A palavra ódio mata? Carlos Alberto Poiares

A palavra ódio mata? Carlos Alberto Poiares
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A linguagem tem um efeito sobre as pessoas.

E as palavras, mesmo que pareçam inócuas, entram na nossa cabeça e produzem uma influência.

Afinal, pensamos através das palavras. Os rótulos que metemos na realidade.

Palavras, imagens, gestos.

Tudo é comunicação.

Quando as palavras e as ações se conjugam para o mal, assistimos a crimes que dificilmente conseguimos perceber.

É nesse momento em que a justiça e a psicologia se juntam.

Para julgar e para entender as circunstâncias particulares desse crime.

Os crimes com motivações de ódio estão nesta grande caixa do horror humano.

Portugal pode estar a deixar de ser a exceção e a tornar-se mais um a ter de lidar com os fenómenos mais básicos da falta de respeito pela vida humana.

Esta edição é uma busca incessante à pergunta: porquê?


TÓPICOS & TEMPOS

00:00:00 Início

00:00:12 O efeito da linguagem na disseminação do ódio
Discussão sobre como as palavras e ações podem contribuir para crimes de ódio e a responsabilidade social associada.

00:01:30 Crimes de ódio em Portugal
Análise dos recentes casos de crimes de ódio em Portugal, incluindo propaganda nazista e violência contra pessoas vulneráveis e imigrantes.

00:02:38 Motivações por trás dos crimes
Exploração das possíveis motivações por trás dos crimes de ódio, incluindo a influência da ideologia totalitária nazista.

00:06:43 Aspectos políticos associados à violência
Discussão sobre a associação da violência com ideologias políticas e a responsabilidade política e social em lidar com esses crimes.

00:11:34 Comunicação, política e justiça
Análise da interligação entre política, justiça e comunicação, e a influência da comunicação na disseminação de propaganda e ódio.

00:13:22 Desafios na comunicação da justiça
Reflexão sobre os desafios da comunicação na área da justiça, incluindo a importância da precisão e autenticidade das informações.

00:15:26 Avaliação psicológica em casos de crime
Discussão sobre a necessidade de avaliação psicológica em casos criminais para compreender a personalidade e motivações dos envolvidos.

00:16:02 O papel da avaliação psicológica
Discussão sobre a importância da avaliação psicológica em casos criminais e a necessidade de psicólogos especializados.

00:19:04 A importância da individualização das penas
Exploração do papel da personalidade do arguido na fixação da pena e a necessidade de individualização das penas.

00:21:15 A análise do comportamento criminoso
Reflexão sobre a importância de compreender as razões e interações por trás de um crime e a necessidade de perguntas fundamentais.

00:24:10 A neutralidade da psicologia forense
Discussão sobre a neutralidade da psicologia forense e seu papel em compreender os comportamentos criminosos.

00:26:25 A importância do diálogo entre psicologia e direito
Exploração da necessidade de diálogo entre psicologia e direito, e a importância da comunicação acessível a todos os envolvidos.

00:30:08 Facilitando o diálogo entre psicologia e direito
Discussão sobre a necessidade de guias para psicólogos e juristas e a importância do diálogo entre as duas áreas.

00:31:20 O papel do psicólogo no sistema judicial
Discussão sobre a importância do papel do psicólogo como perito em processos judiciais.

00:32:30 A interseção entre direito e psicologia
Exploração da importância da interseção entre direito e psicologia na compreensão de casos criminais.

00:33:32 A evolução da abordagem à doença mental na justiça
Análise da evolução da abordagem à doença mental na justiça ao longo do tempo.

00:37:10 A responsabilidade em casos de inimputabilidade
Discussão sobre a responsabilidade de indivíduos com doenças mentais em casos criminais.

00:44:03 O impacto do discurso securitário na sociedade
Abordagem sobre o impacto do discurso securitário na sociedade e na mediatização do crime.

00:47:29 Manipulação da percepção da criminalidade
Discussão sobre a manipulação e distorção da percepção da criminalidade na sociedade.

00:47:49 Discurso político e segurança
Discussão sobre a manipulação política através do discurso populista e propaganda.

00:49:55 Aumento da criminalidade e leitura dos dados
Análise da interpretação errada dos dados de criminalidade durante a pandemia.

00:50:58 Casos sem solução na justiça
Reflexão sobre casos sem solução e a produção de conhecimento para futuras gerações.

00:53:40 Verdade judicial e histórica
Análise da diferença entre a verdade judicial e a verdade histórica em casos judiciais.


As notícias ainda me ecoam na cabeça.

A primeira informa que um jovem menor, do Porto, terá sido, alegadamente, o mandante de um crime no outro lado do atlântico, no Brasil.

Uma rapariga de 17 anos morreu, em S Paulo.

Há ainda mais 5 casos em investigação, na forma tentada.

O traço comum destes casos é que foi usada uma rede social para espalhar propaganda nazi com forte componente de ódio.

Com um apelo ao recurso a massacres violentos tal como são vistos a miúde nos Estados Unidos.

Nos últioms dias aconteceram mais dois casos de violência em Portugal contra pessoas vulneráveis e migrantes em Portugal.

O mesmo padrão: o ódio, a violência, a ausência de empatia e humanidade mínima.

Quando este tipo de caso é investigado e chega a tribunal entram em cena os psicólogos forenses.

Cabe-lhes explicar o que está na cabeça destas pessoas.

O porque fizeram o que fizeram. O para o que fizeram.

Carlos Alberto Poiares é jurista, licenciado em direito e doutor em Psicologia.

Junta os saberes da lei e da psicologia e estuda os fenómenos de exclusão social e delinquência juvenil.

Fui em busca dos porquês. A começar pelo caso do jovem do Porto.

LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO

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