a carrega.
ร por isso tudo menos cosmรฉtica.
Sim, a cosmรฉtica moderna, o โmarketingโ, aparece para embelezar a marca.
Mas o importante รฉ o que estรก dentro.
No fundo, a marca รฉ a expressรฃo comunicativa da identidade.
Carlos Coelho tem um curioso mรฉtodo para decantar e libertar as marcas.
Ele vai, nalguns casos, literalmente, viver e dormir nas organizaรงรตes ou entidades que o contratam.
Vai beber o ar que se respira. Cheirar o ambiente. Ouvir o ruminar das conversas.
Falar, ouvir, comer, beber, estar, fazer parte, entender, ver e devolver uma fotografia.
ร com esse retrato que se funda marca.
E que cores tem essa fotografia: algumas รณbvias e evidentes: que cultura tem aquela organizaรงรฃo, empresa ou regiรฃo. Que missรฃo reclama para si. E como planeia realizar essa missรฃo no mundo.
TรPICOS DE CONVERSA
(00:00:00) Inรญcio
(00:00:12) A importรขncia das marcas Discussรฃo sobre a importรขncia das marcas na identidade e filosofia de pessoas e entidades.
(00:01:24) O mรฉtodo de imersรฃo de Carlos Coelho Descriรงรฃo do mรฉtodo de imersรฃo de Carlos Coelho nas organizaรงรตes para compreender a sua cultura e identidade.
(00:02:40) Construรงรฃo de marcas como edifรญcios e รกrvores Comparaรงรฃo da construรงรฃo de marcas com edifรญcios e รกrvores, destacando a importรขncia de pilares, raรญzes, imaginaรงรฃo e ambiรงรฃo.
(00:03:57) A criaรงรฃo e desenvolvimento de marcas Exploraรงรฃo da metรกfora de edifรญcios e รกrvores para explicar o processo de criaรงรฃo e desenvolvimento de marcas.
(00:07:29) A intimidade com a marca Discussรฃo sobre a importรขncia de conhecer uma marca na intimidade, exemplificada com a experiรชncia de dormir na livraria Lello.
(00:09:19) Os cinco pilares da estrutura de uma marca Exploraรงรฃo dos pilares de patrimรดnio, ideologia, imagem, ambiรงรฃo e imaginaรงรฃo na estrutura de uma marca.
(00:12:10) A importรขncia da cultura na construรงรฃo de marcas Discussรฃo sobre a importรขncia da cultura e identidade da organizaรงรฃo na construรงรฃo de marcas.
(00:14:36) A falta de imaginaรงรฃo nas empresas Abordagem da falta de imaginaรงรฃo e ambiรงรฃo nas empresas na construรงรฃo de marcas.
(00:15:31) A importรขncia da imaginaรงรฃo Discussรฃo sobre a importรขncia da imaginaรงรฃo e ambiรงรฃo na construรงรฃo de marcas de sucesso.
(00:16:21) Imersรฃo nas organizaรงรตes Exploraรงรฃo do mรฉtodo de imersรฃo nas organizaรงรตes para compreender a sua cultura e identidade.
(00:17:37) Visรฃo do futuro Reflexรฃo sobre a importรขncia de sonhar o futuro e a resistรชncia em relaรงรฃo ร imaginaรงรฃo.
(00:19:50) Lideranรงa na imaginaรงรฃo Discussรฃo sobre a importรขncia de ser lรญder na imaginaรงรฃo para inspirar e inovar.
(00:24:20) Marcas polรญticas vs comerciais Comparaรงรฃo entre marcas polรญticas e comerciais e a importรขncia da identidade e estrutura.
(00:28:13) Cosmรฉtica de comunicaรงรฃo Reflexรฃo sobre a ineficรกcia da cosmรฉtica tรกtica na construรงรฃo de marcas fortes.
(00:28:56) Exemplo da TAP Abordagem sobre a resistรชncia e resiliรชncia da marca TAP ao longo dos anos.
(00:29:32) A relaรงรฃo com a marca TAP Discussรฃo sobre a relaรงรฃo de confianรงa e exigรชncia com a marca TAP.
(00:32:50) Marcas estrangeiras vs. marcas portuguesas รnfase na preferรชncia por marcas portuguesas e a importรขncia de valorizar a marca Portugal.
(00:33:36) Reputaรงรฃo da marca Portugal Anรกlise da reputaรงรฃo e visibilidade da marca Portugal e a dificuldade em monetizar essa notoriedade.
(00:35:47) Mentalidade em relaรงรฃo ร s marcas Discussรฃo sobre a mentalidade em relaรงรฃo ร valorizaรงรฃo das marcas portuguesas e a necessidade de mudanรงa.
(00:37:14) Desenvolvimento de marcas em Portugal Reflexรฃo sobre a capacidade de Portugal em desenvolver marcas sรณlidas e duradouras.
(00:42:07) Desafios na construรงรฃo de marcas coletivas Abordagem dos desafios e benefรญcios na criaรงรฃo de marcas coletivas em Portugal.
(00:43:05) Importรขncia da marca e liberdade do consumidor Discussรฃo sobre a importรขncia da marca na garantia de qualidade e liberdade do consumidor.
(00:43:35) A importรขncia da qualidade intrรญnseca Discussรฃo sobre a importรขncia do esforรงo, paixรฃo e qualidade intrรญnseca na produรงรฃo de produtos de alta qualidade.
(00:44:09) A qualidade percebida e a comunicaรงรฃo das marcas Exploraรงรฃo da diferenรงa entre qualidade intrรญnseca e qualidade percebida, e a importรขncia da comunicaรงรฃo na valorizaรงรฃo das marcas.
(00:45:08) A estrutura da Coca-Cola e a relaรงรฃo com os consumidores Anรกlise da estrutura da Coca-Cola e a importรขncia da comunicaรงรฃo na relaรงรฃo com os consumidores para garantir a continuidade do consumo da marca.
(00:46:24) A importรขncia da comunicaรงรฃo na valorizaรงรฃo das marcas Discussรฃo sobre a importรขncia da capacidade de comunicar na valorizaรงรฃo dos produtos e marcas, e a relaรงรฃo entre a qualidade do produto e a comunicaรงรฃo.
(00:47:59) Cuidado e responsabilidade na construรงรฃo da marca pessoal Reflexรฃo sobre a responsabilidade na construรงรฃo da marca pessoal e a importรขncia de cuidar da imagem e do conteรบdo compartilhado.
(00:50:13) Exploraรงรฃo e conhecimento do paรญs para a construรงรฃo de marcas รnfase na importรขncia de explorar e conhecer o paรญs para falar sobre marcas coletivas, destacando a necessidade de vivenciar e compreender a cultura local.
(00:52:04) Visรฃo e paciรชncia na construรงรฃo de marcas Abordagem sobre a frustraรงรฃo e paciรชncia necessรกrias ao observar uma visรฃo clara que os outros ainda nรฃo viram, e a importรขncia da humildade e tรฉcnica para convencer os outros.
(00:53:25) Relacionamento interpessoal na construรงรฃo de marcas Discussรฃo sobre a delicada tรฉcnica de relacionamento interpessoal na construรงรฃo de marcas e a importรขncia de ajudar a materializar visรตes.
As marcas constroem-se Como os Edifรญcios ou as รrvores Tudo parte de pilares e raรญzes fortes.
ร da identidade e sentido de missรฃo que nasce a base para trabalho de fazer coisas.
Mas depois hรก dois ingredientes mรกgicos para fazer uma marca de sucesso:
Imaginaรงรฃo e Ambiรงรฃo. A imaginaรงรฃo nรฃo รฉ apenas para sonhadores; รฉ uma ferramenta poderosa para construir realidades. Aprendi como a ambiรงรฃo e a capacidade de sonhar grande sรฃo essenciais para levar as marcas a novos e mais elevados patamares.
Finalmente entra a comunicaรงรฃo. Afinal, o Pergunta Simples รฉ sobre comunicaรงรฃo.
Falo da A Arte de Comunicar a Qualidade Nรฃo basta ter um produto de qualidade; รฉ preciso saber comunicar essa qualidade ao mundo.
De mostrar. De criar a perceรงรฃo da qualidade. No fundo, de valorizar o que fazemos e o que somos.
Vamos por isso entrar na cozinha-laboratรณrio da Ivity de Carlos Coelho passeando pela sua montra de marcas. E pela maneira como elas se criam, desenvolvem e mostram ao mundo.
Os sonhadores e os fazedores.
A mistura boa para criar uma marca forte.
Espero ter reabilitado os sonhadores nesta ediรงรฃo.
Sem sonhadores e loucos visionรกrios, nenhum futuro diferente nasce.
Sem fazedores persistentes ficamos sรณ a imaginar.
Talvez seja mais fรกcil dar mais espaรงo aos fazedores. Afinal a sua realizaรงรฃo รฉ palpรกvel, รฉ concreta, podemos medir, pesar, quantificar.
Quando aos sonhos eles sรฃo leves, ideais, escapistas da espuma dos dias e tรฃo transparentes e necessรกrios como o ar que respiramos.
Suspeito que entre fazedores e sonhadores hรก um leve amuo permanente.
Sonhar e fazer.
LER A TRANSCRIรรO DO EPISรDIOJORGE CORREIA (00:00:12) – Ora vivam! Bem vindos ao Pergunta Simples o vosso Podcasts sobre Comunicaรงรฃo. Hoje falamos de marcas, de como as marcas sรฃo importantes para nรณs, como se constroem, como se criam, como se reforรงam marcas que nรฃo sรฃo sรณ identificadores de produtos, mas principalmente berรงos para a identidade e filosofia de pessoas ou entidades. Se eu vos perguntar um par de marcas assim de cabeรงa, vรฃo seguramente aparecer de forma imediata, vรกrias na ponta da lรญngua. Temos a nossa cabeรงa cheia de marcas que usamos como rรณtulos para catalogar o nosso mundo. Sim, como consumidores, mas tambรฉm como seres sociais que se relacionam com estas formas de identidade. E isso pode ir desde a gigantesca marca chamada Portugal ร mais humilde e egocรชntrica marca o eu. Jorge, uma marca unipessoal que carrega todas as minhas virtudes e todas as minhas dores. Mas eu prefiro sempre a marca deste podcast. Pergunta simples a escolha de palavras nรฃo foi aleatรณria e representa uma filosofia do programa. Aqui fazem se perguntas para tentar simplificar coisas complexas. Foi o que fiz nesta ediรงรฃo com Carlos Coelho, um dos nossos mais importantes fazedores de marcas.
JORGE CORREIA (00:01:24) – Vamos ao programa. Vamos a isso. Fazer uma marca e mergulhar fundo na organizaรงรฃo que a carrega. ร, por isso tudo menos cosmรฉtica. Sim, a cosmรฉtica moderna, o marketing aparece depois para embelezar a marca. Mas o importante รฉ o que estรก lรก dentro. No fundo, a marca รฉ a expressรฃo comunicativa da identidade. Carlos Coelho Tenho um curioso mรฉtodo para decantar e libertar as marcas. Ele vai, nalguns casos, literalmente, viver e dormir dentro das organizaรงรตes ou entidades que o contratam. Vai beber o ar que se respira, cheirar o ambiente, ouvir o ruminar das conversas, falar, ouvir, comer, beber, estar, fazer parte, entender, ver e devolver. Depois uma fotografia. ร com esse retrato que se funda ou desenvolve a marca. E que cores tem essa fotografia? Algumas sรฃo รณbvias e evidentes. Que cultura tem aquela organizaรงรฃo e empresa ou regiรฃo? Que missรฃo reclama para si e como planeia realizar essa missรฃo no mundo? No fundo, as marcas constroem se como os edifรญcios ou como as รกrvores.
JORGE CORREIA (00:02:40) – Tudo parte de pilares e raรญzes fortes e de identidade e sentido de missรฃo que nasce a base para o trabalho de fazer coisas. Mas depois hรก dois ingredientes mรกgicos para fazer uma marca de sucesso a imaginaรงรฃo e a ambiรงรฃo. A imaginaรงรฃo nรฃo รฉ sรณ para sonhadores, รฉ uma ferramenta poderosa para construir realidades. Aprendi como a ambiรงรฃo e a capacidade de sonhar sรฃo, afinal, essenciais para levar as marcas a novos e mais elevados patamares. Finalmente entra a comunicaรงรฃo. Afinal, a pergunta simples รฉ sobre a comunicaรงรฃo. Falo da arte de comunicar a qualidade. Nรฃo basta ter um produto de grande qualidade, ร preciso saber comunicar essa qualidade ao mundo, de mostrar, de criar a perceรงรฃo da qualidade no fundo, de valorizar o que fazemos e o que somos. Vemos. Por isso, entrar agora na cozinha laboratรณrio da E-bit e de Carlos Coelho, passeando pela sua montra de marcas e pela maneira como elas se criam, desenvolve e mostram ao mundo.
CARLOS COELHO (00:03:43) – A nossa especialidade aqui na Evite รฉ fazer uma coisa que aparentemente nรฃo tem tanta visibilidade quanto a publicidade, Mas posso tentar explicar.
CARLOS COELHO (00:03:57) – Nรณs fazemos edifรญcios, As marcas sรฃo edifรญcios. Como รฉ que รฉ isso? Uma marca รฉ um edifรญcio? Tem pilares? Tem. Tem estruturas que estรฃo subterrรขneas, que sรฃo valores que, se hoje dizem que sรฃo propรณsitos, que sรฃo, sรฃo eternidades. Eu chamo muito. Sรฃo sonhos do homem perpetuados na economia, portanto tรชm sapatas fortes e depois crescem. Tรชm um andar, dois andares, trรชs andares, quatro andares. Tรชm dimensรฃo de de ambiรงรฃo, de espetro, de atividade. Mas estamos a falar da Sonae. Essa nรฃo รฉ um edifรญcio com 50.000 colaboradores, com com muitas geografias e, portanto, o que nรณs fazemos? Talvez me passando a metรกfora dos edifรญcios para as รกrvores, para para explicar, talvez Marvรฃo, um edifรญcio tem, tem raรญzes, tem um tronco e depois tem ramos. Nรฃo รฉ nรณs.
JORGE CORREIA (00:05:03) – ร nรณs. Nรณs cรก do outro lado vemos, vemos que fruta รฉ que hรก ali, que flores e que aquilo lรก.
CARLOS COELHO (00:05:09) – Essa รฉ a parte visรญvel, nรฃo รฉ? Nรณs ou o fazemos marcas novas e as marcas novas sรฃo coisas que se plantam, nรฃo รฉ? Perceber quais sรฃo, quais sรฃo os fundamentos que tรชm para conseguir faz crescer o tronco e alargar os ramos e os frutos.
CARLOS COELHO (00:05:25) – Mas essencialmente nรณs. Nรณs organizamos estruturas de รกrvores que normalmente na natureza, precisam de ser podadas, ou รฉ a prรณpria natureza que acho que as organiza? No caso da das marcas, precisamos de reorganizar, muitas vezes atรฉ mexer nas raรญzes, limpar um pouco as raรญzes ou dar lhes mais espaรงo para solidificar e organizar os ramos para que nรฃo se estejam demasiado desorganizados, ou seja, fazer podas. Quando se fala em rebranding, ou seja, refazer, refazer uma marca, estรก se, estรก se a fazer isso, estรก se a. Encontrar uma forma mais harmรณnica, mais harmรณnica, mais de acordo com a estratรฉgia que que que essa, enfim, que for a mais adequada para esse grupo, para essa empresa, para esse produto e ao mesmo tempo passando de metรกfora, a metรกfora nรฃo รฉ? Se virmos uma marca como um livro. Um o que? O que estamos a fazer e a escrever? Escrever o capรญtulo? Escrever mais um capรญtulo desse livro? Como รฉ que รฉ?
JORGE CORREIA (00:06:44) – Como รฉ que isso faz isto? E a pega? Um dia o Carlos pega nas suas, nas suas malas, armas e bagagens.
JORGE CORREIA (00:06:51) – Leva o seu computador, acampa na. No centro dessa รกrvore, no centro dessa marca e tenta saber o quรช. Vai fazer perguntas? Vai ouvir o que รฉ que tenta perceber?
CARLOS COELHO (00:07:01) – Vou dar um exemplo pequenino. E depois um e depois um, para dar um exemplo muito pequenino primeiro e depois e depois. Vou dar um exemplo mais estruturado, adaptado ร s marcas grandes. Eu escrevi outro dia um texto introdutรณrio que era esse o desafio para um livro sobre a Livraria Lello e no Porto, aquela que.
JORGE CORREIA (00:07:26) – Tem aquelas escadas maravilhosas perto dos Clรฉrigos.
CARLOS COELHO (00:07:29) – Exactamente. E. E fui provar uma teoria que foi provar para mim prรณprio uma teoria. Quer para conhecer uma marca na intimidade, tem que se dormir com ela. Entรฃo eu fui literalmente dormir ร Livraria Lello.
JORGE CORREIA (00:07:45) – Como รฉ que foi a sensaรงรฃo?
CARLOS COELHO (00:07:47) – Porque havia um amigo que que tem muitos livros. E que รฉ que eu lhe perguntava Mas tu? Tu consegues ler esses livros todos? Porque me fascina me sempre. Quem tem muitos livros, mas muitos, muitos, muitos milhares.
CARLOS COELHO (00:08:00) – E ele dizia me Nรฃo tenho como ler esses livros todos. Entรฃo, aquilo que eu faรงo, ele รฉ pesquisador, aquilo que ele faz รฉ bom. Quando estou a estudar um tema, eu levo para a biblioteca do meu quarto. Imagine que tenho 20 ou 30.000 livros nesse tema. Vou no รขmbito do estudo. Vou acabar por consultar uns 200, no mรกximo 100, 200. E os outros? Eu durmo com eles porque hรก.
JORGE CORREIA (00:08:28) – 1A1 osmose.
CARLOS COELHO (00:08:29) – Uma espรฉcie de osmose. Portanto, aquilo que aconteceu na Livraria Lello foi uma sensaรงรฃo extraordinรกria de de de dormir no meio dos livros, de consultar alguns porque eu tinha que decidir entre se dormia ou se lia. Nรฃo. E, portanto, e como jรก tenho idade que nรฃo me permite fazer directas e portanto tive que dormir um pouquinho. Esta no fundo. Esta primeira histรณria serve para dizer que trabalhar sobre uma marca, compreender uma marca, รฉ preciso estar na sua intimidade. Como รฉ que nรณs fazemos essa intimidade aqui de uma forma estruturada e profissionalmente? Nรณs, nรณs observamos cinco pilares da estrutura de uma marca.
CARLOS COELHO (00:09:19) – Patrimรณnio, ideologia, imagem, ambiรงรฃo e imaginaรงรฃo. O que รฉ que รฉ que cada um destes significa? Patrimรณnio Vamos procurar e tudo isto vamos falar com as pessoas. Nรณs acreditamos que os produtos sรฃo respostas aos consumidores. As marcas sรฃo sentimentos interiores. Portanto, nรณs nรฃo perguntamos a ninguรฉm de fora das empresas, vem de dentro. Perguntamos tudo dentro de casa. Isso tem.
JORGE CORREIA (00:09:51) – A ver com cultura, tem a ver com.
CARLOS COELHO (00:09:53) – Tem a ver com. Tem a ver com a cultura, com o sentimento. Mais tem a ver com a cultura. Cultura sรฃo sentimentos traduzidos em hรกbitos. De alguma forma, nรฃo รฉ isso.
JORGE CORREIA (00:10:06) – Isso obtรฉm se falando com chefes, falando, falando com toda a gente.
CARLOS COELHO (00:10:12) – Nรณs, nรณs temos uma, uma, uma, uma teoria que passou a teoria pela prรกtica de que, falando com 20 pessoas numa organizaรงรฃo, conseguimos obter as palavras principais dessa organizaรงรฃo. Elas brotam, sรฃo. Temos que escolher as pessoas. Sรฃo pessoas que tรชm que ser capazes de falar da organizaรงรฃo e, portanto, nรฃo precisam de ser todos os chefes, mas tรชm de ser pessoas que tenham uma visรฃo do todo.
CARLOS COELHO (00:10:51) – E elas vรฃo nos dar as palavras. E talvez aรญ para pรดr um ponto. Trabalhar em marcas sรฃo palavras. A matรฉria prima com que nรณs trabalhamos antes das imagens sรฃo as palavras. Nรณs vamos ร procura de quais sรฃo as palavras que definem aquela organizaรงรฃo, Atรฉ porque, no final, uma marca, uma palavra, a comunicaรงรฃo รฉ uma palavra. Pode ser uma imagem, mas, mas รฉ uma imagem que pretende traduzir uma palavra, pretende traduzir um significado.
JORGE CORREIA (00:11:20) – E como รฉ que รฉ? Como รฉ que รฉ esse processo, esse processo, dessas conversas, o que รฉ que que รฉ que o que รฉ que faz nesse nesse processo nรณs fazemos?
CARLOS COELHO (00:11:29) – Nรฃo, nรฃo assim tรฃo bonito, nรฃo รฉ? Se calhar esta voz รฉ uma inspiraรงรฃo. Vamos comeรงar a fazer assim. Mas fazemos conversas. No fundo temos, temos. Construรญmos um guiรฃo de de conversa para cada projecto organizado. Perante os cinco pilares que que que falei, volto, Volto a repetir รฉ patrimรณnio, ideologia, imagem, ambiรงรฃo e imaginaรงรฃo. Estes pilares gostava de dizer que sรฃo no fundo dois dois Passado tanto patrimรณnio, O que รฉ que se fez atรฉ chegar aqui? A ideologia? Como รฉ que se expressa em termos de cultura? O que รฉ que.
JORGE CORREIA (00:12:06) – O que รฉ que nรณs pensamos sobre o mundo? O que รฉ que? Como รฉ que nรณs nos vemos.
CARLOS COELHO (00:12:10) – E o que รฉ que nรฃo se discute? O que รฉ que? O que รฉ que ali dentro daquela coisa nรฃo se discute? O que รฉ que, o que รฉ que รฉ imutรกvel, o que nรฃo se pode perder? Por exemplo, uma pergunta que nรณs fazemos sempre quando estamos a fazer uma marca, seja ela para fazer novo para alguma razรฃo, perguntamos Muito bem, nรณs temos aqui um mandato para para fazer novo. O que รฉ que nรฃo se pode perder? Aquilo que.
JORGE CORREIA (00:12:33) – ร imutรกvel, que รฉ a cultura no fundo? ร curioso porque eu estou a ouvi lo e estou a pensar quando, quando chega um chefe novo, um director geral novo, uma administraรงรฃo nova ou um consultor novo que sabe se lรก de onde รฉ que vem, que eu venho com uma ideia completamente nova e que choca de frente com essa cultura. E poucos meses depois a cultura comeu a estratรฉgia ao pequeno almoรงo, como se costuma dizer.
CARLOS COELHO (00:12:57) – Sim, porque? Porque a estratรฉgia nรฃo pode ser um ser estranho. Ah, se voltรกmos ร questรฃo. A estrutura do edifรญcio.
JORGE CORREIA (00:13:06) – A identidade da organizaรงรฃo รฉ crรญtica para para essa construรงรฃo.
CARLOS COELHO (00:13:11) – E se nรณs pensarmos num mundo em movimento, nรฃo รฉ? Num edifรญcio em movimento, uma รกrvore, pronto, ela tem mutaรงรตes e, portanto, รฉ natural que ao longo do tempo, uma empresa ou uma marca se vรก desenvolvendo e vรก aspirando a outras, a ter outras coisas e, portanto, uma cultura e uma cultura em movimento. Agora, aquilo que nรฃo aquilo. Porque รฉ que nรณs estudamos os pilares desta forma? Patrimรณnio รฉ o que temos. Ideologia รฉ o que sentimos, รฉ o que estรก estruturado. Imagem รฉ uma coisa mais, muito mais, mais moldรกvel e modelรกvel.
JORGE CORREIA (00:13:54) – No fundo.
CARLOS COELHO (00:13:55) – Modelรกvel. Mas nรฃo convรฉm modelar todos os dias.
JORGE CORREIA (00:13:58) – Porque senรฃo que soa a falso.
CARLOS COELHO (00:14:00) – Porque senรฃo estarรก sempre atrasada.
JORGE CORREIA (00:14:04) – Como รฉ que รฉ isso?
CARLOS COELHO (00:14:06) – Se a imagem tiver a responder a uma demanda do exterior, por exemplo, vai estar sempre atrasada.
JORGE CORREIA (00:14:12) – ร reativa, รฉ reativa?
CARLOS COELHO (00:14:14) – ร e corresponde um sentimento que jรก passou.
JORGE CORREIA (00:14:18) – Portanto, a ideia รฉ muito tentar antecipar qual รฉ o sentimento que รฉ colocar.
CARLOS COELHO (00:14:23) – Ambiรงรฃo e imaginaรงรฃo sรฃo as duas coisas mais difรญceis. ร engraรงado. Gostava de partilhar que nestes dois pontos a maioria das empresas nรฃo tem imaginaรงรฃo.
JORGE CORREIA (00:14:34) – Isso interessa me.
CARLOS COELHO (00:14:36) – ร uma coisa, รฉ um ponto que sรฃo muitos estudos que estรฃo mesmo muitos.
JORGE CORREIA (00:14:41) – Isso interessa muito, muito, muito, muito, que รฉ Como รฉ que empresas, ainda por cima empresas grandes, que vรฃo contratar no mercado os melhores profissionais nas vรกrias รกreas, seja a pessoa da contabilidade, seja a pessoa de gestรฃo do marketing. Depois falha redondamente. Se espalha ao comprido. Quando? Depois nรฃo, nรฃo. O quรช? Imaginaรงรฃo nรฃo Se รฉ cultura no mercado.
CARLOS COELHO (00:15:04) – Nรฃo hรก uma cultura, talvez de curto prazo. Ou seja, vistas curtas. A maioria das pessoas consegue responder ร ambiรงรฃo. Bom, a nossa ambiรงรฃo รฉ fazer isto. A nossa ambiรงรฃo รฉ fazer aquilo. Temos esta ideia. Queremos fazer isto nos quatro anos.
CARLOS COELHO (00:15:22) – E quando nรณs dizemos assim Bom, entรฃo o que รฉ que consegue ver para alรฉm, de para alรฉm daquilo que? Para alรฉm daquilo que se estรก a ver? Qual รฉ o seu sonho?
JORGE CORREIA (00:15:30) – O que รฉ que รฉ?
CARLOS COELHO (00:15:31) – O que รฉ que estรก a seguir? A linha do horizonte? O que รฉ que poderia ser? Nรฃo, nรฃo hรก essa cultura. Nรณs, nรณs, nรณs vivemos As palavras como sonho, imaginaรงรฃo sรฃo nรฃo tรชm credibilidade no mundo dos negรณcios. Talvez isso explique que o mundo dos negรณcios nรฃo รฉ tรฃo forte quanto deveria ser, portanto.
JORGE CORREIA (00:15:56) – ร aborrecido. No fundo, nรฃo รฉ.
CARLOS COELHO (00:15:59) – Eu acho que mais do que aborrecido, รฉ auto. Limita se e limita se e nรฃo progride. Portanto, a maneira que eu tenho de alimentar uma empresa organizaรงรฃo que, seja ela qual for, รฉ atravรฉs da ambiรงรฃo, mas sobretudo da imaginaรงรฃo. O que รฉ que se vai imaginando? Nรฃo รฉ para ser possรญvel incorporar como realidade, nรฃo รฉ?
JORGE CORREIA (00:16:21) – Entรฃo, o que รฉ que acontece quando, quando instiga as pessoas a sonhar o futuro? Tomem lรก a folha em branco.
JORGE CORREIA (00:16:28) – Vocรชs sรฃo uma organizaรงรฃo que que funciona, que รฉ boa, que estรก a dar provas, que รฉ sรณlida. A รกrvore รฉ uma รกrvore com muitos anos, mas depois รฉ preciso isso que รฉ. Entรฃo como รฉ que? Como รฉ que serรก a nossa รกrvore do futuro?
CARLOS COELHO (00:16:39) – As folhas ficam muito em branco e esse รฉ um ponto. Nรณs, aliรกs, atรฉ costumamos dizer Olha, angustia me imenso, porque quando estamos a apresentar os resultados eu digo sempre, sempre que sou eu a fazรช lo, eu digo olha, nรฃo fiquem tristes. De facto nรฃo รฉ bom, mas a maioria das empresas sรฃo assim. Nรฃo รฉ bom para nรณs todos. Talvez seja um ponto para fixar a de que precisamos de. Alimentar aquilo que aquilo que nรฃo se vรช e percebe o que quer dizer.
JORGE CORREIA (00:17:17) – Eu quero voltar um bocadinho atrรกs. Vai para dentro de uma organizaรงรฃo, leva um rol de perguntas para fazer certo. Vรก em busca primeiro da cultura, do que รฉ que, do que รฉ que essa empresa estรก a fazer, o que รฉ que nรฃo estรก a fazer.
JORGE CORREIA (00:17:30) – E depois hรก um momento em que a pergunta malta, onde.
CARLOS COELHO (00:17:35) – Comeรงamos a falar do futuro? O que รฉ que.
JORGE CORREIA (00:17:37) – Vocรชs sonham.
CARLOS COELHO (00:17:37) – No fundo? Entรฃo seja nรณs primeiro. Primeiro vemos as raรญzes, depois vemos o tronco, como รฉ que estรก e depois vemos os ramos e depois vemos entรฃo ir para alรฉm dos ramos e para alรฉm. Ou seja, รฉ o futuro. E รฉ engraรงado porque perante esta pergunta, quase toda a gente fica meio assustado. Meio. Sei o que รฉ isso da imaginaรงรฃo. O que que รฉ? O que que รฉ o futuro para alรฉm do futuro? Agora nรฃo posso pensar num futuro. Isso sรณ sente. Percebe o que quero dizer? Ou seja, nรฃo hรก. Penso uma coisa na sociedade. Vamos sair um pouco das empresas, da sociedade. Diz se depreciativamente que aquilo รฉ um sonhador. Exato. E deprecia se quem sonha.
JORGE CORREIA (00:18:28) – ร um descrรฉdito, no fundo, descrรฉdito. Porque a cabeรงa na Lua nรฃo estรก a pensar na realidade, nรฃo estรก a pensar nas coisas sรฉrias do mundo, estรก simplesmente a sonhar o futuro.
CARLOS COELHO (00:18:36) – Mas se pensarmos, a รบnica forma de evoluir รฉ sonhar, imaginar para depois tornar possรญvel fazer, nรฃo รฉ? Mas antes de fazer, precisa de imaginar.
JORGE CORREIA (00:18:49) – Portanto, os fazedores e os e os e os idiotas estรฃo em choque nas organizaรงรตes e no mundo que vivemos.
CARLOS COELHO (00:18:58) – Nรฃo, nรฃo estรฃo. Certamente alinhados porque.
JORGE CORREIA (00:19:01) – Um CEO, lรก estรก, um presidente, um director geral, tem uma carta de missรฃo, sabe que os seus objectivos sรฃo cumprir estas vendas, sรฃo este posicionamento e sรฃo muito bons. Sรฃo muito estruturados, ร perfeito.
CARLOS COELHO (00:19:14) – ร tudo pronto, uma empresa boa, estruturada, tem se tudo direitinho. O plano รฉ fazer atรฉ o que รฉ que somos, o que รฉ que queremos, o que รฉ que queremos fazer, mas o que queremos fazer num plano de um horizonte muito definido.
JORGE CORREIA (00:19:28) – E agora? Deixe me entรฃo deixe me sรณ.
CARLOS COELHO (00:19:31) – Antes que me esqueรงa. Nรฃo esqueรงa a sua pergunta. Mas, por exemplo, falando de uma pessoa que nรฃo estรก connosco ou estarรก connosco num plano que nรฃo รฉ o plano fรญsico do senhor Rui Nabeiro.
JORGE CORREIA (00:19:46) – Delta Cafรฉs todos o conhecemos.
CARLOS COELHO (00:19:48) – Sim, รฉ o senhor Rui.
JORGE CORREIA (00:19:50) – O que รฉ que ele tem? O que รฉ que este homem tem de especial? O que tinha de especial.
CARLOS COELHO (00:19:53) – Era isso mesmo, ele dizia. Era, Era mesmo isso, Era a sonhar, รฉ fazer, a sonhar, รฉ fazer. Era ele. Ele tem uma frase linda que que vรกrias me inspirou em vรกrias coisas. Espero ter inspirado. Espero tรช lo inspirado nalgumas coisas. Trabalhei com ele durante muitos anos, mas. Mas, mas assumo que ele me inspirou em muitas coisas. ร uma das frases que mais gosto dele, que ele dizia que temos que ser lรญderes na imaginaรงรฃo se quisermos ser lรญderes nalguma coisa. Quando, creio eu que atรฉ foi a Rita Nabeiro que lhe perguntou Avรด, o que รฉ que nรณs, que รฉ que รฉ que nรณs devรญamos ser? Eles sempre temos que ser lรญderes na imaginaรงรฃo, na capacidade de imaginar antes dos outros e fazer.
JORGE CORREIA (00:20:41) – Lรก estรก. E isso depois tem um efeito de contรกgio em relaรงรฃo ร organizaรงรฃo.
JORGE CORREIA (00:20:46) – Claro.
CARLOS COELHO (00:20:47) – Claro, porque instiga a organizaรงรฃo. Vemos a Delta agora pela mรฃo do do Rui Miguel. Tem criado sistemas de inovaรงรฃo para encontrar produtos novos para para estar sempre, para estar, sempre a inovar e inovar. O que รฉ inventar coisas? Estas palavras todas nรณs vamos ouvir. Temos que ter muita atenรงรฃo nas palavras. Inventar, sonhar, imaginar sรฃo palavras desacreditadas. Ele รฉ o inventor. Ele รฉ um sonhador. Ele nรฃo รฉ sรณ imaginaรงรฃo. Esta estes sรฃo dos fatores mais importantes da sociedade.
JORGE CORREIA (00:21:27) – ร isso, essa imaginaรงรฃo, esse sonho, essa capacidade de visรฃo, de antecipaรงรฃo. Onde รฉ que estรฃo essas pessoas? Onde รฉ que a gente as encontra? Onde รฉ que a gente as contrata?
CARLOS COELHO (00:21:39) – Essas pessoas somos todos nรณs. Nรฃo, nรฃo, estes, estes. Isto sรฃo caracterรญsticas que vรชm no nosso programa.
JORGE CORREIA (00:21:49) – Mas alguรฉm as mata.
CARLOS COELHO (00:21:50) – Alguรฉm as mata porque? Porque nรฃo? E alguรฉm as mata. E o contexto social mata este tipo de forma de olhar e coloca os lunรกticos de um lado e os fazedores do outro que.
JORGE CORREIA (00:22:07) – Sรฃo os outliers. No fundo sรฃo os.
CARLOS COELHO (00:22:09) – Outliers, sรฃo os que vivem lunรกticos e elevados que dessa forma tambรฉm nรฃo contribuem para a sociedade, nรฃo รฉ? Se eu passar o tempo todo sรณ num plano, num plano de sonho e nรฃo nรฃo for capaz de transformar isso de alguma forma em realidade.
JORGE CORREIA (00:22:29) – Eu sei como รฉ que nรณs aproveitamos os dois mundos, o que รฉ que, o que รฉ que numa organizaรงรฃo se pode se pode fazer.
CARLOS COELHO (00:22:34) – Nรณs temos que juntar, temos que saber, temos que, temos que aceitar, temos que. Temos que acreditar que hรก, que. O que primeiro estรก a poesia, depois estรก a economia a explicar.
JORGE CORREIA (00:22:49) – Mas parece me que o mundo estรก um bocadinho entรฃo ao contrรกrio.
CARLOS COELHO (00:22:51) – Um monte ao contrรกrio. O mundo estรก ao contrรกrio. Mas analisรกmos para trรกs. Os desenvolvimentos do mundo sempre foram desta forma. Primeiro sonha se e depois concretiza se, Nรฃo o contrรกrio. Nรฃo vejo como fazer. Fazer ao contrรกrio, pรดr me a fazer e depois sonhar. Parece uma coisa. Quer dizer, nรฃo posso primeiro fazer o dรฉcimo andar do edifรญcio, depois fazer raiz.
CARLOS COELHO (00:23:11) – Nรฃo tenho como.
JORGE CORREIA (00:23:15) – Estรฃo a gostar do Pergunta simples. Estรฃo a gostar deste episรณdio? Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que gesta? Esse subscrever na pรกgina e pergunta sempre Pronto, como tem lรก toda a informaรงรฃo de como pode subscrever, pode ser por email, mas pode ser ainda mais fรกcil subscrevendo no seu telemรณvel atravรฉs de aplicaรงรตes gratuitas como o Spotify, o Apple ou o Google Podcasts. Assim, cada vez que houver um novo episรณdio, ele aparece de forma mรกgica no seu telefone e รฉ a melhor forma de escutar a pergunta simples. Eu quero, quero! Quero voltar jรก ao tema das marcas. Porque? Porque รฉ esse, no fundo, o pretexto da nossa conversa, da nossa conversa. Mas quero fazer um enxerto nesta nossa รกrvore. ร o enxerto e nรณs acabamos de sair das eleiรงรตes e estava agora aqui a pensar nรฃo perdoariam se nรฃo falar sobre este tema, que รฉ um antigo jornalista e director de uma televisรฃo disse que vender polรญticos รฉ a mesma coisa que vender sabonetes.
JORGE CORREIA (00:24:20) – Pode aplicar se os mesmos conceitos, as marcas. Polรญtica ou polรญtica รฉ uma coisa diferente e incorpora jรก ele prรณprio o sonho de mudar. E depois entรฃo o fazer. Como รฉ que? Como รฉ que um homem das marcas pensa sobre isso.
CARLOS COELHO (00:24:32) – Fazendo essa afirmaรงรฃo? Nรฃo, nรฃo, nรฃo concordo. Porque nรฃo? Hรก uma diferenรงa muito grande entre uma marca comercial. A Dilma รฉ uma marca pessoal, รฉ uma marca coletiva. Portanto, nรณs temos trรชs tipos de marcas produtos, marcas comerciais. Tem como objetivo vender coisas que respondem a necessidades. Depois temos marcas coletivas de grande porte, que sรฃo paรญses, cidades, portanto, sรฃo agregadores de todos nรณs. Portugal รฉ uma marca. Portugal รฉ uma marca nesse sentido e, portanto, nรฃo posso aplicar o mesmo no mesmo sentido, pois temos as marcas pessoais. Os polรญticos estรฃo entre e sรฃo uma marca coletiva numa perspetiva individual. O que รฉ que isto quer dizer? Eles sรฃo eles prรณprios, mas representam entidades, partidos, ideologias e, portanto, aquilo que que muitas vezes os partidos falham รฉ que se tratam como produtos e nรฃo como o contrรกrio.
CARLOS COELHO (00:25:34) – E tentam responder a demandas contextuais e esquecem se que que que sรฃo, sรฃo ou deveriam ser pilares estruturantes da da sociedade. Deviam ser farรณis para todos nรณs que somos eleitores e que vamos para aquele farol ou para outro farol ou para outro farol.
JORGE CORREIA (00:25:56) – Portanto, eles estรฃo no fundo, a olhar o mundo para responder taticamente ร quilo que vem de fora. Lรก estรก.
CARLOS COELHO (00:26:02) – A tรกtica รฉ muito tรกctica, รฉ pouca e pouca estrutura, pouca identidade. Aliรกs, viu se o resultado das eleiรงรตes. Acho que รฉ claro. Em relaรงรฃo em relaรงรฃo a esse assunto. Nรฃo houve nenhum, nenhum partido que fosse capaz de impor a sua identidade perante os outros. Portanto, ninguรฉm ganhou, por muito que se queira que que ganhou. Pronto, houve a ideia que teve mais votos, marginalmente mais votos do que do que o PS. E depois houve um terceiro partido que tem um que รฉ o Chega, que tem um sentido de de comunicaรงรฃo mais. Mais forte taticamente que os outros.
JORGE CORREIA (00:26:48) – Mais afiado, mais rรกpido, mais.
CARLOS COELHO (00:26:50) – Rรกpido, mais moderno, usando meios de comunicaรงรฃo que chegam ร s pessoas mais novas com mais rapidez.
JORGE CORREIA (00:26:58) – Mas desta vida, os Instagrams desta.
CARLOS COELHO (00:27:00) – Vida toca exactamente, sobretudo mais acutilante no discurso e portanto esteve perante. Perante a ausรชncia de ideologia forte tem mais sucesso e portanto acho que acho que se confunde. Fala se de marcas para tudo e nรฃo รฉ a mesma coisa. Nรฃo vende a coca cola da mesma maneira que que que pegue num polรญtico. Jรก jรก alguns polรญticos vieram me pedir conselhos, dizer o que รฉ, o que รฉ que eu devo mudar, O que รฉ que lhes diz, O que รฉ que eu digo? Sempre o mesmo O que รฉ que eu devo mudar para ter mais sucesso assim? Nada. Porque se vocรช mudar alguma coisa, vocรช nรฃo รฉ um produto, soa a falso. Vocรช รฉ uma pessoa. Siga as suas convicรงรตes, penso, penso com o estรดmago. Siga porque, Porque? Porque รฉ assim. Porque essa รฉ a minha experiรชncia com os grandes empresรกrios. Se olhar para as marcas que tรชm sucesso no mundo e a experiรชncia que tenho foi aqueles que seguiram os seus sentimentos. Nรฃo foram aqueles que alteraram as suas convicรงรตes Para responder a um eleitorado ou um consumidor num mude.
JORGE CORREIA (00:28:13) – Nรฃo faรงamos uma cosmรฉtica de comunicaรงรฃo no fundo, para para ocupar um lugar que devia ser genuรญno.
CARLOS COELHO (00:28:22) – A cosmรฉtica tรกtica pode funcionar perante um determinado contexto, mas nรฃo constrรณi uma marca forte e nรฃo constrรณi uma marca forte. Constrรณi, pode atรฉ construir, pode atรฉ ter sucesso ali, naquele momento especรญfico. Mas, mas nรณs falamos. Hรก muito poucas marcas fortes no mundo.
JORGE CORREIA (00:28:45) – Que marcas sรฃo? Posso assim falar de difรญcil? Difรญcil perguntar, se calhar a alguรฉm que รฉ das marcas qual o seu filho preferido. Mas quais sรฃo as suas marcas?
CARLOS COELHO (00:28:56) – Nรฃo, nรฃo รฉ para tirar nenhum partido, mas nรฃo รฉ para tirar nenhum partido. Mas, mas. Mas gosto muito de muitas marcas que que fizemos e รฉ. Mas posso dar uma que รฉ um exemplo de uma que รฉ muito polรฉmica, que gosto muito e jรก tem 20 anos, que รฉ a TAP que tem sofrido todas e mais algumas. Enfim, tem sofrido todo o tipo de ataques de todas as naturezas e continua linda de morrer ali nos. Nรฃo รฉ.
JORGE CORREIA (00:29:28) – Uma coisa que.
CARLOS COELHO (00:29:29) – Vรก a Portugal ou aos senhores do mundo.
JORGE CORREIA (00:29:32) – E quando eu olho para uma marca como a TAP รฉ curioso e por um lado posso falar da minha relaรงรฃo com a TAP, que รฉ, por um lado, aquela ideia de que eu vou voar na TAP. ร uma ideia muito aconchegante. Eu estou em Berlim, vou apanhar um aviรฃo da TAP, nรฃo รฉ da Lufthansa, nรฃo รฉ da Ibรฉria, nรฃo รฉ da Blue. ร, por um lado, uma uma relaรงรฃo boa de confianรงa. Mas em princรญpio, o aviรฃo nรฃo cai. Nรฃo quer dizer que รฉ logo a primeira coisa, mas depois aconchegante, nรฃo รฉ? Olรก, bom dia! Olรก, quero um cafรฉ. Por outro lado, uma relaรงรฃo de exigรชncia e de frustraรงรฃo. O que รฉ? Raisparta, este aviรฃo estรก sempre atrasado. Entรฃo Mas esta resposta nรฃo foi tรฃo boa e, portanto, em funรงรฃo da minha expectativa e do meu carinho maior ou menor pela marca. Eu depois tambรฉm me zango com mais aquela.
CARLOS COELHO (00:30:22) – Talvez fique no futuro aquela coisa de que as marcas de casa nรฃo fazem milagres.
CARLOS COELHO (00:30:26) – Nรฃo sรฃo sรณ os santos.
JORGE CORREIA (00:30:27) – Estamos mais.
CARLOS COELHO (00:30:28) – Perto. Nรณs estamos sempre muito perto das nossas coisas. Exigรชncia maior. Somos na Lufthansa a atrasar. Nรฃo vamos dizer nada, nรฃo รฉ? Se formos da Ibรฉria.
JORGE CORREIA (00:30:36) – Se for nรณs, entรฃo nรณs vamos cobrar.
CARLOS COELHO (00:30:38) – Vamos cobrar sempre das duas companhias locais com o qual nรณs tambรฉm fizemos a SATA, a SATA รฉ das empresas. Nos Aรงores, qualquer problema que existe รฉ SATA e portanto nรฃo temos consciรชncia, depois da qualidade da qualidade das companhias que temos.
JORGE CORREIA (00:30:54) – E essa noรงรฃo de que elas estรฃo lรก sempre e que na realidade, quando estivermos aflitos, tivermos uma necessidade ou quando for mesmo muito grande, temos a noรงรฃo de que essas marcas, nesse caso, sรฃo companhias aรฉreas. Estรฃo lรก para nos responder.
CARLOS COELHO (00:31:07) – Sim, aquilo que dizia jรก nรณs temos por essas marcas. Amor e รณdio nรฃo รฉ algo que temos nas relaรงรตes de proximidade, nรฃo รฉ com os pais, com os filhos, nรฃo รฉ termos esse tipo de relaรงรตes, de de esperar tudo e de ter de ser muito emocional.
CARLOS COELHO (00:31:26) – E รฉ engraรงado. Por exemplo, ainda no sรกbado estava a vir de Madrid para para para para Lisboa e encontrei umas amigas no aeroporto e que tambรฉm vinham para Lisboa e estรกvamos mais ou menos ร mesma hora. Portanto em que vou รฉ que vais lรก, nรณs vamos, nรณs vamos. Era a Europa, mas tu deves ir na TAP. Sim, sim, tu deves ir na TAP porque eu estudo dessas coisas. Eu sim. Nรฃo, nรฃo sou. Nรฃo faรงo as escolhas todas em funรงรฃo de em funรงรฃo de Portugal. Mas, mas, mas em igualdade de circunstรขncias. Eu escolho, escolho defender, defender, defender as marcas que sรฃo portuguesas. Hรก uma expressรฃo muito engraรงada que eu gosto muito de do que รฉ que รฉ uma expressรฃo americana do Walmart que a propรณsito de Walmart, grande cadeia de supermercados americana que que diz sempre para as marcas que lรก vรฃo, รฉ dizer ah, vocรช precisava de me ajudar a fazer a marca. Isso nรฃo, nรฃo รฉ business doing your brand. Eu digo sempre para as marcas estrangeiras nรฃo estrangeiras no sentido de de que dou prioridade ร quilo que รฉ Portugal.
CARLOS COELHO (00:32:50) – Quando me perguntam, por exemplo, gostas de champanhe? Sim, not in the business of doing their brand.
JORGE CORREIA (00:32:56) – Portanto fala me lรก do Murganheira ou fala melada das caves. Ah, mas รฉ melhor.
CARLOS COELHO (00:33:01) – Nรฃo sei se รฉ melhor ser pior, mas eu nรฃo estou no negรณcio de defender Franรงa, nem de defender Espanha, nem de vender Itรกlia, nem de, nรฃo รฉ?
JORGE CORREIA (00:33:12) – Mas aรญ nรณs fizemos um bom trabalho. Quer dizer, eu estou a olhar para a marca Portugal, Nรฃo estou a pensar sรณ no turismo, mas no turismo, no vinho, na gastronomia, na. O produto, Portugal ganhou uma notoriedade e uma visibilidade. Pergunto se a gente ganhou o dinheiro que devia ter ganho com o ganho reputaรงรฃo, no fundo, o ganho marginal, o valor acrescentado que podรญamos ter.
CARLOS COELHO (00:33:36) – Ainda estamos numa fase de eco, nรฃo รฉ? Ou seja, nรณs ficamos contentes com a notoriedade. De facto, fizemos um percurso notรกvel nos รบltimos 20 anos, em particular os รบltimos dez. Mas nรฃo conseguimos. Nรฃo รฉ sรณ monetizar.
CARLOS COELHO (00:33:52) – Traduzir isso para a economia. Ou seja, se nรณs pensarmos que hoje temos uma posiรงรฃo extraordinรกria em termos de turismo, em termos de reputaรงรฃo da marca e teoricamente, aplicando se a isso as prรณprias margens que podemos aplicar aos produtos, etc, etc. Nรฃo vemos isso traduzido no dia a dia das pessoas.
JORGE CORREIA (00:34:18) – O que รฉ exato, porque no fundo, se essa marca รฉ boa, se nรณs estamos a vender coisas boas, devรญamos estar a ter salรกrios mais altos, a comeรงar a vender mais caro.
CARLOS COELHO (00:34:26) – Eu pergunto todos os meus amigos economistas porque nรฃo tenho essa capacidade de anรกlise desses nรบmeros. E, desculpem, expliquem me que eu nรฃo consigo entender como รฉ que nรฃo crescemos nos รบltimos 20, 20 anos. Portanto, como รฉ que nรฃo melhorรกmos as condiรงรตes do paรญs durante os รบltimos 20 anos? E se perguntarmos a qualquer portuguรชs que vai dizer que o paรญs estรก melhor, nรฃo รฉ? Entรฃo para onde รฉ que. O que รฉ que se passa? E, portanto, uma das razรตes รฉ certamente nรฃo nรฃo sermos capazes de traduzir para a economia os ganhos que tivemos deste, deste desenvolvimento e.
CARLOS COELHO (00:35:05) – Aquilo explicar e nรฃo nรณs, nรฃo nรณs. Portanto, serei. Sou naturalmente suspeito naquilo que vou dizer, porque รฉ o meu trabalho. Nรณs nรฃo temos uma economia marxista. O que รฉ que isto quer dizer? Quer em termos de polรญticas pรบblicas, quer em termos de do pensar privado? Nรฃo, nรฃo, Nรฃo somos um paรญs de fazedores de marcas. Ou seja, as empresas, quando tรชm um negรณcio a correr bem, retiram, fazem uma. Preferem, por exemplo, um azeite vender a granel para para os dรณlares, que sรฃo normalmente espanhรณis, que vรฃo colocar o azeite no mercado com rรณtulos italianos. Isto parece uma parece uma novela, mas รฉ um. Lรก estรก.
JORGE CORREIA (00:35:47) – O branding, nรฃo.
CARLOS COELHO (00:35:48) – ร? Mas รฉ um facto. Os italianos convenceram o mundo que o azeite italiano era o melhor do mundo. Nรณs dizemos com o ego levantado que o azeite portuguรชs รฉ o melhor do mundo, mas ninguรฉm sabe. E portanto, isso, isso faz com que aquilo que fica em Portugal seja. Nรฃo sei, talvez 25% do valor total.
CARLOS COELHO (00:36:07) – Agora, quando eu pergunto alguรฉm Entรฃo mas isso รฉ uma chatice? Nรฃo, porque nรณs ganhamos imenso dinheiro, mas ganhamos imenso dinheiro com esses 25% e nรฃo temos nenhuma chatice.
JORGE CORREIA (00:36:21) – Isso รฉ uma mentalidade pobre. Nรฃo รฉ?
CARLOS COELHO (00:36:24) – ร uma mentalidade que serve o interesse particular de quem vende ou de quem vendeu. Tanto serve que nรฃo constrรณi futuro. Ah, se o senhor Nabeiro tivesse vendido cafรฉ sรณ, sem marca. Nรฃo havia nenhuma empresa em que apoiar rigorosamente.
JORGE CORREIA (00:36:41) – E nรฃo, ele pensou o cafรฉ como um motor de desenvolvimento social daquela regiรฃo.
CARLOS COELHO (00:36:47) – Que รฉ outra.
JORGE CORREIA (00:36:47) – Coisa completamente.
CARLOS COELHO (00:36:48) – Diferente. Marca desde o princรญpio, desde desde o primeiro momento, quando ele nรฃo sabia o que era uma marca sequer. Ele sabia que o cafรฉ era igual. O cafรฉ que ele teria era igual a qualquer outra pessoa. Podia ter. Era uma questรฃo de o comprar, de o torrar, de comprar um torrador, etc. Mas teve uma.
JORGE CORREIA (00:37:07) – Intuiรงรฃo.
CARLOS COELHO (00:37:08) – Teve um sentimento, teve uma intuiรงรฃo lutando por ela. E outros em Portugal tambรฉm o fizeram.
CARLOS COELHO (00:37:14) – Mas poucos. Sรฃo poucos aqueles que constroem edifรญcios de marca, que sรฃo sรณlidos, que perduram para alรฉm das suas vidas e que constroem efetivamente valor em cima de produtos, alguns endรณgenos. No caso do cafรฉ, nem sequer รฉ endรณgeno. Nรฃo รฉ o azeite. O azeite รฉ endรณgeno. ร aquilo que vejo e em muitos fรณruns que participo dizem me lรก vem o Carlos com as marcas. Portugal nรฃo tem vocaรงรฃo para ter marcas. Somos um paรญs pequeno. Desculpem, mas as uma parte significativa de marcas grandes no mundo do mundo que nรฃo vรชm de de de paรญses grandes, que vรชm de paรญses pequenos. E, sobretudo, hรก um exemplo nรณs temos o norte do paรญs com uma capacidade tรฉcnica inquestionรกvel. No tรชxtil sรฃo os sapatos.
JORGE CORREIA (00:38:13) – Nรฃo รฉ.
CARLOS COELHO (00:38:14) – Estilo, vestuรกrio, etc.
JORGE CORREIA (00:38:15) – E aconteceram coisas porque os sapatos Houve uma altura em que tinha de lรก estรก esse mercado quase de segunda ou de fornecimento para as grandes cadeias ou tรชxtil. E houve um momento em que, de alguma maneira, houve um reposicionamento do calรงado ou do texto em portuguรชs.
CARLOS COELHO (00:38:31) – Quem sabe ainda nรฃo. O calรงado tem feito. Tem feito um esforรงo muito grande nesse sentido, reposicionamento e, portanto, inverteu essa tendรชncia. E รฉ valorizou muito a produรงรฃo. Ainda nรฃo conseguiu produzir marcas, ainda nรฃo conseguiu. Se lhe pedir que lhe perguntar uma marca portuguesa de sapatos nรฃo vai conseguir responder, provavelmente. E isso.
JORGE CORREIA (00:38:55) – ร difรญcil.
CARLOS COELHO (00:38:57) – No tรชxtil, o tรชxtil, portanto, a fileira tรชxtil รฉ ainda mais competitiva, mais sofisticada. Nรณs temos em Portugal vรกrias empresas no melhor que se faz no mundo. E dizem e dizem mas nรฃo podemos ter marca porque somos um paรญs pequeno. Eu disse Olhe, desculpem, eu nรฃo entendo. Na Galiza, numa aldeia Zara, um senhor chamado Ortega, sem condiรงรตes, inventou uma das marcas mais poderosas do mundo. E porquรช? Uma das razรตes รฉ porque tinha o norte de Portugal perto. Ou seja, claro. Entรฃo uma das uma das.
JORGE CORREIA (00:39:38) – Uma รฉ que isso.
CARLOS COELHO (00:39:39) – Entรฃo uma das. Neste momento, ainda hoje o grupo Inditex uma parte nรฃo sei se sรฃo 20, sรฃo 30, sรฃo 40, Mas uma parte muito significativa daquilo que todo o grupo Inditex vende รฉ feito no norte de Portugal.
CARLOS COELHO (00:39:56) – Portanto, eles perceberam.
JORGE CORREIA (00:39:57) – Que tinham umas condiรงรตes para produzir algo de muito boa qualidade.
CARLOS COELHO (00:40:00) – Preรงo muito, muito rรกpido. Com o nรญvel de sofisticaรงรฃo que existe na indรบstria tรชxtil em Portugal, รฉ extraordinรกrio. O paรญs nรฃo nรฃo tem noรงรฃo da qualidade das empresas que existe. A rapidez com que se faz, dos preรงos que se pratica, a que concorremos em qualidade, em preรงo, com qualquer destino no mundo. E a pandemia veio mostrar que pronto, que a รsia estava muito longe, para alรฉm dos outros problemas que tรชm, que a Turquia tambรฉm podia ter problemas. Portanto, nรณs temos condiรงรตes para fazer. Mas eu pergunto sempre em que estamos e onde รฉ que estรฃo as fรกbricas das marcas?
JORGE CORREIA (00:40:41) – Falta nos o quรช? Faltam nos lideranรงas.
CARLOS COELHO (00:40:43) – Faltava imaginaรงรฃo. Sabe o que quero dizer. Ou seja, a ambiรงรฃo eu vou ter, vou fazer, vou. Com isso, faรงo um plano, tudo baseado em coisas objetivas e mรกquinas em um mercado concreto a imaginaรงรฃo. Outra coisa eu dizer assim nรฃo eu. Vou, vou fazer isto que ainda nรฃo existe.
CARLOS COELHO (00:41:05) – Eu vou fazer uma marca.
JORGE CORREIA (00:41:06) – Eu vou sonhar.
CARLOS COELHO (00:41:07) – Eu vou sonhar e vou ser lรญder mundial nesta maneira. Ah, nรฃo, isto, nรฃo consegues, isto nรฃo consegues. Pois aquilo que alimenta, acho eu, aquilo que alimenta o sonho, muitas vezes รฉ o eu sou. Sรฃo aqueles que dizem que nรฃo se conseguem explicar porque.
JORGE CORREIA (00:41:28) – Isto parece um contrassenso.
CARLOS COELHO (00:41:30) – Nรฃo sei. ร uma forรงa das forรงas, รฉ uma forรงa contrรกria, uma forรงa que.
JORGE CORREIA (00:41:35) – Nรฃo se consegue. A gente nรฃo vale a pena, nรฃo.
CARLOS COELHO (00:41:37) – ร uma forรงa contrรกria, mas pronto, tambรฉm nรฃo ajuda, nรฃo รฉ? Mas, mas solidifica a convicรงรฃo, nรฃo รฉ? Quando alguรฉm diz eu vou fazer isto e outra pessoa diz nรฃo vais nada que nรฃo consegues, รฉ um, รฉ um, รฉ uma convicรงรฃo. Mas. Mas eu nรฃo queria ficar isto, sรณ queria pรดr aqui num plano, trazer aqui um plano diferente. Eu acho que que que um dos desafios, por exemplo, de Portugal e tenho, tenho pensado bastante nisso. Sobretudo no sector do Nรณs somos muito fortes.
CARLOS COELHO (00:42:07) – Eu acho que o grande desafio, mais de fazer marcas individuais รฉ fazer marcas coletivas junto.
JORGE CORREIA (00:42:13) – Juntar o meu azeite, o teu azeite, o meu vinho ao teu vinho. Em vez de produzirmos 20.000 garrafas, vamos produzir aqui em escala.
CARLOS COELHO (00:42:19) – Vamos trabalhar com con, mas sรณ com a escala. Nรฃo รฉ tanto sรณ a escala mesmo, tambรฉm as energias, as forรงas, portanto.
JORGE CORREIA (00:42:28) – Mas aรญ, aรญ nรฃo somos muito bons. Lรก estรก a pequena inveja.
CARLOS COELHO (00:42:31) – Exactamente isto tudo, nรฃo รฉ? Exactamente. Ou seja, porque tem para se tiver 100, 100 produtores que estรฃo pronto para ganhar o seu dinheiro e nรฃo tรชm vocaรงรฃo nenhuma para fazer marca nenhuma, nรฃo vรฃo sair dali e, portanto. Mas se conseguirem agregar criando competรชncias nessa matรฉria, poderรฃo ter uma marca que nรฃo รฉ individual, รฉ uma marca comum. Poderรฃo ganhar mais dinheiro e poderรฃo, sobretudo, ser capazes de solidificar o seu negรณcio, tomar uma posiรงรฃo do negรณcio que nรฃo, nรฃo depende do comprador, do que nรฃo depende de um comprador ou de dois compradores.
CARLOS COELHO (00:43:05) – Portanto, no fundo, ter uma marca รฉ ganhar. Ganhar liberdade nรฃo รฉ.
JORGE CORREIA (00:43:10) – Ganhar uma relevรขncia. Ganhar um posicionamento sem ter.
CARLOS COELHO (00:43:13) – Ter uma marca รฉ uma entidade, nรฃo um ente pรบblico, que nรณs, como consumidores, compramos ou nรฃo compramos. Nรฃo รฉ uma marca forte. ร uma garantia de que aquele produto feito daquela maneira รฉ valorizado pelos consumidores de uma determinada forma e tem uma teรณrica garantia de eternidade teรณrica.
JORGE CORREIA (00:43:35) – Mas รฉ uma coisa curiosa. Eu estava a pensar no vinho, por exemplo. O esforรงo, o saber, a paixรฃo, a vontade consegue funcionar para produzir um produto de alta qualidade, certo? Todavia, estas mesmas pessoas que sonharam esse produto, essa, essa coisa tรฃo, tรฃo boa e tรฃo relevante e tรฃo extraordinรกria, depois nรฃo conseguem dar esse passo que รฉ sonhar o mundo futuro. Quando? Quando na realidade jรก provaram, jรก provaram, conseguiram fazer uma coisa extraordinรกria.
CARLOS COELHO (00:44:09) – Matรฉrias diferentes a nรณs. Nรณs podemos dividir em dois tipos de qualidade a qualidade intrรญnseca que รฉ isso que estamos a dizer. ร alguรฉm que รฉ capaz de pegar em uvas e num terroir e tratรก lo de uma determinada forma e fazer um vinho com uma qualidade extraordinรกria.
CARLOS COELHO (00:44:26) – Mas depois a qualidade percebida, que รฉ o que รฉ outra e outra colheita e outra vindima e outra de outra agricultura, que รฉ a que.
JORGE CORREIA (00:44:37) – As marcas nรฃo estรฃo a comunicar bem.
CARLOS COELHO (00:44:39) – ร a agricultura de marcas, ou seja, nรฃo estรฃo, como รฉ รณbvio. Nรฃo sei. A maior parte das empresas tรชm exรฉrcitos para fazer, para tratar da qualidade intrรญnseca e depois tรชm duas ou trรชs pessoas para tratar da qualidade percebida. Se pensarmos no valor de um produto que, no mรญnimo, metade do valor tem a ver com a qualidade percebida, vemos qual รฉ que รฉ o dรฉficit, Quem รฉ que sรฃo essas pessoas?
JORGE CORREIA (00:45:06) – Sรฃo marketeers? Sรฃo comunicadores? Sรฃo.
CARLOS COELHO (00:45:08) – Mas vejam uma coisa, por exemplo, se pensar na estrutura da Coca-Cola. Nรณs apoiรกmos aqui a Coca-Cola durante algum tempo e a estrutura, a principal preocupaรงรฃo da Coca-Cola nas estruturas centrais รฉ a sua marca, a sua comunicaรงรฃo, ao ponto de alguns paรญses terem concessionado a produรงรฃo.
JORGE CORREIA (00:45:32) – Portanto, no fundo, o que eles querem vender รฉ um estilo de vida e uma maneira de estar, uma maneira de.
CARLOS COELHO (00:45:36) – A relaรงรฃo com os consumidores para que seja possรญvel garantir a continuidade eterna do consumo da sua marca. E nรณs fazemos isso. Esse รฉ o ativo. Nรณs trabalhรกvamos num indicador para a Coca-Cola, que era brand love, ou seja, a relaรงรฃo que as pessoas tinham com a marca, independentemente se a compravam ou nรฃo. Entรฃo, claro, porque isso รฉ importante, Claro, porque a forรงa eu posso estar a imaginar. Eu posso ter um produto que estรก em queda de vendas por uma questรฃo conjuntural, que รฉ, por exemplo, a pessoa ter um corte de salรกrio. Agora, se ele tiver em queda de implicaรงรฃo, se ele estiver em queda de vendas. Mas. Mas a implicaรงรฃo brand love neste caso estiver a subir, significa que a pessoa mal tem a possibilidade vai comprar e vai.
JORGE CORREIA (00:46:23) – Voltar a nรณs e.
CARLOS COELHO (00:46:24) – Vai voltar. Se tiver ao contrรกrio, que. No ridรญculo atรฉ passa por uma situaรงรฃo mesmo ridรญcula e imagino que as vendas atรฉ podem estar a aumentar e o Brand Love estรก a diminuir. As pessoas podem estar a comprar, por exemplo, o resultado de uma promoรงรฃo.
JORGE CORREIA (00:46:41) – E o futuro serรก pior, como รฉ.
CARLOS COELHO (00:46:42) – O futuro. E para mal acabar a promoรงรฃo, Aquilo, nรฃo, aquilo nรฃo, nรฃo.
JORGE CORREIA (00:46:45) – Jรก nรฃo estรก lรก.
CARLOS COELHO (00:46:46) – Nรฃo estรก lรก. Vai aparecer outra, Vai entrar noutra promoรงรฃo, noutra coisa qualquer. Portanto, as grandes marcas no mundo sรฃo aquelas que levam tรฃo a sรฉrio a qualidade dos seus produtos, que naturalmente, รฉ a base de uma marca, nรฃo รฉ? Mas quanto ร capacidade de comunicar, porque comunicar? Nรฃo comunicar รฉ uma e metade da qualidade desse produto. Porque? Porque รฉ a forma como nรณs, enquanto consumidores, temos de olhar para aquele produto. Nรณs nรฃo. Nรณs nรฃo somos especialistas nas coisas, nรฃo รฉ? Nรณs, enquanto quando consumimos uma coisa, nรฃo somos especialistas, nรณs somos em duas ou trรชs coisas, consumimos tantas e, portanto, acreditamos que aquela รฉ melhor que a outra se nos ajudarem a fazer isso, atรฉ porque estamos.
JORGE CORREIA (00:47:44) – Comprando, nรณs estamos praticamente a fechar a nossa nossa conversa. O tempo voa. Como รฉ que Carlos Coelho cuida da sua marca? O eu, O Carlos Coelho em casa de ferreiro, espeto de pau Ou pensa nisso e sonha como marca?
CARLOS COELHO (00:47:59) – Em casa de ferreiro, espeto de pau sempre.
CARLOS COELHO (00:48:01) – Porque? Porque? Porque como os santos da casa nรฃo fazem milagres e nรฃo sei quantos Nรฃo, Mas eu tenho, eu tenho algum cuidado, atรฉ porque, porque. Porque sinto essa responsabilidade pรบblica e portanto, jรก sรฃo bastantes anos. Sou provavelmente quem quem mais anos trabalha de uma forma consistente as marcas em Portugal e sinto muitas conferรชncias. Tenho muito contacto com com o paรญs todo, o trabalho com muitas, com muitas empresas no paรญs e nรฃo sรณ. Mas, mas agora estamos a falar de Portugal e portanto tenho esse. Tenho, tenho cuidado. Tenho cuidado no sentido de sentir uma certa responsabilidade por aquilo que digo, pelos temas que abordo. Pelas prรณprias coisas que possuo. Por exemplo, as minhas redes sociais sรฃo Nรฃo sรฃo pessoais. Nรฃo, nรฃo sรฃo. Nรฃo รฉ no sentido das coisas, portanto, que eu posto. Sรฃo coisas relacionadas com o meu trabalho, sobretudo com uma coisa que eu, que eu imagino que possa vir a fazer, que sรฃo as voltas. Faรงo agora, jรก faรงo, jรก faรงo a Volta a Portugal pelas marcas.
CARLOS COELHO (00:49:19) – Talvez gostasse de fazer a volta ao mundo pelas marcas de Portugal.
JORGE CORREIA (00:49:23) – Fazer o quรช nessas voltinhas.
CARLOS COELHO (00:49:26) – No fundo, ร volta ou por volta a Portugal pelas marcas? No fundo, sรฃo as minhas deslocaรงรตes que aproveito para sempre. Para para, para, para, para olhar para a histรณria, para a cultura, para a geografia. No fundo.
JORGE CORREIA (00:49:40) – Uma maneira diferente de dormir, de dormir com as marcas nos vรกrios sรญtios, de estar com elas e.
CARLOS COELHO (00:49:45) – Sempre a dormir com as marcas, sempre no sentido de procurar a intimidade, de procurar, Nรฃo. Hรก aqui uma coisa que eu que eu diga toda a gente que trabalha comigo, que que faz um pouco confusรฃo, nรฃo tenho. Nรฃo tem problema em partilhar. Elas sรณ nรฃo podem ser mal interpretada. Mas eu digo assim sempre nรฃo perguntem coisas directas ร s pessoas porque elas vรฃo responder e depois รฉ uma chatice.
JORGE CORREIA (00:50:11) – O que รฉ que nรณs fazemos com isso? O que รฉ que.
CARLOS COELHO (00:50:13) – Nรณs fazemos com aquilo que as pessoas dizem? Portanto, observem, cheirem, sintam.
CARLOS COELHO (00:50:22) – Nรฃo quero dizer. Entรฃo, quando estamos a trabalhar em marcas colectivas, estamos no territรณrio do paรญs, por exemplo, Nรฃo tenho como ver pela estatรญstica. Nรฃo tem que se sentir, tem que ir lรก. Quer dizer, eu, por exemplo, amanhรฃ vou para amanhรฃ, hoje รฉ quarta, amanhรฃ vou para Santa Maria. Estamos a trabalhar. Os Aรงores tรชm que ser as ilhas todas e mais que uma vez.
JORGE CORREIA (00:50:45) – Tem o queijo. Ver as vacas.
CARLOS COELHO (00:50:48) – Falar quando se falar de um tema. Saber o que se estรก a falar, por exemplo, Acho que digo sempre para que nessa perspetiva atรฉ dรก marca pรบblica e assume muito isso. Para falar do paรญs รฉ preciso conhecer o paรญs e, portanto, รฉ uma. ร preciso fazer um MBA no paรญs no sentido de de conhecer, de dizer. Essa goza muito comigo, que que te podes ver? Se tu nรฃo conheces isto tudo, ainda nรฃo foste ali, mas jรก estamos a falar de coisas que nos.
JORGE CORREIA (00:51:21) – Diz, pois.
CARLOS COELHO (00:51:22) – Que nรฃo conheรงo tudo e nรฃo tenho.
JORGE CORREIA (00:51:23) – Como. Como รฉ que se alimenta, ao fim de 30 anos, essa curiosidade infinita pela. Pelas pessoas?
CARLOS COELHO (00:51:31) – Antes de mais, muito obrigado pelo elogio, porque jรก nรฃo sรฃo 30, sรฃo 40.
JORGE CORREIA (00:51:36) – Entรฃo entรฃo a pergunta รฉ mais reforรงada, nรฃo รฉ? Quer dizer, porque.
CARLOS COELHO (00:51:39) – Se alimenta com. Com Com insatisfaรงรฃo? Com curiosidade e com. E com amor. Acho que acho que amor รฉ o contrรกrio.
JORGE CORREIA (00:51:54) – Como รฉ que um sonhador depois se se observa quando fica frustrado e estรก a ver uma coisa que os outros ainda nรฃo viram?
CARLOS COELHO (00:52:04) – Pois essa talvez seja a parte mais difรญcil de estabelecer. Sim, essa parte gera muitas vezes frustraรงรฃo quando nรณs estamos a ver uma coisa mais clara e com uns รณculos diferentes e as pessoas ร volta nรฃo estรฃo a ver. E percebemos que muitas vezes demora muitos anos atรฉ isso acontecer. Ou seja, podรญamos antecipar alguns movimentos. Gera alguma frustraรงรฃo. Essa parte nรฃo รฉ nรฃo รฉ bonita. Quando ร s vezes me dizem ai, o caos รฉ visionรกrio, disso nรฃo sou visionรกrio. Acho que visionรกrio รฉ outra coisa.
CARLOS COELHO (00:52:44) – Ainda acho que acho que รฉ outro, outro aspecto, mas. Mas assumo que ร s vezes consigo ver um pouquinho mais e esse.
JORGE CORREIA (00:52:53) – Um exercรญcio de paciรชncia depois essa. Esse convencimento obriga alguma.
CARLOS COELHO (00:52:57) – Humildade e alguma tรฉcnica. Humildade porque temos que dizer ok, pronto.
JORGE CORREIA (00:53:04) – Vocรช รฉ que sabe, nรฃo รฉ? No fundo รฉ isto.
CARLOS COELHO (00:53:06) – Temos que ser humildes e dizer olha, pronto! Tรฉcnica รฉ aprender a trazer os outros para o seu sonho. Trazer os outros para a sua visรฃo, ajudando os muitas vezes a ver. Sobretudo quando estamos a falar de empresas.
JORGE CORREIA (00:53:25) – ร uma delicada tรฉcnica de relacionamento interpessoal tambรฉm.
CARLOS COELHO (00:53:28) – E sem dรบvida, isso รฉ, sem dรบvida nenhuma, sem dรบvida nenhuma. E essa talvez seja a minha maior experiรชncia junto das pessoas, das empresas, dos donos das empresas. Sobretudo, ajudรก los a materializar visรตes e acrescentar lhes visรตes, trazendo os, ajudando os a ver. ร como se estivesse para limpar os รณculos ou dar lhe uns รณculos melhores, ou por uns รณculos com um determinado caminho. E apontar sim e ajudar a fazer esse percurso, porque รฉ um percurso dos outros.
CARLOS COELHO (00:54:06) – Nรฃo รฉ um percurso meu, nรฃo รฉ. Mas รฉ bonito se for feito. ร delicado, mas รฉ bonito.
JORGE CORREIA (00:54:12) – Os sonhadores e os fazedores a mistura boa para criar uma marca forte. Espero ter reabilitado nesta ediรงรฃo os sonhadores 100 sonhadores e loucos visionรกrios. Nenhum futuro diferente nasce sem fazedores persistentes. Ficamos sรณ a imaginar, sem fazer. Talvez seja mais fรกcil dar espaรงo e entender os fazedores, afinal, a sua realizaรงรฃo รฉ concreta, palpรกvel. Podemos medir, pesar, quantificar. Quanto aos sonhos, eles sรฃo leves, ideais, escapistas da espuma dos dias e tรฃo transparentes e necessรกrios como o ar que respiramos. Suspeito que entre fazedores de sonhadores hรก um leve e permanente amuo. Sonhar e fazer esta ediรงรฃo estรก feita. Vou agora ali sonhar mais um bocadinho. Atรฉ para a semana.