Vivam, bem vindos a Rabo de Peixe, ilha de S. Miguel, Açores, Portugal.Este episódio é passado em Rabo de Peixe, vila piscatória açoriana, onde em 2001 deu à costa uma tonelada e meia de cocaína, nascida de um veleiro castigado pelo mar.
Rabo de Peixe enche o olho.
A série e a vila piscatória.
Entre a luz e as reviravoltas da narrativa, no caso da série.
Entre o mar e a terra, entre a dificuldade que é viver neste sitio e a esperança de fugir para emigrar para a América.
A história e os atores enchem a alma.
Rabo de Peixe é uma série sobre a possibilidade.
Sobre a oportunidade de mudar a sorte da vida.
E essa sorte ou azar vem em forma de fardos de cocaína que dão à costa neste local da ilha de S.Miguel.
E de como esse facto modifica radicalmente a vida na localidade.
Das histórias pitorescas de venda de cocaína em copos, ou como farinha para fritar filetes de peixe, às vidas desgraçadas, vidas despedaçadas pela toxicodependência.
Quero deixar um aviso: falei com Augusto Fraga sobre a história de Rabo de Peixe. E há alguma que outra revelação do enredo.
Se já viram a série, podem continuar a ouvir tranquilamente.
Quando aos outros, é hora de decidir.
Até porque veremos de perto o personagem interpretado pelo ator Albano Jerónimo.
Mas esta conversa vai mais fundo. Para podermos falar de desigualdade. De ricos e pobres. De dificuldades e oportunidades.
Afinal ter nascido em sítios como Rabo de Peixe, ou outros semelhantes, pode marcar o futuro para sempre. Ou pelo menos obrigar a um esforço muito maior para atingir uma vida boa.
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JORGE CORREIA
Olá. Vivam bem vindos a rabo de peixe. Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. É este o caso? Pergunta simples é passado tudo em rabo de Peixe, vila piscatória açoriana onde, em 2001 deu à costa uma tonelada e meia de cocaína nascida de um veleiro castigado pelo mar. E esse facto histórico que inspirou o autor e realizador Augusto Fraga a inventar e a filmar a série portuguesa que chegou ao sétimo lugar do top mundial da Netflix.
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JORGE CORREIA
O sucesso foi tão grande que vai haver uma segunda temporada rabo de peixe encher o olho de uma maneira ou de outra. A série é a vila piscatória entre a luz e as reviravoltas da narrativa. No caso da série entre o mar e a terra, entre a dificuldade que é viver neste sítio e a esperança de fugir para emigrar para a América.
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JORGE CORREIA
A história e os actores enchem a alma, mas as pessoas de Rabo de Peixe ainda enchem mais a alma. Vale a pena visitar esta vila piscatória? Rabo de Peixe é uma série sobre a possibilidade, sobre a oportunidade de mudar a sorte da vida. E essa sorte ou azar veio em forma de fardos de cocaína que dão à costa neste local da ilha de São Miguel.
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JORGE CORREIA
Em 2001, e de como este facto modifica de forma radical a vida na localidade, das histórias pitorescas da venda de cocaína a copo ou como farinha para fritar filetes de peixe, as vidas desgraçadas vidas despedaçadas pela toxicodependência. Quero deixar um aviso. Falei com Augusto Fraga, gravei este programa, falamos sobre a história de Rabo de peixe, da série e de uma maneira ou de outra, alguma revelação do enredo.
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JORGE CORREIA
Se já viram a série, podem continuar a ouvir tranquilamente. Quanto aos outros, é hora de decidir se preferem ver a série primeiro ou ouvir este programa e depois irem a correr ver a série, porque é isso que vai acontecer, tenho a certeza, até porque vamos ver de perto o personagem interpretado pelo ator Albano Jerónimo. E essa personagem é mesmo extraordinária.
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JORGE CORREIA
Mas esta conversa vai mais fundo para podermos falar de desigualdade de ricos e pobres, de dificuldades e de oportunidades. Afinal, ter nascido em sítios como rabo de peixe ou outros semelhantes pode marcar o futuro para sempre ou pelo menos obrigar a um esforço muito maior para atingir uma vida boa. Chegados aos sete de filmagens, urge perguntar quem é o realizador?
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JORGE CORREIA
Já sei. É aquele homem, aquele ali, o homem do chapéu.
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AUGUSTO FRAGA
Também, que está.
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JORGE CORREIA
Ótimo.
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AUGUSTO FRAGA
Muito bem. Este é um dos problemas que eu tenho face à coleção de bonecos. Não faço coleção, comprimidos, bonés e depois eles estragam o seu percurso e compra outro.
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JORGE CORREIA
E ficas com desgosto por ter. Não. Não de.
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AUGUSTO FRAGA
Todo. Mas vou sempre comprando e vou perdendo. E vou estragando. E vou. Não é uma coleção organizada e caótica, mas gosto de bonés. Ou seja, é um gasto, dinheiro inutilmente.
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JORGE CORREIA
Não existe alguma razão para ter essa vontade de comprar bonés.
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AUGUSTO FRAGA
Eu, quando comecei como realizador, tive a sorte de ter um mentor que não senhor. Muito mais velho. Nós estamos a gravar.
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JORGE CORREIA
Não podemos, podemos. Está tão pronto. Já está a gravar muito bem.
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AUGUSTO FRAGA
Então, quando eu comecei que meu realizador haviam sido mais velho que você, devia estar em Barcelona e o Chaves. É sempre importante ter os quando chegar ao set. Quando comecei tinha 20 e poucos anos. Quando chegaram a certeza alguma coisa notória. Uma t shirt com o Mickey é uma coisa ou um boné ou qualquer coisa. Para que é porque toda a gente que chega um certo número pergunta que é que o realizador é e ele diz isto não tivesse nada.
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AUGUSTO FRAGA
Vamos dizer em que lugar de guarda ali ao fundo. Ou talvez até um bocado estranho tudo dessa maneira. O pessoal, todo aquele boné.
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JORGE CORREIA
É uma assinatura que te permite, no fundo, ter de assinar dessa maneira, como quer ser distinguido logo à cabeça.
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AUGUSTO FRAGA
Proteger dos seus próprios defeitos deles, em vez de olharem para ti, dizer que ele tem uma cara um bocado estranha ou dizerem é aquilo que é mais esquisito ou que ele tem uma pronúncia estranha, o Ford Disney. O caso do boneco porque.
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JORGE CORREIA
Nós habitualmente vamos, vamos sempre à procura de encontrar a caricatura, a caricatura. Estamos sempre à procura dessa característica distintiva que, no fundo, no tempo do politicamente correto. Agora até é quase arriscado fazer uma caricatura de alguém, não é, por certo, certo?
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AUGUSTO FRAGA
Mas em conversa privada, sabe que pode ser que seja um alguém que seja, que acabou de chegar, que não percebeu. E ele disse me Isso tem que andar sempre numa cena. Nunca foi de artes com piada e é para pensar. Escrevo como Salazar e depois, com a idade, pensei que era assim. Mas depois ver que o que os realizadores de verdade dos dias usam boné e pensar Olha caçadores é um inimigo.
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JORGE CORREIA
E portanto já já tem uma pré marca feita. Olha como e como é que estás a lidar com o sucesso.
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AUGUSTO FRAGA
A pior do que pensava nunca foi uma coisa que me interessasse de todo. Nunca, nunca. O sucesso da série não é meu, mas não é uma coisa muito fácil de gerir, porque gosto estar muito protegido. Gosto da minha vida toda. Fecharam me a fugir da exposição, até porque as palavras exposição é uma palavra interessante que se usa muito pouco ovina quando estamos expostos.
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AUGUSTO FRAGA
E a exposição também é contagiante e também nem sempre é boa, é? E agora? Pronto, tocou me para a frente deste projeto e dar a cara por ele. Mas não é muito fácil de gerir. Tenho a sorte de ter uma família muito normal e muita gente na Terra e fazem me sentir imediatamente que sou uma pessoa normal.
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JORGE CORREIA
Como é que é para quem nos apanhou assim a meio? Tu és o Alma Mater da série Rabbit de Peixe. Está no Netflix obrigatório ver. Já agora, aviso às pessoas nós vamos falar da série, obviamente. Atenção a alguma revelação ou alguns. Pode alguém, por acaso sensível a isso e não quer estragar a história de tudo? Mas mas atenção e algum detalhe que possa sair, portanto, vejam a série depois o seu programa se calhar já tem o sucesso para ti, que quer dizer o quê?
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JORGE CORREIA
Temos um quase embriaguês do sucesso que é olhar e dizer assim. Rebate a toda a gente a dizer que que seria extraordinário e sou o maior. E agora, o que é que o faz com isto?
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AUGUSTO FRAGA
Eu, por um lado, não personalizou em mim. Certo? Esta série. E não é por ser um filme, não é? Não sou de todo o único responsável por esta série e sei que é um bocadinho clichê dizer que a gente ajudou muito, que é. Apesar de cumprimentar alguém que lidera o David é que teve uma ideia e que que é que pensou que seria interessante fazer?
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AUGUSTO FRAGA
Mas depois houve pessoas muito boas em cada área que sabiam fazer aquilo que eu queria fazer. A começar pelos escritores, por um lado, mas também pelos da equipa artística, de tornar teatro, fotografia, editores e a Patrícia Sky, outro realizador que trabalhou comigo e um avião. E que o elenco seja um sucesso dessa série. De facto, sei que é um clichê, mas de facto divido por muita gente.
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JORGE CORREIA
Olha, se tu perguntar se me é e percebi que é uma pergunta que tu estás a fazer às pessoas e que é que disse? Devolvo uma e que é? Qual é o segredo deste? Desta série? Qual é o segredo do sucesso? Porque o que aconteceu para nós portugueses seria uma série que nós veríamos sempre em Portugal e nos Açores.
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JORGE CORREIA
Portanto, é algo que nos sentimos imediatamente identificados como se a série fosse no Porto ou em Évora, nós iríamos sempre ver. O ponto é que esta série, de facto, representa um sucesso a nível internacional, como noutros noutros países que não só Espanha aqui ao lado, porque podia haver também esse contágio. Qual o segredo? Onde é que.
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AUGUSTO FRAGA
Eu acho que o sucesso em Portugal, que é o nosso grande objetivo, é notório pela quantidade de pessoas que viram a série, ou seja, é que acabaram a série e eu obviamente não posso revelar esses dados, nem nem me toca. Mas foram muitas.
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JORGE CORREIA
Mas a estatística não é, portanto, para as plataformas de cima. E não para ver exatamente quem é que está a ver quantos episódios consumir. Quando existe um episódio, quando em que voltaste.
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AUGUSTO FRAGA
Às plataformas de streaming, nem tenho informação toda de quando. Até quando? Quantas vezes tudo foi visto? Eles sabem exatamente. Não é a pessoa, porque acho que isso não está sinalizado, mas aquela conta. Quantas vezes viu, quanto tempo de ver, se de tudo.
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JORGE CORREIA
Ou não isso é útil para ti? Para, por exemplo, ter curiosidade de saber esta cena aqui extraordinária, se ela funcionou ou não, sei lá. Agarro as pessoas ou não. Não sei se consegue ter essa granularidade.
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AUGUSTO FRAGA
Eu imagino que agora já estou a especular, mais do que a saber, o mesmo que que que a Netflix e as duas plataformas de streaming conheçam, por exemplo, pontos de abandono. Eu não tenho essa informação de todo o dia. Isso é uma informação que só é deles e assim deve ser. Para mim é só interessante porque faz me aprender sobre a natureza humana, saber.
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AUGUSTO FRAGA
No nosso caso, nesta série. Mas há noutros que um ponto de abandono tentar perceber porque pode ser interessante, o que não quer dizer que no futuro não se repita esse mesmo uma cena do género, porque é importante para a narrativa ou é importante para o desenvolvimento das personagens. Mas é interessante saber o porque é que, porque onde é que o espectador desliga o ou os episódios que foram revistos mais vezes.
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AUGUSTO FRAGA
Por exemplo.
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JORGE CORREIA
O vocábulo quem olha vai ver aquele episódio, olha aquilo. O episódio cinco aqui é aquele que é imperdível. Não pode, não podes. Estou a pensar uma série de também na jogo de 1000, que é o atual fase que eu acompanhei. Estava atrasado ainda e alguém disse Tens que ver o episódio. Acho que é o seis ou cinco, mas porque não te digo uma vez?
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JORGE CORREIA
Mas houve ali um impacto. O velhinho parte as pessoas, conta me como é que é que caiu a ficha? Onde é que desaparece essa ideia? Epifania, no fundo, de dizer eu quero fazer rabo de peixe antes de rabo de peixe. Ser rabo de peixe.
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AUGUSTO FRAGA
Não é, obviamente, um evento real. Já já já era conhecido de todos nós açorianos. Sabíamos desta ideia de um barco que chegou e que teve esse problema no leme que acabou por tudo. Na carga chegaram as praias e os portos do norte da ilha de São Miguel. Mas isso não é de facto, a história de Rabo de peixe.
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JORGE CORREIA
E a carga é a cocaína, a.
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AUGUSTO FRAGA
Carga de cocaína.
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JORGE CORREIA
E por.
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AUGUSTO FRAGA
Isso a importação era tranquila.
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JORGE CORREIA
Não sou frigoríficos, não é tabaco, é cocaína que no fundo acaba por chegar à terra numa das populações. Para quem não conhece, numa das populações mais pobres de Portugal.
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AUGUSTO FRAGA
Estatisticamente, talvez aí torne a história ainda mais dramática, piscando contraste. Não é de uma população que era inocente, é pura e de alguma forma isolada de muitos problemas sociais que se viviam no resto do mundo. E é logo aí que vai cair essa substância que é tão problemática, tão, tão cara, tão procurada e ao mesmo tempo ilegal. Portanto, teve ali uma dramatismo.
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AUGUSTO FRAGA
Mas a história de Rabo de peixe, de facto, é muito pouco sobre isso e muito mais sobre um grupo de amigos. E um porque um vá a um rapaz normal que vê a possibilidade de mudar o seu destino. Eu acho que se me perguntar como é que eu rodovia rabo de peixe, o que é que é a essência do rabo de peixe?
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AUGUSTO FRAGA
Para mim, esta ideia de podermos mudar o nosso destino ou a pergunta porque é que uns nascem pobres e outros nascem ricos, seja em cultura, seja em economia, seja em oportunidades. Esta ideia de eu, que eu sempre acreditei na ideia do mérito, da meritocracia, que os melhores merecem chegar mais longe. Mas isso se for aplicado como metáfora, uma corrida de 100 metros.
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AUGUSTO FRAGA
É certo que uns vão ganhar, mas é que nem todos partem do mesmo sítio.
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JORGE CORREIA
Há uns que partem atrás.
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AUGUSTO FRAGA
Os que partem muito atrás.
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JORGE CORREIA
E, portanto, para se chegar ao mesmo sítio ou têm que correr muito mais ou então quase, se nós formos, se calhar realistas, até podem nem sequer chegar ao sucesso.
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AUGUSTO FRAGA
E sabes, isso é uma questão muito pessoal que sempre me pareceu que sempre me chocou de alguma forma, porque eu estudava na escola primária com os meus colegas.
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JORGE CORREIA
Tu és dos Açores, sou.
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AUGUSTO FRAGA
De São Miguel.
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JORGE CORREIA
São Miguel, da própria ilha.
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AUGUSTO FRAGA
E da própria ilha. Vila Franca, que é o pavilhão.
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JORGE CORREIA
O sítio onde os melhores bifes de Portugal são para ninguém sabe pelo menos comer um bife de vaca mais tenra do que em Vila Franca. Naquela cooperativa da.
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AUGUSTO FRAGA
Cooperativa da Ribeira Grande. Mas sim, mas a associação agrícola. Exato. Não é claramente o meu restaurante favorito em São Miguel, porque não.
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JORGE CORREIA
Merecem toda a publicidade do mundo.
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AUGUSTO FRAGA
Se são brancos é incrível. Não só, mas o São Miguel Lugar, falando em economia, é muito interessante e gosto muito disso, porque há muitas marcas locais que foram protegidas e se mantêm, e não só. Obviamente, a qualidade da carne com a Lula declarado, do beijo do atum, grandes marcas conhecidas no continente.
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JORGE CORREIA
As vacas felizes.
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AUGUSTO FRAGA
E felizes com terra nostra ou um petisco ou muitas outras marcas, pois além dessas, há muitas marcas de bolachas, de maçã.
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JORGE CORREIA
De veado, de imensos produtos.
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AUGUSTO FRAGA
O procedimento é feito lá, ou seja, o tabaco que não é, não são um detalhe a produzir lá dos Açores. Tem uma economia muito além dos EUA, com.
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JORGE CORREIA
O chá Gorreana.
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AUGUSTO FRAGA
O chá de Viana, os ananases e agora não conseguimos tudo. Mas os Açores são muito interessantes, como muitas, muitas marcas, a cerveja, a melhor cerveja de Portugal, na minha opinião, apesar de trabalhar para outras marcas, muitas vezes a Abreu, porque é uma cerveja local e que muita qualidade na minha parte não sou especialista, sim.
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JORGE CORREIA
Eu gosto muito da cerveja e de facto é de facto boa. Mas isso, aliás, é uma marca distintiva porque tu estás a falar dos produtos e estou a pensar que quando eu vou aos Açores, a manteiga sabe mesmo a manteiga.
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AUGUSTO FRAGA
Manteiga, milhafre e podia dar mais 15 marcas de manteiga. Incrível! Tanto San Miguel como da Graciosa, como do Bico, como das flores. É muito interessante como os Açores, por os Açores. Esta história também vai estar ligada a esta ideia do andar de algo, de de daquilo que é o desfavorecido, mas que consegue prevalecer, que é a.
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JORGE CORREIA
História.
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AUGUSTO FRAGA
Do nosso protagonista na série que é a história dos açorianos perante os continentais, que é a história dos portugueses na Europa que somos, somos sempre o nós com que a minha carreira foi feita, quase tudo fora de Portugal e eu sempre me senti o que vinha do sítio, que tinha começado a correr muito, muito mais atrás que os outros, contou a estudar a Nova Iorque e os meus colegas já vinham de uma tradição de cinema americana ou em Espanha a o que a própria cultura que é a do cinema.
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AUGUSTO FRAGA
Quando eu estava em Barcelona, isso era incrivelmente superior à que eu tinha aqui, os meus pares. Portanto, eu vinha muitos desfavorecidos. Estou a falar muito em particular. Eu sou um privilegiado em termos de família. Nunca tive dificuldades mais do que os normais. Meus pais tiveram um trabalho e sempre estavam más, mas era. Era um, tinha de começar a mais atrás do que os outros, de correr mais ou mais rápido.
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JORGE CORREIA
E tinhas essa noção.
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AUGUSTO FRAGA
Claramente essa noção. E isso desde o ponto de vista de alguém que se sente altamente privilegiado por não ter tido excluídos, pois para comer e para ter uma casa é um teto. Portanto, quando quando eu olho para esta história em perguntas, qual é o êxito desta história? Eu acho que esta história fala de muita gente também. Todos nós sabemos que que temos que correr muito para chegar aos mesmos sítio que outros chegam à partida.
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AUGUSTO FRAGA
Já começam aí e hoje de manhã, antes de antes, temos esta conversa. Eu lembrei me de um poema que tinha lido há muitos anos que que teve na base, não teve na base isto nunca. Talvez os escritores que escreveram que morreram por isso nem sabem isto. Mas era era um ponto de vista, um paradigma que estava por trás de escritores altos, pois isso não tem por fazer o poema.
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JORGE CORREIA
Vamos embora.
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AUGUSTO FRAGA
Portanto, um primo do senhor Eduardo Galeano, que é um poeta uruguaio que eu acho que resume o que eu acho que é a essência do rapaz que diz que sonham as pulgas em comprar um cão e os ninguém deixar a pobreza que algum dia, mais do que de sorte, chova a boa sorte a cântaros. Mas só só sorte.
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AUGUSTO FRAGA
Não só ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca nem moço vinha de boa sorte. Caiu do céu, por mais que ninguém a chama. E mesmo que consiga a mão esquerda, que se levante meu pé direito ou comece o mundo rodando vassoura, os ninguém, os filhos, ninguém de nada, os ninguém, os meninos correndo soltos, morrendo a vida fudidos e mal pagos que não são, embora sejam, que não falam idiomas, mas dialetos que não praticam religiões, mas superstições que não fazem arte, mas artesanato, que não são seres humanos, mas recursos humanos que não têm cultura nem folclore, que não têm trato, que não tem cara, têm braços que não têm nome, têm número e que não aparecem
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AUGUSTO FRAGA
na história universal. Aparecem nas páginas policiais da imprensa local os ninguém que custam menos que a bala, que os matam. Vou mencionar agora, mas é uma bosta este poema em crioulo que resume esta ideia de por que é que nos começam aqui, onde começa mais outras mesmo esta frase porque não tem cultura, tem folclore, não tem arte, mas artesanato.
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JORGE CORREIA
É quase uma menorização quase da desgraça. Nunca se vai curar.
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AUGUSTO FRAGA
É uma visão da elite do que fazem os desfavorecidos. Ou seja, nós começamos a série do artesanato não é oferenda arte porque eles não estudaram no país, não estudaram em Londres, não.
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JORGE CORREIA
Tenham têm estudos para fazer.
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AUGUSTO FRAGA
Arte. Não deixa de fazer.
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JORGE CORREIA
Arte por mais belo que seja, por mais extraordinário que seja, por mais enfim, valioso que seja.
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AUGUSTO FRAGA
É a visão do ser humano de porque é que o fazem a tudo, fazendo também porque, como tem religiões junto superstições, não deixa de ser a história dos mais fortes contra os mais fracos. E e eu acho que esteve e não estou a romantizar, nem quero tornar isto um conflito político de tudo. Mas esta ideia de porque é que uns, porque é que nos nascem aqui e tem todas as possibilidades, oportunidades e outros que nascem sendo os mais acima está ou porque é que nascem de um lado da fronteira do outro lado da fronteira?
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AUGUSTO FRAGA
Porque é isso o não ser fisicamente? A família que está em estado social, que tem.
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JORGE CORREIA
Ou posso modificar um bocadinho a pergunta porque que a elite insiste em incrementar essa diferença ao invés de a mitigar, pode ser o problema central de que tu quiseste demonstrar aqui também.
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AUGUSTO FRAGA
Eu não sou sociólogo, nem nem politólogo, nem tenho conhecimento suficiente para saber que é que essa, porque é que se perpetua isso, mas sempre pareceu injusto. A solução me parece injusto e é que quando nós escrevemos rabo de peixe estava na nossa mente. Claro que nós também nos sentimos como realizadora, como escritora ou como nós sentimos que somos os que começam mal muitos metros atrás, quando comparamos com nossos colegas suecos ou espanhóis ou americanos nesta coisa de contar histórias, porque é que se perpetua isso?
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AUGUSTO FRAGA
Eu, a natureza humana, imagino eu de. De. De vontade de dominar não só quando tu.
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JORGE CORREIA
Tu escreveste a história. Isto tem uma coisa engraçada em termos de estrutura de narração que tu descreve o primeiro episódio que o escreves, a primeira ideia da história. Mas depois lá está a ideia de equipa. Tu vais fazer um casting de escritores de juntas, malta da escrita da palavra, o João Tordo. Vou ser injusto com os outros todos.
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JORGE CORREIA
Mas eu sou seu fã da escrita de João Tordo. Como que quando as mãos estavam a escrever.
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AUGUSTO FRAGA
Isto nós éramos cinco.
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JORGE CORREIA
Cinco.
00:21:55:08 – 00:22:09:05
AUGUSTO FRAGA
Seja o processo de criação do nome de uma série. Pelo menos nós usamos o processo habitual internacional, que é a criação de uma sala de escritores, uma noite azul que nos reuníamos todos os dias, durante vários meses.
00:22:09:05 – 00:22:09:21
JORGE CORREIA
Fisicamente.
00:22:10:02 – 00:22:15:14
AUGUSTO FRAGA
Fisicamente, como era possível ler se, não via zoom porque era estar altura, meio pandemia ainda.
00:22:16:05 – 00:22:19:12
JORGE CORREIA
E como e como é que é o processo? Como é que? Como é que se escreve mesmo isso?
00:22:19:16 – 00:22:44:16
AUGUSTO FRAGA
Ou seja, essas reuniões são para tomar as grandes decisões das personagens e do piloto, claro. E depois de muitas reuniões vamos tomando notas, vamos fazer. Há muita conversa genérica, há muitas possibilidades que se abre de reforçar a ideias malucas nos tempos em que eu mandava, entre aspas, de trabalho. Não tem data marcada para o João Paulo Gonçalves, mas havia sempre uma ideia de olha para a manhã.
00:22:44:16 – 00:23:13:24
AUGUSTO FRAGA
Difícil pensar nisso. Havia sempre esta coisa de o que eu chamava What is what? É que é isso que é amanhã? Entrevistou Francisco Lopes, Alfredo Maia, médico que são dois escritores que estavam na sala, também vinham com ideias malucas dessas ideias malucas. Surgiu, por exemplo, já não sei da mão de Caim, não é? Portanto. Mas a ideia de o interessante é que os protagonistas, quando finalmente dizem que a nossa vida vai melhor, atropelam o italiano que para quem não viu o primeiro episódio, vai descobrir.
00:23:13:24 – 00:23:14:14
AUGUSTO FRAGA
Me sinto um perigo.
00:23:14:21 – 00:23:24:03
JORGE CORREIA
Portanto, quando os personagens estão no limiar de acontecer uma coisa maravilhosa, pumba, o Deus pega num raio e da cabra aquilo, claro.
00:23:24:03 – 00:23:46:10
AUGUSTO FRAGA
Até porque o deus x máquina, que é esta intervenção divina na narrativa que vem salvar o protagonista neste momento não funciona para o bem e para o mal. Não. Quando a casualidade vem estragar tudo, estava com um exemplo interessante. O espectador diz Não, não pode ser, mas aceita que o mal casual acontece menos melhores do que o bem.
00:23:46:10 – 00:23:50:21
AUGUSTO FRAGA
Em caso de acontecer.
00:23:50:21 – 00:24:19:07
JORGE CORREIA
Estão a gostar da pergunta? Simples. Estou a gostar deste episódio. Sabia que um gesto seu me pode ajudar a encontrar e convencer novos e bons comunicadores para gravar um programa que gesta esse subscrever? Na base da pergunta, sempre pronto, como tem lá toda a informação de como pode subscrever. Pode ser por email, mas pode ser ainda mais fácil subscrevendo no seu telemóvel, através de aplicações gratuitas como o Spotify, o APL ou o Google Podcasts.
00:24:19:17 – 00:24:45:01
JORGE CORREIA
Assim, cada vez que houver um novo episódio que aparece de forma mágica no seu telefone, é a melhor forma de escutar a pergunta simples por que que é tão divertido? E estás a falar desta cena? Porque que é tão divertido para personagens bons ter acontecido uma catástrofe e nós temos vontade por um lado de rir. Não é porque aquilo é uma desgraceira, não é conta.
00:24:45:08 – 00:24:57:18
JORGE CORREIA
Aconteceu ali uma desgraça, uma morte. Mas, apesar disso, o nosso espírito humano, por um lado, primeiro e aí não pode. Então, mas como é que aconteceu isto? Mas, por outro lado, e deixa lá ver como é que ele se salva agora?
00:24:58:14 – 00:25:22:21
AUGUSTO FRAGA
É interessante porque nós estávamos e era muito engraçado até nas filmagens, porque eram cenas muito dramáticas. E os atores nos times, os atores incríveis, o Zé Condessa Elena, o Rodrigo Tomás e o André estava mesmo dentro. Eles não estavam a fingir nada e eu lembro me, por exemplo, de uma cena no segundo episódio. Igual pode. Nesta altura já tinha visto a série todo.
00:25:23:01 – 00:25:27:01
JORGE CORREIA
Se não ouviram, também também não merecem nem merecem ouvir isso de está.
00:25:28:11 – 00:25:54:02
AUGUSTO FRAGA
Mas há uma cena em que eles estão de decisão, porque não há muitas decisões e isto fala da inocência deles nas decisões que eles tomam. São basicamente todas erradas. Ou seja, quando eles dizem não, não é que tem alguma lógica, tem a ver com a maneira como eles vêm a si próprios, como dizem do plano de um turista italiano que pensavam que eram turistas naquela altura porque viram um passaporte italiano, mas descobrem que afinal estava se lá a droga que tinham encontrado e disseram o que a polícia não chamar a polícia?
00:25:54:10 – 00:26:06:21
AUGUSTO FRAGA
O que é que a polícia vai pensar de três miúdos com cocaína num carro que atropelam polícia italiana? Portanto, o estigma está atrás, mas eles acham que vão ser considerados culpados, porque são três miúdos.
00:26:07:09 – 00:26:10:13
JORGE CORREIA
Eles já são culpados, independentemente daquilo ter sido um grande azar.
00:26:10:14 – 00:26:28:19
AUGUSTO FRAGA
Exactamente. E então tomam a decisão errada do vários corpo. Arrancam pés como deles. Têm as ferramentas de esconder o corpo, de esconder o corpo e dizer vão se desfazer porque obviamente tinham visto filmes. Havia sempre a narrativa de Ela trabalha no videoclube. O Eduardo gosta muito de filmes que já não veem muitos filmes novos, os filmes de ação típicos da época de 2000 para trás.
00:26:30:00 – 00:26:38:00
AUGUSTO FRAGA
Portanto, esta ideia de fazer do corpo um clássico no cinema é uma ideia errada, porque se ele decidirmos agora, olha para um como eu não faço ideia por onde começar e.
00:26:39:02 – 00:26:39:20
JORGE CORREIA
Cortamos o que.
00:26:40:14 – 00:26:41:06
AUGUSTO FRAGA
Teoricamente.
00:26:41:10 – 00:26:43:16
JORGE CORREIA
Vale. Vamos desfazer a linhaça. E, como vimos num filme.
00:26:43:17 – 00:26:49:17
AUGUSTO FRAGA
Exactamente dessa ideia, vamos contar o que estávamos para aí. Como é que costumam fazer com que.
00:26:49:17 – 00:26:50:10
JORGE CORREIA
Faca os desenhos.
00:26:50:10 – 00:27:17:10
AUGUSTO FRAGA
Para coreografar? Que, como é que se corta? E ele? Nós pusemo nos sempre no lado deles. Estes miúdos não são gângsteres, não são. Eles são putos de várias. São jovens adultos, de uma sociedade como a nossa, que não têm, não têm experiência e por isso tem tempo. Não é assim que faz, mas que é uma ideia burra. É então, a certa altura, numa cena super dramática, eu estava mesmo metidos e eu lembro me de cortar o cabelo que não estava feita.
00:27:17:10 – 00:27:29:07
AUGUSTO FRAGA
Corta e é o Rodrigo Tomás que faz a personagem do Rafael para eu ir lá agradecer porque era o que eu mais repeti nesta filmagem. Porque, de facto, os atores foram mesmo incríveis.
00:27:29:10 – 00:27:31:18
JORGE CORREIA
Repete se muitas vezes. As cenas agora são parelhas.
00:27:31:23 – 00:27:55:06
AUGUSTO FRAGA
Repete como nós filmamos com o Simone Câmara. Ou seja, ao contrário da televisão, no cinema eu acho que hoje em dia a única diferença que há de facto entre televisão e cinema é o facto de ser filmado com uma lógica de uma câmara ou uma lógica de multi câmera que não quer dizer que se houvesse uma quebra no set havia três câmaras no fim, mas nós não fazíamos para explicar isto.
00:27:55:14 – 00:27:58:22
AUGUSTO FRAGA
Nós não filmávamos para isso diferentes ao mesmo tempo, nunca tanto.
00:27:58:22 – 00:28:04:05
JORGE CORREIA
É como se tivesse uma mesma câmera que filma toda a ação em todo momento. É essa a ilusão que nós temos, certo.
00:28:04:12 – 00:28:35:19
AUGUSTO FRAGA
Seja humano que eu aconteceu, mantive esse fundo. Essa luz é para prestar ângulo. Quando volto com o corpo plano ou reforçando, a luz é ajustado para este plano visualmente. A série, na minha opinião, está muito bem conseguida pelo Jankowski, facto filmado como se filmar em cinema, apesar de ser para televisão, porque depois esta coisa do cinema e a televisão facção sou meio nua, já não em película, portanto essa diferença já morreu nos dois que quase não se aplicam.
00:28:36:06 – 00:29:00:01
AUGUSTO FRAGA
Só alguns privilegiados em Almeida conseguem, infelizmente. Portanto, a televisão em cinema, os homens nas câmaras, mas depois na televisão pura e dura, usam o sistema de multicamada, em que há uma luz muito mais genérica para não haver sombras para todos os ângulos por menos de 30 graus. E isso faz com que o trabalho de luz ou o detalhe seja diferente do que em cinema.
00:29:00:09 – 00:29:03:04
JORGE CORREIA
Não é muito caro produzir luz com essa qualidade.
00:29:03:05 – 00:29:30:01
AUGUSTO FRAGA
É muito caro e muito caro. Porque? Porque? Porque cada plano, seja, ou seja a luz, não pode haver uma e a luz do plano fechado é outra, ou seja, é ajustado para um plano fechado. Nós não temos duas câmaras em paralelo. Uma fazer o plano aberto a fazer o plano pessoal, até porque a linguagem de lentes não seria coerente com o sistema de filmagem, que é o de cinema, apesar de que a série é vista em televisões e perde se embora.
00:29:30:01 – 00:29:40:02
JORGE CORREIA
Hoje nós sim. Aqui em casa temos televisões, grandes projetores e portanto conseguimos ver ideia disto. Passar no cinema não é uma coisa que neste momento seja uma possibilidade.
00:29:40:02 – 00:30:00:21
AUGUSTO FRAGA
Eu quero, que eu saiba, não seja a plataforma Netflix. E houve há alguns anos que havia aqui um pequeno contraste entre perfeitamente, como ao ver quando era presidente do júri de Cannes, ele uma ideia de podem as séries feitas para a plataforma para uma plataforma de streaming e ir para um festival de cinema ou não. Eu acho que isso está ultrapassado de prova, está nos últimos.
00:30:00:24 – 00:30:01:23
JORGE CORREIA
Se tiverem qualidade, sim.
00:30:02:14 – 00:30:05:08
AUGUSTO FRAGA
Acho que acho que já não é. E acho que já está ultrapassado.
00:30:05:10 – 00:30:14:11
JORGE CORREIA
Olha, voltamos outra vez à cena do cadáver, portanto, diz, a cena está filmada. Eles estão com o cadáver, estão a ver como é que se desfazem do cadáver. Dizes Corta e esta cena está excelente.
00:30:14:21 – 00:30:42:21
AUGUSTO FRAGA
Eu via perfeitamente do Rodrigo agradecer ao Rodrigo, ele abraçar me e continuar a chorar porque o Rodrigo não estava a fingir. Ele estava lá mesmo. Ele e os outros atores. E é aquilo. É muito difícil de recuperar, pois eles entram tanto uma coisa que nós falávamos muito, que eu usei uma frase que não é minha, mas que que acho que resume a minha maneira de entender a direção de atores que é a Câmara.
00:30:42:21 – 00:30:45:22
AUGUSTO FRAGA
Sabe o que tu pensas?
00:30:45:22 – 00:30:50:09
JORGE CORREIA
Não, não vale a pena tentar fingir porque o falso vai saltar logo.
00:30:50:17 – 00:31:06:12
AUGUSTO FRAGA
É o que tu pensas. Ou seja, tu estás dependente da tua próxima fala. Câmara, sabes, estás se não estás nervoso por outro canal, por outra questão ou pensar será que vou fazer avançar, que tenho um impacto? A Câmara vai matar, está estás desligado da cena?
00:31:06:17 – 00:31:08:05
JORGE CORREIA
Ou está ou não estás ou.
00:31:08:05 – 00:31:19:07
AUGUSTO FRAGA
Estás mesmo ou não metade, o que é muito, um esforço muito grande e só grandes atores e conseguem porque realmente têm que ir buscar dentro deles. Obviamente eles nunca se fizeram, nunca um do outro.
00:31:20:07 – 00:31:22:17
JORGE CORREIA
E isso é que era uma notícia que eu não gostei.
00:31:23:14 – 00:31:53:19
AUGUSTO FRAGA
Pois teremos de mas tem que ir buscar dentro deles situações que possam de alguma forma ter contacto com as emoções que eles estão a sentir ali e revivê las. E isso é muito duro porque imagina que tu, para dar um exemplo, que tu tens que viver coisas que tu dói muito quando queres entrar dentro de uma cena de dor, revivê las uma e outra vez de outro tipo, que é outro tique, outro, sem que isso nunca seja só superficial, porque a Câmara sabe o que tu, pensativo, está a sentir e.
00:31:53:19 – 00:31:57:21
JORGE CORREIA
Quase os atores estão quase em permanência a desenterrar os seus próprios cadáver.
00:31:57:24 – 00:32:24:06
AUGUSTO FRAGA
Mas sem dúvida, por isso é que por isso é que são tão delicados e têm que ser tão protegidos, porque ser ator vai muito mais além do que uma fala. De facto, essa fala tem um subtexto, tem uma intenção e para que essa intenção seja real e o espectador perceba como real, tem que desenterrados dentro deles coisas, experiências que estão dentro.
00:32:24:07 – 00:32:45:23
AUGUSTO FRAGA
Não é isto com atores mais novos, talvez ainda é mais delicado. Porque? Porque, porque eles quando vão é sobretudo acordar todos que tínhamos. Eles vão mesmo. E depois? E isso depois de seis takes, eu lembro o Rodrigo vem falar comigo com a chorar e dizer não posso fazer isto porque não sou um cara profissional e não sou eu, não sou uma marionete.
00:32:46:16 – 00:33:06:01
AUGUSTO FRAGA
Eu disse me com tanta honestidade que era muito difícil para ele e em paralelo com isto, e isto é essa questão de tentar fazer do cada apresentador de um dia para o outro. Em cena temos tudo o que foi o Rodrigo. Falámos e eu percebi também o que eu queria dizer. Isto não quer dizer porque tu, como realizador, vais puxando.
00:33:06:23 – 00:33:08:23
JORGE CORREIA
Sei lá ver o que é que até onde é que isto ele vai.
00:33:09:17 – 00:33:30:08
AUGUSTO FRAGA
Mas eles são o mais importante de todos, o do filme. Não há nada mais importante. Os atores e não digo importância para bajular ou para por uma questão de extrema importância na transmissão das ideias e do que nós queremos. Onde queremos chegar? Porque isso, para chegar realmente ao espectador, é acreditar como verdadeiro que é o suspense desde Alive.
00:33:30:09 – 00:33:44:08
AUGUSTO FRAGA
Não é que acredita que aceita que aquele universo é possível? Tem que ser muito real. E isso para dizer o que nesse contexto, um ator que entregou tudo e o Zé estava super é Helena. Muito, muito, muito dentro da cena.
00:33:45:04 – 00:33:47:18
JORGE CORREIA
A Helena é a namorada do nada.
00:33:48:09 – 00:34:11:09
AUGUSTO FRAGA
Na caldeira e nesse contexto, quando tu faz, explode essa cena. Nós vimos o que é isso? Eu não posso ir preso ao famoso. Eu está a dizer aquilo desde a sua máxima inocência, porque que era famoso a sido e falava. E o que eu pensando que ele foi e que é uma relação muito humana, não é tipo numa situação dessas que passa pela cabeça que não pode ser preso, que famoso.
00:34:11:09 – 00:34:21:17
AUGUSTO FRAGA
Isso para nós, como espectador, é hilariante e dá nos a grande vantagem de nós podermos viver uma. Sou um estranho.
00:34:22:08 – 00:34:27:02
JORGE CORREIA
Já não sei por um. São estranhos até por nenhum. É o cadáver que está dentro.
00:34:28:10 – 00:34:38:10
AUGUSTO FRAGA
Dando a opção de poder viver uma situação super dramática para sentar lá e emergir do cinema. Nós vivemos mundos que não podemos viver na segurança de uma sala de cinema ou da nossa no sofá.
00:34:38:22 – 00:34:52:00
JORGE CORREIA
Eles são no fundo, eles são os catalisa dores. Quem faz o texto tem o tem o texto nós não somos, nós temos. Mas nós esquecemo nos do texto e conseguimos entrar, entrar lá e perceber porque eles nos levam para fora.
00:34:52:10 – 00:35:20:19
AUGUSTO FRAGA
O texto é o menos. Eu diria que é o menos importante da relação dos atores. E eu acho que atuar e ouvir é no sentido em que a relação entre duas personagens eles têm que realmente ouvir o outro e reagir. Aliás, muitas vezes eu no meu trabalho direção de atores para mudar ou para influenciar um ator falava com o outro que estava em contracena e pedir Olha, diz me esta frase, mas como se fosse uma acusação a agora.
00:35:20:23 – 00:35:23:09
JORGE CORREIA
Agora compreendo porque é a acusação de marionete.
00:35:23:21 – 00:35:26:01
AUGUSTO FRAGA
Certos de não.
00:35:27:14 – 00:35:47:13
JORGE CORREIA
Estou a provocar. Olha comigo como é que eu como é que eles se deixa? Olha, eu tenho, sou eu. Sou fã, sou. Sou absolutamente que que extraordinário. Um dos personagens, uma um dos atores que faz um personagem aqui, que é o Albano Jerónimo. Podemos definir o Albano Jerónimo na série Ele é o quê?
00:35:48:11 – 00:36:20:21
AUGUSTO FRAGA
O Albano Jerónimo, o cego que já era cego no Ensaio Sobre a Cegueira. Não estamos a falar que é aquela ideia de quando todo mundo fica cego. Os que já eram cegos têm uma vantagem. Portanto, a ideia era numa sociedade qualquer. E há também os que já estão metidos na trafulhice e nós achamos graça pelo sistema que ele tivesse uma oficina de carros, pequenos sítios que nós pensámos que era mais e ainda um sítio difícil de entrar e um se do meio, um dos homens a bater com ferro e que não sabe o que falar quando chega a uma oficina de carros.
00:36:21:05 – 00:36:27:20
AUGUSTO FRAGA
Tenham sido que ele estudou já por si e ele tem como negócio legal e abaixo disso tenho dois ou três negócios.
00:36:27:20 – 00:36:30:09
JORGE CORREIA
Eu e um cliente lá da terra.
00:36:30:14 – 00:36:39:08
AUGUSTO FRAGA
Exatamente. Ele está já metido nas jogadas e quando chega esta oportunidade ele diz Não, eu já anda a fazer isto porque não há muito tempo e eu mereço. Vocês não vão ver.
00:36:39:15 – 00:36:44:19
JORGE CORREIA
Como é que? Como é que vão ficar com cocaína. Se quem percebe verdadeiramente aqui do negócio sou eu.
00:36:45:17 – 00:37:04:00
AUGUSTO FRAGA
Sou para chegar ao banco. Eu foi das personagens, vocês. No caso do Albano, não fiz um casting para esta personagem, para ser o Albano. Não fiz um que eu acreditava que tinha que ser o Albano já há muito atrás e foi difícil. Com Albano faz imenso trabalho, está muito ocupado.
00:37:04:01 – 00:37:04:18
JORGE CORREIA
Como é que o convence?
00:37:04:18 – 00:37:20:10
AUGUSTO FRAGA
Esta fase existe muito. Primeiro existe muito em que em que lê se o guião, porque é o que digo. Ele está filmado, pois o Albano e ouve isso quando está num projeto, está nesse projeto, não está ligado aos outros. E o que é que é? O que tem que ser na.
00:37:20:13 – 00:37:21:09
JORGE CORREIA
Alma e coração de.
00:37:21:09 – 00:37:39:13
AUGUSTO FRAGA
Alma e coração que ele estava. Eu não sei se nessa altura eu estava lá. Até filmamos o filme do Tiago Guedes, que é incrível, que até ganhou o Prémio Sophia, agora de melhor ator, o rasto do Vento ou o Era Outro. Não me lembro, mas era difícil falar com ele porque eu estava mergulhado e tinha que estar lá e tentar um processo.
00:37:39:24 – 00:38:07:12
AUGUSTO FRAGA
O deadline de casting passou uma semana, passaram duas semanas. Nós já tínhamos mega passado para definir essa personagem, que é muito importante na série. E eu não quero enganar nunca o ovo. Geralmente, no plano do que era um boca acessível e a certa altura eu disse ao Van para conseguir o meu nome de ator Lisboa, e desde que fugiu com o Bernardo Almeida que todo o casting fomos ter com ele e foi quase um olho nos olhos dele.
00:38:07:12 – 00:38:29:23
AUGUSTO FRAGA
Albano quer me fazer esta série. Expliquei lhe porque e ele disse isso. Fez e disse estava em pleno e pronto. E foi isso de falar do Albano no valor, obviamente. E ele acreditou. Ele acreditou em mim, apesar de não ter razão nenhuma para isso. Obviamente, nós não nos conhecemos, já temos treinado.
00:38:30:00 – 00:38:43:02
JORGE CORREIA
Um Qual foi o fator X que? O que é que do achas que o convenceu mesmo nessa altura, num ator que tem obviamente um trabalho em barda? Não é esse o ponto? O que tu achas que que lhe fez brilhar os olhos?
00:38:43:17 – 00:39:08:05
AUGUSTO FRAGA
Pois é uma boa pergunta. Eu acho que foi importante eu falar com ele pessoalmente e sei que isto é um bocado clichê. Mas talvez ele tenha. Eu tenha lido tanta vontade que eu tinha de fazer este projeto para um ano e tanto amor e tanta vontade que eu tinha que ele fosse o aluno que que se calhar isso é um tsunami de amor e que que ele não conseguiu parar a câmera.
00:39:08:05 – 00:39:11:14
JORGE CORREIA
A câmera interna dos olhos dele não me deixaram metida.
00:39:11:19 – 00:39:35:11
AUGUSTO FRAGA
E escrita até racionalmente, era no meio dos meninos projetos que eu estava a fazer. Era um bocado. Mas depois o Albano disse assim com esta tranquilidade, que nós optamos e depois um Albano em Arruda já. Ou seja, a personagem estava escrita. Eu quando voltei a ver, já foi. Obviamente for lendo os guiões, temos de tudo e essas coisas.
00:39:35:20 – 00:39:50:13
AUGUSTO FRAGA
Mas quando fizemos a prova do guarda roupa e os testes de imagem, já o Albano vinha com aquele cabelo, já vinha com um dente prateado. Já viste com uma barriga maior do que ele tem habitualmente, que convence super fita em geral?
00:39:50:16 – 00:39:51:09
JORGE CORREIA
E eu pensei Olha.
00:39:51:17 – 00:39:56:02
AUGUSTO FRAGA
Este engordou muito e já vinha com a forma o corpo. Por oposição.
00:39:56:02 – 00:39:58:17
JORGE CORREIA
Homenagear Tiago Ginga, João Lima.
00:39:59:01 – 00:40:16:05
AUGUSTO FRAGA
Obviamente, nós tínhamos escrito que ele tinha uma dor na ciática. É uma coisa que muita gente está pensando na ciática. E isso faz com que a Sílvia, como diz o Carneiro, que a casa dele, às vezes ele tem que contratar o Zé para ser o avião, um mini objetivo de piloto. Mas também ele integrou isso na personagem.
00:40:16:14 – 00:40:18:01
JORGE CORREIA
E depois ele reinventa aquilo.
00:40:18:09 – 00:40:45:20
AUGUSTO FRAGA
A verdade é dele, ou seja, está escrita claramente, mas o Arruda é quem é, porque foi o Albano a fazê lo? Não há dúvida nenhuma. Aliás, eu lembro me de, obviamente, com tudo, trabalhos com atores, com a experiencia que ele tem e com ele a olhar para mim, que sou um realizador com muito menos experiência, ficção, incrivelmente, na ficção que ele assim é, o próprio tinha um tinha que pensar duas vezes antes de uma direção ao banco.
00:40:45:20 – 00:40:47:07
JORGE CORREIA
O que? O que aprender com ele?
00:40:48:03 – 00:40:52:01
AUGUSTO FRAGA
Aprendi que isto é muito mais simples do que parece, no sentido em que ele próprio dizia.
00:40:52:16 – 00:40:53:17
JORGE CORREIA
Com bons e mais simples.
00:40:54:16 – 00:41:16:22
AUGUSTO FRAGA
Que isso, sem stresse, sem problemas, sem egos. Ou seja, olhar para não fazer uma, talvez como esta intenção tem que passar sem ser boa. Ou fazemos a homem se quiser que me faça uma ok. Afinal o Albano é um ser humano e ele próprio também acha que pode haver caminhos diferentes de abordagem da cena. E depois das primeiras cenas era só fácil e fluido trabalhar com ele.
00:41:17:03 – 00:41:39:18
AUGUSTO FRAGA
O problema ali era Judd. Era que nas cenas do Albano, e não só havia muitos, temos de repetir muitas cenas. O que a equipa começava sair para os trabalhadores. Ele faz coisas como agressividade, que é uma coisa que é lenta, uma cena no colégio, no videoclube, em que ele está basicamente a humilhar o Eduardo com lá. Como é que ele estava para a cama?
00:41:39:22 – 00:42:04:23
AUGUSTO FRAGA
O André estava para a Câmara, uma cena da Patrícia e nós temos que desviar a câmera porque víamos o seu cumprimento. O André começava a sair para uma cena dramática na mesma sala. Depois ouviu o bom e quando o chefe maquinista eu a foco e era desligar a câmera porque pai é do dramatismos, pois tem pontos de humor, ele tem que sair naturalmente um.
00:42:05:02 – 00:42:21:16
JORGE CORREIA
Olhar humano em uma eu que quero. Quero sair dos personagens para parar, para trazer um personagem que não tem nome ou tem nome. Três letras chama se Mar e como é que se filma a cena do naufrágio?
00:42:22:09 – 00:42:24:00
AUGUSTO FRAGA
E pronto, foi o mar.
00:42:25:00 – 00:42:28:02
JORGE CORREIA
Que é uma das cenas mais extraordinárias de toda a série. Para mim.
00:42:28:11 – 00:42:56:22
AUGUSTO FRAGA
Sim, nós queríamos que fosse muito impactante. Não é assustador que tivesse níveis de produção que diziam que aí está num nível muito alto, porque permissível de alguma forma definir o nível da série para vir. Havia muitos caminhos para fazer a cena. É uma das. E aí? Mérito também, e sobretudo da Netflix. Nós queríamos ter apoiado uma cena destas e filmar nos estúdios Pinewood, em Londres, ou em Malta, no nos.
00:42:57:04 – 00:42:58:05
JORGE CORREIA
Numa piscina, numa piscina.
00:42:58:05 – 00:43:20:22
AUGUSTO FRAGA
Exatamente. E uma das coisas que que é muito interessante saber. A Netflix sempre nos incentivou a trabalhar com talento local. Ou seja, obviamente, se nós necessitávamos de fazer coisa fora, faríamos. Mas se fosse possível arranjar uma alternativa, fazê lo em Portugal, com o que começou de Portugal, com equipas portuguesas.
00:43:22:04 – 00:43:26:01
JORGE CORREIA
E é uma marca de verdade, também não é certo na localização das coisas.
00:43:26:01 – 00:43:51:06
AUGUSTO FRAGA
E não quero com isto. Não estou a fazer propaganda, mas é a realidade deles. No caso da nossa altura, decidimos que seria ser filmado comigo de pós produção, o barco real. Aquilo é um barco real, um barco. Foi o mar conseguiu arranjar pôr em estúdio, em estúdio exterior e não dava, portanto, com chuva real, etc. Mas que está rodeado de chroma de grande screen e o mar está parado.
00:43:51:06 – 00:44:11:19
AUGUSTO FRAGA
O que os movimentos do barco são feitos pela câmera no meio de um tijolo? E depois de a grande questão que é o capitão, todo o mar à volta tem que ser decidido e tem que ser gerado por computador. E quem faz isso para os produtores incríveis, para o mundo real ou mesmo em Espanha, Alemanha, etc. No Brasil.
00:44:11:19 – 00:44:13:20
JORGE CORREIA
Vamos inventar um mar de vales.
00:44:14:00 – 00:44:24:17
AUGUSTO FRAGA
E que para os produtora que vai fazer isto é uma decisão perfeitamente. Ter esta conversa de parte da Netflix era muito importante que fosse uma pós produção portuguesa, que é curioso porque o risco era muito maior, porque nunca ninguém fez isso.
00:44:25:10 – 00:44:26:16
JORGE CORREIA
Portanto, quem é que fez mares.
00:44:26:16 – 00:44:37:00
AUGUSTO FRAGA
Aqui e sobretudo nesse nível e obviamente nós sabíamos que tínhamos o talento, mas muitas vezes nestas coisas tem que demonstrar antes de que se deseja dar uma oportunidade.
00:44:37:03 – 00:44:47:21
JORGE CORREIA
E a ideia contrária de contratar o álbum não é que o álbum Tipo de Ação não é contratar alguém que nunca fez ou que fez muito pouco. Ainda por cima neste nível. Estamos a falar.
00:44:47:21 – 00:45:13:14
AUGUSTO FRAGA
Disso e nós trabalhamos com estúdio, músico que é um estúdio português de jovens. São dois, dois sócios muito novos, que têm bastante experiência, mas não neste nível. Eles fizeram um pós produção do Maria da Glória, da série que o Tiago Guedes fez para a Netflix, que também tem algumas coisas interessantes de pós produção. Mas isto já é um nível tecnicamente mais complexo e foi o que foi o Netflix importante, sobretudo português.
00:45:13:14 – 00:45:26:05
AUGUSTO FRAGA
Nós, eu e eu a nós confiamos na música sempre isso. Quando eles começaram a empresa e somos amigos pessoais, demos todos a mão e estamos okay, como é que vai fazer isto?
00:45:26:07 – 00:45:27:05
JORGE CORREIA
É um salto de fé e.
00:45:27:05 – 00:45:57:04
AUGUSTO FRAGA
Um salto feito todos. Minuteman. Era muito mais fácil, protegido, levar isso para fora. Precisa que eu acho que esta coisa das plataformas exteriores está certo. Claro que tem um impacto e pode ter algum impacto menos bom no nossa produção, no nosso cinema, etc. Mas também tem muitas coisas boas que ninguém vê. Sei que não quis falar disso agora, por exemplo, neste caso, eles acharam que era importante que fossem empresas para fazer tudo e que a equipa fosse portuguesa.
00:45:57:13 – 00:46:11:00
AUGUSTO FRAGA
Isto era muito importante. A Netflix, que equipa portuguesa eu podia arranjar um operador de câmera ou um ou que fosse de fora muito mais fácil porque vai buscar alguém que já fez 30.000 coisas e está feito. E isso é uma parte.
00:46:11:01 – 00:46:32:20
JORGE CORREIA
Que nós tem essa vantagem de desenvolver. No fundo também capacidade de fazer e de saber fazer em Portugal e depois de saber podia ser aplicado noutras, noutras, noutras coisas. Olha, os aspectos gráficos são importantes. Uma das coisas que me surpreende nesse série é que a malta não fala açoriano. Cadê a pronúncia?
00:46:33:07 – 00:46:40:01
AUGUSTO FRAGA
Então eu vou te explicar uma coisa com todo o carinho que é não existe. Açoriano não existe.
00:46:40:05 – 00:46:45:06
JORGE CORREIA
Existe micaelense a nós aqui. Mas estamos, estamos, rapaz. Serve, estamos em São Miguel.
00:46:45:06 – 00:47:00:04
AUGUSTO FRAGA
Não existe uma pronúncia açoriana, existe a pronúncia de São Miguel, que não é micaelense, que é a pronúncia do português. Depois, nos Açores, além de São Miguel, há oito ilhas. Mais que eu desafio dizer o nome também não.
00:47:00:06 – 00:47:02:06
JORGE CORREIA
Mas por energia já vi quatro, cinco.
00:47:02:22 – 00:47:03:11
AUGUSTO FRAGA
E tal como as.
00:47:03:11 – 00:47:05:00
JORGE CORREIA
Flores que não falam de.
00:47:05:00 – 00:47:25:06
AUGUSTO FRAGA
Cor no que são sempre duas, se disse incrível. Estou da minha família, da minha mãe, das levar nos agora. Mas nós decidimos escrever uma série sobre os Açores e os Açores. Não tem problema que só São Miguel que precisamos. Chama se rabo de peixe, tinha que ter princesa micaelense. Rabo de peixe é o pormenor do qual partimos por tudo.
00:47:25:06 – 00:47:49:00
AUGUSTO FRAGA
Todos são os Açores. Aliás, fomos seguindo a voz off e falo sempre nos Açores. Não fala em São Miguel? Necessariamente. Isso é um dos dois elementos. Dois estudos, Miguel e que sigam pronúncia. E senti a uma frase que se diz nas séries da altura que o salvador que diz a Maria João que diz salvo a inspetora, só uma coisa pior que o Continental a imitar a nossa pronúncia para pensar, diz.
00:47:49:18 – 00:47:51:06
AUGUSTO FRAGA
De facto, não há nada pior que um que defende falas.
00:47:51:08 – 00:47:55:24
JORGE CORREIA
Melhor pode ser o que pode ser ofensivo ao ponto. Só era falso.
00:47:55:24 – 00:48:17:19
AUGUSTO FRAGA
E absolutamente ofensivo. Tem sido caricaturado pelos continentais durante anos e anos e anos e eu quis proteger a nossa pronúncia e tudo isso não pondo a nossa pronúncia. Estás a protegê la desde meu ponto de vista, sim, porque eu tinha tomado a decisão, eu e a produção e, obviamente, o Netflix de fazer um casting alargado para isto. Imagine o que seria esta série.
00:48:17:19 – 00:48:24:10
AUGUSTO FRAGA
Sou contra o São Miguel e não é para um ator de São Miguel. Os A estão todos na série A qual todos não estão.
00:48:24:11 – 00:48:28:08
JORGE CORREIA
Todos. Simas Dumas, tu quiseste obviamente alargar, alargar.
00:48:28:14 – 00:48:39:18
AUGUSTO FRAGA
Ou seja, tudo fica mais falado. Albano Jerónimo ou Albano Jerónimo, casualmente não. Nasceu em São Miguel o Zé Condessa casualmente não nos consome e na caldeira também não. Mas o devíamos, sim. É o Frei Manuel, sim, é o Miguel Damião. Sim.
00:48:40:02 – 00:48:42:15
JORGE CORREIA
Estão todos a um nível absolutamente estanque.
00:48:42:15 – 00:48:59:01
AUGUSTO FRAGA
Só isso não quer dizer que são os melhores, melhores, são os melhores dos melhores desde meu ponto de vista para este papel. Neste momento é, portanto, a primeira vez não foi. Precisamos de um nível de performance muito alto, porque se não é o único que importa e não é só para Portugal e para tudo, para todo para todo o mundo.
00:48:59:05 – 00:49:12:16
AUGUSTO FRAGA
O que é que importa? Realmente tu estás ligado aos planos? Eles têm que ser muito bons. Temos atores da Madeira, temos o Freitas, temos atores de terceira, temos atores de São Miguel, temos atores que têm família do Pico e temos atores do continente.
00:49:12:21 – 00:49:37:01
JORGE CORREIA
E para estes em particular, estes jovens atores, em particular os estamos com aqueles que estão mais, mais presentes sempre, sempre em câmara para ir para eles. Isto representa uma oportunidade de grande de se mostrarem. Não, porque a partir de agora é impossível. Nós dizemos ok. João Manuel Albano. Mas agora descobrimos mais dois ou três a dizer Olha, está aqui gente com um grande talento.
00:49:37:02 – 00:49:56:14
AUGUSTO FRAGA
Eu acho que se provou que várias coisas boas e uma coisa interessante é que muita gente viu a série, muita gente viu talento que não conhecia, portanto, alguma vantagem isso em Portugal e fora, mas também estão todos bastante no nível que muito. Algo de bom, obviamente não são perfeitos e todos de realização têm defeitos e tudo tem que ser diferente.
00:49:56:16 – 00:50:04:14
JORGE CORREIA
Mas há um contágio. Não é que aquilo ali é um fenómeno grupal. Mesmo nessa subida de nível de atuação.
00:50:05:00 – 00:50:23:24
AUGUSTO FRAGA
Eu acho que sim. Eu acho que, até não querendo ser injusto, é o teatro que os atores mais novos e funcionam mais, os mais velhos que ao contrário, porque não tanto não é que têm, obviamente, mas no foco, porque eles começaram muito antes. Os cinco começaram muito antes e quando havia um rigor, nós tínhamos muito, muito pouco tempo a fio.
00:50:23:24 – 00:50:25:13
JORGE CORREIA
Muitos, quer dizer, o que foram para lá mais cedo.
00:50:25:13 – 00:50:53:24
AUGUSTO FRAGA
Foram para lá mais cedo. Tinha muito mais cenas, teve muitos atores muito bons. Chegaram a um set que já estava a andar e isso obviamente, quanto tens um ator de 25 anos a contracenar com o Albano Jerónimo? O nível de som sussurrou com Maria João Matos ao Grande Carvalho, o João Pedro Vaz, que são atores muito bons, que não prestam todo esse esforço, esforço e trabalho que ensinam e sobe o nível de todos.
00:50:53:24 – 00:51:02:19
AUGUSTO FRAGA
Mas, de facto, os mais novos, que seria o risco, estavam muito focados para nós. Tínhamos regras muito claras entre nós. Não há telemóveis, não abstracções, não há conversas paralelas.
00:51:03:00 – 00:51:03:20
JORGE CORREIA
Não há telemóveis.
00:51:04:17 – 00:51:21:09
AUGUSTO FRAGA
Durante as horas de filmagens, não há telemóveis e há um acordo que eu tinha com os atores e também não tinham um telemóvel. Estava lá a guarda. Mas esta coisa de distração é o foco. Muito rapidamente vai embora com o comando e tens muito pouco tempo a filmar. Não pode estar a perder o foco e o foco.
00:51:21:18 – 00:51:22:23
JORGE CORREIA
Isto foi filmado em quanto tempo?
00:51:23:13 – 00:51:25:01
AUGUSTO FRAGA
Três meses em três meses.
00:51:25:15 – 00:51:26:03
JORGE CORREIA
Sempre a área.
00:51:26:21 – 00:51:44:17
AUGUSTO FRAGA
Literalmente sempre a dar lhe. Não pode haver um momento de perda de foco, porque eu, quando vou falar com um ator sobre uma intenção, ele tem que estar atento. Sobretudo significa dar uma indicação de ângulo, luz ou uma marca de foco. Ele tem que estar atento e tem que incorporar isso. E ele já tem muito no prato dele e depois tem muita coisa técnica que acrescentar.
00:51:45:06 – 00:51:47:07
AUGUSTO FRAGA
Portanto, eu acho que houve um rigor muito grande.
00:51:47:07 – 00:51:58:05
JORGE CORREIA
Deixou uma dica do realizador Olha para aqui, olha para a clara tensão do falecido. Todas as coisas atenções.
00:51:58:05 – 00:52:27:14
AUGUSTO FRAGA
Mas não houve entre mim os atores, honestamente, eu também me senti tão nunca mesmo mesmo tão feliz de eles me aceitarem. Estamos a falar de atores que já filmaram, com muitos atores muito bons, a voltar a adotar. Faz, aceitaram, aceitaram os meus comentários e sentava se. Estava a minha dúvida. Muitas vezes dizia eu gosto. Talvez gosto de fazer assim também, porque se estavam quando eu tinha claro que estava feito, eu pensei no.
00:52:27:15 – 00:52:28:12
JORGE CORREIA
Teimoso como.
00:52:29:00 – 00:52:48:06
AUGUSTO FRAGA
Não sou muito teimoso, não, mas tenho uma visão antes de que, ou seja, tenho claro o mínimo. Quero chegar é e estou aberto a melhorar isso. Ou seja, se um ator melhor que parece e se realmente for um ser melhor um ator ou um maquinista, ou o galã ou a fotografia.
00:52:48:12 – 00:52:51:00
JORGE CORREIA
Sabes o que queres e aceita ser surpreendido.
00:52:51:00 – 00:52:54:01
AUGUSTO FRAGA
Então, sem dúvida, o seu ideal na hora de falar.
00:52:54:01 – 00:53:09:24
JORGE CORREIA
Mas a linguagem da pronúncia é uma das poucas críticas que o que eu tenho lido sobre o sobre sobre a série tem muito a ver com eles. Dizem muitas asneiras, me diverte no caso do Alto Minho e portanto as asneiras são pontuação.
00:53:10:01 – 00:53:23:18
AUGUSTO FRAGA
Eu também acho isso interessante e também tem a ver com esta coisa que ele me falou antes de de eles não falar de ambos. Mas dialetos não têm, não fazem arte, mas artesanato, que é uma visão, desde que não nós à mesa não dizemos isto.
00:53:23:23 – 00:53:24:23
JORGE CORREIA
Não se diz merda, não.
00:53:24:23 – 00:53:47:01
AUGUSTO FRAGA
Se diz merda nem fodas, não encarava essas coisas. É disso. Voltamos. Vamos ter de nos rever essa parte integrante do caminho de correr a um lado que eu percebo e não falo. Eu nunca ouvi o meu pai, minha mãe, nunca ouvi os meus pais dizerem asneiras. Portanto, não fui educado propriamente assim, mas a vida toda ouvi dizer asneiras.
00:53:47:01 – 00:53:53:14
AUGUSTO FRAGA
Contei para escola um dia pouco do meu trabalho para as obras. Já trabalhei numa oficina de carros, já pintei muros, afirmou e fiz.
00:53:53:14 – 00:53:54:22
JORGE CORREIA
Antes a martelar um dedo.
00:53:56:23 – 00:54:18:11
AUGUSTO FRAGA
Que saí de trabalhar com as minhas mãos. A vida está a ficar sem eles e eu é curioso porque não foi de todo intencional. Nunca pensamos, mas de facto um padrão que um padrão padrão muito bem herdado do cinema e da televisão. Muito, muito, por muito poluída, mas que também tem uma forma. Aparentemente, o que eu digo não foi intencional.
00:54:19:02 – 00:54:33:01
AUGUSTO FRAGA
Não éramos conscientes em termos de objetivo, mas curiosamente desligou muitas pessoas porque as pessoas eu vi muitas mensagens que recebi e muita gente que disse que se tinha ligado muitas personagens e talvez também seja pela forma como eles falam.
00:54:34:01 – 00:54:36:03
JORGE CORREIA
Por campo, têm uma marca de verdade. No fundo, não é.
00:54:36:09 – 00:54:49:15
AUGUSTO FRAGA
Porque numa situação em que tu estás com um cadáver no corpo e diz empurra Rafael e o Rafael começa a chorar e duas dizer o quê? Onde eu fui eu? Caramba, puxa, não existe no JS pancada mais longa na vida, bolas, não.
00:54:49:16 – 00:54:50:02
Orador 3
Existem.
00:54:50:22 – 00:54:52:16
JORGE CORREIA
Bolas deste cadáver aqui. Esse terraço.
00:54:52:23 – 00:54:53:02
AUGUSTO FRAGA
O.
00:54:53:03 – 00:54:54:01
JORGE CORREIA
Rafael está a puxar.
00:54:54:01 – 00:55:17:15
AUGUSTO FRAGA
E o do Eduardo foi empurrado e ele diz Não vou voltas porra, não entender não. É por isso que é normal. Numa situação de miúdos, também digo que fossem adultos. Também é. E é curioso a questão das asneiras, porque obviamente só incomodou uma classe que é a que acha que tem na intimidade. Não sei como, mas que acham que não é digno de um português falar com essas coisas.
00:55:17:15 – 00:55:23:10
AUGUSTO FRAGA
Apesar de que todo o resto do mundo fala isso não faz de nós pessoas menos cultas e é.
00:55:23:10 – 00:55:49:15
JORGE CORREIA
Isso que depois constatamos. Mas até que, como provocação, a coisa a coisa funcionou. E é essa essa ideia de que falamos em em elite. Fico sempre com a sensação que esta série tem um ritmo muito especial. Tu que tu vês da publicidade? Eu ouvi alguém dizer que o publicitário se move por frames, que é isto como isto, com mais de dez frames e que era extraordinário porque somos são muito, muito curtos.
00:55:49:15 – 00:56:17:22
JORGE CORREIA
O preço da publicidade é obviamente caro e a televisão, onde fora a minha sensação nos nos filmes portugueses é que sobra sempre muita fita e que aquilo é sempre o longo e feito quase para uma, para uma elite, para uma audiência muito específica que não incorpora 9 milhões de portugueses, apenas 1 milhão da da elite literata.
00:56:17:22 – 00:56:51:01
AUGUSTO FRAGA
Sem querer dizer coisas que não devo, eu acho que até um pouco prepotente tu fazer um discurso monocórdico, longo, com pausas e obrigar que as pessoas ouçam atentamente. E como já não estamos na época em que temos que ouvir discursos longos, prepotentes e com pausas, porque desligamos, porque podemos escolher se estamos ou como vemos televisão. Podemos ter vários canais ou quando vemos plataformas de streaming, click, click.
00:56:51:01 – 00:57:02:07
AUGUSTO FRAGA
Isso não quer dizer que temos que fazer concessões. A hora de criar. E é esta ideia de criar a pensar no público não quer dizer que seja manipulador ou estamos a fazer batota?
00:57:02:08 – 00:57:04:10
JORGE CORREIA
Você sabe que é um e sabe que é um público.
00:57:05:02 – 00:57:27:02
AUGUSTO FRAGA
Mas não, não nos podemos pôr na visão daquele senhor que sobe ao palco e que eu não vou falar durante umas horas vocês vão me ouvir e vais ser lento. Vai ser desinteressante e não vai marcar a vossa emoção nem a vossa vida. Não é por acaso. Eu acho que o cinema é. Os grandes cursos da humanidade têm uma relação porque?
00:57:27:24 – 00:57:41:17
AUGUSTO FRAGA
Porque tocam em assuntos que são universais, mas muito pessoais. Cada um vai buscar dentro, mas os grandes discursos dos grandes líderes são uma grande narrativa que que agarra um tostão.
00:57:41:17 – 00:58:02:09
JORGE CORREIA
Agora, a lembrar que o exemplo do jargão é em França, que no início dos mandatos o poder faz discursos muito curtos, muito diretos, muito sentidos e ao longo do tempo vai. Os discursos cada vez são mais longos, mais aborrecidos, mais palavrosa e a comunicação a.
00:58:03:14 – 00:58:03:23
AUGUSTO FRAGA
E.
00:58:04:02 – 00:58:04:07
JORGE CORREIA
É.
00:58:06:01 – 00:58:31:02
AUGUSTO FRAGA
O medo. E parece que ser claro e emotivo é o lado de De demagógico ou de manipulador, ou de ou de sim, de querer controlar as massas como se fossem todos isto não é por não é por falar, pensar no público. Estamos a contar uma história que é menos interessante, que tem profundidade e é.
00:58:31:02 – 00:58:34:14
JORGE CORREIA
Tido como sendo de facilitador. Quase no fundo é o facilitismo.
00:58:34:17 – 00:59:11:02
AUGUSTO FRAGA
Eu quando falo de pensar no público, falo na ideia dos valores universais que são partilhados. E hoje esta ideia de viver coisas e outros mundos que nós não poderíamos sentir. Eu sou um grande admirador de muitos realizadores, mas além de Spielberg, obviamente Paul Thomas Anderson e outros, e conheço muito bem a obra, a obra americana dele é a primeira que fazia que fazia na Inglaterra antes e o White Scope tinha tinha o que eles chamavam o script azul dos pássaros.
00:59:11:14 – 00:59:13:17
AUGUSTO FRAGA
E é o script verde.
00:59:13:23 – 00:59:15:12
JORGE CORREIA
Dois scripts, o dois que faz o mesmo.
00:59:15:12 – 00:59:42:06
AUGUSTO FRAGA
Filme para o mesmo filme, portanto, um era um o script e diz o que a audiência que ele quer que alguém se veja, o guião é natural e o outro é o que ele tinha para ele, que é o que quer que alguém se sinta. Faz disso e descobre o manipulador demagógico, sem sangue, sem talento, como autor de política que nunca escreveu nenhum dos seus filmes.
00:59:42:07 – 00:59:51:15
AUGUSTO FRAGA
Mas eu acho que não. E também não sei até que ponto é que nos podemos juntar todos para dizer que o que faz Hitchcock é popularucho. Eu diria que no.
00:59:51:15 – 00:59:53:01
JORGE CORREIA
Filme brilhante que ele fez do que.
00:59:53:01 – 01:00:11:05
AUGUSTO FRAGA
A ponto de vista não é. Ou seja, eu acho que há uma linha muito clara entre populares populares, como fá lo de de pensar no público. E, nesse sentido, é o que eu quero que o público sinta esta cena. Que impacto é que vai ter que os atores têm que saber isto? Com dois guião diferente? Se os atores tentar tentar dentro da cena o.
01:00:11:05 – 01:00:15:05
JORGE CORREIA
Que é que tu fizeste? Que os espectadores se sentissem a ver o rapaz?
01:00:15:21 – 01:00:38:13
AUGUSTO FRAGA
Eu acho que ter esta ideia de nós podemos superar nos. Isso vai ter uma consequência. Havia uma frase que que acabou por entrar na série TV. Não há almoços grátis, que seja uma coisa grátis nas correntes do mar, mas isso vai ter um preço mais à frente. Mas essa ideia de superação de nós não temos que aceitar o nosso destino.
01:00:39:06 – 01:00:59:16
AUGUSTO FRAGA
Nós podemos lutar contra o nosso destino ou não, que é um diálogo ideológico que é. Será que Eduardo, o destino vai, vai e vai chegar na mesma? E eu foi por outro caminho, mas vai acabar no mesmo ponto ou não. E são quase duas maneiras entender a vida não é tipo? Nós realmente temos um destino traçado do qual não podemos fugir.
01:01:00:02 – 01:01:05:04
AUGUSTO FRAGA
E o destino tem a ver com o ciclo na educação que tivemos, as condições em que crescemos e etc.
01:01:06:03 – 01:01:08:01
JORGE CORREIA
Ou damos um pontapé no balde e vai tudo na frente.
01:01:08:01 – 01:01:10:08
AUGUSTO FRAGA
Ou é possível de realmente romper.
01:01:10:18 – 01:01:11:17
JORGE CORREIA
E para ti é possível.
01:01:13:06 – 01:01:16:16
AUGUSTO FRAGA
Eu só vou dizer no fim da vida a eles.
01:01:17:00 – 01:01:23:09
JORGE CORREIA
Adeptos, de que que histórias da vida se contam da frente da frente para trás, lá lá. No fim, a gente olha para trás e diz olha isto, ou melhor, este clube pior.
01:01:23:13 – 01:01:47:06
AUGUSTO FRAGA
Que eu, que eu quero acreditar que sim, eu acredito na ideia do mérito. Ficamos a falar no início, na ideia de de nós. Podemos romper o vários âncoras que nos agarravam ao chão e podemos seguir o nossos sonhos. E merecemos e temos que acreditar nisso que não acreditamos nisso. Então a vida é mesmo? É mesmo triste, mas depois há muitas barreiras na vida que nos parece que atiram para a realidade.
01:01:47:06 – 01:02:13:02
AUGUSTO FRAGA
Não é pouco mesmo esta ideia. Já estamos a falar antes da publicidade, mas nunca pensei que fosse um problema. Eu tenho trabalhado em publicidade antes como seja que me fosse. Perguntar a um jurista perguntou me se eu não achava que ia haver anti-corpos contra a série, pelo facto de ter sido criada pelo realizador que trabalhava em publicidade como se estivesse a cometer um crime, ou se fosse ou se fosse uma cultura menor.
01:02:13:22 – 01:02:18:10
AUGUSTO FRAGA
Eu estudei cinema naturalmente. Tenho mais formação académica do que as pessoas que fizeram essas perguntas.
01:02:18:10 – 01:02:25:20
JORGE CORREIA
Então tu, no fundo, foste vítima do preconceito de de tudo. Não és da artes, artesanato.
01:02:26:01 – 01:02:47:08
AUGUSTO FRAGA
Eu sou da. Apesar de ter, eu sou do artesanato. Pior eu sou da arte popularucho que ganha dinheiro a fazer música ou a fazer cinema que seja. É demais, nem sequer é artesanato e anda a fazer umas coisas. Não tem qualidade nenhuma, que é pouco para o povo e eu acho que é com muito orgulho. Me ponho aí.
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AUGUSTO FRAGA
Mas a verdade é que quando nós quisermos discutir cinema, eu sinto me com eles e falamos de cinema. Mas essa questão da publicidade é muito interessante porque eu comecei a lembrar de de óbvio exemplo o Ridley Scott ou o Anderson, mas dezenas em inglês. Spike Lee, de dezenas de realizadores que são hoje David Fincher, ou os melhores ou dos melhores realizadores que há no mundo, na minha opinião de Daniels, ganharam o Oscar agora com o Tom Hanks, que são realizadores que começaram e que fazem habitualmente publicidade.
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AUGUSTO FRAGA
E ninguém questiona que usando é um artista e não estou longe de mim por perto do meu talento e no que fez. Mas digo não é? Questionavam que é um artista ou colíder. Scott tem um tema que tem um lugar na história do cinema, ao que ao que o David Fincher é um dos organizadores vivos com mais talento na história do cinema, na minha opinião.
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JORGE CORREIA
E não interessa de onde vem, interessa, no fundo, aquilo que acabaram de produzir e aquilo que nos ofereceram, que nós possamos ver. Olha, o que estamos a fechar é agora agora, agora, agora para onde vais? Levas, levas um pin de escape para isso. E agora?
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AUGUSTO FRAGA
Eu, por um lado, fico feliz por levar a Espinho, porque é uma história nossa. Açoriana e portuguesa também é que não é nada negativo. Do meu ponto de vista. Eu agora vou fazer outras coisas. Eu estou a preparar uma peça de teatro para um videoclipe de metal e estou preparar uma longa nos Estados Unidos. Tudo projetos totalmente diferentes, porque não tenho objetivo de levar nenhuma bandeira nem de ser o representante de uma visão do cinema a tempo.
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AUGUSTO FRAGA
Não tenho esse conhecimento nem tenho, não tenho, não é claramente o meu caminho.
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JORGE CORREIA
O mundo não para, mas Rabo de Peixe terá uma segunda temporada na Netflix e é bom que os argumentistas arranjem uma maneira de ressuscitar o Arruda do Albano Jerónimo, mas principalmente que as gentes de Rabo de Peixe ganhem uma visibilidade que atrai e boas visitas à terra. Afinal, a oportunidade pode vir da história contada no cinema dos tempos modernos na Netflix, mas com menos efeitos secundários do que aqueles que aconteceram pela invasão da cocaína nos idos de 2001 contra nós.
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JORGE CORREIA
Até para a semana e boas histórias que.